Era uma vez uma família de Tico-ticos: o Papai, a Mamãe e os três filhinhos Tico-Ticos.
Um dia, o Papai Tico-tico chegou com uma triste notícia para a família.
- Soube, no bosque – disse ele –que terão de derrubar a nossa árvore para abrirem uma alameda, uma rua bem larga.
- Assim sendo - disse Mamãe Tico-tico – temos que nos mudar, e imediatamente.
Logo, todos começaram a arrumar suas coisas: Papai juntou as palhas do ninho, Mamãe os grãozinhos, e os filhinhos, de um lado para outro, também ajudavam a família.
No dia seguinte, de manhãzinha, a família partiu a procura de outro lugar onde pudesse fazer um novo ninho. E procuraram, procuraram, procuraram. Percorreram todo o bosque, olharam em cima de todas as árvores, mas nada! Nenhuma arvorezinha sequer! Tudo ocupado!
Já cansados de tanto procurar, viram, num cantinho afastado, na parte mais escura do bosque, um tronco abandonado. Papai foi na frente e a Mamãe com os filhos vieram atrás, curiosos para olhar o local. Quando se aproximaram, chegaram bem pertinho e viram uma aranha tecendo suas teias.
- Como está, Dona Aranha? – perguntou o Pai Tico-tico.
- Bem, obrigada, desejam alguma coisa? – indagou ela, meio desconfiada.
- Sim, respondeu Mamãe, estamos procurando uma árvore onde fazer o nosso ninho. Meu marido soube no bosque... (e começou a contar o porquê da procura de um outro lugar).
Enquanto isso, Papai Tico-tico e os pequenos voavam em volta do tronco, piando, piando.
- Como ficaria bom nosso ninho aqui, que bom se pudéssemos fazê-lo bem aqui neste lugar.
- Será que a senhora, Dona Aranha, se importaria se fizéssemos a nossa casa aqui? – perguntaram todos. – Seria tão bom – acrescentaram.
- Vocês me desculpem, mas eu não gosto de Tico-ticos: eles fazem muito barulho quando dormem; eles piam muito.
- Mas, Dona Aranha, disse Mamãe Tico-Tico, este é o único lugar que encontramos depois de muito procurar. Deixe-nos ficar, Dona Aranha, eu sei que a senhora não é má. Prometemos que não vamos atrapalhá-la, nem sequer tocar num só fio da sua teia. Deixe-nos ficar aqui, por favor!
- Não! Decididamente não! Eu não quero ninguém perto de mim. Quero ficar sozinha! Arranjem outro lugar, porque aqui não é possível! - concluiu ela.
E outra vez saiu a família de Tico-ticos à procura de um lugar onde pudesse morar.
Dias e dias se passaram quando, já cansados e quase desanimados, viram, perto de um riacho, uma árvore muito alta: um eucalipto. Eles se foram aproximando, se aproximando, deram volta em torno dela, piando, piando e, contentes, exclamaram:
- Que ótimo! Aqui não mora ninguém: podemos fazer nosso ninho. Que bom!
E, finalmente, a família de Tico-ticos pôde fazer o seu ninho. E que lindo ninho foi feito no topo do eucalipto!
Muito tempo se passou. Um dia, quando Mamãe e Papai se ocupavam de seus afazeres e os pequeninos estavam brincando, aproximou-se deles, cansada e machucada, Dona Aranha, a mesma Dona Aranha que um dia eles tinham encontrado no bosque.
- Oh! meus passarinhos – disse, chorando, a Aranha. – Agora sou eu que fiquei sem casa. O tronco onde estava minha teia foi arrancado do bosque e atirado ao rio. Quase me afogo nas águas. Com grande sacrifício consegui salvar-me. E agora fiquei sem casa. Que será de mim?
- Mas a senhora não se precisa preocupar, Dona Aranha. Venha morar conosco. A senhora pode tecer sua teia ao lado do nosso ninho.
E assim, Dona Aranha, envergonhada por ter sido tão ruim com os seus amiguinhos, chorou arrependida, pedindo mil desculpas.
Daquele dia em diante, nunca mais Dona Aranha deixou de ajudar quem quer que fosse.
(autor desconhecido)