Dinâmica - Interpretação da Bíblia

Objetivo: Compreender que existem diversas religiões que se dizem cristãs, pois cada uma interpreta ao seu modo os trechos Bíblicos.
Participantes: Indefinido.
Tempo Estimado: 30min.
Material: Copo (reto e transparente) com água na metade, copo medidor.
Descrição: O Evangelizador deverá medir a quantidade de água que preenche um copo inteiro, usando um copo medidor, sem que os alunos vejam. Depois deverá colocar dentro dele apenas a quantidade de água pela metade. Na sala de aula, deverá fazer a seguinte pergunta para todos: Este copo está meio cheio ou meio vazio? (Aguarde as respostas)
Obs.: Se algum aluno já tiver participado desta dinâmica, diga para ele não revelar o resultado para os outros colegas.

Comentário: Geralmente, aqueles que disseram que o copo está meio vazio, possuem uma visão pessimista (negativa) sobre a vida e aqueles que disseram que está meio cheio possuem uma visão otimista (positiva). Entretanto, na realidade, a água está na metade do copo, portanto,  aqueles que conseguiram ter esta percepção, possuem uma visão realista (encaram a realidade). Cada um tem o seu modo de interpretar a vida. As nossas percepções são diferentes, porque temos experiências de vida, crenças, valores e personalidade desiguais. Do mesmo modo ocorre com as interpretações da Bíblia, cada um possui uma visão diferente sobre um determinado trecho bíblico. Quando fazemos a leitura do trecho em que Jesus disse: "Não penseis que eu tenha vindo trazer paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada" (Mateus 10:34), percebemos que há interpretações diferentes dos religiosos.  Aqueles que possuem tendência a ter um comportamento agressivo (negativo), pensarão que estas palavras significam que Jesus defendia o uso da violência para se defender ou impor sua crença. Isto de fato, aconteceu no passado: a igreja católica, por exemplo, em nome do Cristo, utilizou a espada na guerra santa contra os muçulmanos para conquistar Jerusalém.  Além disso, tempos depois, instaurou o tribunal da inquisição para punir os infiéis ou hereges com outros instrumentos de violência e tortura. Em contrapartida, aqueles que possuem tendência a ter um comportamento pacífico (positivo), pensarão que estas palavras possuem um significado simbólico, ou seja, acreditarão que Jesus trouxe a "espada renovadora", para que cada indivíduo lute consigo mesmo, eliminando os velhos inimigos do seu coração, tais como o egoísmo, o orgulho, a vaidade e a ignorância para que seja construtor da paz, conforme ensina o Espírito Emmanuel (1).
Aqueles que têm tendência de analisar os fatos através da razão (encaram a realidade), chegarão a conclusão de que a doutrina de Jesus não se estabelecerá pacificamente na Terra; ela trará lutas sangrentas, como já ocorreram muitas no passado ou lutas morais, como ocorrem com mais frequência nos dias atuais, tendo por pretexto o nome do Cristo, porque os homens não terão o compreendido, ou não terão querido compreendê-lo. Os irmãos, separados pelas suas respectivas crenças, usarão a espada (material ou moral) um contra o outro e a divisão reinará no seio de uma mesma família, cujos membros não partilham da mesma crença, conforme esclarecem os Espíritos Superiores com o auxílio de Allan Kardec (2).
Obs.1: Texto adaptado retirado do livro: O Consolador. Questão 304. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
Obs. 2: Texto adaptado retirado do livro: O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap.23. Item 15. Allan Kardec.

Comentário final: "Infelizmente, os adeptos da nova doutrina não se entenderam quanto à interpretação das palavras do Mestre, veladas, as mais das vezes, pela alegoria e pelas figuras da linguagem. Daí o nascerem, sem demora, numerosas seitas, pretendendo todas possuir, exclusivamente, a verdade e o não bastarem dezoito séculos para pô-las de acordo. (...) O Espiritismo vem realizar, na época prevista, as promessas do Cristo. Entretanto, não o pode fazer sem destruir os abusos. Como Jesus, ele topa com o orgulho, o egoísmo, a ambição, a cupidez, o fanatismo cego, os quais, levados às suas últimas trincheiras, tentam barrar-lhe o caminho e lhe suscitam entraves e perseguições. Também ele, portanto, tem de combater; mas, o tempo das lutas e das perseguições sanguinolentas passou; são todas de ordem moral as que terá de sofrer e próximo lhes está o termo. As primeiras duraram séculos; estas durarão apenas alguns anos, porque a luz, em vez de partir de um único foco, irrompe de todos os pontos do globo e abrirá mais de pronto os olhos aos cegos." (O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap.23. Itens 14 e 15. Allan Kardec)
"Muitas passagens do Evangelho, da Bíblia, e dos autores sagrados em geral são ininteligíveis, e muitas mesmo parecem absurda por falta de uma chave que nos dê o seu verdadeiro sentido. Essa chave está inteirinha no Espiritismo, como já se convenceram os que estudaram seriamente a doutrina, e como ainda melhor se reconhecerá mais tarde." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Allan Kardec).
As sociedades religiosas meditam as Escrituras. As sociedades espíritas devem fazer o mesmo e grande proveito tirarão daí para seu progresso... (O Livro dos Médiuns. Segunda parte. Cap. 29. Allan Kardec)
Chico Xavier e Yvonne A. Pereira são exemplos de médiuns sérios e continuadores do Espiritismo. No entanto, o próprio Chico Xavier, que não se considerava infalível, nos disse:  (...) "Que se um dia, Emmanuel aconselhasse algo que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que deveria permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo."   (Livro: No mundo de Chico Xavier. Elias Barbosa)

Obs.: Segundo Carlos Torres Pastorino, "Cada Escritura pode apresentar diversas interpretações, no mesmo trecho. A vantagem disso é que, de acordo com a escala evolutiva em que se acha a criatura que lê, pode a interpretação ser menos ou mais profunda. Os principiantes compreendem, de modo geral, a letra e a ela se apegam. Mas, além do sentido literal, temos o alegórico, o simbólico e o espiritual ou místico. " (Sabedoria do Evangelho. Volume 1. Diversos sentidos. Carlos Torres Pastorino). O Espírita deve interpretar as antigas Escrituras, conforme os ensinamentos dos Espíritos Superiores, que possuem um conhecimento científico superior, bondade e moral elevada. Os erros de interpretação ocorrem quando os homens não fazem um estudo aprofundado das antigas Escrituras, utilizando-se da razão, ou quando não conseguem captar psiquicamente a inspiração dos Espíritos Superiores, enviados pelo Cristo, e resolvem misturar suas crenças pessoais, tradições e costumes rudimentares, com os ensinamentos divinos.

"Para interpretar com segurança um trecho da Escritura, é mister:

a) isenção de preconceitos;

b) mente livre, não subordinada a dogmas;

c) inteligência humilde, para entender o que realmente está escrito, e não querer impor ao escrito o que se tem em mente;

d) raciocínio perquiridor e sagaz;

e) cultura ampla e polimorfa, mas sobretudo:

f) CORAÇÃO DESPRENDIDO (PURO) E UNIDO A DEUS." (Sabedoria do Evangelho. Volume 1. Interpretação. Carlos Torres Pastorino). 

Paulo de Tarso faz seguinte orientação:

“Examinai tudo: abraçai o que é bom.” (1 Tessalonicenses 5:21)
“Onde há o espírito do Senhor, aí há liberdade.” (2 Coríntios, 3:17)
"Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo."(Colossenses 2:8)
Segundo Léon Denis, "A doutrina de Jesus, tal como se expressa nos Evangelhos e nas Epístolas, é doutrina de liberdade.
(...) O direito de pensar é o que de mais nobre e de maior existe em nós. Ora, a Igreja sempre se esforçou por impedir o homem de usar desse direito. E lhe disse: “Crê e não raciocines; ignora e submete-te; fecha os olhos e aceita o jugo.” Não é isso ordenar que renunciemos ao divino privilégio?
Porque a razão, desdenhada pela Igreja, é de fato o instrumento mais seguro que o homem recebeu de Deus para descobrir a verdade.
A verdade, simples e clara, é apresentada e compreendida pelos espíritos mais humildes, quando sabem utilizar-se da razão, ao passo que os sofistas que a excluem, afastam-se cada vez mais da verdade, para se emaranharem num dédalo de teorias, de dogmas, de afirmações, em que se perdem." (Cristianismo e Espiritismo.  Cap. 8. Léon Denis)
(Baseada no site: https://www.personare.com.br/conteudo/copo-meio-vazio-ou-meio-cheio-m3039; e nos livros: O Consolador. Questão 304. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier / O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap.23. Item 15. Allan Kardec)

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