Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 91 - Fora da caridade não há salvação

Ciclo 1 - História:  A pequena felicidade - Atividade: ESE - Cap. 15 - 1 - O que é preciso para ser salvo.

Ciclo 2 - História:  O óbvio -  Atividade: ESE - Cap. 15 - 5 - Fora da Igreja não há salvação. Fora da verdade não há salvação.

Ciclo 3 - História: O grande caminho  -  Atividade: ESE - Cap. 15 - 6 - Fora da caridade não há salvação.

Mocidade  - História: A caridade e a oração  -  Atividade:  11 - Conhecer projetos sociais:  Os adolescentes deverão organizar um "cabide solidário" na rodoviária de sua cidade. Deverá pedir autorização para a prefeitura, e colocar uma espécie de suporte com algumas peças de roupas penduradas nele, utilizando um cartaz: "Quem precisa, pega. Quem pode, doa!".
 

Dinâmicas:  SalvaçãoSalvar-se para ser útilFora da caridade não há salvaçãoO que é caridade ao próximo?

Mensagens espíritas: Salvação.

Sugestão de vídeos: - A caridade - Música Espírita  (Dica: Pesquise no Youtube)

- Música: Fora da caridade não há salvação (Dica: Pesquise no Youtube).

Sugestão de livro infantil:  Espiritismo para crianças. Uma idéia de Maurício. Elfay L. Appollo. Editora O Clarim.

 

Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 25


25.31 E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;


25.32 E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;


25.33 E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.


25.34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;


25.35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;


25.36 Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.


25.37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?


25.38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?


25.39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?


25.40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.


25.41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;


25.42 Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;


25.43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.


25.44 Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?


25.45 Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.


25.46 E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.


 

1 João - Capítulo 1


1.7  Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. 


 

Romanos - Capítulo 5


5.8 Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.


5.9 Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por meio dele!


 

1 Timóteo - Capítulo 1


1.15 Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.


 

Hebreus - Capítulo 5


5.9 E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem; (Hebreus 5:9)


 

2 Coríntios - Capítulo 6


6.2 Eis agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o dia da salvação.


 

Tiago - Capítulo 2


2.14 Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? porventura a fé pode salvá-lo?


 

Tópicos a serem abordados:

- Quando Jesus disse: ''Colocará as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.'', quis fazer uma comparação entre aqueles que praticaram a caridade com aqueles que não a fizeram. Traz a idéia da felicidade reservada ao justo e da infelicidade que espera o mau.  Em outras palavras: Passai à direita, vós que auxiliastes os vossos irmãos; passai à esquerda, vós que fostes duros para com eles.

- Neste julgamento supremo, não questiona qual foi a sua crença, apenas analisa se a caridade foi praticada. Portanto,  considera a caridade como condição única para a salvação. Ela é colocada em primeiro lugar, pois abrange todas as outras virtudes: a humildade, a paciência, a bondade, a indulgência (perdão), a justiça, etc.   A pessoa caridosa é paciente, é bondosa, é honesta e trabalhadora;  ama a justiça e a verdade. Não tem inveja de ninguém; não prejudica ao seu próximo; não é egoísta e não tem orgulho, nem vaidades. Faz aos outros somente aquilo que desejaria que os outros lhe fizessem.

-  Conquistar a salvação, não significa alcançar a santidade e a intimidade maior com Deus . Conseguir salvar-se, significa  ''livrar de ruína ou perigo, conservar, defender, abrigar” . Temos o costume de dizer: - Um doente foi salvo da morte... O barco foi salvo... . Salvos para que? Logicamente, para continuarem trabalhando ou sendo úteis.  Salvar-se, pois, não será subir ao Céu, mas sim converter-se ao trabalho incessante do bem.

- Quando se diz: ''Fora da caridade não há salvação''. A palavra caridade significa amor ao próximo: consiste em fazer o bem e evitar o mal. E o termo salvação, vale por  ‘reparação’, ‘restauração’, ‘renovação’... Salvar é, portanto, iluminar, ajudar, enobrecer, isto é, tornar-se melhor, elevando-se a passos mais altos de evolução. Se não praticarmos o amor uns pelos outros, não seremos salvos das complicações e problemas criados por nós mesmos, a fim de prosseguirmos em paz, para construção da felicidade que desejamos.

- Jesus é o mensageiro divino enviado aos homens para ensinar-lhes a verdade, e, por ela, o caminho da salvação. O Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a renovação moral do homem espiritual. Portanto, para sermos salvos, não basta frequentar um templo religioso, é necessário corrigir-se dos erros e esforçar-se na prática do bem.

- A máxima - Fora da caridade não há salvação - apóia-se no princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Através desta norma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros. Esse princípio universal, possibilita que todos os filhos de Deus tenham o acesso à felicidade suprema através da prática da caridade.

- O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo a salvação para todos, independente de qualquer crença, desde que a lei de Deus seja observada, não diz: ''Fora do Espiritismo não há salvação''. Entretanto, o conhecimento que a Doutrina nos fornece, ajudando-nos a compreender os ensinos do Cristo e  a perceber a necessidade de melhorar-se, facilita enormemente a salvação.

 

Perguntas para fixação:

1.  Quem representa os bodes no ensino dito por Jesus?

2. E quem representa as ovelhas?

3. O que é considerado como condição única para salvação?

4. O que é a caridade?

5. Qual é o significado da palavra salvação, no contexto religioso?

6. Quem foi o mensageiro que veio nos ensinar o caminho para salvação?

7. Qual é o nome do livro que contém os ensinos necessários para renovação moral do homem?

8. É possível obter a salvação através de qualquer crença, desde que a lei de Deus seja observada?

9. Por que o Espiritismo facilita obter a salvação?

 

Subsídio para o Evangelizador:

         No quadro que traçou do juízo final, deve-se, como em muitas outras coisas, separar o que é apenas figura, alegoria. A homens como os a quem falava, ainda incapazes de compreender as questões puramente espirituais, tinha ele de apresentar imagens materiais chocantes e próprias a impressionar. Para melhor apreenderem o que dizia, tinha mesmo de não se afastar muito das idéias correntes, quanto à forma, reservando sempre ao porvir a verdadeira interpretação de suas palavras e dos pontos sobre os quais não podia explicar-se claramente. Mas, ao lado da parte acessória ou figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade reservada ao justo e da infelicidade que espera o mau. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 15. Item 3. Allan Kardec).

            Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores. Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha figurada por estas palavras sobre o juízo final: «Os bons passarão à minha direita e os maus à minha esquerda.» (À Gênese. Cap. 17. Item 63. Allan Kardec)

            Naquele julgamento supremo, quais os considerandos da sentença? Sobre que se baseia o libelo? Pergunta, porventura, o juiz se o inquirido preencheu tal ou qual formalidade, se observou mais ou menos tal ou qual prática exterior? Não; inquire tão-somente de uma coisa: se a caridade foi praticada, e se pronuncia assim: Passai à direita, vós que assististes os vossos irmãos; passai à esquerda, vós que fostes duros para com eles. Informa-se, por acaso, da ortodoxia da fé? Faz qualquer distinção entre o que crê de um modo e o que crê de outro'? Não, pois Jesus coloca o samaritano, considerado herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade. Não considera, portanto, a caridade apenas como uma das condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e porque é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 15. Item 3. Allan Kardec).

            Salvar, em sinonímia correta, não é divinizar, projetar ao Céu, conferir santidade a alguém através de magia sublimatória ou fornecer passaporte para a intimidade com Deus.

             Salvar, em legítima significação, é “livrar de ruína ou perigo, conservar, defender, abrigar” e nenhum desses termos exime a pessoa da responsabilidade de se conduzir e melhorar-se.

             Navio salvo de risco iminente não está exonerado da viagem, na qual enfrentará naturalmente perigos novos, e doente salvo da morte não se forra ao imperativo de continuar nas tarefas da existência, sobrepujando percalços e tentações.

            O Evangelho não deixa dúvidas quanto a isso. Pedro, salvo da indecisão, é impelido a sustentar-se em trabalho até a senectude das forças físicas. Paulo, salvo da crueldade, é constrangido a esforço máximo, na própria renovação, até o último sacrifício.

            (...)Reconheçamos com o apóstolo (Paulo) que “o tempo sobremodo oportuno” para a salvação ou, melhor, para a corrigenda de nossos erros e aproveitamento da nossa vida, chama-se “agora”. (Palavras de vida eterna. Conceito de salvação. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

            Como entender a salvação da alma e como conquista-la?

            -Dentro das claridades espirituais que o Consolador vem espalhando nos bastidores religiosos e filosóficos do mundo de si mesma, a caminho das mais elevadas aquisições e realizações no Infinito. Considerando esse aspecto real do problema de “salvação da alma”, somos compelidos a reconhecer que, se a Providência Divina movimentou todos os recursos indispensáveis ao progresso material do homem físico na Terra, o Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem espiritual, em marcha para o amor e sabedoria universais.

            -Jesus é o Modelo Supremo.

            O Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado na Terra para os planos superiores do Ilimitado. De sua aplicação decorre a luz do espírito.

            No turbilhão das tarefas de cada dia, lembrai a afirmativa do Senhor: - “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Se vos cercam as tentações de autoridade e poder, de fortuna e inteligência, recordai ainda as suas palavras: - “Ninguém pode ir ao Pai senão por mim”. E se vos sentis tocados pelo sopro frio da adversidade e da dor, se estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai ouvi-lo sempre no imo dalma: - “Quem deseje encontrar o Reino de Deus tome a sua cruz e siga os meus passos”. (O Consolador. Questão 225. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

            Segundo o Espírito André Luiz, salvação significa : '' Libertação e preservação do espírito contra o perigo de maiores males, no próprio caminho, a fim de que se confie à construção da própria felicidade, nos domínios do bem, elevando-se a passos mais altos de evolução. (Livro: O Espírito da Verdade. Espírito André Luiz. Chico Xavier e Waldo Vieira)

     A salvação é contínuo trabalho de renovação e de aprimoramento. (No Mundo Maior. Cap. 15. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

            Salvar-se, pois, não será subir ao Céu com as alparcas do favoritismo religioso, mas sim converter-se ao trabalho incessante do bem, para que o mal se extinga no mundo.

             Salvou-nos o Cristo ensinando-nos como erguer-nos da treva para a luz.

             Salvar é, portanto, levantar, iluminar, ajudar e enobrecer, e salvar-se é educar-se alguém para educar os outros. (Palavras de vida eterna. Salvar-se. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

             Dizem que Deus enviou o Cristo, seu filho, para salvar os homens, provando-lhes com isso o seu amor. Como se explica, entretanto, que os deixasse depois em abandono?

            Não há dúvida de que Jesus é o mensageiro divino enviado aos homens para ensinar -lhes a verdade, e, por ela, o caminho da salvação; mas contai — e somente após a sua vinda — quantos não puderam ouvir-lhe a palavra da verdade, quantos morreram e morrerão sem conhecê-la, quantos, finalmente, dos que a conhecem, a põem em prática. Então, por que não lhes enviar Deus, sempre solícito na salvação de suas criaturas, outros mensageiros, que, baixando a todas as terras, entre grandes e pequenos, ignorantes e sábios, crédulos e cépticos, venham ensinar a verdade aos que a desconhecem, torná-la compreensível aos que não a compreendem, e suprir, enfim, pelo seu ensino  direto e múltiplo , a insuficiência na propagação do Evangelho, abreviando o evento do reinado divino? Mas eis que chegam esses mensageiros em hostes inumeráveis, abrindo os olhos aos cegos, convertendo os ímpios, curando os enfermos, consolando os aflitos, a exemplo de Jesus! Que fazeis vós, e como os recebeis vós? Ah! vós os repudiais, repelis o bem que fazem e clamais: são demônios!

            (...) Pois bem: agora, Deus, em sua misericórdia, envia os Espíritos a confirmá-la, a completá-la, a difundi-la por todos e em toda a Terra — a santa palavra de Jesus. E o grande caso é que os Espíritos não estão encarnados num só homem cuja voz fora limitada: eles são inumeráveis, andam por toda parte e não podem ser tolhidos. Também por isso, o seu ensino se amplia com a rapidez do raio; e porque falam ao coração e à razão, são pelos humildes mais compreendidos.  (O céu e o Inferno. Primeira parte. Cap. 10. Item 18. Allan Kardec).

            Com certeza não é só o Espiritismo que nos assegura tão auspicioso resultado, nem ele tem a pretensão de ser o meio exclusivo, a garantia única de salvação para as almas. Força é confessar, porém, que pelos conhecimentos que fornece, pelos sentimentos que inspira, como pelas disposições em que coloca o Espírito, fazendo-lhe compreender a necessidade de melhorar-se, facilita enormemente a salvação. Ele dá a mais, e a cada um, os meios de auxiliar o desprendimento doutros Espíritos ao deixarem o invólucro material, abreviando-lhes a perturbação pela evocação e pela prece. Pela prece sincera, que é uma magnetização espiritual, provoca-se a desagregação mais rápida do fluido perispiritual; pela evocação conduzida com sabedoria e prudência, com palavras de benevolência e conforto, combate-se o entorpecimento do Espírito, ajudando-o a reconhecer-se mais cedo, e, se é sofredor, incute-se-lhe o arrependimento — único meio de abreviar seus sofrimentos. (O Céu e o inferno. Segunda Parte. Cap. 1. Item 15. Allan Kardec).

             Se esta crença fosse indispensável à salvação dos homens, que seria daqueles que, desde o começo do mundo, não tiveram possibilidade de possuí-la, bem como daqueles que, durante ainda muito tempo, morrerão sem tê-la? Poderá Deus cerrar-lhes as portas do futuro?

            Não; os Espíritos que nos instruem não são assim tão pouco lógicos; eles nos dizem: Deus é soberanamente justo e bom, não faz a sorte futura do homem subordinar-se a condições alheias à vontade deste; eles não nos pregam que fora do Espiritismo não possa haver salvação, mas sim como o Cristo: Fora da caridade não há salvação . (O que é o Espiritismo. Cap. 1. Terceiro diálogo. O padre. Allan Kardec)

            Certa vez, um visitante pergunta a Chico Xavier:
            - Chico, eu sou católico. Alguns amigos querem que eu me torne espírita. O que você me diz?
            R - Abrace a religião que te deixe tranquilo e feliz. É melhor ser um bom católico que um mau espírita. ( Chico Xavier, Apóstolo do Brasil. Eurípedes Higino)

            Existem ainda hoje na Terra milhares, milhões de homens que vivem fora das igrejas cristãs, na ignorância das suas leis, privados desse ensino, sem cuja observância, dizem, “não há salvação”. Que pensar de opiniões tão opostas aos verdadeiros princípios de amor e justiça que regem os mundos?

            Não, a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo. Das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, desceu o Cristo às nossas obscuras e tormentosas regiões, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: tal o seu sacrifício. A efusão de amor em que envolve os homens, sua identificação com eles, nas alegrias como nos sofrimentos, constituem a redenção que nos oferece e que somos livres de aceitar. Outros, antes dele, haviam induzido os povos ao caminho do bem e da verdade. Nenhum o fizera com a singular doçura, com a ternura penetrante que caracteriza o ensino de Jesus. Nenhum soube, como ele, ensinar a amar as virtudes modestas e escondidas. Nisso reside o poder, a grandeza moral do Evangelho, o elemento vital do Cristianismo, que sucumbe ao peso dos estranhos dogmas de que o cumularam. (Cristianismo e Espiritismo. Cap. 7. León Denis)

            Numa entrevista, Vitório Micheletti faz a seguinte pergunta: O nosso irmão Chico Xavier, do qual eu sou grande admirador, afirmou que a única salvação, a nossa salvação, é Jesus Cristo. Eu sou cristão. No entretanto, eu perguntaria a ele e, aqui presente, reconheço a presença de muitas pessoas que não são cristãs, são de várias religiões, aqueles do mundo, da humanidade, que não são cristãos, então, não alcançarão a salvação? Assim como por exemplo milhões de chineses e outros tantos? A salvação está só em Jesus Cristo?

            Chico Xavier responde: - Há tempos uma senhora nos procurou e alegou que o esposo não tinha religião, que era um homem reto e bom, mas na condição de companheira dele ela sentia falta da religião no marido e pedia ao nosso Emmanuel que se externasse com respeito ao assunto, já que ela desejava fosse o marido portador da fé cristã. Então disse o nosso Emmanuel que a Providência Divina tem pressa de que o homem seja bom, mas acreditar, isso fica para quando o homem possa realizar em si mesmo o campo da sua própria fé. Deus é pai de misericórdia. Não deserda filho algum e nós precisamos adaptar a nossa fé cristã às dimensões do mundo de hoje, em que nós todos nos aceitamos como filhos de Deus, para termos uma vida de respeito recíproco. Temos as nossas ideias dispares, os nossos pontos-de-vista diferentes, mas no fundo somos todos filhos de Deus e o conceito de salvação, também, sem qualquer ofensa aos nossos pontos-de-vista tradicionais em religião, o conceito de salvação sofre no mundo de hoje uma certa diferença. Quando nós dizemos: O navio foi salvo. Foi socorrido e foi salvo. A casa foi salva do incêndio pelo Corpo de Bombeiros. A casa foi salva para ser novamente habitada. O navio foi salvo para trabalhar. A salvação quer dizer reequilíbrio, reestruturação da nossa vida em Cristo Jesus, para que nós possamos servir a Cristo, servindo-nos uns aos outros. Agora, o Senhor naturalmente que não tem os pensamentos de crítica nem de vingança contra nós, quando nós não possamos ter uma fé. Se nós nos amarmos nós teremos realizado o prodígio da felicidade humana, com a benção dele. E amando-nos nós vamos descobri-lo em nós mesmos. (Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo . Entrevistas. Emmanuel)

            Chico Xavier nos explica como poderíamos entender a frase: Fora da Caridade não há salvação.  "(...) Creio que, tanto na palavra do apóstolo Paulo quanto na expressão de Allan Kardec, o aforismo ‘Fora da caridade não há salvação’ ficará mais claramente colocado, em linguagem de todos os tempos, nos termos: ‘Fora do amor não há salvação’. Nosso caro Emmanuel muitas vezes nos diz que este conceito de ‘salvação’, na sentença mencionada, vale por ‘reparação’, ‘restauração’, ‘refazimento’... A propósito, habituamo-nos a dizer, com referência a um navio que superou diversos riscos: ‘O barco foi salvo’... Ou de homem que se livrou de um incêndio: ‘O companheiro foi salvo do fogo’... Salvos para que? Logicamente, para continuarem trabalhando ou sendo úteis. Nesta interpretação justa e salutar, reconhecemos que, fora da prática do amor uns pelos outros, não seremos salvos das complicações e problemas criados por nós mesmos, a fim de prosseguirmos em paz, servindo-nos reciprocamente na construção da felicidade que almejamos." (O Evangelho de Chico Xavier. Item 23; Carlos A. Bacceli).

            Caridade e humildade, tal a senda única da salvação. Egoísmo e orgulho, tal a da perdição. Este princípio se acha formulado nos seguintes precisos termos: "Amarás a Deus de toda a tua alma e a teu próximo como a ti mesmo; toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos." E, para que não haja equívoco sobre a interpretação do amor de Deus e do próximo, acrescenta: “E aqui está o segundo mandamento que é semelhante ao primeiro” , isto é, que não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo, nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o próximo o mesmo é que fazê-lo contra Deus. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se resumem nesta máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 15. Item 5. Allan Kardec)

            Enquanto a máxima - Fora da caridade não há salvação - assenta num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à suprema felicidade, o dogma - Fora da Igreja, não há salvação - se estriba, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, porém numa fé especial, em dogmas particulares; é exclusivo e absoluto. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre sectários dos diferentes cultos que reciprocamente se consideram malditos na eternidade, embora sejam parentes e amigos esses sectários. Desprezando a grande lei de igualdade perante o túmulo, ele os afasta uns dos outros, até no campo do repouso. A máxima - Fora da caridade não há salvação consagra o princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros. Com o dogma - Fora da Igreja não há salvação, anatematizam-se e se perseguem reciprocamente, vivem como inimigos; o pai não pede pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que mutuamente se consideram condenados sem remissão. É, pois, um dogma essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.

             Fora da verdade não há salvação eqüivaleria ao Fora da Igreja não há salvação e seria igualmente exclusivo, porquanto nenhuma seita existe que não pretenda ter o privilégio da verdade. Que homem se pode vangloriar de a possuir integral, quando o âmbito dos conhecimentos incessantemente se alarga e todos os dias se retificam as idéias? A verdade absoluta é patrimônio unicamente de Espíritos da categoria mais elevada e a Humanidade terrena não poderia pretender possuí-la, porque não lhe é dado saber tudo. Ela somente pode aspirar a uma verdade relativa e proporcionada ao seu adiantamento. Se Deus houvera feito da posse da verdade absoluta condição expressa da felicidade futura, teria proferido uma sentença de proscrição geral, ao passo que a caridade, mesmo na sua mais ampla acepção, podem todos praticá-la. O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo a salvação para todos, independente de qualquer crença, contanto que a lei de Deus seja observada, não diz: Fora do Espiritismo não há salvação; e, como não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz: Fora da verdade não há salvação, pois que esta máxima separaria em lugar de unir e perpetuaria os antagonismos. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 15. Item 8 e 9. Allan Kardec)

             Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos de meu Pai. Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará. Dedicai-vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o sentido profundo e as conseqüências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todas as aplicações. Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação.

            Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 15. Item 10 . Paulo, o apóstolo. Paris, 1860. Allan Kardec)

 

Bibliografia:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 15. Itens 3, 5, 8, 9 e 10. Allan Kardec.

- O céu e o Inferno. Primeira parte: Cap. 10, item 18. Segunda Parte: Cap. 1, item 15. Allan Kardec.

- O que é o Espiritismo. Cap. 1. Terceiro diálogo. O padre. Allan Kardec.

- Palavras de vida eterna. Conceito de salvação. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- O Consolador. Questão 225. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo . Entrevistas. Emmanuel.

- Livro: O Espírito da Verdade. Espírito André Luiz. Chico Xavier e Waldo Vieira.

- Chico Xavier, Apóstolo do Brasil. Eurípedes Higino.

- Cristianismo e Espiritismo. Cap. 7. León Denis.

- O Evangelho de Chico Xavier. Item 23; Carlos A. Bacceli.

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