Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 98 - Parábola da Candeia - Por que Jesus fala por parábolas *
Ciclo 2 - História: O fósforo e a vela - Atividade: ESE - Cap. 24 - 1 - A Candeia debaixo do alqueire.
Ciclo 3 - História: O castiçal de Tangil - Atividade: PH - Jesus - 59 - Parábola da Candeia.
Mocidade - História: No portal da luz - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Decifrando símbolos.
Dinâmicas: Por que Jesus fala por parábolas; Parábola da Candeia.
Sugestão de livro infantil: O Peixinho e o Rio. Robson Dias. Editora FEB.
Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 5
5.14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
5.15 Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
5.16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Lucas - Capítulo 8
8.16 E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz.
8.17 Porque não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz.
Mateus - Capítulo 13
13.10 E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?
13.11 Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;
13.12 Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.
13.13 Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.
13.14 E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz:Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis,e, vendo, vereis, mas não percebereis.
13.15 Porque o coração deste povo está endurecido,E ouviram de mau grado com seus ouvidos,E fecharam seus olhos;Para que não vejam com os olhos,E ouçam com os ouvidos,e compreendam com o coração,e se convertam,e eu os cure.
13.16 Mas, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.
13.17 Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram.
Tópicos a serem abordados:
- Jesus muitas vezes ensinava por meio de Parábolas, que são narrativas curtas, dotadas de um conteúdo alegórico (simbólico), com a finalidade de transmitir um conhecimento de ordem moral. Elas foram usadas por Jesus como uma forma mais eficaz de ensinar verdades desconhecidas por meio de fatos conhecidos. No entanto, o querido Mestre utilizava-se das parábolas como uma forma de deixar escondido o ensinamento para aqueles que ainda não apresentavam condições de entendimento.
- Os homens da época de Jesus eram criaturas muito atrasadas para que pudessem compreender certas coisas. Seria uma insensatez pregar elevados códigos morais a quem ainda se encontrasse em estado de selvageria, tanto quanto querer ensinar difíceis equações matemáticas a quem mal dominasse a tabuada. Já aos discípulos, em particular, o Divino Mestre explicava o significado de muitas dessas parábolas, porque sabia estarem eles preparados para isso. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente, pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. No entanto, não lhes disse tudo e conservou-se impreciso acerca de muitos pontos, que só seriam mais tarde esclarecidos por meio do Espiritismo.
- Pergunta-se: que proveito o povo podia tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido não compreendiam? Jesus não utilizou apenas de parábolas para ensinar. Ele disse de maneira clara e simples, não deixando dúvidas, que a caridade para com o próximo e a humildade são condições básicas necessárias para alcançar o Reino dos Céus. E isto era essencial para o povo ignorante.
- Na parábola da candeia, Jesus disse: ''Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos que estão em casa''. É de causar admiração que Jesus tenha dito que a luz não deve ser colocada debaixo de uma vasilha (isto é, que a verdade não deve ser ocultada), quando Ele próprio constantemente esconde o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria nas parábolas.
- É preciso compreender que tal sentença não significa que se deva revelar inconsideradamente todas as coisas. Todo ensinamento deve ser proporcional à inteligência daquele a quem se queira instruir, porque há pessoas a quem uma luz muito intensa poderia atrapalhar, ao invés de esclarecer. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, ofusca os olhos e impossibilita a visão.
- Cada idéia nova, cada revelação das leis divinas, tem que vir na época conveniente em que os homens estejam preparados para recebê-las. O Espiritismo vem no tempo certo, nos ensinar sobre muitas coisas e explicar as palavras do Cristo que foram mal comprendidas. Entretanto,os Espíritos ainda não disseram tudo, pois todos ''os segredos do reino de Deus'' só serão revelados, quando os homens houverem alcançado alto grau de desenvolvimento moral e intelectual.
- Aqueles que possuem a luz do conhecimento Espírita, não devem escondê-lá egoísticamente, segundo seus interesses. Não se deve ocultar a verdade como fazem algumas religiões com o objetivo de dominarem os seus adeptos. É preciso transmitir o conhecimento espiritual adquirido (de acordo com a capacidade de entendimento daqueles que nos ouvem), para socorrer os necessitados e esclarecer os ignorantes.
Perguntas para fixação:
1. O que são parábolas?
2. Por que Jesus falava por parábolas?
3. Na época de Jesus quem tinha condições de compreender as parábolas?
4. O que representa a luz da candeia?
5. Por que a verdade não foi revelada para todos, em todas as épocas?
6. Qual é a Doutrina que nos esclaresse sobre o verdeiro sentido das parábolas?
7. Por que aquele que possui a luz do conhecimento espírita não deve escondê-la?
Subsídio para o Evangelizador:
Uma parte importante dos ensinamentos de Jesus, foi constituída por parábolas que significa “comparação” ou ainda “colocar uma coisa de lado de outra”. Cerca de 30% das palavras dos evangelhos sinóticos são de alegorias, ditos parabólicos e parábolas. Embora não fosse novidade o uso desta técnica, a análise leva a crer que ele a usou com mais propriedade e em maior quantidade, comparativamente aos outros livros da bíblia.
Este modo de expor tem sido entendido como uma técnica pedagógica, cujo objetivo é apresentar um raciocínio e uma conclusão, por detrás de uma breve narração, facilitando sua memorização e permitindo que o ensinamento de fundo, possa surgir gradativamente na mente dos ouvintes, até a sua plena compreensão.
Parábolas foram usadas por Jesus como uma forma mais eficaz de ensinar verdades desconhecidas por meio de verdades e fatos conhecidos.
Pode ser considerada também, como uma forma de deixar escondido um ensinamento para aqueles que ainda não apresentam condições de entendimento e, concomitantemente, evitar um certo desgaste a Jesus, gerado no hábito, comum daquela época e povo, de se discutir a obediência das leis mosaicas.
A correta interpretação das parábolas possibilita o fenômeno da sua aplicação universal em todos os tempos, adaptada às situações análogas.
Pesquisas no âmbito da comunicação constataram que o maior obstáculo à compreensão de uma mensagem é a tendência dos homens em pré julgar. Nesse sentido, a parábola possui a grande vantagem de não predispor os ouvintes a censura prévia, facilitando sua assimilação.
A definição de parábola é "narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior ou moral". De suas características, surge uma força que leva o ouvinte a refletir sua conclusão. ( Apostila: Dicas Para Estudar O Evangelho . SEMU - Sociedade Espírita Mãos Unidas . Ivan Renê Franzolim)
Pergunta-se: que proveito podia o povo tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido se lhe conservava impenetrável? E de notar-se que Jesus somente se exprimiu por parábolas sobre as partes de certo modo abstratas da sua doutrina. Mas, tendo feito da caridade para com o próximo e da humildade condições básicas da salvação, tudo o que disse a esse respeito é inteiramente claro, explícito e sem ambigüidade alguma.
Assim devia ser, porque era a regra de conduta, regra que todos tinham de compreender para poderem observá-la. Era o essencial para a multidão ignorante, à qual ele se limitava a dizer: "Eis o que é preciso se faça para ganhar o reino dos céus." Sobre as outras partes, apenas aos discípulos desenvolvia o seu pensamento. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. Daí o haver dito: Aos que já têm, ainda mais se dará.
Entretanto, mesmo com os apóstolos, conservou-se impreciso acerca de muitos pontos, cuja completa inteligência ficava reservada a ulteriores tempos. Foram esses pontos que deram ensejo a tão diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o Espiritismo, de outro, revelassem as novas leis da Natureza, que lhes tornaram perceptível o verdadeiro sentido. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Item 6. Allan Kardec)
Poder-se-á reconhecer nas parábolas de Jesus a expressão fenomênica das palavras, guardando a eterna vibração de seu sentimento nos ensinos?
Sim. As parábolas do Evangelho são como as sementes divinas que desabrochariam, mais tarde, em árvores de misericórdia e de sabedoria para a Humanidade. (O Consolador. Questão 290. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
Certa vez, o Espírito São Luiz fez uma dissertação moral sobre o orgulho à Senhorita Ermance Dufaux através de parábolas e lhe foi feita a seguinte pergunta:
Por que São Luís nos fala em parábolas?
Resp. – O Espírito humano ama o mistério; a lição se grava melhor no coração quando a procuramos.
Não parece que atualmente a instrução nos deva ser dada de maneira mais direta, sem que precisemos recorrer à alegoria?
Resp. – Encontrá-la-eis no desenvolvimento. Desejo ser lido, e a moral necessita ser disfarçada sob a atração do prazer. (Revista Espírita. Maio de 1858. O orgulho. Allan Kardec).
A razão por que Jesus preferentemente falava por parábolas era evitar que muitos se enchessem de maiores responsabilidades, que lhes acarretariam grandes sofrimentos no futuro: aqueles que, capazes embora de receber sem véu a sua palavra, não se lhe submeteriam. Por outro lado, para os que estivessem dispostos a avançar, a caminhar para diante, nenhum inconveniente havia em que os ensinos lhes fossem ministrados veladamente, visto que se esforçariam, como o fizeram os discípulos, por lhes descobrir o sentido oculto e o apreenderiam. Os que, ao contrário, assim não procedessem, por considerarem pesada demais para suas naturezas más a reforma que aqueles ensinos impunham, seriam culpados apenas de indiferença, de não procurarem devassar os mistérios que de pronto não compreendiam.
Dizendo, pois, que não lhes falava senão por parábolas, “para que não se convertessem”, aludia o Mestre aos que, cedendo a um primeiro impulso, tentariam avançar, mas que, detidos bruscamente pelos seus maus instintos, fariam sem demora um recuo, que lhes viria a ser causa de graves expiações, porqüanto, conforme também o disse, “muito será dado ao que já tem; ao passo que àquele que pouco tenha, mesmo esse pouco será tirado”.
Estas palavras significam que aquele que deseja progredir e se esforça por consegui-lo, de todos os lados receberá amparo; enquanto que o outro, o que tem pouco, indiferente ao que lhe foi dado, negligente em guardar o que recebeu, deixará que as más paixões se apossem do seu coração, que os vícios e males, que o oprimirão durante séculos, tomem o lugar das poucas virtudes de cuja posse já desfrutasse.
Antes das revelações feitas por Jesus, o homem, nenhuma idéia clara formando da outra vida, não estava apto a conhecer os “mistérios do reino dos céus, os segredos do reino de Deus”, expressões que compõem uma imagem destinada a materializar, por assim dizer, para a compreensão de homens materiais, a felicidade dos bem-aventurados. Os “mistérios” do reino dos céus, os “segredos” do reino de Deus eram os meios, desconhecidos até então, de chegar-se àquela felicidade.
Jesus veio levantar o véu e esclarecer as inteligências. Porém, apenas uma ponta do véu foi levantada; a “luz” permaneceu velada.
Hoje, a luz já brilha com mais vivo fulgor, porque os Enviados do Senhor ergueram um pouco mais o véu que a encobria, tanto quanto os olhos humanos, tornados mais fortes, o permitiam. O véu, entretanto, só será levantado completamente, quando os homens houverem alcançado alto grau de desenvolvimento moral e intelectual. Só então lhes será facultado conhecerem todos os “mistérios do reino dos céus”, todos os “segredos do reino de Deus”. (Elucidações Evangélicas. Cap. 85. Antônio Luiz Sayão)
A Luz é indispensável à vida material e à vida espiritual. Sem luz não há vida; a vida é luz quer na esfera física, quer na esfera psíquica. Apague-se o Sol, fonte das luzes materiais e o mundo deixará, incontinente, de existir. Esconda-se a luz da sabedoria e da Religião sob o módio da má fé ou do preconceito, e a Humanidade não dará mais um passo, ficará estatelada debatendo-se em trevas.
Assim, pois, tão ridículo é acender uma candeia (1) e colocá-la debaixo da cama, como conceber ou receber um novo conhecimento, uma verdade nova e ocultá-los aos nossos semelhantes. (Parábolas e ensinos de Jesus. Parábola da Candeia. Cairbar Schutel)
É de causar admiração diga Jesus que a luz não deve ser colocada debaixo do alqueire (2), quando ele próprio constantemente oculta o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem todos podem compreender. Ele se explica, dizendo a seus apóstolos: "Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles vêem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi compreender estes mistérios." Procedia, portanto, com o povo, como se faz com crianças cujas idéias ainda se não desenvolveram. Desse modo, indica o verdadeiro sentido da sentença: "Não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, mas sobre o candeeiro, a fim de que todos os que entrem a possam ver." Tal sentença não significa que se deva revelar inconsideradamente todas as coisas. Todo ensinamento deve ser proporcionado à inteligência daquele a quem se queira instruir, porquanto há pessoas a quem uma luz por demais viva deslumbraria, sem as esclarecer.
Dá-se com os homens, em geral, o que se dá em particular com os indivíduos. As gerações têm sua infância, sua juventude e sua maturidade. Cada coisa tem de vir na época própria; a semente lançada à terra, fora da estação, não germina. Mas, o que a prudência manda calar, momentaneamente, cedo ou tarde será descoberto, porque, chegados a certo grau de desenvolvimento, os homens procuram por si mesmos a luz viva; pesa-lhes a obscuridade. Tendo-lhes Deus outorgado a inteligência para compreenderem e se guiarem por entre as coisas da Terra e do céu, eles tratam de raciocinar sobre sua fé. E então que não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, visto que, sem a luz da razão, desfalece a fé. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Item 4. Allan Kardec)
Cada idéia nova, cada progresso, tem que vir na época conveniente. Seria uma insensatez pregar elevados códigos morais a quem ainda se encontrasse em estado de selvageria, tanto quanto querer ministrar regras de álgebra a quem mal dominasse a tabuada.
Essa a razão por que Jesus, tão frequentemente, velava seus ensinos, servindo-se de figuras alegóricas, quando falava aos seus contemporâneos. Eram criaturas demasiado atrasadas para que pudessem compreender certas coisas. Já aos discípulos, em particular, explicava o sentido de muitas dessas alegorias, porque sabia estarem eles preparados para isso. (Parábolas Evangélicas. Cap. 13. Rodolfo Calligaris)
Por que a verdade não foi sempre posta ao alcance de toda gente?
“Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado. Jamais permitiu Deus que o homem recebesse comunicações tão completas e instrutivas como as que hoje lhe são dadas. Havia, como sabeis, na antigüidade alguns indivíduos possuidores do que eles próprios consideravam uma ciência sagrada e da qual faziam mistério para os que, aos seus olhos, eram tidos por profanos. Pelo que conheceis das leis que regem estes fenômenos, deveis compreender que esses indivíduos apenas recebiam algumas verdades esparsas, dentro de um conjunto equívoco e, na maioria dos casos, emblemático. Entretanto, para o estudioso, não há nenhum sistema antigo de filosofia, nenhuma tradição, nenhuma religião, que seja desprezível, pois em tudo há germens de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem fundamento, facilmente coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até agora se vos afiguraram sem razão alguma e cuja realidade está hoje irrecusavelmente demonstrada. Não desprezeis, portanto, os objetos de estudo que esses materiais oferecem. Ricos eles são de tais objetos e podem contribuir grandemente para vossa instrução.” (O Livro dos Espíritos. Questão 628. Allan Kardec)
Se, pois, em sua previdente sabedoria, a Providência só gradualmente revela as verdades, é claro que as desvenda à proporção que a Humanidade se vai mostrando amadurecida para as receber. Ela as mantém de reserva e não sob o alqueire. Os homens, porém, que entram a possuí-las, quase sempre as ocultam do vulgo com o intento de o dominarem. São esses os que, verdadeiramente, colocam a luz debaixo do alqueire. É por isso que todas as religiões têm tido seus mistérios, cujo exame proíbem. Mas, ao passo que essas religiões iam ficando para trás, a Ciência e a inteligência avançaram e romperam o véu misterioso. Havendo-se tornado adulto, o vulgo entendeu de penetrar o fundo das coisas e eliminou de sua fé o que era contrário à observação.
Não podem existir mistérios absolutos e Jesus está com a razão quando diz que nada há secreto que não venha a ser conhecido. Tudo o que se acha oculto será descoberto um dia e o que o homem ainda não pode compreender lhe será sucessivamente desvendado, em mundos mais adiantados, quando se houver purificado. Aqui na Terra, ele ainda se encontra em pleno nevoeiro. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Item 5. Allan Kardec)
No sentido espiritual, que é justamente o em que Jesus falava, todos os que receberam a Luz da sua Doutrina precisam mostrá-la, não a esconderem sob o módio do interesse, nem sob o leito da hipocrisia. Quer seja fraca, média ou forte; ilumine na proporção do azeite, do petróleo, do acetileno ou da eletricidade, o mandamento é: “Que a vossa luz brilhe diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras (que são as irradiações dessa luz) glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus.”
Ter luz e não fazê-la iluminar, é colocá-la sob o módio; é o mesmo que não a ter; e aquele que não a tem e pensa ter, até o que parece ter ser-lhe-á tirado. Ao contrário, “aquele que tem, mais lhe será dado”, isto é, aquele que usa o que tem em proveito próprio e de seus semelhantes, mais lhe será dado. A chama de uma vela não diminui, nem se gasta o seu combustível por acender cem velas; ao passo que estando apagada é preciso que alguém a acenda para aproveitar e fazer aproveitar sua luz. Uma vela acendendo cem velas, aumenta a claridade, ao passo que, apagada, mantém as trevas. E como temos obrigação de zelar, não só por nós como pelos nossos semelhantes, incorremos em grande responsabilidade pelo uso da “medida” que fizemos; se damos
um dedal não podemos receber um alqueire; se uma oitava, não podemos contar com um quilo em restituição, e, se nada damos o que havemos de receber?
A luz não pode permanecer sob o módio, nem debaixo da cama. A candeia, embora matéria inerte, nos ensina o que devemos fazer, para que a Palavra do Cristo permaneça em nós, possamos dar muitos frutos e sejamos seus discípulos. (Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola da Candeia. Cairbar Schutel)
Jesus disse: A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso. Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas.
Se, pois, todo o teu corpo é luminoso, não tendo em trevas parte alguma, todo será luminoso, como quando a candeia te ilumina com o seu resplendor. (Lucas 11:34-36)
O benfeitor Emmanuel assim se expressa a respeito da candeia do corpo: ''Atentemos para o símbolo da candeia. A claridade na lâmpada consome força ou combustível. Sem o sacrifício da energia ou do óleo não há luz. Para nós, aqui, o material de manutenção é a possibilidade, o recurso, a vida. Nossa existência é uma candeia viva. É um erro lamentável despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob a medida de nosso egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal. Coloquemos nossas possibilidades ao dispor dos semelhantes. Ninguém deve amealhar as vantagens da experiência terrestre somente para si. Cada Espírito provisoriamente encarnado, no círculo humano, goza de imensas prerrogativas, quanto à difusão do bem, se persevera na observância do Amor Universal.
Prega, pois, as revelações do Alto, fazendo-as mais formosas e brilhantes em teus lábios; insta com parentes e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis; mas, não olvides que a candeia viva da iluminação espiritual é a perfeita imagem de ti mesmo. Transforma as tuas energias em bondade e compreensão redentoras para toda gente, gastando, para isso, o óleo de tua boa vontade, na renúncia e no sacrifício, e tua vida, em Cristo, passará realmente a brilhar. ''(Fonte Viva. Cap. 81. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Os que tiveram a ventura de conhecer as leis divinas, deverão esforçar-se para que o maior número possível de criaturas as conheçam também. Não espalhar os conhecimentos espirituais é esconder egoisticamente a luz que deveria beneficiar a muitos. Tais médiuns que se afastam do trabalho mediúnico: apagam a luz que em si traziam para clarearem o caminho a irmãos menos evoluídos. (O Evangelho dos Humildes. Cap. 5. Eliseu Rigonatti)
O Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moisés, é conseqüência direta da sua doutrina. À ideia vaga da vida futura, acrescenta a revelação da existência do mundo invisível que nos rodeia e povoa o espaço, e com isso precisa a crença, dá-lhe um corpo, uma consistência, uma realidade à idéia. Define os laços que unem a alma ao corpo e levanta o véu que ocultava aos homens os mistérios do nascimento e da morte. Pelo Espiritismo, o homem sabe donde vem, para onde vai, por que está na Terra, por que sofre temporariamente e vê por toda parte a justiça de Deus. Sabe que a alma progride incessantemente, através de uma série de existências sucessivas, até atingir o grau de perfeição que a aproxima de Deus. Sabe que todas as almas, tendo um mesmo ponto de origem, são criadas iguais, com idêntica aptidão para progredir, em virtude do seu livre arbítrio; que todas são da mesma essência e que não há entre elas diferença, senão quanto ao progresso realizado; que todas têm o mesmo destino e alcançarão a mesma meta, mais ou menos rapidamente, pelo trabalho e boa vontade. (Revista Espírita. Setembro de 1867. Caráter da revelação Espírita. Allan Kardec).
O Espiritismo, hoje, projeta luz sobre uma imensidade de pontos obscuros; não a lança, porém, inconsideradamente. Com admirável prudência se conduzem os Espíritos, ao darem suas instruções. Só gradual e sucessivamente consideraram as diversas partes já conhecidas da Doutrina, deixando as outras partes para serem reveladas à medida que se for tornando oportuno fazê-las sair da obscuridade. Se a houvessem apresentado completa desde o primeiro momento, somente a reduzido número de pessoas se teria ela mostrado acessível; houvera mesmo assustado as que não se achassem preparadas para recebê-la, do que resultaria ficar prejudicada a sua propagação. Se, pois, os Espíritos ainda não dizem tudo ostensivamente, não é porque haja na Doutrina mistérios em que só alguns privilegiados possam penetrar, nem porque eles coloquem a lâmpada debaixo do alqueire; é porque cada coisa tem de vir no momento oportuno. Eles dão a cada idéia tempo para amadurecer e propagar-se, antes que apresentem outra, e aos acontecimentos o de preparar a aceitação dessa outra. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Item 7 Allan Kardec)
A revelação fez-se assim parcialmente em diversos lugares e por uma multidão de intermediários e é dessa maneira que prossegue ainda, pois que nem tudo foi revelado. Cada centro encontra nos outros centros o complemento do que obtém, e foi o conjunto, a coordenação de todos os sistemas parciais que constituíram a Doutrina Espírita. (Revista Espírita. Setembro de 1867. Caráter da revelação Espírita. Allan Kardec).
Penetrará o homem um dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas?
“O véu se levanta a seus olhos, à medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, são-lhe precisas faculdades que ainda não possui” ( O Livro dos Espíritos. Questão 18. Allan Kardec).
Observação (1): Candeia: Utensílio de folha de flandres ou de barro que se usa suspenso da parede ou do velador e em que se coloca azeite ou querosene para alimentar o lume na torcida ou mecha que sai por um bico. (https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=candeia)
Observação (2): A palavra alqueire, citada no texto, é antiga medida de capacidade (13,8 litros para cereais e 8 litros para óleo e líquidos) que servia também para guardar a reserva do óleo destinada a abastecer a candeia. Segundo Jesus, a candeia acesa deve ser colocada no velador, utensílio formado de uma haste de madeira apoiada numa base, tendo na parte superior uma espécie de disco onde se coloca o candeeiro, candeia ou uma vela. (EADE - Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita. Livro II. Roteiro 5. FEB)
Bibliografia:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 24. Itens 4, 5, 6 e 7. Allan Kardec.
- O Livro dos Espíritos. Questão 18 e 628. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Maio de 1858. O orgulho. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Setembro de 1867. Caráter da revelação Espírita. Allan Kardec.
- O Consolador. Questão 290. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Fonte Viva. Cap. 81. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- O Evangelho dos Humildes. Cap. 5. Eliseu Rigonatti.
- Elucidações Evangélicas. Cap. 85. Antônio Luiz Sayão.
- Parábolas e ensinos de Jesus. Parábola da Candeia. Cairbar Schutel.
- Parábolas Evangélicas. Cap. 13. Rodolfo Calligaris.
- Apostila: Dicas Para Estudar O Evangelho . SEMU - Sociedade Espírita Mãos Unidas . Ivan Renê Franzolim.
- EADE - Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita. Livro II. Roteiro 5. FEB.
- Bíblia: Lucas 11:34-36.
- Site: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=candeia. Data da consulta: 12-09-16.