No Livro "Síntese Doutrinária" obtemos a seguinte resposta, quando fizeram uma pergunta semelhante:
Como os homens podem entrar em relação com os maus Espíritos?
R. Por meio dos fluidos e em virtude da lei de afinidade espiritual: "Quem se assemelha, se ajunta." (Síntese Doutrinária. Prática do Espiritismo. Questão 80. Léon Denis)
Segundo o Espírito Emmanuel, "Se o homem pudesse contemplar com os próprios olhos as correntes de pensamento, reconheceria, de pronto, que todos vivemos em regime de comunhão, segundo os princípios da afinidade. A associação mora em todas as coisas, preside a todos os acontecimentos e comanda a existência de todos os seres. (...)No plano da Vida Maior, vemos os sóis carregando os mundos na imensidade, em virtude da interação eletromagnética das forças universais. Assim também na vida comum, a alma entra em ressonância com as correntes mentais em que respiram as almas que se lhe assemelham. Assimilamos os pensamentos daqueles que pensam como pensamos. É que sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizamo-nos com as emoções e ideias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da nossa faixa de simpatia. Estamos invariavelmente atraindo ou repelindo recursos mentais que se agregam aos nossos, fortificando-nos para o bem ou para o mal, segundo a direção que escolhemos. "(Pensamento e vida. Cap. 8. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Os encontros, que costumam dar-se, de algumas pessoas e que comumente se atribuem ao acaso, não serão efeito de uma certa relação de simpatia?
"Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor." (O Livro dos Espíritos. Questão 388. Allan Kardec)
De acordo com Emmanuel, "A eletricidade é energia dinâmica. O magnetismo é energia estática. O pensamento é força eletromagnética. Pensamento, eletricidade e magnetismo conjugam-se em todas as manifestações da Vida Universal, criando gravitação e afinidade, assimilação e desassimilação, nos campos múltiplos da forma que servem à romagem do espírito para as Metas Supremas, traçadas pelo Plano Divino." (Pensamento e vida. Cap. 2. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
No livro "Dramas da Obsessão", ditado pelo Espírito Bezerra de Menezes, descreve o trabalho dos benfeitores espirituais para afastar um caso de obsessão coletiva de uma pequena falange de poderosos inimigos invisíveis: um pai e seus três filhos varões, ou seja, uma família de espíritos desencarnados, que eram israelitas típicos dos meados do século XVI que perseguiam outra família de espíritos encarnados, do qual haviam sido vítimas de torturas na época da Inquisição em Portugal. Apesar do trágico episódio ter ocorrido há quatro séculos e dos algozes apresentarem aparências diferentes, pois já estavam reencarnados e vivendo uma outra existência, os obsessores conseguiram reencontrar os seus inimigos do passado.
Na obra relata de que maneira ocorreu este reencontro e de que forma o velho obssessor agia para se vingar dos seus antigos algozes. Além disso, narra o que um dos benfeitores espirituais precisou fazer para aproximar-se deles e afastá-los daquela família. O assistente Roberto, utilizou-se da aparência de judeu do passado e dirigiu-se ao velho obsessor Rabino, dizendo:
" - (...) Trago-te uma mensagem de paz e de amor, a par da minha visita pessoal, com um convite...(...) venho convidar-te, em nome de tua sobrinha Ester, a visitá-la e a te entenderes com ela, pois sei que sofre desde muito, que tu e os teus fostes torturados sob mil injúrias e tratos cruéis, e que, portanto, necessitas de grande repouso e consolações...
(...) Porém, como me conheces?...
- Conheço-te, e aos teus, através dos relatos da tua Ester... Ela mandou-me a ti...
A esse nome, duas vezes proferido durante alguns instantes, o velho Rabino impressionou-se, sentindo que das profundezas da sua alma estremecimentos singulares se levantavam, dulcificando-lhe o ser. Um jovem hebreu, acompanhado de mais dois outros, ambos adolescentes, aproximou-se, vivamente interessado.
Tomando a palavra, perquiriu, arrogante, revelando índole belicosa:
- E onde se encontra Ester?... É a minha prometida... Desapareceu para sempre! Os miseráveis raptaram-na, esconderam-na, após torturá-la e vilipendiá-la em nossa presença...
As interrogações se acumularam, aflitas, magoadas, atestando inquietações dolorosas. Meu jovem assistente, no entanto, retorquiu, sereno e convincente:
-De fonte autorizada eu vos informo que se acha bem próximo o momento em que haveis de revê-la para nunca mais vos apartardes dela! Todavia, depende de vós a obtenção de tão grandiosa felicidade... Rogo-te, Rabino, atenderes ao chamamento de Ester, indo visitá-la onde te espera...
O velho israelita (...) redarguiu:
- Para dizer-te a verdade, jovem patrício, fui perseguido, sim, porém, hoje já não o sou... No momento revido as ofensas outrora suportadas...(...)não ignoras o que, em Portugal e na Espanha, o "Santo Ofício" há realizado contra nós...
- Quer dizer, então, Rabino, que esses de quem hoje te vingas, isto é, Leonel e família, pertenceram ao "Santo Ofício", ou à Inquisição, em Portugal... e que o drama que neste cenário entrevejo tem origem nesse remoto tempo?...
A entidade obsessora voltou-se, agitada por significativa surpresa:
- Remoto?... Tu dizes um tempo remoto ?... Não! Foi ontem mesmo!... Pois ainda não estamos com o reinado de El-Rei Dom João 3º?... Ainda estou ferido, e também os meus filhos, vês?... Ardem-me horrívelmente as queimaduras, e magoam-me... Sangram-me os dedos, de onde me arrancaram as unhas... Sofro muito... e também os meus pobres e queridos filhos, que eram jovens honestos e gentis, que nenhuma ofensa dirigiram àquela malta...(...)Mas sim... Às vezes parece-me que esse tempo está muito distante... que tudo aquilo aconteceu há séculos...
(...) Sei que já não sou, propriamente, um homem, mas apenas um simulacro de homem, a despeito de me sentir tão vivo e tão humano como dantes, assim como os meus filhos... e SEI QUE ELES, OS MEUS ALGOZES, O SÃO, DISFARÇADOS, EMBORA, EM OUTRAS ARMADURAS... Eles sempre se disfarçaram assim... Noutros tempos vestiam-se de amplas túnicas negras, com capuz e máscara, para não serem reconhecidos pelas vítimas... e também temendo represálias... Não importa, são os mesmos de ainda ontem, e, por isso, vingo-me, pois este litígio desencadeou-se desde nossa arbitrária prisão, em Lisboa... A lei me dá direito do ricochete... (...)Vigio-os, aos miseráveis inquisidores... Acho-me em vésperas de colher mais dois em minhas redes, para atirá-los ao báratro dos réprobos... (...)Torná-los, a todos, suicidas! (...) Já atirei dois deles: - Frei Hildebrando e o miserável João-José, que agora andou disfarçado em mulher...
Assim fazem os traidores covardes - disfarçam-se em sexo diferente, pretendendo não serem jamais reconhecidos... Puro engano! Nada há que os encubra às nossas vistas! E a João-José reconhecemos, particularmente, pelo coxear da perna esquerda, que agora não pôde ocultar... a um dei a arma com que despedaçou a cabeça: - Frei Hildebrando! Ah! Ah! confesso-te, amigo (...), que ajudei a acionar a molazinha mágica... Mas ao outro, ao traidor João-José, a quem aqui chamam "Alcina" - ah! ah! ah! "Alcina"!... a esse ofereci um tóxico violento: -Veneno! Veneno! Morte que se dá aos traidores... como se fazia nos tempos de Sua Santidade, Alexandre 6º...(...)Estou desesperado! Porque não foram para o báratro ?... Hei-de arrastá-los até lá... Se me ausentar daqui, algo desagradável sucederá... Meus filhos são inexperientes, sem mim não saberiam agir... Dize a minha Ester que venha cá...
(...) - Creio muito justas as tuas ponderações, Rabino, e concordo contigo: - a lei de Moisés prescreve, com efeito, a retribuição das ofensas contra nós praticadas pelos nossos inimigos... Muito a teu pesar, porém, declaro-te que Ester não deseja medir-se com estes réprobos... Esqueceu-os completamente, porque é feliz! Não está prisioneira, nada sofre... Todavia, não virá... Se queres vê-la e falar-lhe, terás de buscá-la onde se encontra...
(...)O chefe dos ofensores aquiesceu, talvez premido por uma vontade superior interessada em conceder-lhe ensejos para a emenda de princípios, e certamente vencido pelo desejo de rever Ester, sua sobrinha, igualmente supliciada e morta pelo tribunal da Inquisição, a qual, no entanto, jamais pudera reencontrar, desde quatro séculos, uma vez que ela soubera, desde muito, acolher-se sob a inspiração do Bem e do Amor, perdoando àqueles que a haviam torturado no passado, e, portanto, afinando-se com a Luz." (Dramas da Obsessão. Cap. 8. Espírito Bezerra de Menezes. Yvonne A. Pereira)
"Seguindo ordens recebidas, o operoso e paciente Roberto transportou o velho Rabino para a localidade onde existia o núcleo espírita sob cuja responsabilidade o trabalho de esclarecimentos se faria. (...) Para o obsessor judaico a caminhada fora normal, afigurando-se que marchava a pé, pelas ruas de Lisboa, as mesmas que, quatro séculos antes, perlustrava diariamente, e cujas imagens e panoramas se haviam decalcado em suas forças mentais, tornando reais, para si mesmo, as figurações que não mais existiam senão nas repercussões vibratórias das suas recordações concretizadas. (...)Ele perdera, aliás, a noção do tempo, como alguém que, vendo-se atirado a um calabouço durante longo período...Em verdade, nem esse pobre sofredor e tão-pouco os filhos queriam distinguir em derredor senão as personalidades pelas quais se interessavam ou o que com elas se relacionasse. Os demais acontecimentos e personagens, localidades, progresso material terreno, etc., passariam despercebidos às suas percepções ou a eles não prestavam verdadeira atenção, como se os sentimentos inferiores, fornecedores das pesadas irradiações que os envolviam, tecessem estranho nevoeiro em torno das suas expansões inteligentes, anulando-as para qualquer pendor que não a sua ideia fixa de ódio e vingança. ASSIM SENDO, NÃO PERCEBERAM QUE SE TRANSFERIRAM DE PORTUGAL PARA O BRASIL, ATRAIDOS PELAS CORRENTES AFINS EXISTENTES ENTRE ELES PRÓPRIOS E AQUELES A QUE ODIAVAM, como não perceberam que do Sul do Brasil eram transportados para um recanto do Estado de Minas Gerais, em alguns minutos, tempo assaz longo para um Espírito em condições de progresso normal locomover-se, mas muito rápido, em verdade, para uma entidade inferiorizada transportar-se, tão rápido que, tal sucede com o movimento da Terra e os homens, seus habitantes, ele nada distinguiu, supondo-se antes a caminho de local desconhecido, em Lisboa, ao lado de um mensageiro da sua Ester. O certo era que o meu caro assistente, valendo-se das possibilidades das forças naturais do mundo espiritual, transportara o obsessor através do Espaço, valendo-se da volitação..."(Dramas da Obsessão. Cap. 9. Espírito Bezerra de Menezes. Yvonne A. Pereira)
Com relação a este assunto, Allan Kardec faz o seguinte esclarecimento: "Grave erro seria pensar que seja necessário ser médium a fim de atrair os seres do mundo invisível. O espaço está povoado de Espíritos; incessantemente nós os temos ao nosso redor, vendo-nos, observando-nos, participando de nossas reuniões, seguindo-nos ou fugindo-nos, conforme os atraiamos ou os repilamos. A mediunidade não é para isto: ela é apenas um meio de comunicação. Segundo o que temos visto quanto às causas de antipatia ou de simpatia dos Espíritos, facilmente se compreende que devemos estar rodeados pelos que têm afinidade por nosso próprio Espírito, conforme seja ele elevado ou degradado. "(Instruções práticas sobre as manifestações espíritas. Cap. 7. Allan Kardec)
"A morte, como sabemos, não nos livra dos nossos inimigos; os Espíritos vingativos perseguem, muitas vezes, com seu ódio, no além-túmulo, aqueles contra os quais guardam rancor.
(...)O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições. Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão. O obsidiado e o possesso são, pois, quase sempre vítimas de uma vingança, cujo motivo se encontra em existência anterior, e à qual o que a sofre deu lugar pelo seu proceder. Deus o permite, para os punir do mal que a seu turno praticaram, ou, se tal não ocorreu, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, não perdoando. Importa, conseguintemente, do ponto de vista da tranqüilidade futura, que cada um repare, quanto antes, os agravos que haja causado ao seu próximo, que perdoe aos seus inimigos, a fim de que, antes que a morte lhe chegue, esteja apagado qualquer motivo de dissensão, toda causa fundada de ulterior animosidade. Por essa forma, de um inimigo encarniçado neste mundo se pode fazer um amigo no outro; pelo menos, o que assim procede põe de seu lado o bom direito e Deus não consente que aquele que perdoou sofra qualquer vingança.
Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível com o nosso adversário (Mateus 5:25-26), não é somente objetivando apaziguar as discórdias no curso da nossa atual existência; é, principalmente, para que elas se não perpetuem nas existências futuras. Não saireis de lá, da prisão, enquanto não houverdes pago até o último centavo, isto é, enquanto não houverdes satisfeito completamente a justiça de Deus." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 10. Item 6. Allan Kardec)