Penso em ti, mãezinha querida, e retorno aos teus braços.
Vejo-te, estrela em forma de anjo, velando noite a noite, ao meu lado, enquanto te buscava o colo por brando ninho.
Teu sorriso era a própria bênção de Deus, sustentando-me horas e, misturando beijos e lágrimas, alentaste-me a vida.
Quantas vezes procurei nos teus olhos a inspiração do caminho não saberia dizer… Sei apenas que, em nossa casa, levantavas-te com a aurora, esgueirando-te em silêncio para que não interrompêssemos o repouso, preparando-nos o pão de que recebias sempre o derradeiro pedaço.
Sei, mãezinha, que escravizada ao fogão e à pia de lavar, trabalhavas de manso, voltando o rosto sereno para dizer que éramos os teus tesouros, quando alguém se queixava de nós.
Nunca te disseste cansada, ainda mesmo quando os nossos gestos de ingratidão te faziam aflita e muda.
Frequentemente, surpreendia-te a cantar chorando, sem que pudesse perceber os espinhos que te dilaceravam a alma, porque teus lábios respondiam sorrindo às minhas perguntas, sossegando-me a inquietação.
Passou o tempo e volto hoje, de alma renovada em tua renúncia, para ofertar-te as flores de meu afeto.
Quisera trazer-te o próprio Céu; em meu impulso de amor, entretanto, sou eu ainda que me ajoelho aos teus pés, para rogar te em prece de gratidão:
— Mãezinha querida, deixa-me descansar de novo, no arminho de teu regaço! E, enquanto choro de alegria para agradecer a Deus a luz de tua presença, guarda minhas mãos entre as tuas e ensina-me, Doce Anjo, a orar outra vez.
(Temas da vida. Espírito Meimei. Psicografado por Chico Xavier)