A crucificação

Fita o Mestre, da cruz, a multidão fremente,

A negra multidão de seres que ainda ama.

Sobre tudo se estende o raio dessa chama,

Que lhe mana da luz do olhar clarividente.

 

 Gritos e altercações! Jesus, amargamente,

Contempla a vastidão celeste que o reclama;

Sob os gládios da dor aspérrima, derrama

As lágrimas de fel do pranto mais ardente.

 

 Soluça no silêncio. Alma doce e submissa,

E em vez de suplicar a Deus para a injustiça

O fogo destruidor em tormentos que arrasem,

 

 Lança os marcos da luz na noite primitiva,

E clama para os Céus em prece compassiva:

« — Perdoai-lhes, meu Pai, não sabem o que fazem!…»

 

(Chico Xavier: o primeiro livro .Olavo Bilac)

 

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