Objetivo: Perceber em que condições os espíritos podem se encontrar após a morte e classificá-los conforme suas características morais e afazes.
Participantes: Máximo 16 alunos ( 4 grupos).
Tempo Estimado: 40min.
Material: 4 textos diferentes, lousa e giz.
Descrição: O Evangelizador deverá escrever o título na parte superior da lousa "Condições dos Espíritos após a morte" e na parte inferior as seguintes classificações: Espírito elevado; Espírito mediano; Espírito sofredor; Espírito endurecido. O Evangelizador deverá dividir a turma em 4 grupos com no máximo 4 alunos, e distribuir um texto diferente para cada grupo. O Evangelizador deverá sortear um grupo para iniciar a dinâmica e pedir para que fiquem diante da turma. Um dos integrantes do grupo deverá ler o texto recebido (em voz alta) e discutir entre eles, quais seriam as características morais e afazes daquele espírito descrito na história. Depois o Evangelizador deverá pedir para que indiquem na lousa a classificação dada àquele Espírito, conforme os votos da maioria. Logo em seguida, deverá fazer o mesmo procedimento com os demais grupos. No final, o Evangelizador revelará se houve algum equívoco ou se todos acertaram.
Texto 1:
O Sr. Sanson, membro da Sociedade Espírita de Paris faleceu a 21 de abril de 1862, depois de um ano de atrozes padecimentos. (...)Para satisfazer-lhe o desejo, evocando-o o mais breve possível, dirigimo-nos com alguns membros da Sociedade à câmara mortuária, onde, em presença do seu corpo, se passou o seguinte colóquio, precedendo uma hora o respectivo enterro. Era duplo o nosso fim: íamos cumprir uma vontade última e íamos observar, ainda uma vez, a situação de uma alma em momento tão imediato à morte, tratando-se, ao demais, de um homem eminentemente esclarecido, inteligente e profundamente convicto das verdades espíritas.
1. Evocação. — Atendo ao vosso chamado para cumprir a minha promessa.
2. Meu caro Sr. Sanson, cumprindo um dever, com satisfação vos evocamos o mais cedo possível depois da vossa morte, como era do vosso desejo. — R. É uma graça especial que Deus me concede para que possa manifestar-me; agradeço a vossa boa vontade, porém, sou tão fraco que tremo.
3. Fostes tão sofredor que podemos, penso eu, perguntar como vos achais agora... Sentis ainda as vossas dores? Comparando a situação de hoje com a de dois dias atrás, que sensações experimentais?
— R. A minha situação é bem-ditosa; acho-me regenerado, renovado, como se diz entre vós, nada mais sentindo das antigas dores. A passagem da vida terrena para a dos Espíritos deixou-me de começo num estado incompreensível, porque ficamos algumas vezes muitos dias privados de lucidez. Eu havia feito no entanto um pedido a Deus para permitir-me falar aos que estimo, e Deus ouviu-me.
4. Ao fim de que tempo recobrastes a lucidez das ideias?
— R. Ao fim de oito horas. Deus, repito, deu-me uma prova de sua bondade, maior que o meu merecimento, e eu não sei como agradecer-lhe.
5. Estais bem certo de não pertencerdes mais ao nosso mundo? — No caso afirmativo, como comprová-lo? —R. Oh! certamente, eu não sou mais desse mundo, porém, estarei sempre ao vosso lado para vos proteger e sustentar, a fim de pregardes a caridade e a abnegação, que foram os guias da minha vida. Depois, ensinarei a verdadeira fé, a fé espírita, que deve elevar a crença do bom e do justo; estou forte, robusto, em uma palavra — transformado. Em mim não reconhecereis mais o velho enfermo que tudo devia esquecer, fugindo de todo prazer e alegria. Eu sou Espírito e a minha pátria é o Espaço, o meu futuro é Deus, que reina na imensidade. Desejara poder falar a meus filhos, ensinar-lhes aquilo mesmo que sempre desdenharam acreditar.
(Trechos retirados do livro " O céu e o inferno" de Allan Kardec)
Texto 2:
Um médium vidente fez a seguinte revelação após ter tido um sonho: " Minha segunda visão foi de um dos outros dois parentes falecidos durante o ano. Era um homem virtuoso, amável, bom pai de família, bom cristão que, embora doente há muito tempo, morreu quase subitamente e talvez quando menos se esperava. Seu rosto tinha uma expressão indefinível, séria, triste e ao mesmo tempo feliz. Ele me disse: ‘Expio as minhas faltas, mas tenho um consolo: o de ser protetor de minha família. Continuo a viver junto à minha mulher e meus filhos e lhes inspiro bons pensamentos. Orai por mim.‘"
(Trecho retirado da Revista Espírita. Dezembro de 1859. Um Espírito que não se acredita morto. Allan Kardec)
Texto 3:
Um médium vidente fez a seguinte revelação pós ter tido um sonho: “A terceira visão é mais característica e me foi confirmada por um fato material. É a do terceiro parente. Era um homem excelente, mas vivo, arrebatado, imperioso com os criados e, sobretudo, apegado além de qualquer medida aos bens do mundo. Além disso era cético e se ocupava mais desta vida do que da vida futura. Algum tempo depois de sua morte, veio à noite e pôs-se a sacudir as cortinas com impaciência, como se me quisesse despertar. Como lhe perguntasse: ─ És tu? respondeu-me:
─ Sim. Vim procurar-te porque és a única pessoa que me pode responder. Minha mulher e meu filho foram para Orléans. Quis acompanhá-los, mas ninguém quer obedecer-me. Disse a Pedro que fizesse a minha bagagem, mas ele não me escuta. Ninguém me dá atenção. Se tu pudesses vir atrelar os cavalos na outra carruagem e fazer as minhas malas, prestar-me-ias um grande obséquio, pois eu poderia ir juntar-me à minha mulher em Orléans.
─ Mas não podes fazê-lo tu mesmo?
─ Não. Não consigo levantar nada. Depois do sono que experimentei durante a doença, fiquei mudado. Não sei mais onde me encontro. Sinto-me num pesadelo.
─ De onde vens?
─ De B...
─ Do castelo?
─ Não! respondeu-me com um grito de horror, levando a mão à fronte. Venho do cemitério.
Depois de um gesto de desespero, acrescentou:
─ Olha, meu caro amigo, dize a todos os parentes que orem por mim, pois me sinto muito infeliz!
“A estas palavras fugiu. Perdi-o de vista.
“Quando me veio procurar e sacudir as cortinas com impaciência, seu rosto exprimia terrível alucinação. Quando lhe perguntei como tinha podido sacudir as cortinas, pois se ele me dizia nada poder levantar, respondeu bruscamente: ‘Com o meu sopro’.
“Soube no dia seguinte que, realmente, sua viúva e o filho tinham partido para Orléans”.
(Trecho retirado da Revista Espírita. Dezembro de 1859. Um Espírito que não se acredita morto. Allan Kardec)
Texto 4:
Evocada na sociedade Parisiense, o Espírito da Rainha de Oude, antigo Reino da Índia, respondeu as seguintes perguntas:
"1. Quais as vossas sensações ao deixardes o mundo terrestre? — R. Ainda perturbada, torna-se-me impossível explicá-las. — P. Sois feliz? — R. Tenho saudades da vida... não sei... experimento acerba dor da qual a vida me libertaria...quisera que o corpo se levantasse do túmulo...
2. Lamentais o ter sido sepultada entre cristãos, que não no vosso país? — R. Sim, a terra indiana menos me pesaria sobre o corpo. — P. Que pensais das honras fúnebres tributadas aos vossos despojos? — R. Não foram grande coisa, pois eu era rainha e nem todos se curvaram diante de mim... Deixai-me... forçam-me a falar, quando não quero que saibais o que ora sou... Asseguro-vos, eu era rainha...
3. Respeitamos a vossa hierarquia e só insistimos para que nos respondais no propósito de nos instruirmos. Acreditais que vosso filho recupere de futuro os Estados de seu pai?
— R. Meu sangue reinará, por certo, visto como é digno disso. — P. Ligais a essa reintegração de vosso filho a mesma importância que lhe dáveis quando encarnada? — R. Meu sangue não pode misturar-se com o do povo.
4. Não se pôde fazer constar na respectiva certidão de óbito o lugar do vosso nascimento; podereis no-lo dizer, agora?
— R. Sou oriunda do mais nobre dos sangues da Índia. Penso que nasci em Delhi.
5. Vós, que vivestes nos esplendores do luxo, cercada de honras, que pensais hoje de tudo isso? — R. Que tenho direito. — P. A vossa hierarquia terrestre concorreu para que tivésseis outra mais elevada nesse mundo em que ora estais? — R. Continuo a ser rainha... que se enviem escravas para me servirem!... Mas... não sei... parece-me que pouco se preocupam com a minha pessoa aqui... e contudo eu... sou sempre a mesma.
6. Se nos fosse dado enxergar-vos, ver-vos-íamos com os vossos ornatos e pedrarias? — R. Certamente... — P. E como se explica o fato de, despojado de tudo isso, conservar o vosso Espírito tais aparatos, sobretudo os ornamentos? —R. É que eles me não deixaram. Sou tão bela quanto era, e não compreendo o juízo que de mim fazeis! É verdade que nunca me vistes.
7. Qual a impressão que vos causa em vos achardes entre nós? — R. Se eu pudesse evitá-la... Tratam-me com tão pouca cortesia..."
(Trechos retirados do livro " O céu e o inferno" de Allan Kardec)
CHAVE DE CORREÇÃO PARA O EVANGELIZADOR:
Texto 1: Espírito Elevado; Texto 2: Espírito mediano; Texto 3: Espírito sofredor; Texto 4: Espírito endurecido.
Comentário: Notemos a diferença existente entre a condição espiritual, após a morte, do Sr. Sanson, um espírito elevado que relatou um desprendimento rápido, sem sofrimento e uma grande felicidade ao despertar, disse ainda que não pertencia mais a este mundo. Em contrapartida a rainha de Oude ainda experimentava a dor moral; apesar de perceber que está morta, disse que gostaria de se levantar do túmulo, ainda demonstrava que conservava todos os preconceitos terrestres na plenitude da sua força e que o orgulho nada perdeu das suas ilusões, característica dos Espíritos endurecidos.
Com relação aos parentes vistos por um vidente durante o seu sonho, percebe-se que um deles é um Espírito sofredor, pois ainda está perturbado, quer mandar; julga necessitar de suas malas, dos cavalos, da carruagem, para ir encontrar a esposa. Ele ainda não percebe que está morto e que seu perispírito ainda é tão material que se julga submetido a todas as necessidades do corpo. O outro parente, que viveu a vida moral; que tinha sentimentos religiosos; que se havia identificado com a vida futura, embora surpreendido mais bruscamente que o primeiro, já está desprendido. Diz que vive no meio da família, mas sabe que é um Espírito protetor, que ainda está expiando suas faltas, portanto um Espírito mediano. Fala à esposa e aos filhos, mas sabe que o faz por pensamento. Numa palavra, já não tem ilusões, ao passo que o primeiro ainda se acha perturbado e angustiado, pois ainda tenta conversar com seus parentes e empregado.
Notemos, além disso, uma expressão característica, que bem mostra a sua posição. À pergunta: “De onde vens?” respondeu indicando o lugar que habitava. A seguir, à pergunta: “Do castelo?” respondeu com pavor: “Não. Venho do cemitério”.
Ora, isto prova uma coisa: que não sendo completo o desprendimento, existia uma espécie de atração entre o Espírito e o corpo, que o levou a dizer que vinha do cemitério. Mas nesse momento parece que começou a compreender a verdade. A própria pergunta parece colocá-lo no caminho, chamando-lhe a atenção para seus despojos, por isso respondeu com pavor.
(Baseada no livro " O céu e o inferno" de Allan Kardec e na Revista Espírita de Dezembro de 1859 - Um Espírito que não se acredita morto - de Allan Kardec)