Dinâmica - Mistificação nas comunicações

Objetivo: Saber diferenciar o conteúdo das mensagens e descobrir qual delas é falsa, ou seja, identificar a mistificação proveniente de um Espírito pseudo-sábio.

Participantes: Máximo 15 alunos (grupos de 5).

Tempo Estimado: 30min.

Material: Comunicações impressas em papel sulfite A4.

Descrição: O Evangelizador deverá dividir a turma em três grupos e distribuir para cada um  deles duas comunicações (uma falsa e a outra verdadeira), sem colocar o nome do autor e do livro. Por exemplo: o grupo vermelho receberá as comunicações 1 e 2, o grupo azul a 3 e 4 e o grupo verde  a 5 e 6. O Evangelizador deverá explicar que cada grupo deverá descobrir qual comunicação é falsa, comparando uma com a outra, para depois explicar diante da turma porque a considera uma mistificação. E dizer o seguinte: o codificador Allan Kardec nos traz a seguinte orientação: " O primeiro exame comprovativo é, pois, sem contradita, o da razão, ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos. Toda teoria em manifesta contradição com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura. "(Livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Introdução). Após a explicação dos grupos, o Evangelizador deverá revelar a autoria das mensagens, fazer a correção, comentando onde estão os erros.

 

1 - "Embora se tratasse de entidade angélica, responsável pela vida espiritual do orbe terráqueo, Jesus também teve que se adaptar sensatamente ao metabolismo complexo da vida humana e de suas relações com o meio. Sob a pedagogia dos Essênios, amigos da família, Jesus desenvolveu as suas forças ocultas sob rigorosa disciplina e aprendizado terapêutico, a ponto de curar pela simples presença, aqueles que dinamizavam um intenso estado de fé em sua alma. (...) Certas máximas evangélicas de Jesus eram verdadeiras paráfrases ou preceitos do mais puro essenismo... " (Espírito Ramatis. Médium Hercílio Maes. Livro: O sublime peregrino)

2 - "Muitos séculos depois da sua exemplificação incompreendida, há quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de amor e de redenção. (...)  O Mestre, porém, não obstante a elevada cultura das escolas essênias, não necessitou da sua contribuição. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio." (Espírito Emmanuel. Médium Chico Xavier. Livro: A caminho da luz)

Comentário 1 e 2: Jesus não precisou aprender com os essênios para conseguir realizar as curas ou desenvolver as parábolas e ensinamentos; sendo um Espírito Puro, Ele tinha uma relação direta com Deus e dizia: “A minha doutrina não é minha, e sim, daquele que me enviou." (João 7:16). Segundo Allan Kardec, "Do fato de haver Jesus conhecido a seita dos essênios, fora errôneo concluir-se que a sua doutrina hauriu-a ele na dessa seita e que, se houvera vivido noutro meio, teria professado outros princípios." (Livro:O Evangelho Segundo o Espiritismo)

 

3- "Se as condições de Jesus, durante a sua vida, fossem as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a dor, nem as necessidades do corpo. Supor que assim haja sido é tirar-lhe o mérito da vida de privações e de sofrimentos que escolhera, como exemplo de resignação. Se tudo nele fosse aparente, todos os atos de sua vida, a reiterada predição de sua morte, a cena dolorosa do Jardim das Oliveiras, sua prece a Deus para que lhe afastasse dos lábios o cálice de amarguras, sua paixão, sua agonia, tudo, até ao último brado, no momento de entregar o Espírito, não teria passado de vão simulacro, para enganar com relação à sua natureza e fazer crer num sacrifício ilusório de sua vida, numa comédia indigna de um homem simplesmente honesto, indigna, portanto, e com mais forte razão de um ser tão superior. Numa palavra: ele teria abusado da boa-fé dos seus contemporâneos e da posteridade. " (*Coordenado por Allan Kardec. Livro: A Gênese)

4 - "O aparecimento de Jesus na terra foi uma aparição espírita tangível. O Espírito tomou - segundo as leis naturais que vos acabamos de explicar - todas as aparências do corpo. O perispírito que o envolvia foi feito mais tangível, de maneira a produzir a ilusão, na medida do que o reclamavam as necessidades. Mas, Jesus, Espírito puro entre os mais puros de quantos trabalham pelo progresso do vosso planeta e da sua humanidade e pela realização dos seus destinos, era sempre Espírito.  Isto por si só, espíritas, devia e deve fazer-vos compreender que seu Espírito não fora submetido às leis da encarnação, tal como a suportais. (...)Ele não estava sujeito a nenhuma das necessidades da existência material humana." (Espíritos: Os quatro evangelistas assistidos pelos apóstolos e Moisés. Médium Émilie Collignon. Coordenados por Jean-Baptiste Roustaing. Livro: Os quatro evangelhos - Volume 1)

Comentário 3 e 4: A hipótese de que Jesus não teria tido um corpo físico, mas apenas um períspirito materializado, não sujeito  as leis físicas , é absurda,  pois se isto fosse verdade, todo o seu sofrimento na cruz não teria passado de uma encenação. Isto seria indigno de um homem honesto. Portanto, Jesus, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico. Segundo o Espírito André Luiz (psicografia de Chico Xavier), "O Médico Sublime suportou chagas sanguinolentas."(Livro:Coletânea do além)

 

5- Para realizar o autopasse deve-se fazer:" Ligação com o protetor individual; aguardar sua presença. Levantar os braços e aguardar a descida da força fluídica. Projetar sobre si mesmo essa força, operando de acordo com o esquema geral, isto é, primeiramente limpando o perispírito com passes transversais e longitudinais com contato, usando ambas as mãos para limpar os fluidos ruins porventura absorvidos. De espaço a espaço levantar novamente os braços, para intensificar o recebimento da força, caso necessário." (**Edgard Armond. Livro: Passes e radiações)

6 - "A faculdade de curar pela imposição das mãos deriva evidentemente de uma força excepcional de expansão, mas diversas causas concorrem para aumentá-la, entre as quais são de colocar-se, na primeira linha: a pureza dos sentimentos, o desinteresse, a benevolência, o desejo ardente de proporcionar alívio, a prece fervorosa e a confiança em Deus; numa palavra: todas as qualidades morais."(*Coordenado por Allan Kardec. Livro: Obras Póstumas)

Comentário 5 e 6: Para realizar a cura através da imposição das mãos, isto é, transmitir fluídos (vitais ou espirituais, ou a combinação deles) para uma outra pessoa, não é preciso ter contato físico ou movimentar os braços em locais específicos, pois isto é um ritual muito distante da prática espontânea e simples exemplificada por Jesus ( Vide: Mateus 19:13; Lucas 13:12-13). Aliás, não existe a técnica de autopasse, o que existe é o passe espiritual realizado pelos bons Espíritos,  atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado (Vide o Livro: A Gênese de Allan Kardec - Capítulo 14). Segundo o estudioso espírita Herculano Pires, "Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas, de um passado já há muito superado. Os espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas a prece e a imposição das mãos." (Livro: Obsessão, Passe e Doutrinação)

 

(*) Para obter as respostas do Livro dos Espíritos sabe-se que Allan Kardec utilizou mais de dez médiuns, e foi da comparação e da fusão de todas essas respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes refeitas no silêncio da meditação, que formou a primeira edição (Vide: O que é o Espiritismo. Biografia de Allan Kardec. Henri Sausse)

(**) Apesar de Edgard Armond, neste caso, estar encarnado quando escreveu este livro, e talvez não tenha recebido influência de espíritos para escrever tal coisa, consideramos a sua opinião para mostrar que os Espíritos  encarnados, que se dizem espíritas, também podem cometer graves equívocos.

 

Comentário final: A facilidade com que a maioria das pessoas aceita livros de evidente mistificação, como os Evangelhos de Roustaing, as obras de Ramatis, e tantas outras, eivadas de contradições e de passagens ridículas, destinadas especialmente a ridicularizar a Doutrina, provém dos milênios de sujeição das massas à mistificação clerical. (O centro Espírita. Cap. 3. J. Herculano Pires) Portanto, sigamos a orientação do Espírito Erasto: "É melhor rejeitar dez verdades momentaneamente do que admitir uma só mentira, uma única teoria falsa. Porque sobre essa teoria, sobre a mentira podereis construir todo um sistema, que desmoronará ao primeiro sopro da verdade, como um monumento erigido sobre areia movediça”. (Revista Espírita. Outubro de 1861. Epístola de Erasto aos Espíritas Lioneses. Allan Kardec)

(Baseada em diversos livros e no site: https://espirito.org.br/artigos/allan-kardec-codificador-espiritualistas/)

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