A DOUTRINA ESPÍRITA É LIVRE, NÃO POSSUI REGRAS PARA SEREM SEGUIDAS?

Segundo Allan Kardec, "Em sua concepção mais larga, o  livre  pensamento significa livre exame, liberdade de consciência, fé raciocinada. Ele simboliza a emancipação intelectual, a independência moral, complemento da independência física; ele não quer mais nem escravos do pensamento nem do corpo, porque o que caracteriza o livre-pensador é que ele pensa por si mesmo e não pelos outros; em outros termos, sua opinião lhe é própria.

(...) Com efeito, o Espiritismo estabelece como princípio que antes de crer é preciso compreender. Ora, para compreender é necessário usar o raciocínio, por isto ele procura apurar a causa de tudo antes de admitir qualquer coisa, a saber, o porquê e o como de cada coisa. Assim, os espíritas são mais céticos do que muitos outros, em relação aos fenômenos que escapam do círculo das observações habituais. Ele não repousa em nenhuma teoria preconcebida ou hipotética, mas na experiência e na observação dos fatos. Em vez de dizer: "Crede, para começar, e depois compreendereis, se puderdes", ele diz: "Compreendei, para começar, e depois crereis, se quiserdes". Ele não se impõe a ninguém, mas diz a todos: "Vede, observai, comparai e vinde a nós  livremente, se vos convier." "(Revista Espírita. Fevereiro de 1857. Livre pensamento e livre consciência. Allan Kardec)

Entretanto, não devemos confundir a nossa liberdade de pensamento, através da fé raciocinada, que é um direito próprio de cada indivíduo, com a vontade de divulgar uma opinião pessoal de um espírito encarnado ou desencarnado, contrária aos fundamentos do Espiritismo. Apesar de não haver dogmas, rituais, obrigação do uso de vestimentas especiais ou hierarquia sacerdotal na Doutrina Espírita, os espíritas devem  seguir regras de conduta com base nos ensinamentos do Cristo e dos Espíritos Superiores, têm o dever de preservar a pureza doutrinária e respeitar os regulamentos internos do Centro, que foram sugeridos por Allan Kardec. Portanto, a Doutrina Espírita não é livre, ela possui fundamentos estabelecidos pelos Espíritos Superiores, que foram codificados por Allan Kardec.

Segundo Herculano Pires, " (...) o espírita tem deveres específicos, que são os da fidelidade à Doutrina, a preservação da sua pureza, evitando de desviá-la de seu  objetivo exclusivamente espiritual. "(O Centro Espírita.  Cap. 8. J. Herculano Pires)

"OS PRINCÍPIOS DA CODIFICAÇÃO NÃO PODEM SER ALTERADOS PELA OBRA DE UM ESPÍRITO ISOLADO. A Codificação não é obra de vidência, mas de pesquisa científica realizada por Kardec sob orientação e vigilância dos Espíritos Superiores." (Mediunidade. Cap. 3. J. Herculano Pires) 

Os Espíritas , portanto, não devem inserir práticas estranhas dentro do Centro Espírita. De acordo com o Espírito André Luiz,  "(...) assegurar a simplicidade dos princípios espíritas, nas casas doutrinárias, para que as suas atividades atinjam a meta da libertação espiritual da Humanidade não é fanatismo e nem rigorismo de espécie alguma, porquanto, agir de outro modo seria o mesmo que devolver um mapa luminoso ao labirinto das sombras, após séculos de esforço e sacrifício para obtê-lo, como se também, a pretexto de fraternidade, fôssemos obrigados a desertar do lar para residir nas penitenciárias; a deixar o caminho certo para seguir pelo cipoal; a largar o prato saudável para ingerir a refeição deteriorada e desprezar a água potável por líquidos de salubridade suspeita."  (Opinião Espírita. Práticas estranhas. Espírito André Luiz.  Psicografado por Waldo Vieira)

Allan Kardec fez a seguinte advertência: "TODA TEORIA EM MANIFESTA CONTRADIÇÃO COM O BOM SENSO, COM UMA LÓGICA RIGOROSA E COM OS DADOS  POSITIVOS JÁ ADQUIRIDOS, DEVE SER REJEITADA, por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura. (...)Uma só garantia séria existe para o ensino  dos  Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. (...)  Não será à opinião de um homem que se aliarão os outros, mas à voz unânime  dos   Espíritos; não será um homem, nem nós, nem qualquer outro que fundará a ortodoxia espírita; tampouco será um Espírito que se venha impor a quem quer que seja: será a universalidade dos Espíritos que se comunicam em toda a Terra, por ordem de Deus. Esse o caráter essencial da Doutrina espírita; essa a sua força, a sua autoridade. Quis Deus que a sua lei assentasse em base inamovível e por isso não lhe deu por fundamento a cabeça frágil de um só."(O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Introdução. 2. Autoridade da Doutrina Espírita. Allan Kardec)

"A  opinião  da  maioria  dos  Espíritos é um poderoso controle para o valor  dos  princípios   da  Doutrina, mas não exclui o do julgamento e  da  razão cujo uso incessante todos  os Espíritos sérios recomendam. Quando o ensino se generaliza espontaneamente sobre uma questão, num determinado sentido, é um indício certo de que tal questão chegou ao seu tempo. "( Revista Espírita.  Março de 1868.  Comentários sobre os Messias do Espiritismo. Allan Kardec)

Além disso, no Livro dos Médiuns de Allan Kardec, no Capítulo 30,  há detalhes sobre o regulamento e normas da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (primeira instituição espírita do mundo), que pode servir de modelo para formular o estatuto de um Centro Espírita.

Segundo Allan Kardec, " As pequenas reuniões apenas precisam de um regulamento disciplinar, muito simples, para a boa ordem das sessões." (O Livro dos Médiuns. Cap. 29. Item 339. Allan Kardec)

Um desses regulamentos (Art. 3º)  diz que: " A Sociedade não admitirá senão as pessoas que simpatizem com seus princípios e com o objetivo de seus trabalhos, as que já se achem iniciadas nos princípios fundamentais da ciência espírita, ou que estejam seriamente animadas do desejo de nesta se instruírem. Em conseqüência, exclui todo aquele que possa trazer elementos de perturbação às suas reuniões, seja por espírito de hostilidade e de oposição sistemática, seja por qualquer outra causa, e fazer, assim, que se perca o tempo em discussões inúteis. A todos os seus associados corre o dever de recíproca benevolência e bom proceder, cumprindo-lhes, em todas as circunstâncias, colocar o bem geral acima das questões pessoais e de amor-próprio. " (O Livro dos Médiuns. Cap. 30. Allan Kardec)

 Certa feita, disse o Divino Mestre: "Quem me segue, siga-me", e, noutra circunstância, afirmou: "Quem me segue não anda em trevas."

 Reconhecemos, assim, que não basta admirar o Cristo e divulgar-lhe os preceitos. É imprescindível acompanhá-lo para que estejamos na bênção da luz.

Para isso, é imperioso lhe busquemos a lição pura e viva.

De igual modo acontece na Doutrina Espírita que lhe revive o apostolado de redenção.

QUEM PROCURE SERVI-LA DEVE ATENDER-LHE  AS INDICAÇÕES. E quem assim proceda, em parte alguma sofrerá dúvidas e sombra. (Conduta Espírita.  Espírito Emmanuel. Psicografado por Waldo Vieira )

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