Respondo a sua pergunta,
Meu caro Juca Proença,
Quanto ao que eu possa saber
Sobre espírito e doença.
Notando o problema em foco,
Você consulta com jeito:
_ "Estará qualquer moléstia
Sob a lei de causa e efeito?"
Sabe você, a higiene
Em toda parte, conclama
Que nem toda enfermidade
Está prevista em programa.
Marcamos os prejuízos
Que a falta de asseio faz,
Onde o desleixo aparece
A doença vem atrás.
Quem foge de escova e banho,
De sabão ou de vacina
Dá trabalho sem razão
Ao campo da medicina.
Por outro lado, sabemos
Que existem moléstias várias
No caminho das pessoas
Por medidas necessárias.
Muita gente, antes do berço,
Roga aos Amigos do Além
incômodos que os resguardem
Na cobertura do bem.
Mas o que assombra no mundo
Pela profunda extensão
É o número das moléstias
De pura imaginação.
A criatura vacila,
Crê no medo que a invade,
A mente adoece e cria
A forma da enfermidade.
Aí, reportam sintomas
De grande e pequeno porte,
Depois, é a pertubação
Gerando loucura e morte.
Qualquer pessoa fará
Muita pesquisa, a contento;
São muitos os casos tristes
De nosso conhecimento.
Às pessoas, recordo Alípio,
Na Roça do Araticum,
Receando alimentar-se
Morreu de tanto jejum.
Temendo pegar feridas
Embora de nervos sãos,
Finou-se Dona Agripina
De tanto lavar as mãos.
Olhando enfermos na rua,
Apavorou-se o Libório,
Depois, prendeu-se no quarto
E acabou no sanatório.
Com receio de varíola
Dona Tatinha do Alceu,
Mudou dez vezes de casa,
E, em seguida, enlouqueceu.
Supondo-se canceroso
Matou-se Tonho, em Mutum;
Sendo o corpo examinado,
Não se achou câncer nenhum.
Faleceu de sede e fome
Dona Regina Tereza,
Imaginava veneno
Em toda peça da mesa.
De consciência tranqüila
Tendo a calma por segredo,
Guarde a fé, trabalhe sempre
E viva forte e sem medo.
Ante quaisquer ilusões
A verdade nos desarma;
Nem todo mal que aparece
Decorre das leis do carma.
Sejamos nós, uns dos outros,
Amigos e cireneus;
Estamos todos na vida
Guardados na luz de Deus.
(Baú de Casos. Espírito Cornério Pires. Psicografado por Chico Xavier)