Para transformar as almas só existe um poder miraculoso: o amor. Sem ele, caímos inevitavelmente no cadinho do sofrimento, sob o fogo da dor. O amor é aquela energia misteriosa que os alquimistas procuravam, capaz de produzir a panacéia universal, remédio para todos os males, a revelar a pedra filosofal que transformava os metais comuns em ouro. A um toque de amor, as almas rudes e violentas se aprimoram e se abrandam.
Por isso, ensina-nos Emmanuel que filhos e parentes difíceis não são enviados a nós apenas como inimigos do passado, mas também como criaturas queridas que perdemos nos descaminhos da vida. Nosso amor os atrai para transformá-los. Nesses casos de alquimia espiritual, os pais são sempre pacientes, abnegados, como os alquimistas medievais que se empenhavam em longas destilações e fundições em busca de resultados impossíveis.
Em geral, pensamos que os alquimistas nada produziram nas suas loucas tentativas. Mas a verdade histórica é bem outra. Da velha alquimia nasceu a química, toda uma técnica de filtragem e mistura, de fusão de metais, com resultados positivos para a evolução científica do planeta. Assim, também na alquimia do amor, através das metamorfoses da reencarnação, os sacrifícios não são inúteis, os sofrimentos trazem os seus frutos.
A mãe, que tudo perdoa e tudo esquece, acaba tocando o coração do filho e nele acende a chispa renovadora do amor. O pai, que suporta a rebeldia do filho em nome do amor paterno, dá-lhe a lição viva do exemplo que o libertará do passado negativo. Ai de nós se não fosse o amor, esse toque do espírito que, como a vara de Moisés, faz nascer da pedra a água para os sedentos!
Deus criou o mundo por amor; num ato de amor fez surgir o caos do nada e o cosmos do caos. Essas alegorias aturdem os espíritos positivos, mas quando encaramos a vida em suas transformações, vemos que a metamorfose é uma lei universal. Por toda parte, as coisas e os seres se transformam. Os educadores antigos usavam os castigos físicos para os alunos rebeldes, mas os pedagogos modernos verificaram que a verdadeira disciplina é a que nasce do coração do educando, tocado pelo coração do mestre.
Descartes descobriu que a idéia de Deus é inata no homem; Rousseau revelou a bondade natural da criatura humana e, desde Pestalozzi, sabemos que a educação é um ato de amor. Mas esse ato de amor não se realiza apenas na escola, começa no lar e prossegue pela vida afora. Os pregoeiros do ódio e da violência ainda infestam a nossa cultura, mas os conflitos e as fogueiras que acenderam se vão apagando ante a compreensão de que o amor é a única força capaz de modificar o mundo. Por isso, Jesus ensinou que devemos amar os nossos inimigos e perdoar sempre.
Filhos e parentes difíceis são pedintes de amor que o nosso amor atraiu para as nossas vidas. Não são provações, são apenas provas.
(Astronautas do Além. J. Herculano Pires)