Somos constantemente desafiados no campo de lutas da vida.
A expressão de Emmanuel, definindo a situação em causa como um desafio a humildade, exige maior atenção de nossa parte. A pobre viúva no Templo de Jerusalém, vendo os ricos depositarem grandes somas no cofre, segundo a parábola evangélica, foi desafiada na sua humildade. Mas respondeu ao desafio de maneira positiva, depositando ali a sua ínfima contribuição.
De outra feita, apos o Sermão do Monte, os apóstolos de Jesus foram desafiados na sua humildade pela multidão faminta que reclamava alimentos. Podiam omitir-se quando o Mestre lhes pediu o que levavam no bornal, alegando a insuficiência de seus recursos. Mas não vacilaram em entregar os poucos pães e peixes da merenda pobre que Jesus multiplicou para saciar a fome do povo.
Muitas vezes somos desafiados pelos que pedem socorro exibindo necessidades que não podemos atender. Mas se formos humildes poderemos dar pelo menos um pouco para aliviar a miséria. E se dermos o nosso pouco pensando no Mestre, talvez ocorra de novo o milagre da multiplicação. Porque, se dermos em espírito, estaremos dando mais do que o simples óbolo material.
O mesmo acontece em relação as dores, aflições e sofrimentos alheios. Quantas vezes somos procurados por pessoas que sofrem dores tão profundas que não temos recursos para cobrir aquele abismo de angustias. Mas se elevarmos o pensamento ao Mestre e dermos o que nos for possível, talvez nossas palavras, embora inseguras e descoloridas, possam levar ao sofredor o balsamo do entendimento e da consolação. Em nossa vaidade desejaríamos proferir palavras milagrosas, mas em nossa humildade e que realmente poderemos produzir o milagre do socorro divino.
O desafio a humildade e também um convite a fé. Se conhecermos a nossa fragilidade e a nossa pobreza, conhecemos também o poder e a riqueza de Deus. Não e justo querermos resolver por nos os problemas alheios, quando não resolvemos os nossos. E vaidade e pretensão querer mostrar uma superioridade que não possuímos. Mas se tivermos humildade para reconhecer o que somos e fazer apenas o que podemos, nosso óbolo material ou moral será como o da viúva: pesara mais que o dos ricos.
(Diálogo dos vivos. J. Herculano Pires. Chico Xavier)