Escuta, alma querida,
Se a provação te alcança
E te amarfanha a vida,
Não te dês à revolta
Nem percas a esperança.
Embora tolerando luta permanente,
Seja ela qual for,
Segue o dever que se desdobre à frente,
Sem maldizer a própria dor.
Deus modifica o sofrimento aceito,
Em grandeza, progresso, alegria, proveito...
Na Terra, em tudo aquilo que admiras,
Do chão que cria a erva ao céu que infunde a paz,
A qualquer tempo, em tudo encontrarás,
Semelhante lição na estrada em que respiras...
No solo retalhado a golpes de tratores,
O campo se converte em toucado de flores.
A semente largada à cova estranha e escura
Renasce do abandono, em beleza e verdura.
A árvore na poda, humilhada e desfeita,
Acrescenta a abastança e a força da colheita.
Da rocha perfurada a fonte se descerra,
Espalhando conforto e enriquecendo a terra.
Posto ao calor gigante, em supremo embaraço,
O minério dá forma às estruturas de aço.
Madeira que o serrote alinha, morde e apara
Faz-se na construção a peça nobre e rara.
Pérola de alto preço em brilho evanescente
É riqueza a surgir de uma ostra doente.
O pão que, em todo o mundo, é divino legado
É um presente do Céu no trigo massacrado.
Água que se sujeita aos preceitos da usina
Gera auxílio e poder, revigora e ilumina.
Assim também, alma querida e boa,
Ante a luz do trabalho, dia-a-dia,
Na lei da evolução para crentes e ateus,
A presença da dor que nos fere e avalia
É socorro da vida e proteção de Deus.
(Coração e vida. Espírito Maria Dolores. Psicografado por Chico Xavier)