Didática é a arte ou técnica de ensinar; é a aplicação dos preceitos científicos que devem orientar o ensino, tornando-o prático e eficiente.
O evangelizador não deve apenas conhecer a matéria a lecionar. Antigamente, acreditava-se que um bom geógrafo seria um bom professor de geografia; que todo engenheiro lecionaria bem a matemática; que todo padre daria bom professor de latim... Não. Acima de tudo, é preciso saber transmitir, saber ensinar, saber despertar o interesse dos seus alunos pelo assunto tratado. E saber tornar as aulas atraentes. E ter método de trabalho, é saber dosar o assunto ao nível necessário, de maneira que todos entendam. A isso tudo é que se chama "ter didática", "ser didático". Se o evangelizador não possui tal capacidade, ele não é um bom evangelizador. Poderá ensinar, mas não alcançará o objetivo necessário. Entretanto, o esforço trará aperfeiçoamento em seu trabalho.
Pelos resultados que alcança, é que avaliamos a capacidade do evangelizador. Se um ou dois alunos não aprendem o problema residirá neles: imaturidade, doença, desinteresse, etc. Porém, se a maioria não aprende, não há dúvida que o evangelizador não tem a capacidade de se fazer compreender. Não é, então, bom didata.
Para a Escola Tradicional, ensinar era transmitir conhecimentos. Com o progresso da Pedagogia, o caráter educativo do ensino foi acentuado, não mais sendo uma obra de pura recepção, com passividade por parte do educando. E imprescindível que haja esforço dirigido no sentido de modificação ou formação da conduta do homem. Aprendendo pela participação nas atividades dirigidas, a função do educador se resumirá em dirigir, orientar e estimular o educando na aprendizagem.
Além de bom didata, o evangelizador deverá ser "educador". Educar não é ensinar: é formar a personalidade do indivíduo. Educar, é prepará-lo para viver em sociedade, sendo útil à comunidade e à Pátria. Salientamos que essa preparação para a vida" não se faz em separado da própria vida. O fenômeno educativo não é uma viagem para a qual preparamos a bagagem hoje para viajar amanhã. A vida é uma viagem constante, ininterrupta, em direção ao progresso espiritual.
O evangelizador vai "cuidar" da alma da criança. Vai preocupar-se mais em "formar a personalidade" nos preceitos da moral cristã, do que em "transmitir conhecimentos". Formar é mais necessário que informar. Aquilo que somos e fazemos" é mais importante que aquilo que "sabemos". O indivíduo pode ter muitos conhecimentos e ter uma má conduta, reprovável na vida com os semelhantes. A conduta vale mais que os conhecimentos.
Dizem os americanos que a educação verdadeira forma os 4-H (head, heart, health, hand) ou seja, cabeça, coração, saúde, mão. Enquanto os Institutos de Educação cuidam do cérebro, o evangelizador poderá cuidar do coração (formação de sentimentos, caráter e conduta); da saúde (cuidados com o corpo, alimentação e higiene) e da mão (desenvolvendo o gosto pelo trabalho).
O conhecimento da Doutrina Espírita nos mostra que a criança é uma criatura que apesar de atravessar uma curta fase de ingenuidade e pureza, mais ou menos até os sete anos, é um ser que possui um passado intenso, encontrado em potencial latente em seu subconsciente. Muito cedo as crianças revelam sua personalidade milenar nas atitudes sãs ou doentias. A criança renasce com suas conquistas (virtudes e defeitos) feitas através das inúmeras experiências corpóreas.
A didática vale-se da biologia, da psicologia educacional e da sociologia, para atingir seus fins.
A didática divide-se em duas partes:
a. Geral -que trata das funções da aprendizagem, dos meios de efetivá-la, dos programas, da motivação, da atividade, da globalização dessa atividade e da preparação do educador;
b. Especial ou Metodologia - que estuda os métodos empregados para que haja aprendizagem.
É a forma pela qual o evangelizador controla, supervisiona e avalia a sua classe.
O controle, a supervisão e a avaliação devem proporcionar equilíbrio, tranquilidade, bom aproveitamento, disciplina e interesse geral. Através da forma como manejará a sua classe, deverá o evangelizador atingir os seguintes objetivos, junto aos seus pupilos:
a. Respeito de uns para com os outros
b. Responsabilidade nas tarefas
c. Hábitos de higiene
d. Boa conduta
e. Honestidade
f. Cooperação
g. Amor ao trabalho
Vejamos então, como manejar uma classe na rotina de um dia de trabalho (40 minutos de aula).
TEMA: Esforço Próprio
CICLO: Intermediário
1 - Entrada - Enquanto o evangelizador aguarda na classe a chegada das crianças, deverá esperá-las com algo que as atraia. Se forem do Jardim e Primário: revistinhas infantis. Se forem do Intermediário, o convite à leitura de assunto atual, interessante e construtivo, com o especial objetivo de acomodar a criança, levando-a a aguardar o início da aula, com disciplina e silêncio. É importante essa forma de aguardar, para que os mentores espirituais iniciem seu trabalho de assistência aos alunos.
2- Início da Aula
a. Chamada (anotação dos comparecimentos e faltas)
b. Canto (Prece de abertura do Jardim)
c. Prece de abertura (Primário e Intermediário)
d. Relaxamento físico (E importante que a criança seja levada a relaxar-se fisicamente, perdendo possíveis tensões, predispondo-as à recepção do tratamento espiritual realizado pelos mentores da espiritualidade, que aproveitam o ambiente preparado para tal. Deve-se convidar as crianças a "amolecerem" as pernas, depois o tronco, após os braços, e o pescoço, reclinando a cabeça. Assim permanecer por 2 minutos)
e. Hora das novidades (conversação a respeito dos principais acontecimentos da semana, como comemorações, vacinações, acontecimentos locais, do lar, etc.)
3 - Incentivo inicial - (por conversação) - Carlos, (um dos alunos) se eu lhe pedir para dar aulas de Matemática para a 8a série do 10 grau, você acharia justo tal pedido? E se eu lhe pedir que explique ao seu colega como se faz uma soma (ou adição), você acharia que eu lhe pedi muito? Lógico é que para você, ou mesmo para mim, seria difícil fazermos certos trabalhos que não sabemos, não é assim?
Deus, nosso Pai, que conhece a todos os seus filhos, sabe muito bem distribuir conosco as tarefas que Ele acha que cada um de nós pode fazer. E mais: o nosso Pai sabe que todos nos, sem exceção podemos fazer algum trabalho útil neste mundo. Há pessoas de capacidade, com muitas habilidades. Em geral, essas pessoas estão sempre trabalhando, sempre sobrecarregadas de serviço e tarefas, enquanto muitos de nós que pouco sabemos fazer, não temos muito jeito, não gostamos de trabalhar, somos preguiçosos, temos má-vontade, e sempre apresentamos uma desculpa: "Eu não sei - eu não posso eu não tenho tempo eu tenho medo - eu tenho vergonha os outros vão rir de mim..." etc.
O certo é que as pessoas que sempre se negam a cooperar, são preguiçosas, de má vontade. E o pior: os preguiçosos não trabalham e criticam os que estão trabalhando.
E porque será que uns tem tanto jeito, sabem tanto, e outros são desajeitados para tudo? Nós sabemos que as pessoas que apresentam grande capacidade, são aquelas que se esforçam e trabalharam muito adquirindo as habilidades que possuem. E essas habilidades são adquiridas em muitas vidas. E os outros? Os desajeitados? Esses são os que nunca quiseram se esforçar. Por isso, nada sabem, nada podem. O que acontece então, com os que tem boa capacidade de trabalho? Trabalham e produzem. Ganham cada vez mais habilidade. E o que acontece com quem não se esforça? É o que vamos saber.
Jesus, o Mestre, conhecia muito bem o coração dos homens e contou-nos uma parábola, isto é, uma estória que nos fala de pessoas que tem muita capacidade, de outras que tem alguma capacidade e ainda de outras que nunca se esforçaram para construir nada. E a parábola dos Talentos. O talento é uma moeda do tempo de Jesus, usada há quase dois mil anos atrás.
Vamos ouvir a parábola dos talentos:
4 - Desenvolvimento - (por exposição) - "Um homem foi fazer uma longa viagem fora do seu país. Chamou seus servidores e distribuiu com eles os seus bens, de acordo com a capacidade de cada um.
Um recebeu 5 talentos, outro recebeu 2 e o outro recebeu 1 talento.
Naturalmente que o homem que recebeu 5 talentos era o de mais confiança de seu senhor, era o de maior capacidade de produção. Então, ele negociou com aquele dinheiro que recebera: estava agora com 10 talentos.
O segundo empregado não era tão habilidoso como o primeiro, mas fez o que pôde. Trabalhou e afinal, conseguiu também dobrar o dinheiro do seu senhor: conseguiu ficar com 4 talentos.
Mas o terceiro homem, preguiçoso, medroso, achou que pouco poderia fazer com aquele dinheiro, e então, resolveu nada fazer mesmo Que fez? Cavou o chão e escondeu o dinheiro da seu senhor.
Os tempos foram passando e o senhor daqueles servidores voltou da viagem e chamou os três homens para prestarem contas do dinheiro deixado. Primeiramente, veio o que recebera 5 talentos e apresentou 10 talentos, ao que o senhor falou:
- Muito bem. Você foi um empregado bom e de confiança. Já que você se esforçou tanto, vou dar-lhe tarefas maiores e você será feliz com os negócios.
O que recebera 2 talentos, apresentou 4 e o senhor, satisfeito lhe falou:
- Muito bem. Você foi um empregado bom e de confiança. Já que tanto se esforçou, dar-lhe-ei tarefas maiores, e você também será feliz.
Em seguida, apresentou-se o terceiro empregado que recebera 1 único talento e falou:
Senhor, eu sei que é muito severo e tive medo. Escondi o seu talento na terra. Aqui está ele, como o senhor me deu.
O Senhor daqueles servos, disse então:
- Você foi um servo preguiçoso. Você sabia que sou severo, que gosto de ver os esforços de meus servidores. Você devia ter trabalhado junto aos que receberam mais talentos e com eles aprender como produzir sempre mais.
E voltando-se para os outros servos, ordenou:
- Tirem dele o talento que lhe emprestei e deem-no ao servo que tem 10 talentos. Este servidor inútil deverá aprender a trabalhar no sofrimento." Assim terminou a parábola narrada por Jesus.
5 - Fixação - (por reprodução) - Mandar um aluno reproduzir a parábola.
6 - Objetivo moral (moral cristã) - E eu pergunto a vocês: Não é melhor desenterrarmos os nossos talentos que Jesus nos emprestou? Depois de conhecermos esta parábola, é preciso nos juntarmos como bons e fiéis trabalhadores de Jesus, a fim de fazermos todo o bem possível enquanto estamos na Terra. Não sabemos quando seremos chamados a prestar contas dos talentos que Ele nos emprestou. Todos temos os nossos talentos. Eles podem ser: tempo para visitar e consolar um doente; auxílio a um pobre faminto; ensinar os ignorantes; levar alegria aos tristes; uma explicação a um colega que aprende com dificuldade; ajudar a quem precisa; enfim, todos temos vários talentos.
VAMOS TRIPLICAR OS NOSSOS TALENTOS NESTA EXISTÊNCIA?
7 - Verificação - (por perguntas ou por testes)- O que era talento? Quem nos deixou a Parábola dos Talentos? Qual o talento que você gostaria de desenvolver? O que acontece com os que não desenvolvem os talentos o Senhor lhes deu?
8 - Canto (optativo) - Obrigatório para o Jardim.
9 - Prece de encerramento - Atenção - No ciclo Jardim, as preces de abertura e encerramento serão cantadas, pois a prece Pai-Nosso somente é ensinada no ciclo Primário.
(Programa para a infância. Federação Espírita do Estado de São Paulo. Área da Infância, juventude e mocidade, 1998)