"Quando nós amamos o nosso animal, ao partir, os espíritos amigos o trazem de volta para que não sintamos sua falta"
Chico Xavier tinha uma cachorra de nome Boneca, que sempre esperava por ele, fazendo grande festa ao avistá-lo.
Pulava em seu colo, lambia-lhe o rosto como se o beijasse. Chico então dizia:
– Ah, Boneca, estou com muitas pulgas!!!
Imediatamente ela começava a coçar o peito dele com o focinho.
Boneca morreu velha e doente. Chico sentiu muito a sua partida. Envolveu-a no mais belo xale que ganhara e a enterrou no fundo do quintal, não sem antes derramar muitas lágrimas.
Um casal de amigos, que a tudo assistiu, na primeira visita de Chico a São Paulo, ofertou-lhe uma cachorrinha idêntica à sua saudosa Boneca. A filhotinha, muito nova ainda, estava envolta num cobertor, e os presentes a pegavam no colo, sem, contudo, desalinhá-la de sua manta.
A cachorrinha recebia afagos de cada um. A conversa corria quando Chico entrou na sala e alguém colocou em seus braços a pequena cachorra. Ela, sentindo-se no colo de Chico, começou a se agitar e a lambê-lo.
– Ah, Boneca, estou cheio de pulgas!!! – disse Chico.
A filhotinha começou então a caçar-lhe as pulgas e parte dos presentes, que conheceram a Boneca, exclamaram:
– Chico, a Boneca está aqui, é a Boneca, Chico!!!
Emocionados, perguntamos como isso poderia acontecer.
O Chico respondeu:
– Quando nós amamos o nosso animal e dedicamos a ele sentimentos sinceros, ao partir, os espíritos amigos o trazem de volta para que não sintamos sua falta. É, Boneca está aqui, sim, e ela está ensinando a esta filhota os hábitos que me eram agradáveis. Nós, seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto, quem chuta ou maltrata um animal é alguém que ainda não aprendeu a amar.
(Texto: Boneca & Chico Xavier, de Adelino da Silveira. Fonte: https://www.correiofraterno.com.br)