Porque me deste tanto amor, nunca pude saber.
Acordei em teus braços, à feição de ave doente, e disseste que eu era um anjo.
No berço, as mãos pequenas não me alcançavam a face, mas enxugavas as minhas lágrimas com os teus beijos.
Se algum detrito me atingisse, afirmavas que eu era uma flor e me banhavas o corpo em suave perfume.
Se eu chorasse, transformavas a voz em melodia, para que as tuas canções me embalassem o repouso.
Quando despontei na infância, destruindo-te os vasos ou rasgando-te as relíquias, ao invés de corrigir-me, proclamavas a minha inteligência.
Nos dias da juventude, ao ferir-te com o meu desmazelo e ingratidão, escondias a chaga e me apontavas como sendo a criatura melhor da Terra.
Nas horas de crise, se me convidavas à oração, atirava-te um gesto desdenhoso que recebias sorrindo.
Deste-me a vida e coloquei-te no centro da aflição.
Amaste-me muito mais que a ti mesma e te fitei com indiferença, quando te troquei pelo mundo vasto.
Mãe querida, volto hoje a ver-te. Cura minhas chagas com a tua bênção.
Compadece-te de mim que não encontrei com as ciências dos homens nenhuma riqueza que possa ser comparada aos tesouros de teu amor.
Abraça-me. Deixa que o teu coração pulse junto do meu para que me sinta novamente criança.
E se te posso pedir algo mais, ensina-me outra vez a pronunciar o nome de Deus.
(Os dois maiores amores. Meimei. Psicografado por Chico Xavier)