Dona Paula estava muito preocupada com seu sobrinho Gilberto, que havia chegado de fora há pouco dias. Não que ele fosse um menino desobediente, nem um menino muito travesso. Não era. Pelo contrário, obediente e bem comportado.
Mas, Gilberto não era um menino amável, atencioso... Nunca dizia "muito obrigado" a ninguém, não cumprimentava as pessoas, nem pedia as coisas com delicadeza.
Se entrava num taxi com a titia, embora ela cumprimentasse o motorista com gentileza, ficava em silêncio ou então ordenava:
- Ande ligeiro! Bem depressa!...
Se andava num elevador, empurrava os outros e nunca pedia licença. Não era gentil com ninguém.
Resultado: o dono do armazém nunca lhe dava uma bala, o que costumava fazer com as outras crianças; os motoristas de taxi não olhavam para ele com simpatia; e as pessoas que encontravam no elevador não lhe diziam uma palavrinha gostosa ou, pelo menos lhe davam um sorriso amável.
Natural, pois, que titia Paula andasse preocupada.
Um dia, Gilberto entrou na cozinha e viu que a tia estava se preparando para fazer um bolo. Então disse logo:
- Eu quero um bolo só para mim.
- Pode ser... respondeu a tia Paula - Mas, ante, você terá que dizer umas palavras mágicas. Se você disser, eu farei o bolinho.
Gilberto ficou pensando que palavras mágicas seriam estas. Mas, logo se lembrou de uma estória que vovô havia lhe contado. Por isso, gritou:
- Abracadabra! Abracadabra!
- Não, não são estas as palavras mágicas – disse a tia, sorrindo.
- Não?? - Gilberto pensou, pensou...
- Balabalabla! Balabalabla! - tornou a gritar.
Dona Paula sacudiu a cabeça.
- Não, também não são estas.
- Dipo dipodóclus! Dipo diodóclus!
- Não, não! – disse ainda a tia, achando graça das invenções do sobrinho.
Gilberto não sabia o que dizer. Pensou... pensou... Então, desanimado pediu:
- Por favor, tia Paula, quais são as palavras mágicas?
E muito surpreendido, ouviu a titia dizer:
- Viva! Você já disse as palavras mágicas. Pronto! Vou fazer um bolinho só para você.
O menino ficou admirado. Depois, lembrou-se. E, muito contente, falou:
- "Por favor"... então são estas as palavras mágicas, que conseguem tudo?
Tia Paula disse que sim e ensinou ainda outras palavras mágicas que fazem com que todo o mundo gosto da gente.
Gilberto ouviu tudo com muita atenção e prometeu não se esquecer mais das tais palavras mágicas. E começou a cumprir sua palavra, pois quando a tia lhe deu um lindo bolinho, bem cheiroso, ele, muito gentil, falou, sorrindo:
- Muito obrigado, tia Paula. Muito obrigado!
(Autor desconhecido)