Afirmas que o mundo é mar
De abismos, trevas e escolhos;
Conserva, por isso mesmo,
A caridade nos olhos.
Suplicas esquecimento
Da mágoa em que tens vivido;
Guarda cautela, aplicando
A caridade no ouvido.
Desejas larga distância
Da fala maldosa e oca…
Cultua, quanto puderes,
A caridade na boca.
Pretendes largar, de todo,
Tristezas e laços vãos,
Cultiva, além do dever,
A caridade nas mãos.
Queres que os outros te vejam,
Coração nobre quanto és,
Atende, em questões de rumo,
À caridade nos pés.
Sonhas banir da família
Rixa, contenda, pesar…
Inicia, praticando
A caridade no lar.
Ensinas beneficência,
Ante a penúria indefesa,
Mas não olvides pregar
A caridade na mesa.
Exiges a estima alheia
Que os empeços atenua,
Emprega, constantemente,
A caridade na rua.
Se indagássemos do Cristo
Como achar felicidade,
Jesus, decerto, diria:
— Caridade, caridade…
( Caridade. Casimiro Cunha. Psicografado por Chico Xavier)