Chico Xavier

            Em qualquer enciclopédia encontramos o nome de Pedro Leopoldo, cidade e município do Estado de Minas Gerais.

            (...)Foi nesta cidade que, no dia 2 de abril de 1910, nasceu aquele que hoje é conhecido no Brasil e no mundo como grande médium que é, nosso FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, o popularíssimo CHICO XAVIER. (Nosso amigo Chico Xavier. Nascimento .  Luciano Napoleão da Costa e Silva )

            (...) Filho de gente simples, seu pai, João Cândido Xavier, — pouco ganhava para o sustento da prole. É verdade que a sua mãe, dona Maria João de Deus, muito o ajudava, sempre incansável nos afazeres domésticos que se multiplicavam com o número  de filhos, que iam nascendo e crescendo. São estes:

            — Maria Cândida Xavier (conhecida por Bita), sua irmã mais velha... 

            — Luiza Xavier...

            — Carmosina Xavier Pena, (conhecida por Zina)...

            — José Cândido Xavier (conhecido seleiro da cidade)...

            — Francisco Cândido Xavier, nosso biografado, solteiro, funcionário público federal, residente em Uberaba (M. G.).

            — Raymundo Xavier (o popular Mundico)...

            — Maria da Conceição Xavier Pena (conhecida por Tiquinha)...

            — Üeralda Xavier Quintao...

            — Maria de Lourdes Xavier Fernandes...

            Em 29 de setembro de 1915, sua mãe, Maria João de Deus, desencarnou. Seu pai, após 2 anos, em 1917, casou-se pela segunda vez com D. Cidália Batista, de cujo consórcio a família Xavier foi aumentada com os seguintes filhos:

            — André Luiz...

            — Lucília Xavier Silva...

            — Neusa Xavier Lerroy...

            — Cidália Xavier de Carvalho...

            — Doralice Xavier...

            — João Cândido Xavier... (Nosso amigo Chico Xavier. Sua Família.  Luciano Napoleão da Costa e Silva)

            Filho de operário inculto e  humilde lavadeira, até os cinco anos de idade, quando ficou órfão de mãe, foi um menino como outro qualquer, mas estava escrito que aí começaria seu sofrimento.

            Era preciso que ele passasse pelo crisol da maldade humana para que a Humanidade penetrasse em seu coração generoso e o acompanhasse até o fim, moldando seu caráter, fortalecendo sua vontade, tecendo as malhas da sua estrutura espiritual, preparando os canais por onde iria fluir, mais tarde, a grande obra que lhe estava reservada.

            (...) Seu pai se viu na contingência de entregar alguns dos seus nove filhos aos cuidados de pessoas amigas, e o menino pobre ficou com sua madrinha (Dona Rita de Cássia)... (Chico Xavier - Mandato de amor. Itens 4 e 5. Jogral elaborado por  Carlos Alves Neto )

            Dona Rita, porém, era obsidiada e, por qualquer bagatela, se destemperava, irritadiça. Assim é que o Chico passou  a suportar, por dia, várias surras de varas de marmeleiro, recebendo, ainda, a penetração de pontas de garfos no ventre, porque a neurastênica e perversa senhora inventara esse estranho processo de torturar.

            O garoto chorava muito, permanecendo horas e horas, com os garfos dependurados na carne sanguinolenta e corria para o quintal, a fim de desabafar e, porque a madrinha repetia, nervosa:— Este menino tem o diabo no corpo. Um dia, lembrou-se a criança de que a Mãezinha orava sempre, todos os dias, ensinando-o a elevar o pensamento a Jesus e sentiu falta da prece que não encontrava em seu novo lar.

            Ajoelhou-se sob velhas bananeiras e pronunciou as palavras do Pai Nosso que aprendera dos lábios maternais. Quando terminou, oh!  Maravilha!  Sua progenitora, Dona Maria João de Deus, estava perfeitamente viva ao seu  lado. Chico, que ainda não lidara com as negações e dúvidas dos homens, nem por um instante pensou que a Mãezinha tivesse partido para as sombras da morte. Abraçou-a, feliz, e gritou: — Mamãe, não me deixe aqui... Carregue-me com a senhora... — Não posso, — disse a entidade, triste. — Estou apanhando muito, mamãe! 

            Dona Maria acariciou-o e explicou: — Tenha paciência, meu filho. Você precisa crescer mais forte para o trabalho. E quem não sofre não aprende a lutar. — Mas, — tornou a criança — minha madrinha diz que eu estou com o diabo no corpo. — Que tem isso? Não se incomode. Tudo passa e se você não mais reclamar, se você tiver paciência, Jesus ajudará para que estejamos sempre juntos. Em seguida, desapareceu.

            O pequeno, aflito, chamou-a em vão.

            Desde esse dia, no entanto, passou a receber o contato de varas e garfos sem revolta e sem lágrimas.— Chico é tão cínico — dizia Dona Rita, exasperada, — que não chora, nem mesmo a pescoção .Porque a criança explicava ter a alegria de ver sua mãe, sempre que recebia as surras, sem chorar, o pessoal doméstico passou a dizer que ele era um “menino aluado”. E, diariamente, à tarde, com os vergões na pele e com o sangue a correr-lhe em pequeninos filetes do ventre o pequeno seguia, de olhos enxutos e brilhantes, para o quintal, a fim de reencontrar a mãezinha querida, sob as velhas árvores, vendo-a e ouvindo-a, depois da oração. Assim começou a luta espiritual do médium extraordinário que conhecemos. (Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 1. Ramiro Gama)

            A madrinha do Chico, por vezes, passava tempos entregue a obsessão. Assim é que, nessas fases, a exasperação dela era mais forte. Em algumas ocasiões, por isso, condenava o menino a vários dias de fome. Certa feita, já fazia três dias que a criança permanecia em completo jejum. À tarde, na hora da prece, encontrou a mãezinha desencarnada que lhe perguntou o motivo da tristeza com a qual se apresentava. — Então, a senhora não sabe — explicou o Chico — tenho passado muita fome. — Ora, você está reclamando muito, meu filho! — disse Dona Maria João de Deus — menino guloso tem sempre indigestão. — Mas hoje bem que eu queria comer alguma coisa... A mãezinha abraçou-o e recomendou: — Continue na oração e espere um pouco.             O menino ficou repetindo as palavras do Pai Nosso e daí a instantes um grande cão da rua penetrou o quintal. Aproximou-se dele e deixou cair da bocarra um objeto escuro. Era um jatobá saboroso... Chico recolheu, alegre, O pesado fruto, ao mesmo tempo em que reviu a mãezinha ao seu lado, acrescentando. — Misture o jatobá com água e você terá um bom alimento. E, despedindo-­se da criança, acentuou: —  Como você observa, meu  filho, quando oramos com fé viva até um cão  pode nos ajudar, em nome de Jesus. (Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 2 - O valor da oração.  Ramiro Gama)

            Certa vez, Moacir, o sobrinho e filho adotivo de dona Rita, "arranjou” uma ferida na perna que aos poucos ia piorando, causando mal-estar às pessoas que a viam. Tornava-se crônica, para tristeza de sua mãe.

            Um dia, uma amiga, passando pela porta da casa de dona Ritinha, não fugindo ao enraizado hábito de todo brasileiro de receitar alguma coisa, ensinou-lhe uma “simpatia”. Ela devia procurar uma criança para lamber a ferida de Moacir três sexta-feiras de manhã, em jejum; se assim fizesse, ele ficaria curado.

            Bem pertinho delas estava o menino Chico que a tudo ouvia e, que intimamente já estava apavorado em pensar que poderia ser o “eleito” para missão tão horrenda... Dona Ritinha, mulher sem instrução, pensou um pouco, olhou para os lados e, ao ver Chico, foi logo perguntando para a amiga:

            — O Chico serve?

            E lá veio a resposta:

            — Ótimo, utilize o Chico...

            O menino empalideceu ao olhar a ferida tão grande e repugnante, mas não disse uma só palavra; ficou com medo de apanhar uma daquelas surras, pior do que as costumeiras provocadas por coisas insignificantes. Não revoltado e sim apavorado, pediu ao espírito de sua mãe, através de preces, que o orientasse. Na véspera da primeira sexta-feira, orava debaixo da bananeira quando para seu alivio aparece a mãe e lhe diz:

            — Meu filho, porque estás com medo, com tanta aflição?

            — A senhora não sabe? Dona Ritinha pediu-me para ser instrumento da cura do Moacir.

            — Lamba com paciência, disse ela, porque é melhor do que levar outra daquelas surras que acabarão lhe desajustando o corpo para o resto da vida; pode lambê-la que vamos ajudá-lo.

            No dia seguinte, Chico aguardou ser chamado para iniciar o "trabalho”, confiante nas palavras da mãe. Moacir, à pedido de D. Ritinha, colocou a perna em cima de um tamborete que, chamando o Chico, ordenou que lambesse a ferida. Ele fechou os olhos para executar tão triste tarefa e, qual não foi a sua emoção ao iniciar o trabalho e ver, mesmo com os olhos fechados, sua mãe lançando um pozinho multicolorido na ferida, e carinhosamente ordenar que a lambesse. Obediente cumpriu a missão, por três sexta-feiras, findando com a cura de Moacir.

            Voltando a conversar com sua mãe, já salvo de outra surra, ela lhe falou:

            — Não lhe disse que nada aconteceria e o menino ficaria curado?

            Chico retrucou:

            —-...mas peço à senhora não deixar ninguém ter outra ferida; deixe-me ficar só com esta.

            Consolando-o, sua mãe informou-lhe que breve surgiria um “Anjo Bom” que iria ajudá-lo.

            Os anos se passaram, e até hoje ele conta que ficou preocupado com alguma inflamação que surgisse. Naquela época não existiam antibióticos, diz ele, e o gosto da ferida, jamais esqueceu. Era muito amarga...(Nosso amigo Chico Xavier. Sua Família.  Luciano Napoleão da Costa e Silva)

            E depois de dois anos de flagelação, o Chico teve a felicidade de passar  uma semana inteira sem garfadas e sem vergões.  (Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 3- Conselho materno. Ramiro Gama)

            Decorridos dois meses, o Sr. João Cândido Xavier resolveu  casar-se em segundas núpcias. E Dona Cidália Batista, a segunda esposa, reclamou  os filhos de Dona Maria João de Deus, que se achavam espalhados em casas diversas. Foi assim que a nobre senhora mandou buscar também o Chico.                     Quando a criança voltou ao antigo lar contemplou a madrasta que lhe estendia as mãos. Dona Cidália abraçou-o e beijou-o com ternura e perguntou:             — Meu Deus, onde estava este menino com a barriga deste jeito?

            Chico, encorajado com o carinho dela, abraçou-a também, como o  pássaro que sentia saudades do ninho perdido. A madrasta bondosa fitou-o bem nos olhos e indagou: — Você sabe quem sou, meu filho? — Sei sim. A senhora é o anjo bom de que minha mãe já falou... E, desde então, entre os dois, brilhou  o amor puro com que o Chico seguiu  a segunda mãe, até à morte.  (Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 4-  O anjo bom. Ramiro Gama)

            Quando Dona Cidália reuniu os filhos menores de Dona Maria João de Deus, observou que eles precisavam do grupo escolar. O Sr. Cândido Xavier, pai da numerosa família, foi consultado. Entretanto, a situação era difícil. 1918, a época a que nos referimos, marcara a passagem da gripe espanhola. Tudo era crise, embaraço. E o salário, no fim de mês, dava escassamente para o necessário. Não havia dinheiro para cadernos, lápis e livros. A madrasta, alma generosa e amiga, chamou o enteado e lembrou: — Chico, vocês precisam ir à escola. E como não há recurso para isso, vamos plantar uma horta.

            Adubaremos a terra, plantarei os legumes e você fará a venda na rua... Com o resultado, espero que tudo se arranje. — A senhora pode contar comigo, — prometeu o menino. A horta foi plantada. Em algumas semanas, Chico já podia sair à rua com o cesto de verduras. — Olhem a couve, a alface! Almeirão e repolho!... E o povo comprava. Cada molho de couve ou cada repolho valia um tostão. Dona Cidália guardava o produto financeiro num cofre. Quando abriram o cofre, Dona Cidália, feliz falou para o enteado: — Você está vendo o valor do serviço? Agora vocês já podem frequentar  as aulas do grupo. E foi assim que, em janeiro de 1919, Chico Xavier começou o ABC. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 5- A horta educativa. Ramiro Gama)

            Com a saída do chefe da casa e dos filhos mais velhos para o trabalho e com a ausência das crianças na escola, Dona Cidália era obrigada, por vezes, a deixar a casa, a sós, porque devia buscar lenha, à distância. Aí começou uma dificuldade. Certa vizinha, vendo a casa fechada, ia ao  quintal e colhia as verduras. A madrasta bondosa preocupou-se. Sem verduras não haveria dinheiro para o serviço escolar.

            Dona Cidália observou... Observou... E ficou sabendo que lhes subtraía os recursos da horta; entretanto, repugnava-lhe a ideia de ofender uma pessoa amiga por causa de repolhos e alfaces. Chamou, então, o Chico e lembrou. — Meu filho, você diz que, às vezes, encontra o Espírito de Dona Maria. Peça-lhe um conselho. Nossa horta está desaparecendo e, sem ela, como sustentar o serviço da escola?

            Chico procurou  o quintal à tardinha e rezou  e, como das outras vezes, a mãezinha apareceu. O menino contou-lhe o que se passava e pediu-lhe socorro. D. Maria então lhe disse: —  Você diga à Cidália que realmente não devemos brigar com os vizinhos que são sempre pessoas de quem necessitamos. Será então aconselhável que ela dê a chave da casa à amiga que vem talando a horta, sempre que precise ausentar-se, porque, desse modo a vizinha, ao invés de prejudicar os legumes, nos ajudará a tomar conta deles. Dona Cidália achou o conselho excelente e cumpriu a determinação. Foi assim que a vizinha não mais tocou nas hortaliças, porque passou a responsabilizar-se pela casa inteira. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 6 - A história da chave. Ramiro Gama)

            (...) No Grupo Escolar São José de Pedro Leopoldo, durante as aulas, vez por outra, Chico Xavier ouvia as vozes dos espíritos e notava que mãos invisíveis seguravam as suas, pegando-as e orientando os seus movimentos de escrita, o que passava desapercebido por seus colegas.

            Em 1922, com apenas 12 anos de idade, cursando o quarto e último ano de estudos do Grupo Escolar ocorreu um fenômeno que causou espanto a todos os professores e colegas. Era o ano comemorativo do primeiro centenário de nossa independência, e o Governo do Estado instituiu vários prêmios para os alunos das quartas classes das escolas do Estado, que fizessem o melhor trabalho sobre um trecho de nossa história. Um concurso a que todos os alunos deveriam comparecer, e que foi dirigido pela sua professora D. Rosária Laranjeira, conhecida e respeitada educadora em todos os círculos do magistério estadual.

            Iniciada a sabatina, viu ao seu lado, nitidamente, um "homem” esclarecendo-o de como deveria escrever o tema escolhido. Tomado de um grande susto, olhando para seu colega de nome Alencar de Assis, perguntou-lhe se ele também estava vendo aquele “homem”. O amigo respondeu que não, acrescentando que ele deveria estar nervoso e imaginando coisas. Aconselhou-o a ficar mais calmo, que tudo daria certo. Aceitando o conselho, tranquilizou-se, mas voltando os olhos para o local onde tinha visto o “homem”... Lá estava ele, ainda. Porém, já não lhe inspirava medo.

            Ouviu-o com atenção, não se fazendo de rogado, com aquela naturalidade que lhe é peculiar. Pediu licença ao intruso, levantou-se e foi direto à sua professora, dizendo-lhe:

            — D. Rosária, perto de mim, na carteira, eu vejo um “homem” ditando o que devo escrever.

            A jovem professora, de formação católica, mas bastante compreensiva como já havia demonstrado em outras ocasiões, ouviu-o com carinho e perguntou:

            — Mas Chico, o que ele está ditando a você?

            — Ele me disse que deveria começar a prova assim:

            “O Brasil, descoberto por Pedro Álvares Cabral, pode ser comparado ao mais precioso diamante do mundo, que logo passou a ser engastado na Coroa Portuguesa...

            Se analisarmos, veremos que a frase com a palavra “engastada” jamais poderia ter partido de um menino de apenas doze anos de idade. D. Rosária, admirada, pediu-lhe que voltasse à sua carteira e prosseguisse a prova. Antes, porém, esclareceu-o dizendo-lhe que a sala estava repleta de alunos, e que aquele não era o momento oportuno para ele ver pessoas que ninguém via. Explicou-lhe rapidamente que ele deveria, estar ouvindo ele mesmo, aconselhando-o, com palavras bondosas, a que cuidasse de sua obrigação e não falasse mais no assunto com quem quer que fosse.

            Voltou à carteira reiniciando a prova, escrevendo tudo o que aquele “homem” lhe ditava. Enfim, sua prova e as dos demais colegas, foram recolhidas. Dias depois surge o resultado do concurso: ele havia sido distinguido com a “Menção Honrosa”. (Nosso amigo Chico Xavier. Menção honrosa em história do Brasil. Luciano Napoleão da Costa e Silva)

            De novo reunido à família, Chico Xavier, fosse por que tivesse retornado à tranquilidade ou por que houvesse ingressado na escola, não mais viu o Espírito da mãezinha desencarnada. Entretanto, passou a ter sonhos. À noite, no repouso, agitado, levantava-se do leito, conversava com interlocutores invisíveis e, muitas vezes, despertava pela manhã, trazendo notícias de parentes mortos, contando peripécias ou narrando sucesso que ninguém podia compreender. João Cândido Xavier, a conselho da segunda esposa, que se interessava maternalmente pela criança, conduziu Chico ao padre Sebastião Scarzelli, antigo vigário da cidade de Matozinhos, nas vizinhanças de Pedro Leopoldo, que depois de ouvir o menino, por algumas vezes, em confissão, aconselhou João Cândido a impedir que o rapazelho lesse jornais, livros ou revistas. — Chico devia estar impressionado com más leituras —  dizia o sacerdote —  aqueles sonhos não eram outra coisa senão perturbações, porque as almas não voltam do outro mundo...

            Intrigado por ver que ninguém dava crédito ao que via e escutava, em sonhos, certa noite, rogou, em lágrimas, alguma explicação da progenitora de quem não se esquecia. Dona Maria João de Deus apareceu-lhe no sonho, calma e bondosa, e o Chico deu-lhe a conhecer as dificuldades em que vivia.

            Ninguém acreditava nele — clamou. Mas o conselho maternal veio logo: — Você não deve exasperar-se. Sem humildade, é impossível cumprir uma boa tarefa. — Mas, mamãe, ninguém acredita em mim... — Que tem isso, meu filho? — Mas eu digo a verdade. — A verdade é de Deus, e Deus sabe o que faz, — disse a generosa entidade. Chico, porém, choramingou: —  Não sei se a senhora sabe, papai e o padre estão contra mim... Dizem que estou perturbado... Dona Maria abraçou-o e disse: — Modifique seus pensamentos. Você é ainda uma criança e uma criança indisciplinada cresce com a desconfiança e com a antipatia dos outros. Não falte ao respeito para com seu pai e para com o padre. Eles são mais velhos e nos desejam todo o bem. Aprenda a calar-se. Quando você lembrar alguma lição ou alguma experiência recebidas em sonho, fique em silêncio. Se for permitido por Jesus, então, mais tarde virá o tempo em que você poderá falar. Por enquanto, você precisa aprender a obediência para que Deus, um dia, conceda ao seu  caminho a confiança dos outros. Desde essa noite, Chico calou-se e Dona Maria João de Deus passou algum tempo sem fazer-se visível. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 7 - A lição da obediência .Ramiro Gama)

            Continuando os desequilíbrios do Chico, em janeiro de 1920, João Cândido Xavier, seu pai, pediu ao padre que fosse mais exigente com a criança, no confessionário. O sacerdote concordou com a sugestão... Quando o vigário lhe ouvia as referências sobre as rápidas entrevistas com Dona Maria João de Deus, desencarnada desde 1915, falou-lhe francamente: —  Não, meu filho. Isso não pode ser. Ninguém volta a conversar depois da morte. O demônio procura perturbar-lhe o caminho... — Mas, padre, foi minha mãe quem veio... — Foi o demônio. Severamente repreendido pelo vigário, o menino calou-se, chorando muito. O Sr. João Cândido, católico de Santa Luzia do Rio das Velhas deu razão ao padre. — Aquilo só podia ser o demônio. Chico refugiou-se no carinho da madrasta, alma compreensiva e boa. E Dona Cidália lhe disse: — Você não deve chorar, meu filho. Ninguém pode dizer que você esteja perseguido pelo demônio. Se for realmente sua mãezinha quem veio conversar  com você, naturalmente isso acontece porque Deus permite. É Deus estando  no assunto ajudará para que isso tudo  fique esclarecido. À noite desse dia, Chico sonhou que reencontrava a progenitora. Dona Maria abraçou-o e recomendou:

            — Repito que você deve obedecer a seu pai e ao vigário. Não brigue por minha causa. Por algum tempo você não mais me verá, contudo, se Jesus permitir, mais tarde estaremos mais juntos. Não perca a paciência e esperemos o tempo. Chico acorda em pranto. Enxugou os olhos, resignado. E, por sete anos consecutivos, não mais teve qualquer contato pessoal com a mãezinha, para somente receber-lhe as mensagens psicografadas em 1927 e revê-la, de novo, pela vidência mais clara e mais segura, em 1931, quando mais familiarizado com o serviço mediúnico, ao qual se entregara de coração. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 8 - Temporária separação. Ramiro Gama)

            Integrado na comunidade católica, obedecia às obrigações que lhe eram indicadas pela Igreja. Confessava-se, comungava, comparecia pontualmente à missa e acompanhava as procissões. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 9 - A primeira sessão. Ramiro Gama)

            Ao completar nove anos de idade, vivendo num lar humilde com escassos recursos financeiros, seu pai conseguiu- lhe um emprego de aprendiz na Indústria de Fiação e Tecelagem da cidade. O horário não era dos mais cativantes para um adulto, que diria para uma criança: das 11 horas da manhã às 2 horas da madrugada!

            (...) Franzino, mal alimentado, dormindo pouco, acabou adoentado. Antes que seu estado viesse a se agravar, o médico que o examinou Dr. Rivadávia Gusmão, então residente em Pedro Leopoldo, aconselhou a seu pai que o tirasse do emprego e o colocasse em outro mais ameno, para que ele pudesse ter as horas de repouso que uma criança de sua idade necessita. Ele contava 13 anos de idade e quatro já passara em trabalhos pesados. Seu pai imediatamente aceitou o conselho do médico, empregando-o como auxiliar de balcão e cozinha do antigo “Bar Dove”, de seu amigo Claudovino Rocha. Era um trabalho cansativo, mas, suave em comparação ao outro.

            Aos 16 anos de idade, já rapazola, seu padrinho José Felizardo Sobrinho numa visita a seus pais, convidou-o para trabalhar como caixeiro em seu pequeno armazém. (...) Lá ficou por nove anos. (Nosso amigo Chico Xavier. Seus quatro empregos. Napoleão da Costa e Silva)

            Entretanto, continuavam as perturbações noturnas. Depois de dormir, caía em transes surpreendentes. Perambulava pela casa, falava em voz alta, dava notícias de pessoas que sofriam no Além, mantinha longas conversações, cujo fio era impenetrável aos familiares aflitos. Em 1927, porém, eis que a sua irmã D. Maria da Conceição Xavier, (...) cai doente. Era um doloroso processo de obsessão. Tratada carinhosamente pelo confrade Sr. José Hermínio Perácio, que atualmente reside em Belo Horizonte, a jovem curou-se. Foi assim que se realizou a primeira sessão espírita no lar da família Xavier, em Pedro Leopoldo. Perácio, na direção, pronunciava vibrante prece. Na mesa, dois livros. Eram eles O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO e O LIVRO DOS ESPÍRITOS, de Allan Kardec. O Espírito de Dona Maria João de Deus comparece e grafa longa mensagem aos filhos presentes, através da médium D. Carmem Pena Perácio, devotada esposa do companheiro a que nos referimos. Reporta-se a cada filho, de maneira particular. E, dirigindo-se ao Chico, comove-o, escrevendo: —  Chico, meu  filho, eis que nos achamos mais juntos, novamente. Os livros à nossa frente são dois tesouros de luz. Estude-os, cumpra os seus deveres e, em breve, a Bondade Divina nos permitirá mostrar a você os seus novos caminhos. E assim realmente aconteceu. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 9 - A primeira sessão. Ramiro Gama)

            Contava 17 anos e era feliz, quando a segunda mãe, de repente, adoece e desencarna, tendo-lhe antes feito prometer, à beira do leito, tomar a si o encargo de continuar com a casa e não permitir que fossem os irmãos, novamente, entregues a estranhos. E assim fez. (...) Aprendera a cozinhar e, auxiliado por  uma irmãzinha, conservava em dia o expediente do lar.

            Ganhava corpo, neste ínterim, a sua preciosa mediunidade. ( Lindos casos de Chico Xavier. Primeira parte. Os primeiros lindos casos de Chico Xavier. Ramiro Gama)

            A primeira sessão espírita no lar dos Xavier realizou-se em maio de 1927. Em junho do mesmo ano, os companheiros dessa reunião cogitavam de fundar um núcleo doutrinário. Era preciso fundar um Centro — diziam. E, certa noite, num velho cômodo junto à venda de José Felizardo, onde o Chico era empregado, o assunto voltou a debate. Na assembléia, estavam apenas dois companheiros espíritas, contudo, junto deles, umas dez pessoas, sentadas, bebiam e comiam animadamente. — Ah! Um Centro Espírita? Boa ideia! — comentava-se. — Apressemos a fundação!  — Faremos tudo por ajudar. — Será para nós um sinal de progresso. E, dentre as exclamações entusiásticas que explodiam surgiu a palavra de um cavalheiro respeitável, pedindo para que o Centro fosse instituído ali mesmo. Quem seria o Presidente? José Hermínio Perácio, o companheiro que acendera aquela nova luz do Espiritismo em Pedro Leopoldo, morava longe, a cem quilômetros de distância. Mas o cavalheiro de faces avermelhadas prometeu solene: — Assumo a responsabilidade. A fundação ficará por minha conta. Chamem o Chico. Ele poderá lavrar a ata de fundação. Serei o Presidente e ele terá as funções de Secretário. Depois de breve conversação, o grupo recebeu  o  nome de “Centro Espírita Luiz Gonzaga”. Chico lavrou a ata que todos presentes assinaram. Mas, na manhã imediata, o cavalheiro que chamara a si a Presidência, voltou à venda de José Felizardo e pediu para que seu nome fosse retirado da ata, alegando: — Chico você sabe que sou  de família católica e tenho meus deveres sociais. Ontem, aquele meu entusiasmo pelo Espiritismo era efeito do vinho. Se vocês precisarem de mim, estou pronto para auxiliar, contudo, não posso aceitar o encargo de Presidente. — Mas, e como ficaremos? — perguntou o Chico — eu sou apenas o Secretário. — Você faça como achar melhor, mas não conte comigo. E o Presidente saiu, deixando o Chico a pensar. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 10 - O presidente frustrado . Ramiro Gama)

            Em fins de 1927, o “Centro Espírita Luiz Gonzaga”, então sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fez Presidente da instituição, estava bem frequentado. Muita gente. Muitos candidatos ao serviço da mediunidade. Muitas promessas. José era irmão do Chico e na residência dele realizavam-se as sessões públicas nas noites de segundas e sextas-feiras. Em cada reunião, ouviam-se exclamações como esta: — Quero ser médium psicógrafo!...                     — Quero desenvolver-me na incorporação...

            — Precisamos trabalhar muito...

            — Não será interessante fundar um abrigo ou um hospital?

            O entusiasmo era grande quando, em outubro do mesmo ano, chegou a Pedro Leopoldo, Dona Rita Silva, sofredora mãe com quatro filhas obsidiadas. Vinham ela e o irmão Saul, tio das doentes, da região de Pirapora, zona do Rio São Francisco, no norte mineiro. As moças, em plena alienação mental, inspiravam compaixão. Tinham crises de loucura completa. Mordiam-se umas às outras. Gritavam blasfêmias. Uma delas chegara acorrentada, tal a violência da perturbação de que era vítima. O Espírito de Dona Maria João de Deus explicou pela mão do Chico: —  Meus amigos, temos desejado  o  trabalho e o trabalho nos foi enviado  por Jesus. Nossas irmãs doentes devem ser amparadas aqui no Centro. A fraternidade é a luz do Espiritismo. Procuremos servir com Jesus.

            Isso aconteceu numa noite de segunda-feira. Quando chegou a reunião da sexta, José e Chico Xavier estavam em companhia das obsidiadas sem mais ninguém. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 11 - O entusiasmo apagado. Ramiro Gama)

            Lutando no tratamento das irmãs obsidiadas, José e Chico Xavier gastaram alguns meses até que surgisse a cura completa. No princípio, porém, da tarefa assistencial houve uma noite em que José foi obrigado a viajar em serviço da sua profissão de seleiro. Mudara-se para Pedro Leopoldo um homem bom e rústico, de nome Manuel, que o povo dizia muito experimentado em doutrinar espíritos das trevas. O irmão do Chico não hesitou  e resolveu  visita-lo, pedindo cooperação. Necessitava ausentar-se, mas o socorro às doentes não deveria ser interrompido. “Seu” Manuel aceitou o convite e, na hora aprazada, compareceu ao “Centro Espírita Luiz Gonzaga”, com uma Bíblia antiga sob o braço direito. A sessão começou  eficiente e pacífica. Como de outras vezes, depois das preces e instruções de abertura, o  Chico seria o médium para a doutrinação dos obsessores. Um dos espíritos amigos incorporou-se, por intermédio dele, fornecendo a precisa orientação e disse ao  “seu” Manuel entre outras coisas: — Meu amigo, quando o perseguidor infeliz apossar-se do médium, aplique o Evangelho com veemência. — Pois não, — respondeu o diretor muito calmo, — a vossa ordem será obedecida. E quando a primeira das entidades perturbadas assenhoreou  o  aparelho  mediúnico, exigindo assistência evangelizante, “seu” Manuel tomou a Bíblia de grande formato e bateu, com ela, muitas vezes, sobre o crânio do Chico, exclamando, irritadiço: — Tome Evangelho! Tome Evangelho!... O obsessor, sob a influência de benfeitores espirituais da casa, afastou-se, de imediato, e a sessão foi encerrada. Mas o Chico sofreu intensa torção no pescoço e esteve seis dias de cama para curar o torcicolo doloroso. E, ainda hoje, ele afirma satisfeito que será talvez das poucas pessoas do mundo que terão tomado “uma surra de Bíblia”... ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 12 - A surra de Bíblia. Ramiro Gama)

            A luta ia acesa. Trabalhos. Dificuldades. Incompreensões. Chico, ao lado de José Xavier, perseverava... Uma noite, porém, experimentava enorme fadiga. E à hora da reunião, perguntava a si mesmo: —  Valia a pena combater? Por que dedicar-se à mediunidade se Jesus já estivera no mundo e, tudo ensinando, não fora compreendido? Não seria melhor entregar a Nosso Senhor a Terra com tudo o que pertence à vida dos homens?

            Foi então que a mãezinha desencarnada recomendou-lhe que abrisse o Novo Testamento, o que Chico fez pela primeira vez, esclarecendo-lhe que o Evangelho tem sempre uma resposta para nossas dúvidas. O filho abriu  o Código Divino, ao acaso, e leu  no versículo 1, do livro dos Atos dos Apóstolos; “... no primeiro livro, ó Teófilo, relatei todas as coisas que Jesus começou a fazer e ensinar”. A entidade carinhosa, acordando-o para o dever a cumprir, observou: — Reparou, meu filho? Pela narração dos Apóstolos, ficamos sabendo que o Evangelho relata as maravilhas que Jesus começou  a fazer e a ensinar... Aprendamos a cooperar com Ele, porque ainda estamos muito longe da conclusão do Reino de Deus na Terra que Nosso Senhor está construindo. E o ensinamento ficou, exigindo meditação... ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 14 - Um ensinamento que ficou.  Ramiro Gama)

            “O Centro Espírita Luiz Gonzaga” ia seguindo para a frente... Certa feita, alguns populares chegaram à reunião pedindo socorro para um cego acidentado. O pobre mendigo, mal guiado por um companheiro ébrio, caíra sob o viaduto da Central do Brasil, na saída de Pedro Leopoldo para Matozinhos, precipitando-se ao solo, de uma altura de quatro metros. O guia desaparecera e o cego vertia sangue pela boca. Sozinho, sem ninguém... Chico alugou pequeno pardieiro, onde o enfermo foi asilado para tratamento médico. Curioso facultativo receitou, graciosamente. Mas o velhinho precisava de enfermagem. O médium velava junto dele à noite, mas durante o  dia precisava atender  às próprias obrigações na condição de caixeiro do Sr. José Felizardo. Havia, por essa época, 1928, uma pequena folha semanal, em Pedro Leopoldo. E Chico providenciou  para que fosse publicada uma solicitação, rogando o  concurso de alguém que pudesse prestar serviços ao cego Cecílio, durante o  dia, porque à noite, ele próprio se responsabilizaria pelo doente. Alguém que pudesse ajudar. Não importava que o auxílio viesse de espíritas, católicos ou ateus. Seis dias se passaram sem que ninguém se oferecesse. Ao fim da semana, porém, duas meretrizes muito conhecidas na cidade se apresentaram e disseram-lhe: — Chico, lemos o pedido e aqui estamos. Se pudermos servir... — Ah! Como não? — replicou o médium — Entrem, irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade. Todas as noites, antes de sair, as mulheres oravam com o Chico, ao pé do enfermo. Decorrido um mês, quando o cego se restabeleceu, reuniram-se pela derradeira vez, em prece, com o velhinho feliz. Quando o Chico terminou a oração de agradecimento a Jesus, os quatro choravam. Então, uma delas disse ao médium: — Chico, a prece modificou  a nossa vida. Estamos a despedir-nos. Mudamo-nos para Belo Horizonte, a fim de trabalhar.

            E uma passou a servir numa tinturaria, desencarnando anos depois e a outra conquistou o título de enfermeira, vivendo, ainda hoje, respeitada e feliz. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 16 - Caridade e oração.  Ramiro Gama)

            Certa vez uma moça abatida, num acesso de tosse, chegara ao “Luiz Gonzaga” com a receita médica. Estava tuberculosa. Duas hemoptises já haviam surgido como horrível prenúncio. O doutor indicara remédios, entretanto...

            — Chico — disse a doente —, o médico me atendeu e aconselhou-me a usar esta receita por trinta dias... Mas, não tenho dinheiro. Você poderia arranjar-me uns cobres?

            O Médium respondeu com boa vontade: — Minha filha, hoje não tenho... E meu pagamento no serviço ainda está longe... — Que devo fazer? Estou desarvorada... Chico pensou, pensou, e disse-lhe: — Você peça à nossa Mãe Santíssima socorro e o socorro não lhe faltará. A que horas você deve fazer a medicação? — De manhã e à noite. — Então você corte a receita em sessenta pedacinhos. Deixe um copo de água pura na mesa, em sua casa e, no momento de usar o remédio, rogue a proteção de Maria Santíssima. Tome um pedacinho da receita com a água abençoada em memória dela e repetindo isso duas vezes por dia, no horário determinado, sem dúvida, pela fé, você terá usado a receita. A enferma agradeceu e saiu. Passado um mês, a moça surgiu no Centro, corada e refeita. — Oh! É você? — disse o Médium. — Sim, Chico, sou eu. Pedi o socorro de Nossa Mãe Santíssima. Engoli os pedacinhos do papel da receita e estou perfeitamente boa. — Então, minha filha, vamos render graças a Deus. E passaram os dois à oração. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 21 - A medicação pela fé.  Ramiro Gama)

            Em 1931, desencarnara um amigo do Chico, em Pedro Leopoldo. Cavalheiro digno, católico muito distinto e pai de família exemplar. O médium acompanha o enterro. Na cidade, da igreja ao Cemitério, é longo o percurso. Um padre presente abeira-se do rapaz e pergunta: — Então, Chico, dizem que você anda recebendo mensagens do outro mundo... — É verdade, reverendo. Sinto que alguém me ocupa o braço e se serve de mim para escrever...— Tome cuidado. Lembre-se de que o Espírito das Trevas tem grande poder para o mal. — Entretanto, padre, os Espíritos que se comunicam somente nos ensinam o bem. O sacerdote retirou  um papel em branco da intimidade de um livro que sobraçava e convidou:— Bem, Chico, estamos no Cemitério, acompanhando um amigo morto... Tente alguma coisa. Vejamos se há aqui algum Espírito desejando escrever. Chico recebe o papel e concentra-se. Em poucos instantes, sente o braço tomado pela força espiritual e psicografa a poesia.... ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 26 - História de um soneto.  Ramiro Gama)

            Nos fins de 1931, Chico, à tardinha, orava sob uma árvore junto ao açude, pitoresco local na saída de Pedro Leopoldo para o norte, quando viu, à pequena distância uma grande cruz luminosa. Pouco a pouco, dentre os raios que formava, surgiu alguém. Era um Espírito simpático, envergando túnica semelhante à dos sacerdotes, que lhe dirigiu a palavra com carinho. Não se sabe o que teriam conversado naquele crepúsculo, mas conta o médium que foi esse o seu primeiro encontro com Emmanuel, na vida presente. E acentua que em certo ponto do entendimento, o orientador espiritual perguntou-lhe: — Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com o Evangelho de Jesus? — Sim, se os bons Espíritos não me abandonarem... — respondeu o médium. — Não será você desamparado — disse-lhe Emmanuel —, mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem. — E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? — tomou o Chico. — Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o serviço. Porque o protetor se calasse, o rapaz perguntou: — Qual é o primeiro?

            A resposta veio firme: — Disciplina. — E o segundo? — Disciplina. — E o terceiro? — Disciplina. O Espírito amigo despediu-se e o Médium teve consciência de que para ele ia começar uma nova tarefa. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 27 - Disciplina. Ramiro Gama)

            Em uma entrevista, Chico Xavier nos informa ainda o seguinte fato:  Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse: “Temos algo a realizar.” Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o benfeitor esclareceu: “Trinta livros pra começar!” Considerei, então: como avaliar esta informação se somos uma família sem maiores recursos, além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda tanto dinheiro!... Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei: será que meu pai vai tirar a sorte grande?

Emmanuel respondeu: “Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé viva na Providência de Deus. Os livros chegarão através de caminhos inesperados!” ( Chico Xavier - mandato de amor. Na tarefa mediúnica. Chico Xavier / Geraldo Lemos Neto )

            Além disso, Chico Xavier relata o seguinte: "ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse mais que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo." (No mundo de Chico Xavier. Cap.5. Chico Xavier/ Elias Barbosa)

            Em outa entrevista, Chico Xavier narra outro diálogo que teve com Emmanuel, em 1931:

            "Achava-me sob o domínio da doença complexa que trago até hoje em meu olho esquerdo, quando o nosso mentor espiritual me apareceu pela primeira vez.

            Depois de ouvi-lo em diversas reuniões sobre planos de trabalho que ele nos trazia, certa noite, em dezembro de 1931, roguei a ele orientação para o meu caso.

            Estava sofrendo muito e queria curar-me.

            — Tenha serenidade — falou ele, bondosamente, — você está sob o cuidado de benfeitores espirituais dedicados e sob a assistência de médicos atenciosos e amigos.

            — Então, devo prosseguir sob a orientação da medicina? perguntei.

            — Sim, como não? A medicina está no mundo em nome da Divina Providência.

            — Quer dizer que preciso tratar-me?

            — Com o máximo cuidado. O corpo é comparável à enxada e o Espírito reencarnado lembra o lavrador. Todo zelo do lavrador é necessário para conservar a enxada em condições de trabalhar com acerto e segurança.

            — O senhor quer dizer que embora eu seja médium e veja o senhor ao meu lado com tanta bondade e cultura, não posso esperar a intervenção do Plano Espiritual, em meu benefício para curar-me?

            — Por que você receberia privilégios por ser médium? A intervenção do Plano Espiritual está operando, em seu favor, sustentando as suas forças, através do magnetismo curativo, e secundando a ação dos oculistas que nos amparam. A condição de médium não exonera você da necessidade de lutar e sofrer, em seu próprio benefício, como acontece às outras criaturas que estão no Plano Físico.

            — O senhor tem dito que pretende escrever por meu intermédio e que, se Deus permitir, fará livros, mas o senhor acredita que posso desempenhar a tarefa mediúnica, assim doente dos olhos como estou?

            — Sem dúvida nenhuma. Se formos esperar pela saúde perfeita a fim de trabalhar, quando aprenderemos a cumprir os nossos deveres? Se você estivesse na Terra com todas as facilidades em mão, no estado de evolução deficitária em que ainda nos achamos, talvez que as dificuldades no serviço espiritual para você fossem muito maiores.

            — Então, como é que o senhor considera a doença do olhos, em meu caso, quando tanto preciso de me esforçar para a tarefa em início?

            — Observamos a sua enfermidade como sendo um abençoado apoio que o Senhor concedeu caridosamente a você para que venhamos a caminhar com menos riscos e perigos, em sua atual romagem na Terra.

Confie no Senhor, pois sua doença é arrimo que ele enviou em seu auxílio…" ( No mundo de Chico Xavier. Cap.7. Chico Xavier / Elias Barbosa )

            Em noite de agosto de 1931, com 21 anos de idade, regressando do trabalho de caixeiro da casa do Sr. José Felizardo Sobrinho, ao fazer suas preces habituais, Chico terminou a psicografia de um amontoado de poesias, recebidas de dezenas de poetas, dos mais conhecidos e variados estilos.

            Organizando e datilografando-as, orientado por parentes e amigos, envia o calhamaço ao vice-presidente da Federação Espírita Brasileira do Rio de Janeiro, Sr. Manoel Quintão.(Nosso amigo Chico Xavier. Parnaso de além do túmulo, o primeiro livro. Luciano Napoleão da Costa e Silva )

            O PARNASO DE  ALÉM  TÚMULO, com carinhoso entusiasmo de Manoel Quintão, foi lançado em julho de 1932. E no mesmo mês, o padre Júlio Maria, de Manhumirim, em Minas, no seu jornal “O Lutador”, escreveu  áspera crítica, condenando o livro e o médium. Dentre outras coisas dizia que o Chico devia possuir uma pele de rinoceronte para caber tantos Espíritos. Os comentários irônicos e as acusações gratuitas eram tantos que o médium, inexperiente e muito jovem ainda, se sentiu demasiadamente chocado e foi constrangido a buscar o leito. “Então, a luta era aquela? — pensava, com dor de cabeça. —Valia a pena ser médium e ficar exposto, assim, ao juízo temerário dos outros? Seria justo agüentar aqueles xingatórios quando estava possuído das melhores intenções?” Por mais de duas horas se via em semelhante contenda íntima, quando viu Emmanuel ao seu  lado. Contou  ao Mentor o que se passava e supôs que o espírito amigo o  acariciaria sem restrições.Emmanuel, porém, de pé, com severa fisionomia, falou-lhe firme: — Mas eu não vejo razão para solenizar este assunto.

            —  Entretanto, o senhor está vendo... O padre disse que eu  tenho uma pele de rinoceronte... — clamou o Médium. — Se não tem, precisa ter — disse-lhe o protetor — porque se você quiser cultivar uma pele muito frágil, cairá sempre com qualquer alfinetada e não nos seria possível a viagem da mediunidade nos caminhos do mundo... — Contudo, temos o nosso brio, a nossa dignidade — acrescentou o Chico — e é difícil viver com o desrespeito público. Foi então que Emmanuel o fitou com mais firmeza e exclamou: — Escute. Se Jesus que era Jesus, saiu  da Terra pelos braços da cruz, você é que está esperando uma carruagem para viver entre os homens?

            Quando ouviu a pergunta, o Chico levantou-se de um pulo e começou a reajustar-se. (Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 28 - A inesquecível pergunta. Ramiro Gama)

            Em 1931, quando o Chico passou a receber as primeiras poesias do PARNASO DE ALÉM-TÚMULO, um cavalheiro de Pedro Leopoldo, muito  impressionado com os versos, resolveu apresentar o Médium e os poemas a certo escritor mineiro, de passagem pela cidade. O filho de João Cândido vestiu a melhor roupa que possuía e, com a pasta de mensagens debaixo do braço, foi ao encontro marcado. O conterrâneo do médium, embora católico romano, apresentou o Chico, entusiasmado: — Este é o médium de quem lhe falei. O escritor cumprimentou o rapaz e entregou-se à leitura dos versos. Sonetos de Augusto dos Anjos, poemetos de Casimiro Cunha, quadras de João de Deus... Depois de rápida leitura, o literato sentenciou: — Isso tudo é bobagem. E mirando o Chico, rematou: — Este rapaz é uma besta. — Mas, doutor — disse, agastado, o conterrâneo do Chico —, o rapaz tem convicções e abraça o Espiritismo como Doutrina. — Pois, então, deve ser uma besta espírita! — declarou o escritor.

            Bastante desapontado, o médium despediu-se. Em casa, durante a oração, a progenitora apareceu. — A senhora viu como fui insultado? — perguntou o Chico. E porque Dona Maria se revelasse alheia ao assunto, o filho contou-lhe o caso. A entidade sorriu e disse: — Não vejo insulto algum. Creio até que você foi muito honrado. Uma besta é um animal de trabalho... — Mas o homem me apelidou por “besta espírita”. — Isso não tem importância.— exclamou a mãezinha desencarnada — Imagine-se como sendo uma besta em serviço do Espiritismo. Se a besta não dá coices, converte-se num elemento valioso e útil. Porque o filho silenciasse, Dona Maria acrescentou: — Você não acha que é bem assim?

            Chico refletiu e respondeu: — É... pensando bem, é isso mesmo. E o assunto ficou sem alteração. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 23 - O caso da besta . Ramiro Gama)

            Em meados de 1932, o “Centro Espírita Luiz Gonzaga” estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio Perácio, D. Carmen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier e o Chico. Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto. Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos da vida familiar. O grupo ficou limitado a três companheiros. D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos. José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento. Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a frequência ao grupo, pelo menos, por alguns meses. Vendo-se sozinho, o médium também quis ausentar-se. Mas, na primeira noite, em que se achou  a sós no Centro, sem saber como  agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse: — Você não pode afastar-se. Prossigamos em serviço. — Continuar como? Não temos frequentadores... — E nós? — disse o Espírito amigo. — Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de esclarecimento e consolo. Abra a reunião na hora regulamentar, estudemos juntos a lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho. Foi assim que, por muitos meses, de 1932  a 1934, o Chico  abria o  pequeno salão do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto. Em seguida, abria O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, ao acaso e lia essa ou aquela instrução, comentando-a em voz alta. Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior lucidez. Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento. Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel. Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho... E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas-feiras.(Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 29 - Solidão aparente . Ramiro Gama)

            José, o irmão de Chico, que fora por muito tempo seu orientador e dirigia as sessões do  “Luiz Gonzaga”, adoece gravemente, e, sob a surpresa de seus caros entes familiares, desencarna, deixando ao irmão o encargo de lhe amparar a família. Dias depois, o Chico verifica que o José lhe deixara também uma dívida, pois esquecera de pagar  a conta da luz, na importância de onze cruzeiros. Isto era muito para o pobre médium, pois no fim de cada mês nada lhe sobrava do ordenado.Pensativo, sentou-se à soleira da porta de sua casinha rústica e abençoada. Emmanuel lhe diz: — Não se apoquente, confie e espere. Horas depois, alguém lhe bate à porta. Vai ver.

            Era um senhor da roça.

            — O senhor é o seu Chico Xavier? — Sim. Às suas ordens, meu irmão. — Soube que seu irmão José morreu. E vim aqui pagar-lhe uma bainha de faca que ele me fez há tempos. E aqui está a importância combinada. Chico agradeceu-lhe. E ficando só, abriu o envelope. Dentro estavam onze cruzeiros... para pagar a luz. Sorriu, descansado, livre de um peso. E concluiu para nós: — “Que bela lição ganhei”. E nós: — Também para os que sabem olhar para os lírios dos campos, que não temem o amanhã, porque sabem que ele pertence a Deus. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 31 - Uma dívida paga pelo alto...  Ramiro Gama)

            Em 1933, com 23 anos de idade, simultaneamente com o emprego de caixeiro, passou a trabalhar na Inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal do Ministério da Agricultura, emprego oferecido pelo Dr. Rômulo Joviano, administrador da Fazenda Modelo, do Ministério da Agricultura de Pedro Leopoldo. Graças aos seus esforços, tornou-se mais tarde um respeitável escriturário, fiel cumpridor de seus deveres, honesto, e amigo de seus colegas.

            Neste emprego é que se aposentou, quase trinta anos depois. ( Nosso amigo Chico Xavier.  Seus quatro empregos. Luciano Napoleão da Costa e     Silva )

            Em 1940, ficou  gravemente enfermo. O médico que lhe assistia fez o diagnóstico, prevendo  um ataque de uremia. Se a retenção perdurasse por mais 24  horas, teria o Chico um colapso e desencarnaria. Assim lhe dissera o médico, colocando-o a par da realidade dolorosa. O facultativo saiu  e Chico notou  que, do Alto, Bezerra de Menezes, André Luiz e Emmanuel providenciavam-lhe recursos, entremostrando-lhe que era grave seu estado. Preparou­ se, então, para morrer bem. Pediu, em prece sentida, a Emmanuel, que o recebesse na Espiritualidade. Seu amoroso Guia, sentindo-lhe a intenção, considerou: — Não posso, Chico, auxiliá-lo no seu desencarne. Tenho muito que fazer. Mas se você sentir que a hora chegou, recorra aos amigos do  “Luiz Gonzaga”. Você não é melhor que os outros. E, com esse ensinamento, o médium recebeu uma bela lição. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 32- In extremis... pensava que ia morrer.  Ramiro Gama)

            Em 1946, adoece de novo, gravemente. Gastara demais o corpo. Achava-se esgotadíssimo, fraco, febril. Os médicos, consultados, dão-no como tuberculoso. E em certa manhã ensolarada, vendo-o sentado, muito triste, à porta da casa, Emmanuel, seu dedicado Guia, põe-lhe a mão no ombro e lhe diz: — Chico, procure reagir, senão você falirá. Sua enfermidade é tanto do corpo como do espírito. Mas não desanime. Vai ficar bom, se Deus quiser.

            E, depois de lhe dar uma bela aula sobre os males do desânimo, da tristeza e das mágoas recolhidas, ampliadas pelo nosso pessimismo, diz-lhe: — Logo, ao dormir, lembre-se de mim. Vou levar seu espírito a um lugar muito lindo e onde será medicado.

            De fato, ao dormir, Chico lembra-se do convite de Emmanuel, e, depois de orar, dorme antegozando o auspicioso passeio. Em espírito, vê-se junto ao seu Guia. E, com ele, caminha por um vergel esmeraldado de trevos viçosos, floridos, como jamais vira na terra. Ao fim, sentado num banco envolto em luz alaranjada, está um menino delicado, belo. Emmanuel apresenta-o ao Chico. E sob a surpresa do médium, o menino, com rara facilidade, como  quem pega outra criança, segura-o e o põe ao colo. Passa as mãos pequenas e luminosas sobre o corpo  do Chico. Afaga-o amorosamente, estreitando-o ao peito, e diz-lhe sorrindo: — Pronto, está medicado. Chico despede-se do lindo irmãozinho. E já quase a chegar em casa e enclausurar-se, de novo, no corpo e acordar para a realidade da terra, Emmanuel, abraçando-o, afirma satisfeito: — Chico, você recebeu hoje um remédio de que necessitava: uma transfusão de fluidos. Vai acordar, amanhã, melhorado, sem cansaço, sem febre e mais forte, graças a Deus! 

            No dia seguinte, Chico acordou diferente. Ressoava-lhe aos ouvidos o que ouvira. O coração, agradecido ao Senhor guardava a grande Graça. E sentia que tudo desaparecera: cansaço, tristeza, mágoa, medo, febre, tudo. Sim, tudo, porque bem traduzia o que ganhara. Agora teria de dar também tudo, como está dando, a bem da Grande Causa, que a todos nos irmana e iguala na Fazenda do Pai, que é Deus! ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 34- Em visita a fazenda do pai.  Ramiro Gama)

            Eram oito horas da manhã de um sábado de maio. Chico levantara-se apressado. Dormira demais. Trabalhara muito na véspera, psicografando uma obra erudita de Emmanuel. Não esperara a charrete. Fora mesmo a pé para o escritório da Fazenda. Não andava, voava, tão velozmente caminhava. Ao passar defronte à casa de D. Alice, esta o chama: — Chico, estou esperando-o desde às seis horas. Desejo-lhe uma explicação. — Estou muito atrasado, D. Alice. Logo na hora do almoço, lhe atenderei. D. Alice fica triste e olha o irmão, que retomara os passos ligeiros a caminho do serviço. Um pouco adiante, Emmanuel lhe diz: —  Volte, Chico, atende à irmã Alice. Gastará apenas cinco minutos, que não irão prejudica-lo. Chico volta e atende. — Sabia que você voltava, conheço seu coração. E pede-lhe explicação como tomar determinado remédio homeopático que o caroável Dr. Bezerra de Menezes lhe receitara, por intermédio do abnegado médium. Atendida, toda se alegra. E despedindo-se: — Obrigada, Chico. Deus lhe pague! Vá com Deus! 

            Chico parte apressado. Quer recobrar os minutos perdidos. Quando andara uns cem metros, Emmanuel, sempre amoroso, lhe pede:

            —  Pare um pouco e olhe para trás e veja o que está saindo dos lábios de D. Alice e caminhando para você. Chico para e olha: uma massa branca de fluidos luminosos sai da boca da irmã atendida e encaminha-se para ele e entra­lhe no corpo... — Viu, Chico, o resultado que obtemos quando somos serviçais, quando possibilitamos a alegria cristã aos nossos irmãos?

            E concluiu: — Imagine se, ao invés de vá com deus, dissesse, magoada, “vá com o diabo”. Dos seus lábios estariam saindo coisas diferentes, como cinzas, ciscos, algo pior.. E Chico, andando agora naturalmente, sem receio de perder o dia, sorri satisfeito com a lição recebida, entendendo em tudo e por tudo o serviço do Senhor, refletido nos menores gestos, com os nomes de Gentileza, Tolerância, Afabilidade, Doçura, Amor. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 35- Vá com Deus .Ramiro Gama)

            Um outro dia, sentado no ônibus que o levaria a Belo Horizonte, Chico notou que seu companheiro de banco era um irmão  sacerdote. Cumprimentou-o e entregou-se à leitura de um bom livro. O sacerdote, também, correspondeu-lhe o cumprimento, abrira um livro sagrado e ficara a lê-lo. Em meio à viagem, passou  o ônibus perto de um lugarejo embandeirado, que comemorava o dia de S. Pedro e S. Paulo. O Sacerdote observou aquilo e, depois, virando-se para o Chico comentou: — Vejo esta festividade em honra de dois grandes Santos, e neste livro, leio a história de S. Paulo, cujo autor lhe dá proeminência sobre S. Pedro. Não se pode concordar com isto. S. Paulo é o Príncipe dos Apóstolos, aquele que recebeu de Jesus as chaves da Igreja. O Chico, delicadamente, deu sua opinião, e o fez de forma tão simples, revelando grande cultura, que o Sacerdote, que não sabia com quem dialogava, surpreendeu-se e lhe perguntou. — O Senhor é formado em Teologia, ou possui algum curso superior? — Não. Apenas cursei até o quarto ano da instrução primária... —  Mas como sabe tanta coisa da vida dos santos, principalmente de S. Paulo, de S. Estevão, de S. Pedro, e de outros, realçando-lhes fatos que ignoro?. — Sou médium... — Então, o senhor é o Chico Xavier, de Pedro Leopoldo? — Sim, para o servir. — Então, permita-me que lhe escreva e prometa-me responder minhas cartas, pois tenho muita coisa para lhe perguntar. Faça-me este favor. Afinal, verifico que Deus nos pertence. — Pode escrever; de bom grado responder-lhe-ei. Assim trabalharemos não apenas para que Deus nos pertença, mas para que pertençamos também a Deus, como nos ensina o nosso benfeitor Emmanuel. E, até hoje, Chico recebe cartas de Irmãos de todas as crenças, particularmente de Sacerdotes bem intencionados, como o irmão com quem viajou e de quem se tornou amigo.

            E, tanto quanto lhe permite o tempo, lhes responde e nas respostas vai distribuindo o Pão Espiritual a todos os famintos, ovelhas do grande redil, em busca do amoroso e Divino Pastor, que é Jesus. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 44- Viajando com o irmão sacerdote. Ramiro Gama)

            Certa vez, um confrade presenteou  o Chico com um belo relógio de pulso. Aceitou-o, porque o  confrade insistiu muito. Andou vários dias com ele, admirando-lhe a pontualidade. Mas um dia, a caminho do serviço, lembrou-se de saber, rapidamente, como ia Dona Glória, a quem na véspera dera um passe e para quem Bezerra receitara uns remédios homeopáticos. — Então, está melhor, Dona Glória. Tomou pontualmente os remédios? —  Um pouco melhor, Chico. Só não tenho tomado os remédios com pontualidade, porque, como você sabe, sou pobre e ainda não pude comprar um relógio... — Por isto não. E tirando do pulso o relógio que ganhara, disse-lhe sem mais delongas: — Fique com este como lembrança. E deixando a irmã surpresa e emocionada, o médium partiu, dizendo-lhe na costumeira despedida: — Fique com Deus! Deus a proteja! 

            Como a senhora está precisando de relógio, este deve ser seu. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 47- Um relógio a um doente. Ramiro Gama)

            Certa noite, após atender centenas de pessoas no Centro Espírita Luiz Gonzaga, Chico Xavier sentiu uma de suas vistas prejudicada; chegava mesmo a sangrar. As dores eram insuportáveis. Não contando naquele momento com a presença de seu guia receitista, o Dr. Bezerra de Menezes, sabendo que muitas pessoas ainda o aguardavam, e não tendo meios de esclarecer àquela massa humana o que se passava, isolou-se por alguns minutos quando lhe apareceu um dos assistentes espirituais daquele médico. Ao vê-lo não pediu, implorou:

            — “Irmão Antônio Flores, você que é um dos abnegados e sinceros pupilos do Dr. Bezerra, peça-lhe um remédio para os meus olhos, pois sofro muito”.

            Atendendo o seu pedido, o bondoso irmão partiu, prometendo interceder por ele. Passados poucos minutos, regressou acompanhado do famoso médico, que ao olhá-lo, .lhe diz:

            — “Porque você não me disse que estava passando mal da vista? Eu lhe teria medicado!”

            Emocionado, respondeu:

            “Dr. Bezerra, eu não lhe peço como gente, mas como uma besta que precisa curar-se para continuar sua missão espiritual e terrena. Cure pois, por caridade, os meus olhos doentes.”

            — Se você Chico, é uma besta, eu quem sou?

            — O senhor Dr. Bezerra, é o Veterinário de Deus... (Nosso amigo Chico Xavier. O veterinário para curar seus olhos.  Napoleão da Costa e Silva )

            Em Pedro Leopoldo, numa sessão do LUIZ GONZAGA, em fevereiro de 1956, assistimos ao seguinte: um auditório numeroso superlotava o Centro. Perto do Chico, um grupo de mães sofredoras e pesarosas, chorando o decesso de seus filhos amados. O querido médium ouviu-as com atenção e considerou  amorosamente: Minhas irmãs, consolai-vos com esta verdade: um dia vereis, na Pátria Espiritual, os vossos filhos, todos os vossos entes familiares. É preciso, no entanto, que daqui partais triunfantes para vê-los também triunfantes. E, para sairdes daqui triunfantes, faz-se mister  que luteis, que não deixeis de lutar.

            Transformai, pois, esta tristeza do mundo, que vos adoece, pela Tristeza segundo Deus, que tudo sabe. A luta é redentora. É ela que nos fará vencer a morte em busca da vida verdadeira. Estou há 28 anos no exercício da mediunidade. Ainda não passei um dia sem sofrer e chorar. Posso morrer, tenho este direito e isto me consola, mas ficar triste e parar de lutar, nunca. Nosso Dever é lutar, com fé, como uma gratidão a Jesus, que até hoje luta e sofre por nós. Todos os olhos cheios de lágrimas das mães presentes deixavam de chorar e encheram-se de um novo  brilho. Consolaram-se. Em seus corações caíram luzes esclarecedoras, flores do coração de um vero servidor de Nosso Senhor Jesus Cristo! ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 100 - Flores do coração . Ramiro Gama)

            Ramiro Gama relata que Chico, "além de cartas elogiosas ao seu trabalho, recebia pessoalmente em Pedro Leopoldo e em Belo Horizonte, quando lá comparecia, louvores e mais louvores de confrades e irmãos outros simpáticos ao Espiritismo. E cada qual lhe citava um fato que mais lhe agradou, realçando o valor do livro neste e naquele aspecto. O Chico andava atrapalhado com tantos confetes sobre sua pessoa. E, em casa, sossegado  dos aplausos, dizia de si para consigo: —  Vou  deixar  de psicografar, pois sou  um verdadeiro ladrão roubando  referências honrosas que não me pertencem. Os abraços, os parabéns, os elogios que recebo cabem aos Espíritos de Emmanuel, André Luiz, Néio Lúcio e de outros, que são legitimamente os autores dos livros magníficos. Preciso dar um jeito nisto... Néio Lúcio, que lhe traduzia o pensamento, que lhe verificara os propósitos, sorrindo, lhe aparece e diz: —  Não há razão, Chico, para sentir-se você magoado com os elogios. Também os merece. — Não, Néio Lúcio, sinto-me como um ingrato, ladrão, indigno... — Bem, Chico, vou contar-lhe uma pequena história: em certo município, dois distritos se defrontavam, separados apenas por pequena distância. Um, com a população quase toda enfermada, sem recurso de espécie alguma. O outro, cheio de vida, víveres, remédios. Apenas faltava um agente intermediário entre os dois. Ninguém queria servir de ligação, realizar o trabalho socorrista. Foi quando, como mandado do céu, apareceu um burrinho humilde, manso, que, com pouco trabalho, tomou-se “apiado”, obediente, capaz de levar, sem ninguém, do distrito rico ao distrito pobre, os recursos de que careciam os irmãos enfermos e sofredores. O burrinho, tendo ao lombo  dois jacás, um de cada lado, foi recebendo as dádivas: Um colocava , outro remédio, mais outro, roupas. Colocavam-no à trilha, e ele, automaticamente, lá ia para o distrito lazarento e faminto. Em pouco, era esvaziada toda a carga e voltava, como fora, alegre, satisfeito por haver cumprido um serviço salvacionista, abençoado, para repetir, noutras vezes, quando necessário, a mesma tarefa cristã. E, antes que Néio Lúcio concluísse, o Chico exclamou: —  Está bem, Néio Lúcio, então, como burrinho, aceito o serviço. E nunca mais se importou com louvores, certo de que agora sabe qual a missão que realiza, entre a terra e o céu, junto à Grande Causa. Lição de humildade, de conhecimento de si mesmo. Lição para nós todos..."( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 67- Então, desejo ser o burrinho... Ramiro Gama)

            Segundo Ramiro Gama,   Chico permanecia " sempre em permanente jejum e oração, alimentando-se apenas uma vez por dia e, mesmo assim, com uma refeição sóbria, de verduras e pouca carne, feita com pouco sal, evitamos, quando o visitamos, procura-lo fora das sessões do Luiz Gonzaga. Tem, em cada dia, as horas tomadas. O tempo lhe é um patrimônio sagrado e sabe validar até a bênção dos minutos. Levanta-se cedo e vai para o  Escritório da Fazenda Modelo, onde trabalha até às 17 horas, vindo à casa apenas para o almoço. À tarde, se não há nenhuma sessão no Luiz Gonzaga ou  no entro Meimei, aproveita-a, para atender à recepção  de algum livro, para responder cartas, visita, algum doente. Seu tempo é, pois, todo repletado de bons exemplos. Não fazemos parte dos que o procuram para satisfazer curiosidade ou dar-lhe sofrimento com palestras contrárias às normas cristãs, ou ainda, para lhe pedir a solução de assuntos pessoais, que devem ser solucionados pelos seus respectivos donos". ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 118- Graças sobre graças . Ramiro Gama)

            O Chico faz a sua Prece antes e depois das Sessões do Luiz Gonzaga. Quando termina sua tarefa, que vai das 9 da noite às 2 da madrugada, depois de atender para mais de 2 mil pedidos de receitas, está esgotadíssimo e como quem, no seu dizer, houvesse levado uma grande surra de pau. Todavia, com o auxílio de seus Amigos da Espiritualidade, se refaz e melhora. ( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 130- Quanta experimentação. Ramiro Gama)

            O Chico recebe um pequeno ordenado como datilógrafo da Fazenda Modelo, pertencente ao Ministério da Agricultura. Mesmo assim, afirma-nos que seu salário é demais para ele, que recebe além do que merece. Ganha-o, todavia, abençoadamente, visto que não falta um dia ao serviço e gasta-o, abençoadamente, menos consigo e mais com seu próximo. Veste-se pobremente e alimenta-se pouco. Recebe, por semana, umas quinhentas cartas pedindo-lhe receita. E, dessas, muitas vem sem o selo para a resposta. E o pobre Médium tira de seu pequeno salário a importância dos selos. Antigamente o selo de uma carta custava 30 centavos. Hoje, custa 50...( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 132- Dinheiro bem ganho e gasto. Ramiro Gama)

            O Chico veste-se humildemente. Possui apenas dois ternos, um do uso e outro da reserva. Certo médium de São Paulo, que o visitava, vendo-o tão mal vestido, exclama: Pensava em encontra-lo, como o maior médium de todos os tempos, bem vestido, bem alojado, vivendo uma vida folgada e o encontro assim, maltrapilho. Não está certo. Precisamos fundar a Sociedade dos Médiuns. O Chico sorri e nada responde... Lembrando-se, conosco, deste caso, pondera-nos: — Vivo assim e sempre hei de viver, enquanto estiver aqui, vivendo a minha prova. E ainda assim me criticam, achando-me rico, com dinheiro nos bancos. Imagine se vivesse diferentemente, o que não diriam...( Lindos casos de Chico Xavier. Segunda Parte. Cap. 165 - Vá com Deus. Ramiro Gama)

            A mediunidade é explosiva em Chico Xavier. Poderia ter sido fenomenal como audiente, vidente, em efeitos físicos, em ectoplasmia. Devia sê-lo, somente, na psicografia, pois que era seu objetivo maior dar livros, livros à mão cheia e mandar o povo pensar...(Traços de Chico Xavier. O médium dos impactos. Pedro Franco Barbosa .Jornal Espírita, julho de 1977, São Paulo, SP)

            O próprio Chico Xavier nos afirma, em uma entrevista: "À medida que fui trabalhando na psicografia, os Benfeitores Espirituais, a pouco e pouco, me abriram outras possibilidades de observação, como sejam as que se relacionam com a clarividência, a clariaudiência, a psicofonia, as faculdades curativas e o serviço espiritual à distância, conquanto Emmanuel, o instrutor que nos orienta desde 1931, considere que a psicografia é o meu setor particular de trabalho, do qual não devo desviar a atenção.

            (...) Recordo-me que nos anos de 1952 e 1953 cooperei com os Amigos Espirituais em diversas reuniões de efeitos físicos, carinhosamente acompanhadas por alguns amigos íntimos, notadamente de Pedro Leopoldo, Belo Horizonte, Rio e São Paulo, entretanto, após dois anos de experiências com bons resultados, Emmanuel solicitou encerrássemos essa fase de meus pobres recursos psíquicos, para não interromper os serviços do livro mediúnico." ( No mundo de Chico Xavier. Cap.5. Chico Xavier / Elias Barbosa )

             O trabalho de Chico Xavier era grandioso, Ele mesmo nos informa  quanto tempo se dedicava as tarefas mediúnicas:

            "— Considerando o total de todas as reuniões que tive até hoje, com os nossos irmãos da Terra e com os do Plano Espiritual, e observando que Emmanuel e André Luiz preferem trabalhar comigo, nos livros, principalmente à noite, sem horário para terminar, admito que, incluindo igualmente os estudos espíritas que tenho de fazer, por determinação de nosso abnegado Emmanuel, tenho tido a média de cinco horas diariamente de contato com a mediunidade e com as tarefas gerais de nossa Doutrina, sem prejuízo de minhas obrigações familiares e profissionais." ( No mundo de Chico Xavier. Cap.6. Chico Xavier / Elias Barbosa )

            Em outra entrevista, Chico Xavier relata um fato curioso em que recebe uma advertência de seu guia Emmanuel: "Na manhã de 3 de novembro de 1958, viajava eu num avião de Uberaba para Belo Horizonte. Até Araxá, tudo correu bem, mas entre Araxá e a capital mineira, o aparelho foi tomado de grande excitação. Parecia descontrolado e inseguro. Os passageiros começaram a reclamar. O comandante muito sereno veio até nós e disse que não havia motivo para alarme, que a nave seguia para o objetivo em excelentes condições e explicou que os movimentos desordenados do aparelho eram devidos a um fenômeno atmosférico que ele denominou por “vento de cauda”. O pessoal acalmou-se, mas como os movimentos bruscos ficaram mais fortes por alguns instantes, muitas pessoas começaram a orar em voz alta e quatro crianças passaram a chorar assustadas. A inquietação geral tomou meu espírito e comecei também a orar, quase gritando: “Oh! meu Deus! oh! meu Deus, tende piedade de nós!”. Nisso, quando eu estava nessas exclamações em ponto alto, vi Emmanuel entrar no avião. Veio a mim e perguntou por que motivo eu clamava daquele jeito. Eu respondi: “Estamos em perigo”… E acrescentei, suplicando: “Será esta a hora em que vou morrer?” Ele, muito calmo, apenas me disse: Não posso saber se o Senhor resolveu determinar a sua desencarnação, agora, mas se você julga que vai morrer, procure morrer com educação, sem aumentar a aflição dos outros. “Desde esse momento, me refiz na poltrona, enquanto que, pouco a pouco, o avião retomava os movimentos normais. Tudo não passara de um acontecimento regular em viagem.  ( No mundo de Chico Xavier. Cap.5. Chico Xavier / Elias Barbosa )

            Em 1959, transferiu-se para Uberaba, onde continuou (...) seu messianismo mediúnico. (Chico Xavier - Mandato de amor. Jogral elaborado por Carlos Alves Neto)

            Em uma entrevista, o próprio Chico Xavier relatou o motivo da sua mudança:

           "Em princípios de 1958, comecei a sofrer de uma labirintite que me incomodava bastante. Muito barulho nos ouvidos, muitas dores de cabeça. Bezerra de Menezes, o nosso enfeitor espiritual, tratou-me com a dedicação que lhe conhecemos e pediu, ainda, em meu caso, a consideração de um especialista, tendo eu recorrido ao Dr. Costa Chiabi, distinto otorrinolaringologista em Belo Horizonte.

            Dr. Costa Chiabi dispensou-me grande atenção. Mediquei-me. Fui a Angra dos Reis, no Estado do Rio, por duas vezes, buscando mudança de clima e refazimento na praia. Melhorei, mas não positivamente como precisava. Em face das recidivas, nossos Amigos Espirituais aconselharam minha transferência para clima temperado, já que Pedro Leopoldo é bastante fria na maior parte do ano.

            Chegado o assunto a esse ponto, nosso amigo Waldo Vieira convidou-me a experimentar Uberaba. "(No mundo de Chico Xavier. Cap. 13. Chico Xavier /  Elias Barbosa )

            No dia 18 de abril de 1959, Chico e Waldo Vieira inauguravam, ao lado da casa deles, a Comunhão Espírita Cristã. Nenhum deles assumiu a presidência do centro. Precisavam escrever. Dalva Rodrigues Borges, uma espírita de Uberaba, assumiu o comando. A programação do novo centro era intensa: reuniões públicas às segundas, sextas e sábados, sessões de desobsessão privadas às quartas-feiras, sopas para os pobres todas as tardes, peregrinações pelos bairros da periferia aos sábados, além de cursos sobre o Evangelho. (As vidas de Chico Xavier. A nova atração de Uberaba. Marcel Souto Maior )

            De acordo com Floriano Moinho Peres, anos depois , Chico Xavier  "viajou ao exterior em companhia do médium Waldo Vieira e, nos Estados Unidos, América do Norte, recebeu, em inglês, várias mensagens que culminaram com a edição do livro Entre irmãos de Outras Terras." ( Traços de Chico Xavier. Meio Século de Fidelidade a Kardec. Floriano Moinho Peres . São Paulo – SP)

            Os adversários reclamavam e Chico estudava, de acordo com orientação ouvida de Emmanuel, estatísticas sobre suicídios publicadas pelas Nações Unidas no Demographic Year-Book, em 1964. A Áustria liderava o número de suicidas (1.598 em 1962) e era seguida pela Alemanha, Suíça, Japão, França, Bélgica, Inglaterra, Estados Unidos, Polônia e Portugal. Nenhum país subdesenvolvido entrava na lista. Conclusão: o suicídio teria ligações com o vazio provocado pelo materialismo. Ou seja: faltava espiritualidade naqueles países. (As vidas de Chico Xavier. Morre um capim, nasce outro. Marcel Souto Maior )

            Participou de inúmeros programas de rádio e televisão. Salientamos o “Pinga-Fogo”pela TV Tupi de São Paulo, penetrando milhões de lares brasileiros, mostrando ao povo de às autoridades a verdadeira imagem da Doutrina Espírita que sintetiza na afirmação de Emmanuel: “O apostolado de Allan Kardec é a restauração do Cristianismo simples e claro em que Jesus procura o povo e o povo encontra Jesus”.  ( Traços de Chico Xavier. Meio Século de Fidelidade a Kardec. Floriano Moinho Peres . São Paulo – SP)

            A noite de 28 de Julho de 1971 foi diferente. Tornou-se uma noite histórica para São Paulo e para o Brasil. (...) A presença de Emmanuel, disse Chico Xavier no vídeo do Canal 4, foi fundamental para que ele respondesse, com a objetividade e segurança com que respondeu às mais diversas perguntas do programa.

            (...) Foram mais de 400 os autores que se comunicaram com o público, depois de mortos, através das mãos de Chico Xavier.

            (...) Desses livros, cinco estão traduzidos para o Esperanto, nove para o Castelhano e um para o inglês. Chico Xavier nunca recebeu um centavo de direitos autorais. Destina todo o lucro de sua produção às organizações espíritas, para a aplicação em obras sociais. ( Pinga fogo I. Um pinga luz na TV. Do Diário de S. Paulo, caderno do Jornal de Domingo)

            Em uma entrevista, ele mesmo nos afirma: "Nunca recebi cousa alguma pela venda dos livros de nossos Amigos Espirituais, por intermédio de minhas faculdades mediúnicas, de vez que esses livros são de autoria deles, cabendo-me tão somente a alegria de cooperar com eles, os amigos da Vida Maior, na função de intermediário, durante as horas de cada dia, que posso dar ao serviço mediúnico. ( No mundo de Chico Xavier. Cap.14. Chico Xavier / Elias Barbosa )

            Humberto de Campos, que antes de desencarnar opinara sobre o Parnaso de Além Túmulo, veio a tornar-se um dos mais ativos escritores psicografados por Chico Xavier, escrevendo também sob o pseudônimo de ”Irmão X”. A começar pelas famosas Crônicas de Além Túmulo até o volume Cartas e Crônicas. Em disputa dos direitos autorais do grande cronista brasileiro, a família de Humberto de Campos levou Francisco Cândido Xavier aos tribunais, tendo o médium de Uberaba vencido a questão na Justiça (Obs.: O caso foi relatado no livro "A psicografia ante os tribunais por Miguel Timponi)

            Entre os escritores estrangeiros psicografados por Chico Xavier contam-se Guerra Junqueira, Eça de Queiroz, Bocage, João de Deus, Roberto Southey (historiador inglês) e M. Berthelot, o criador da Termoquímica.

            Emmanuel escreveu, por intermédio da mediunidade de Chico, vários romances, como Há Dois Mil Anos, 50 Anos Depois, Renúncia, Paulo e Estevão, Ave Cristo, todos passados em épocas antigas, na remota Roma, na velha Espanha, na antiga França. Esses romances são considerados obras-primas da literatura e alguns deles foram levados à televisão.

            Muitos foram os poetas brasileiros psicografados pelo médium de Uberaba: Castro Alves, Cruz e Souza, Alphonsus Guimarães, Guerra Junqueira, Casemiro de Abreu, Fagundes Varela, Olavo Bilac têm páginas em Parnaso de Além Túmulo, Antologia dos Imortais e outros livros. Ficção em prosa é outra constante na obra de Chico Xavier. Hilário Silva, comélio Pires, Neio Lúcio são alguns dos autores de livros como Pontos e Contos, Falando à Terra, Contos desta e doutra Vida etc.

            A Coleção André Luiz é considerada um verdadeiro monumento da filosofia espírita, um documentário de tudo o que acontece além do sepulcro.

            Também fazem parte de sua obra livros de História, Ciência, Filosofia e Religião. Evolução em Dois Mundos, Mecanismos da Mediunidade, Palavras de Vida Eterna são alguns dos livros de Doutrina Espírita que constam da imensa bibliografia de Chico Xavier. ( Pinga fogo I. Um pinga luz na TV. Do Diário de S. Paulo, caderno do Jornal de Domingo)

            Na década de 1970, o juiz Orimar Pontes usou cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier para julgar dois casos de homicídio em Goiás, na região Centro-Oeste. Em ambos os casos, os réus acabaram sendo absolvidos pelo juiz. Em 1985, outro juiz considerou uma carta psicografada pelo médium em sua decisão. A ex-miss Campo Grande foi morta por um tiro no pescoço que partiu da arma de seu marido, que acabou absolvido no caso. ( https://m.extra.globo.com/noticias/brasil/carta-psicografada-de-morto-leva-justica-suspender-julgamento-668197.html)

            Em maio de 1976, o garoto Maurício, de 15 anos, morreu após ter sido atingido por um tiro disparado por seu melhor amigo, José Divino, de 18 anos. O revólver usado era do pai de José.

            Divino foi indiciado por homicídio doloso, quando o acusado tem a intenção de matar. A reviravolta no caso aconteceu quando o juiz Orimar de Bastos aceitou cartas de Maurício, psicografadas por Chico Xavier, como provas válidas no processo.

            Nos documentos, a vítima afirmava que seu amigo não teve a intenção de matá-lo e que tudo não passou de um acidente. Com base nas cartas, e em outras provas apresentadas pela defesa, José Divino foi absolvido e o caso ganhou repercussão mundial. (https://mdemulher.abril.com.br/estilo-de-vida/sou-mais-eu-conta-como-chico-xavier-livrou-um-inocente-da-prisao/)

            Segundo Marcel Souto Maior, no caso da morte do deputado federal Heitor Alencar Furtado, "o réu insistia em sua inocência, mas, como todo pobre acusado por poderosos, admitia para si mesmo a hipótese de passar o resto da vida na prisão. As cartas já estavam marcadas, quando uma testemunha de última hora entrou no jogo: Heitor Alencar Furtado, o morto. Em texto escrito por Chico Xavier e assinado pela vítima, veio a frase curta e grossa: "O disparo foi acidental". O pai do candidato a deputado conversou com Chico, leu e releu a carta, recebeu do além outros textos atribuídos a Heitor e deu o veredicto: As declarações são mesmo de meu filho.

            Em 1984, o Tribunal do Júri de Mandaguari bateu o martelo após 33 horas de julgamento: a morte foi mesmo provocada por um tiro acidental. O juiz desclassificou o crime de homicídio qualificado para homicídio simples, resultante de negligência, e a pena foi abrandada para oito anos e vinte dias.

            Mais sorte teve o bancário Francisco João de Deus. Em 1985, ele estava prestes a ir para a cadeia por ter assassinado com um tiro no pescoço sua mulher, Gleide Dutra de Deus, ex-Miss Campo Grande. As circunstâncias da morte apontavam para mais um crime passional sem muita imaginação. O casal voltava de uma festa. Gleide era linda, Francisco era ciumento e vivia armado. Pronto. Homicídio. O assassino insistia: o tiro tinha sido acidental. Poucos acreditavam. Sete meses após o crime, ainda em 1980, ele recorreu a Chico Xavier. Precisava de conforto e conseguiu muito mais. Um depoimento foi decisivo no tribunal. A testemunha-chave: Gleide. Ela voltou à tona, em carta escrita por Chico, para garantir ter sido vítima mesmo de um tiro acidental, disparado quando seu marido tirava a arma da cintura. O "testemunho" coincidiu com o de duas enfermeiras que atenderam a vítima, já em agonia no hospital. Pouco antes de morrer, ela defendeu a inocência do marido. Resultado: Francisco foi absolvido por sete votos a zero. (As vidas de Chico Xavier.  Diante da morte. Marcel Souto Maior )

            Entretanto, segundo Fernando Worm, "desde novembro de 1976, quando o problema anginoso e coronariano limitou em muito seu ritmo de vida e de trabalho, desde logo optou por se ajustar à nova situação, com paciência e perseverança. Nesta última visita, contou-nos que, tendo indagado de Emmanuel acerca da sua enfermidade coronariana, ouviu de seu incansável guia e benfeitor as seguintes considerações aqui reproduzidas de memória: “Afinal o que é que querias? Não malbarataste as energias do corpo físico? As lutas e caminhadas na seara do bem, embora contando com o amparo do Mundo Maior, não excluem as limitações e desgastes do vaso físico terrestre”. (Chico Xavier mandato de amor. Chico Xavier explica sua doença e como convive com ela. Fernando Worm)

            Segundo Marcel Souto Maior, "aos 81 anos, atormentado por sucessivas crises de angina, abatido por duas pneumonias graves e castigado por uma catarata crônica, Chico Xavier vivia em repouso e por recomendação médica já não participava de sessões espíritas há quase nove meses. (...)Com a ausência de Chico nas sessões dos últimos meses, as multidões do ano anterior reduziram-se até chegarem naquele punhado de gente disposta a acompanhar a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, e a análise de temas como compaixão e solidariedade. Sentei no banco de madeira em frente à mesa ocupada pelos dirigentes da sessão e, minutos depois, levei um susto. Contra todas as expectativas, Chico Xavier reapareceu no Grupo Espírita da Prece, o corpo franzino arqueado sob um terno mal-ajambrado e o sorriso aberto de quem volta para casa depois de meses de internação. Ele se sentou à cabeceira, ouviu em silêncio a leitura de textos de Kardec e, em seguida, rezou o pai-nosso com um fio de voz." (As vidas de Chico Xavier. "Morre um capim, nasce outro". Marcel Souto Maior)

            Ao longo dos 92 anos de vida - 74 deles dedicados a servir de ponte entre vivos e mortos -, Chico escreveu 412 livros, vendeu quase 25 milhões...

            (...)Em fevereiro do ano 2000, Chico foi eleito o Mineiro do Século em votação que mobilizou a população de todo o estado de Minas Gerais e o consagrou, mais uma vez, como fenômeno popular.

            (...)No ano seguinte, ele foi internado com pneumonia dupla, em estado grave, num hospital de Uberaba. Ao gravar imagens da fachada do prédio, um cinegrafista registrou uma aparição inusitada: um ponto luminoso vindo do céu se deslocou em alta velocidade na direção da janela do quarto onde Chico estava. O médico Eurípedes Tahan Filho acompanhava o paciente e diagnosticou: logo depois desta aparição, o quadro clínico de Chico mudou. "A febre desapareceu, a respiração melhorou e ele ficou mais alerta." Dois dias depois, Chico teve alta. As imagens foram exibidas no programa Fantástico, da Rede Globo, logo após a morte do médium. Reflexo na lente da câmera? Fraude? Ajuda espiritual? Milagre? Engenheiros entrevistados descartaram a hipótese de fraude e não conseguiram explicar a origem da luz. (As vidas de Chico Xavier. "Morre um capim, nasce outro". Marcel Souto Maior)

            (...) Eram pouco mais de 19h30 de domingo 30 de junho de 2002 , quando o coração de Chico Xavier parou. Chico tinha acabado de deitar-se na cama estreita de seu quarto acanhado para mais uma noite de sono. Pouco antes de dormir, ergueu as mãos para o alto, como sempre fazia, e rezou pela última vez. Chico morreu em casa, como queria, sem dor nem sofrimento.

            (...) O líder espírita morreu exatos oito dias antes da data em que seria alvo de uma série de homenagens e comemorações: os 75 anos de sua mediunidade.

            Para os amigos mais íntimos, a morte, naquele momento, o poupou de novos desgastes com eventos e compromissos. Chico planejou, com cuidado, a própria despedida.

            Uma de suas principais preocupações era impedir que impostores divulgassem, após sua morte, supostas mensagens transmitidas por ele. Temia que, em busca de projeção, médiuns se apresentassem como porta-vozes de seu espírito.

            Para evitar fraudes, Chico combinou um código secreto com três pessoas de sua confiança: o médico e amigo Eurípedes Tahan Vieira, o filho adotivo Eurípedes Higino dos Reis e Kátia Maria, sua acompanhante nos últimos anos de vida. Três informações deveriam constar da primeira mensagem enviada do além.

            Na tarde anterior à própria morte, Chico confirmou o código com Eurípedes Tahan e avisou: Vocês saberão quem sou eu.

            (...) Mas semanas, meses se passaram... e nada. Nenhuma mensagem de Chico Xavier. O "código secreto" nem precisou ser usado. Seis meses depois, um dos médiuns mais concorridos de Uberaba, Carlos A. Bacceli, fechou os olhos e pôs no papel um livro intitulado Na Próxima Dimensão. O espírito do médico Inácio Ferreira, ex-diretor clínico do hospital psiquiátrico Sanatório Espírita de Uberaba teria ditado o texto a ele.

            Inácio, segundo o livro, também esteve no enterro de Chico. Era um dos espectadores "invisíveis" da "passagem" do líder mais importante do país. Durante todo o velório, Chico, escreveu Bacceli, teria descansado nos braços de Cidália, segunda mulher de seu pai, considerada sua segunda mãe.

            "Chico guardava relativa consciência de tudo , descreve o texto. Uma faixa de luz azul enfeitava o céu e foi se tornando cada vez mais intensa à medida que se aproximava a hora do enterro. Esta luz, segundo Inácio, envolveu Chico e partiu, levando o líder espírita para bem longe, no exato instante em que a multidão entoava a canção Nossa Senhora, em frente ao cemitério.

            Uma revelação, publicada no livro, causou alvoroço nos meios espíritas: Chico seria a reencarnação de Allan Kardec (1). Ele teria vindo à Terra para pôr em prática e "sentir na própria pele" a doutrina desenvolvida e divulgada por ele, em livro, na existência anterior. Com a publicação do livro, Chico teria cumprido a promessa de revelar quem ele era. (As vidas de Chico Xavier. "Morre um capim, nasce outro". Marcel Souto Maior )

            Observação 1: (...) Em OBRAS  PÓSTUMAS, do  Codificador, há uma amorosa advertência de um de seus Guias lembrando-lhe o aproveitamento do tempo na conclusão de suas obras e de que, como fora previsto, seu  desencarne estava próximo e que iria ficar  no Espaço cerca de 40 anos para, depois, voltar à Terra e completar sua Missão junto ao Espiritismo. Verificando o ano de seu descesso, 1869, deveria estar entre nós, mais ou menos, entre os anos de 1909 e 1910... (Lindos casos de Chico Xavier. Cap.124. É outro Kardec. Ramiro Gama)

 

Bibliografia:

- Lindos casos de Chico Xavier.Primeira parte: Os primeiros lindos casos de Chico Xavier . Segunda Parte: Cap. 1 , 2 , 3, 4, 6, 7, 8, 9, 10, 12, 14, 16, 21, 23, 26, 27, 28, 29, 31, 32, 34, 35, 44, 47, 67. 100, 118, 124, 130, 132, 165. Ramiro Gama.

- Nosso amigo Chico Xavier. Nascimento; Sua Família; Menção honrosa em história do Brasil; Seus quatro empregos. Parnaso de além do túmulo, o primeiro livro. Luciano Napoleão da Costa e Silva.

- Chico Xavier - Mandato de amor.  Jogral elaborado por  Carlos Alves Neto Chico Xavier (Itens 4 e 5) / Na tarefa mediúnica - Geraldo Lemos Neto. 

- No mundo de Chico Xavier. Cap.5 , 6 , 7 , 13 e 14. Chico Xavier/ Elias Barbosa.

- Traços de Chico Xavier. O médium dos impactos- Pedro Franco Barbosa  -Jornal Espírita, julho de 1977, São Paulo, SP/ Meio Século de Fidelidade a Kardec. Floriano Moinho Peres .

- As vidas de Chico Xavier. A nova atração de Uberaba. Marcel Souto Maior .

- Pinga fogo I. Um pinga luz na TV. Do Diário de S. Paulo, caderno do Jornal de Domingo.

- Sites: https://mdemulher.abril.com.br/estilo-de-vida/sou-mais-eu-conta-como-chico-xavier-livrou-um-inocente-da-prisao/ ; https://m.extra.globo.com/noticias/brasil/carta-psicografada-de-morto-leva-justica-suspender-julgamento-668197.html -  Data da consulta : 12-04-18

Nascimento/Morte: 1910 - 2002

Nome: Francisco Cândido Xavier

Conhecido por: Ser o maior médium brasileiro de todos os tempos, psicografou 412 livros de diversos autores

Nacionalidade: Pedro Leopoldo, MG

Ocupação: Aprendiz de fiação e tecelagem, servente de cozinha, caixeiro e funcionário público federal (datilógrafo)

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