DEVEMOS FAZER CONFISSÃO DOS NOSSOS PECADOS UNS AOS OUTROS?

Na Bíblia encontramos alguns versículos que indicam à confissão dos nossos pecados (erros), vejamos:

"Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas.
Eu disse: "Confessarei as minhas transgressões", ao Senhor, e tu perdoaste a culpa do meu pecado. "(Salmo 32:5)

"Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia." (Provérbios 28:13)

"Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz." (Tiago 5:16)

"Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." (1 João 1:8-9)

"E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados." (Mateus 3:6)

De acordo com o Espírito Emmanuel, "Se é verdade que, na época do Precursor, os novos crentes adotavam o sistema de confessar publicamente as suas faltas e os seus erros, tal costume diferia essencialmente de tudo quanto criou a Igreja Católica, nesse particular, depois da partida, para o Além, dos elevados Espíritos que lançaram, com o sangue dos seus sacrifícios e com a mais sublime renúncia dos bens terrenos, as bases da fé, as quais têm resistido ao bolor dos séculos. A confissão pública dos próprios defeitos, nos tempos apostólicos, constituía para o homem forte barreira, evitando sua reincidência na falta. Um sentimento profundo de verdadeira humildade movia o coração nesses momentos, oferecendo-lhe as melhores possibilidades de resistência ao assédio das tentações, e semelhante princípio representava como que uma vacina contra as úlceras do remorso e das chagas morais. Todavia, os tempos decorreram e, no seu transcurso, observou-se a transformação radical de todas as leis sublimes de fraternidade cristã, anteriormente preconizadas.  A confissão auricular constitui uma aberração, dentro do amontoado das doutrinas desvirtuadas do romanismo. " (Livro: Emmanuel. Cap. 8. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)

Léon Denis confirma esta teoria, dizendo: " A penitência e a remissão dos pecados deram origem à confissão, pública a princípio e feita a outros cristãos, ou diretamente a Deus; depois auricular, na Igreja Católica, e dirigida ao padre. Este, constituído árbitro exclusivo, julgou indispensável esse meio para se esclarecerem e discernirem os casos em que era merecida a absolvição. Pode, ele, porém, pronunciar-se jamais com segurança?

A contrição do penitente, diz a Igreja, é necessária. Mas, como assegurar seja suficiente e verdadeira essa contrição? A decisão do padre decorre da confissão das faltas; é sempre certo que essa confissão seja completa?

Se consultarmos todos os textos em que se funda a instituição da confissão neles só encontramos uma coisa: é que o homem deve reconhecer as ofensas cometidas contra o próximo; é que ele deve confessar diante de Deus as suas faltas. Desses textos antes resulta esta consideração: a consciência individual é sagrada; só depende de Deus diretamente. Nada aí autoriza a pretensão do padre, de se erigir em julgador.

Que diz S. Paulo, falando da comunhão e dos que dela são dignos?

"Examine-se, pois, a si mesmo o homem." (1 Coríntios 11:28)

Ele guarda silêncio no que respeita à confissão, em nossos dias considerada indispensável em circunstância equivalente. S. João Crisóstomo, em um caso semelhante, diz:

"Revelai a Deus vossa vida; confessai vossos pecados a Deus; confessai-os ao vosso juiz, suplicando-lhe, senão com a voz, ao menos mentalmente, e suplicai-lhe de tal sorte que ele vos perdoe." (Homília. XXXI, sobre a Epístola aos Hebreus.)

A confissão auricular nunca foi praticada nos primeiros tempos do Cristianismo; não foi instituída por Jesus, mas pelos homens. "(Cristianismo e Espiritismo. Cap. 6 Léon Denis.)

Sobre o perdão de Deus sobre as nossas faltas, em "O Livro dos Espíritos", os Espíritos Superiores fazem o seguinte esclarecimento:

Poderemos utilmente pedir a Deus que perdoe as nossas faltas?

"Deus sabe discernir o bem do mal; a prece não esconde as faltas. Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder. As boas ações são a melhor prece, por isso que os atos valem mais que as palavras."(O Livro dos Espíritos. Questão 661. Allan Kardec).

Basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do Espírito se apaguem e ele ache graça diante de Deus?

"O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado."

a) - Se, diante disto, um criminoso dissesse que, cumprindo-lhe, em todo caso, expiar o seu passado, nenhuma necessidade tem de se arrepender, que é o que daí lhe resultaria?

"Tornar-se mais longa e mais penosa a sua expiação, desde que ele se torne obstinado no mal." (O Livro dos Espíritos. Questão 999. Allan Kardec).

"A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida.

 Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração do castigo:  a única lei geral é que toda falta terá punição, e terá recompensa todo ato meritório, segundo o seu valor.

  A duração do castigo depende da melhoria do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado lhe é prescrita. O que Deus exige por termo de sofrimentos é um melhoramento sério, efetivo, sincero, de volta ao bem. Deste modo o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela pertinácia no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem.

O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.   Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação .

O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal. A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal". (O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens 10 a 17.  Allan Kardec)

" (...) A misericórdia de Deus é infinita, mas não é cega. O culpado que ela atinge não fica exonerado, e, enquanto não houver satisfeito à justiça, sofre a consequência dos seus erros. Por infinita misericórdia, devemos ter que Deus não é inexorável, deixando sempre viável o caminho da redenção." (O Céu e Inferno. 1ª parte. Cap. 7. Item 29. Allan Kardec).

 O médium Chico Xavier faz o seguinte esclarecimento: ''Deus pode perdoar, mas é a nossa própria consciência que não nos perdoa. Somos nós mesmos que solicitamos as provas por que iremos passar na Terra, em decorrência dos nossos erros cometidos em uma encarnação anterior." (O Evangelho de Chico Xavier. Item 124. Carlos A. Baccelli).

No livro "O Céu e o Inferno", vemos uma caso de um Espírito sofredor chamado Ferdinand Bertin, que revela seu sofrimento após um desastre marítimo, onde foi "vítima" de um naufrágio, porém confessa que a causa morte foi cruel, devido a sua falta de vidas passadas. Ao ser evocado, disse o seguinte:

"Estou num horrendo abismo! Ajudai-me... Ó meu Deus! quem me tirará deste precipício?... Quem estenderá uma mão caridosa ao desgraçado que o mar está engolindo?... A noite é tão escura que tenho medo... Por toda a parte o bramido das ondas, e nenhuma palavra amiga para me consolar e me ajudar neste momento supremo; pois esta noite profunda é a morte em todo o seu horror, e eu não quero morrer!... Ó meu Deus! não é a morte que vem, é a morte passada!... Estou para sempre separado daqueles que amo... Vejo meu corpo, e o que eu sentia há pouco não é senão a recordação da horrenda angústia da separação... Tende compaixão de mim, vós que conheceis meus sofrimentos; orai por mim, pois não quero sentir, como tenho sentido desde aquela noite fatal, todos os dilaceramentos da agonia!... Entretanto, aí está minha punição; pressinto-a... Orai, suplico-vos!... Oh! o mar... o frio... vou ser engolido!...
Socorro!... Tende então compaixão; não me repilais!... Nós nos salvaremos os dois em cima deste destroço!... Oh! estou sufocando!.... As ondas vão me engolir, e os meus não terão nem mesmo a triste consolação de me rever... Mas não; vejo que meu corpo não é mais sacudido pelas ondas... As preces da minha mãe serão ouvidas... Minha pobre mãe! Se ela pudesse imaginar seu filho tão miserável quanto ele é realmente, ela oraria melhor; mas ela crê que a causa da minha morte santificou o passado; ela me chora como mártir, e não como desgraçado e castigado!... Oh! vós que sabeis, sereis sem compaixão! Não, vós orareis.  

(...)Dois meses mais tarde, em 2 de fevereiro de 1864, ele se comunicou de novo espontaneamente com o mesmo médium, e ditou-lhe o que se segue:
"A compaixão que tivestes pelos meus sofrimentos tão horríveis me aliviou. Compreendo a esperança; entrevejo o perdão, mas depois do castigo da falta cometida. Continuo a sofrer, e se Deus permite que, durante alguns momentos, eu entreveja o fim da minha desgraça, não é senão às preces das almas caridosas, tocadas pela minha situação, que devo esse abrandamento. Ó esperança, raio do céu, como és bendita quando te sinto nascer na minha alma!... Mas, infelizmente! o abismo se abre; o terror e o sofrimento fazem apagar-se essa lembrança da misericórdia... A noite; sempre a noite!... a água, o barulho das ondas que engoliram o meu corpo, não são senão uma fraca imagem do horror que cerca meu pobre Espírito... Fico mais calmo quando posso estar junto a vós; pois assim como um terrível segredo depositado no seio de um amigo alivia aquele que se sentia oprimido por ele, do mesmo modo vossa compaixão, motivada pela confidência da minha miséria, acalma meu mal e descansa meu Espírito... Vossas preces fazem-me bem...

(...) Sinto mesmo neste momento um gozo bem grande, assim como um alívio particular que, infelizmente! vai logo cessar. Mas, ó meu Deus! eu teria uma confissão a fazer; terei força para tal?
Após muitos encorajamentos, o Espírito acrescenta: Fui muito culpado! O que sobretudo me faz sofrer é que creem que sou um mártir; não é nada disso... Numa existência precedente, mandei pôr num saco várias vítimas e jogar no mar... Orai por mim!

Instrução de São Luís sobre esta comunicação: Esta confissão será para este Espírito uma causa de grande alívio. Sim, ele foi muito culpado! Mas a existência que ele acaba de deixar foi honrada; era amado e estimado por seus chefes; é o fruto de seu arrependimento e das boas resoluções que tomara antes de voltar à terra, onde ele quis ser humano tanto quanto fora cruel. O devotamento de que deu provas era uma reparação, mas ele precisava compensar faltas passadas com uma última expiação, a da morte cruel que suportou; quis ele mesmo purificar-se sofrendo as torturas que fizera os outros sofrer; e notai que o persegue uma ideia: a mágoa de ver que o consideram um mártir. Acreditai que será levado em conta esse seu sentimento de humildade. Doravante, ele deixou a via da expiação para entrar na da reabilitação; com vossas preces podeis apoiá-lo, e fazê-lo caminhar a passo mais firme e mais seguro." (O Céu e o Inferno. Segunda Parte. Cap. 4. Allan Kardec)

Segundo o Espírito Emmanuel,  " O ofensor que revela as próprias culpas, ante o ofendido, lança fora detritos psíquicos, aliviando o plano interno. (...) A cura jamais chegará sem o reajustamento íntimo necessário, e quem deseje melhoras positivas, na senda de elevação, aplique o conselho de Tiago." (Vinha de luz. Remédio Salutar. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)

Diante do exposto, verificamos que podemos confessar nossos erros diante dos outros publicamente ou diretamente a Deus, quando temos o objetivo de nos concientizar para não cometer as mesmas faltas e para que recebamos um alívio interno. No entanto, somente mediante ao arrependimento sincero, por meio da reparação (prática do bem) e expiação da falta cometida, que conseguiremos nos perdoar, pois todo culpado está sujeito a justiça divina, onde sofrerá a consequência dos seus erros para que consiga se purificar.  Portanto, a confissão auricular particular para o padre e as penitências que o indivíduo recebe não apaga as suas faltas diante de Deus e tão menos recebe o Seu perdão. Este sacramento foi instituído pelos homens, e só acredita nele quem quiser se iludir, pois ficou comprovado pelo crivo da razão e da lógica que não é uma lei divina, ensinada pelo Cristo. O padre não tem nenhuma autoridade, usando o nome do Cristo, para purificar os homens dos seus pecados. O Espiritismo mostra a verdadeira interpretação dos ensinamentos bíblicos que foram deturpados pelos religiosos.  

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