Cura e caridade

Cada vez que nos reportamos aos serviços da cura, é justo pensar nos enfermos, que transcendem o quadro da diagnose comum. Enxameiam, aflitos, por toda parte, aguardando medicação.

Há os que cambaleiam de fome, a esmolarem doses de alimentação adequada.

Há os que tremem desnudos, requisitando a internação em roupa conveniente.

Há os que caem desalentados, a esperarem pela injeção de bom ânimo.

Há os que se arrojaram nos tormentos da culpa, rogando tranquilizantes do esquecimento.

Há os que se conturbam nas trevas da obsessão a pedirem palavras de luz por drágeas de amor.

Há os que choram de saudade nos aposentos do coração, suplicando a bênção do reconforto.

Há os que foram mentalmente mutilados por desenganos terríveis, a suspirarem por recursos de apoio.

E há, ainda, aqueles outros que se envenenaram de egoísmo e frieza, desespero e ignorância, exigindo a terapêutica incessante da desculpa incondicional.

Ajuda, sim, aos doentes do corpo, mas não desprezes os doentes da alma, que caminham na Terra aparentemente robustos, carregando enfermidades imanifestas que lhes consomem o pensamento e desfiguram a vida.

Todos podemos ser instrumentos do bem, uns para com os outros.

Não esperes que o companheiro se acame prostrado ou febril para estender-lhe esperança e remédio. Auxilia-o, hoje mesmo, sem humilhar ou ferir, de vez que a verdadeira caridade, tanto quanto possível é tratamento indolor da necessidade humana.

Os emissários do Cristo curam os nossos males em divino silêncio. Diante dos outros, procedamos nós igualmente assim.


(Ideal espírita. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier/ Waldo Vieira)

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