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Aula 79 - Desigualdade de riquezas - Jesus na casa de Zaqueu
Ciclo 1 - História: Zico - Atividade: ESE - Cap. 16 - 4 - Jesus em casa de Zaqueu.
Ciclo 2 - História: A surpresa do rei - Atividade: ESE - Cap. 16 - 8 - Desigualdade das riquezas ou/e LE - L3 - Cap. 9 - 3 - Desigualdades sociais.
Ciclo 3 - História: A casca de banana - Atividade: LE - L3 - Cap. 9 - 4 - Desigualdade de riquezas e/ou desenhar a cena em que Zaqueu sobe em cima da árvore para ver Jesus.
Mocidade - História: Posições - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Desigualdade social.
Dinâmica: Desigualdade de riquezas; Riqueza e pobreza.
Mensagens espíritas: Desigualdade.
Sugestão de vídeo: - Zaqueu o cobrador de impostos Desenhos Evangelicos. (Dica: pesquise no Youtube)
Sugestão de livro infantil: - A visita do amor. A história de Zaqueu. Adeilson S. Salles. FEB.
Leitura da Bíblia: Lucas - Capítulo 19
19.1 E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando.
19.2 E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico.
19.3 E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura.
19.4 E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali.
19.5 E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.
19.6 E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente.
19.7 E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador.
19.8 E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.
19.9 E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
19.10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
Tópicos a serem abordados:
- A desigualdade social, chamada muitas vezes de desigualdade econômica ou de riquezas, é um problema presente em todos os países do mundo, decorrente da má distribuição de renda.
- Então muitos costumam perguntar: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e trabalhadores para adquirir, nem moderados e prudentes para conservar. E, alias, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos talentos e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria a destruição de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade. Pois se cada um tivesse o necessário, não haveria estímulo para realizar grandes descobertas científicas e tecnológicas. Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.
- A riqueza é uma prova difícil, um meio de experimentar os homens moralmente. Cada um tem de possuí-la para demonstrar que uso sabe fazer dela. Sendo, no entanto, materialmente impossível que todos a possuam ao mesmo tempo, e acontecendo, além disso, que, se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, com o que o melhoramento do planeta ficaria comprometido. Assim, aquele que não possui a riqueza hoje, já a teve ou terá noutra existência; outro, que agora a tem, talvez não na tenha amanhã. Todos somos iguais perante Deus. Nosso pai celestial é justo e não concede privilégios, cada espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.
- A riqueza , portanto, não é um mal em si mesma. É boa ou má, segundo o uso que dela se faz. Deus não condena a riqueza e ninguém é condenado, por ser rico. O que Deus condena é o mau uso que se faz da fortuna.
- Há certas almas que se entregam ao mal apenas porque não foram despertadas para o bem. Zaqueu era uma dessas almas. Chefe dos publicanos, arrecadador de impostos, enriquecera de modo ilegal , mas depois de alguns anos ele procurou empregar o dinheiro de modo que beneficiava a todos que lhe rodeavam a vida. Ao encontrar o Mestre Jesus , ele lhe disse: — Senhor, distribuo aos pobres a metade dos meus haveres; e se lesei a alguém, seja no que for, restituo-lhe quadruplicado. Não diz: distribuirei, hei-de restituir, mas sim: distribuo, restituo, o que caracteriza bem a realidade de sua transformação moral. E isso ele o fez bem publicamente, penitenciando-se num gesto de humildade perfeita, como poucas vezes se descreve nos Evangelhos.
- Todos deveriam seguir o exemplo de Zaqueu, pois, enquanto não prepararmos a morada de nossos corações, para nela recebermos a visita do Cristo; enquanto nossa consciência não se iluminar com sua presença, e não nos disponhamos a reparar todo o mal que houvermos feito aos nossos irmãos, não seremos salvos, a fim de prosseguirmos em paz.
- Felizes aqueles que repartem os seus bens com os pobres; mas, bem aventurados também são aqueles que servem a Deus com as riquezas que lhes foram confiadas, dando oportunidade de trabalho àqueles que estão desempregados.
Perguntas para fixação:
1. O que é a desigualdade de riquezas?
2. Por que os homens não podem ser todos ricos?
3. A riqueza é algo ruim?
4. Como deve ser utilizada a riqueza?
5. Qual era a profissão de Zaqueu?
6. Por que Zaqueu era visto como pecador?
7. Em que momento se percebe a transformação moral de Zaqueu?
8. O que é preciso fazer para ser salvo?
Subsídio para o Evangelizador:
A desigualdade social, chamada muitas vezes de desigualdade econômica, é um problema social presente em todos os países do mundo, decorrente da má distribuição de renda e, ademais, pela falta de investimento na área social.
No geral, a desigualdade social ocorre, nos países chamados subdesenvolvidos ou não desenvolvidos, mediante falta de uma educação de qualidade, de melhores oportunidades no mercado de trabalho, e também da dificuldade de acesso aos bens culturais, históricos pela maior parte da população. (https://www.todamateria.com.br/desigualdade-social/)
As questões sociais preocupam vivamente nossa época. Percebe-se que os progressos da civilização, o crescimento enorme do poder produtivo e da riqueza, o desenvolvimento da instrução não têm podido extinguir o pauperismo, nem curar os males do maior número. Entretanto, os sentimentos generosos e humanitários não foram extintos. No coração das multidões aninham-se instintivas aspirações para a justiça, como o sentimento vago de uma sociedade melhor. Compreende-se, geralmente, que uma repartição mais equitativa dos bens da vida é necessária. Daí, mil teorias, mil sistemas diversos, tendendo a melhorar a situação das classes pobres, a assegurar a cada um, pelo menos, o estritamente necessário.
Mas a aplicação desses sistemas exige da parte de uns, muita paciência e habilidade, da parte de outros um espírito de abnegação que faz, muitas vezes, falta. Ao invés dessa mútua benevolência que, aproximando os homens, lhes permitiria estudar em conjunto e resolver os mais graves problemas, é com violência e a ameaça na boca que o proletário reclama seu lugar no banquete social; é com amargor que o rico confina-se no seu egoísmo e recusa-se a abandonar aos famintos as menores migalhas da sua fortuna. Assim, um fosso se abre, e os mal-entendidos, as cobiças, os ódios acumulam-se dia a dia. (Depois da morte. Cap. 55. Leon Denis).
A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. E, alias, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade; que, admitido desse ela a cada um o necessário, já não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.
Admitido isso, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos. Ainda aí está uma prova da sabedoria e da bondade de Deus. Dando-lhe o livre-arbítrio, quis ele que o homem chegasse, por experiência própria, a distinguir o bem do mal e que a prática do primeiro resultasse de seus esforços e da sua vontade. Não deve o homem ser conduzido fatalmente ao bem, nem ao mal, sem o que não mais fora senão instrumento passivo e irresponsável como os animais. A riqueza é um meio de o experimentar moralmente. Mas, como, ao mesmo tempo, é poderoso meio de ação para o progresso, não quer Deus que ela permaneça longo tempo improdutiva, pelo que incessantemente a desloca. Cada um tem de possuí-la, para se exercitar em utilizá-la e demonstrar que uso sabe fazer dela. Sendo, no entanto, materialmente impossível que todos a possuam ao mesmo tempo, e acontecendo, além disso, que, se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, com o que o melhoramento do planeta ficaria comprometido, cada um a possui por sua vez. Assim, um que não na tem hoje, já a teve ou terá noutra existência; outro, que agora a tem, talvez não na tenha amanhã. Há ricos e pobres, porque sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16. item 8. Allan Kardec)
Sem a preexistência da alma, o homem é induzido a acreditar que Deus, dado creia em Deus, lhe conferiu vantagens excepcionais; quando não crê em Deus, rende graças ao acaso e ao seu próprio mérito. Iniciando-o na vida anterior da alma, a preexistência lhe ensina a distinguir, da vida corporal, transitória, a vida espiritual, infinita; ele fica sabendo que as almas saem todas iguais das mãos do Criador; que todas têm o mesmo ponto de partida e a mesma finalidade, que todas hão de alcançar, em mais ou menos tempo, conforme os esforços que empreguem; que ele próprio não chegou a ser o que é, senão depois de haver, por longo tempo e penosamente, vegetado, como os outros, nos degraus inferiores da evolução; que, entre os mais atrasados e os mais adiantados, não há senão uma questão de tempo; que as vantagens do nascimento são puramente corpóreas e independem do Espírito; que o simples proletário pode, noutra existência, nascer num trono e o maior potentado renascer proletário.
Se levar em conta unicamente a vida planetária, ele vê apenas as desigualdades sociais do momento, que são as que o impressionam; se, porém, deitar os olhos sobre o conjunto da vida do Espírito, sobre o passado e o futuro, desde o ponto de partida até o de chegada, aquelas desigualdades se somem e ele reconhece que Deus nenhuma vantagem concedeu a qualquer de seus filhos em prejuízo dos outros; que deu parte igual a todos e não aplanou o caminho mais para uns do que para outros; que o que se apresenta menos adiantado do que ele na Terra pode tomar-lhe a dianteira, se trabalhar mais do que ele por aperfeiçoar-se; reconhecerá, finalmente, que, nenhum chegando ao termo senão por seus esforços, o princípio da igualdade é um princípio de justiça e uma lei da Natureza, perante a qual cai o orgulho do privilégio. (Revista Espírita. Julho de 1869. O Egoísmo e o orgulho. Allan Kardec).
A desigualdade das riquezas não se originará da das faculdades, em virtude da qual uns dispõem de mais meios de adquirir bens do que outros?
Sim e não. Da velhacaria e do roubo, que dizeis?
a) - Mas, a riqueza herdada, essa não é fruto de paixões más.
Que sabes a esse respeito? Busca a fonte de tal riqueza e verás que nem sempre é pura. Sabes, porventura, se não se originou de uma espoliação ou de uma injustiça? Mesmo, porém, sem falar da origem, que pode ser má, acreditas que a cobiça da riqueza, ainda quando bem adquirida, os desejos secretos de possuí-la o mais depressa possível, sejam sentimentos louváveis? Isso o que Deus julga e eu te asseguro que o Seu juízo é mais severo que o dos homens. (O Livro dos Espíritos. Questão 808, 808-a. Allan Kardec).
Aos que, mais tarde, herdam uma riqueza inicialmente mal adquirida, alguma responsabilidade cabe por esse fato?
É fora de dúvida que não são responsáveis pelo mal que outros hajam feito, sobretudo se o ignoram, como é possível que aconteça. Mas, fica sabendo que, muitas vezes, a riqueza só vem ter às mãos de um homem, para lhe proporcionar ensejo de reparar uma injustiça. Feliz dele, se assim o compreende! Se a fizer em nome daquele que cometeu a injustiça, a ambos será a reparação levada em conta, porquanto, não raro, é este último quem a provoca. (O Livro dos Espíritos. Questão 809. Allan Kardec)
Sem quebra da legalidade, quem quer que seja pode dispor de seus bens de modo mais ou menos eqüitativo. Aquele que assim proceder será responsável, depois da morte, pelas disposições que haja tomado?
Toda ação produz seus frutos; doces são os das boas ações, amargos sempre os das outras. Sempre, entendei-o bem. (O Livro dos Espíritos. Questão 810. Allan Kardec)
Deploram-se, com razão, o péssimo uso que alguns fazem das suas riquezas, as ignóbeis paixões que a cobiça provoca, e pergunta-se: Deus será justo, dando-as a tais criaturas? E exato que, se o homem só tivesse uma única existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens da Terra; se, entretanto, não tivermos em vista apenas a vida atual e, ao contrário, considerarmos o conjunto das existências, veremos que tudo se equilibra com justiça. Carece, pois, o pobre de motivo assim para acusar a Providência, como para invejar os ricos e estes para se glorificarem do que possuem. Se abusam, não será com decretos ou leis suntuárias que se remediará o mal. As leis podem, de momento, mudar o exterior, mas não logram mudar o coração; daí vem serem elas de duração efêmera e quase sempre seguidas de uma reação mais desenfreada. A origem do mal reside no egoísmo e no orgulho: os abusos de toda espécie cessarão quando os homens se regerem pela lei da caridade. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16. Item 8. Allan Kardec)
Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?
Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.
Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade.Que pensais a respeito?
São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja. Não compreendem que a igualdade com que sonham seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras. (O Livro dos Espíritos. Questão 811, 811-a. Allan Kardec)
Dentre os sistemas preconizados pelos socialistas para conduzir uma organização prática do trabalho e uma sábia repartição dos bens materiais, os mais conhecidos são a cooperação, a associação operária; há alguns que vão mesmo até o comunismo. Até aqui, a aplicação parcial desses sistemas não produziu no nosso país senão resultados insignificantes. É verdade que para viverem associados, para participar de uma obra na qual interesses numerosos unem-se e se fundem, seriam necessárias qualidades que se tornaram raras.
A causa do mal e o remédio não estão onde se procura com mais frequência. É em vão que se esforça para criar combinações engenhosas. Os sistemas sucedem a sistemas, as instituições dão lugar às instituições, mas o homem permanece infeliz porque se conserva mau. A causa do mal está em nós, nas nossas paixões, nos nossos erros. Eis o que é preciso transformar. Para melhorar a sociedade, é preciso melhorar o indivíduo. Para isso, o conhecimento das leis superiores de progresso e de solidariedade, a revelação da nossa natureza e dos nossos destinos são necessários, e esses conhecimentos, só a filosofia dos espíritos pode dá-los. (Depois da morte. Cap. 55. Léon Denis)
Segundo o Espírito Emmanuel, ''Em tese, as classes existiram e existirão sempre. O que, porém, deve preocupar os sociólogos modernos é estabelecer a solidariedade entre elas, a conciliação de seus interesses, a multiplicação urgente das leis de assistência social, únicas alavancas mantenedoras da ordem.'' (Palavras do infinito. 3º parte. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
A concepção igualitária absoluta é um erro grave dos sociólogos, em qualquer departamento da vida. A tirania política poderá tentar uma imposição nesse sentido, mas não passará das espetaculosas uniformizações simbólicas para efeitos exteriores, porquanto o verdadeiro valor de um homem está no seu íntimo, onde cada espírito tem sua posição definida pelo próprio esforço.
Nessa questão existe uma igualdade absoluta de direitos dos homens perante Deus, que concede a todos os seus filhos uma oportunidade igual nos tesouros inapreciáveis do tempo. Esses direitos são os da conquista da sabedoria e do amor, através da vida, pelo cumprimento do sagrado dever do trabalho e do esforço individual. Eis por que cada criatura terá o seu mapa de méritos nas sendas evolutivas, constituindo essa situação, nas lutas planetárias, um a grandiosa progressiva em matéria de raciocínios e sentimento, em que se elevará naturalmente todo aquele que mobilizar as possibilidades concedidas à sua existência para o trabalho edificante da iluminação de si mesmo, nas sagradas expressões do esforço individual. ( O Consolador. Questão 56. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Por não ser possível a igualdade das riquezas, o mesmo se dará com o bem estar?
Não, mas o bem-estar é relativo e todos poderiam dele gozar, se entendessem convenientemente, porque o verdadeiro bem-estar consiste em cada um empregar o seu tempo como lhe apraza e não na execução de trabalhos pelos quais nenhum gosto sente. Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. Em tudo existe o equilíbrio; o homem é quem o perturba.
Será possível que todos se entendam?
Os homens se entenderão quando praticarem a lei de justiça.” (O Livro dos Espíritos. Questão 812, 812-a. Allan Kardec)
É lei da Natureza a desigualdade das condições sociais?
Não; é obra do homem e não de Deus.
Algum dia essa desigualdade desaparecerá?
Eternas somente as leis de Deus o são. Não vês que dia da dia ela gradualmente se apaga? Desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do merecimento. Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro. Só o Espírito é mais ou menos puro e isso não depende da posição social.(O Livro dos Espíritos. Questão 806. Allan Kardec)
Que se deve pensar dos que abusam da superioridade de suas posições sociais, para, em proveito próprio, oprimir os fracos?
Merecem anátema! Ai deles! Serão, a seu turno, oprimidos: renascerão numa existência em que terão de sofrer tudo o que tiverem feito sofrer aos outros. (O Livro dos Espíritos. Questão 807. Allan Kardec)
A desigualdade verificada entre as classes sociais, no universo dos bens terrenos, perdurará nas épocas do porvir?
A desigualdade social é o mais elevado testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual cada espírito tem sua posição definida de regeneração e resgate. Nesse caso, consideramos que a pobreza, a miséria, a guerra, a ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos em Jesus-Cristo; a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos. (O Consolador. Questão 55. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
(...) Compreendemos que há, como sempre houve e haverá, certas almas que se entregam ao mal apenas porque não foram despertadas para o bem; almas que preservam, contudo, alguns escaninhos indenes às misérias e torpezas mundanas, constituindo-se terreno fértil onde a semente dos ideais nobres e generosos pode, a qualquer momento, germinar, florescer e frutificar abundantemente.
Zaqueu era uma dessas almas. Arrecadador de impostos (publicano (1)), enriquecera ilicitamente e vivia defraudando o próximo com exações e lucros escandalosos, mas, a despeito disso, a doutrina do Mestre encontrara ressonância em seu coração e por isso ardia em desejos de conhecê-lo. (Páginas de Espiritismo Cristão. Cap. 6. Rodolfo Calligaris)
Chefe prestigioso na sua cidade, homem rico e enérgico, Zaqueu era, porém, de pequena estatura, tanto assim que, buscando satisfazer ao seu desejo ardente, procurou acomodar-se sobre um sicômoro, levado pela ansiosa expectativa com que esperava a passagem de Jesus. Coração inundado de curiosidade e de sensações alegres, o chefe publicano, ao aproximar-se o Messias, admirou-lhe o porte nobre e simples, sentindo-se magnetizado pela sua indefinível simpatia (Boa nova. O Servo bom. Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
Pode parecer a alguns que, subindo a uma árvore para conseguir ver as feições de Jesus, Zaqueu tenha cedido apenas à curiosidade. É evidente, porém, que o móvel de sua ação era bem mais elevado: talvez uma ânsia incontida de receber alguma bênção, ou de ouvir-lhe uma palavra que demudasse o rumo de sua existência. Por simples curiosidade, não iria ele expor-se ao ridículo e enfrentar os apodos e gracejos da multidão, mormente tendo-se em vista a alta posição que ocupava entre os publicanos.
A breves instantes, porém, toda a comitiva perpetrava na residência do publicano, que não ocultava o seu contentamento inexcedível. Jesus lhe seduzira as atenções, tocando-lhe as fibras mais íntimas do Espírito, com a sua presença generosa. Tratava-se de um hóspede bem-amado, que lhe ficaria eternamente no coração.
Aproximava-se o crepúsculo, quando Zaqueu mandou oferecer uma leve refeição a todo o povo, em sinal de alegria, sentando-se com Jesus e os seus discípulos sob um vasto alpendre. A palestra versava sobre a nova doutrina e, sabendo que o Mestre não perdia ensejo de condenar as riquezas criminosas do mundo, o publicano o esclarecia, com toda a sinceridade de sua alma :
– Senhor, é verdade que tenho sido observado como um homem de vida reprovável; mas, desde muitos anos, venho procurando empregar o dinheiro de modo que represente benefícios para todos os que me rodeiem na vida. Compreendendo Que aqui em Jericó havia muitos pais de família sem trabalho, organizei múltiplos serviços de criação de animais e de cultivo incessante da terra. Até de Jerusalém, muitas famílias já vieram buscar, em meus trabalhos, o indispensável recurso à vida!...
– Abençoado seja o teu esforço! – Replicou Jesus, cheio de bondade. (Boa nova. O Servo bom. Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
Jesus, cujo olhar penetra o âmago das criaturas, percebeu o que ia pela alma de Zaqueu, notou quanto era sincero aquele arroubo, e daí o ter-lhe solicitado hospedagem, para escândalo do povo, que, como em outras ocasiões, entrou logo a murmurar, censurando-o por albergar-se em casa de pecadores.
Notemos, no entanto, que cena maravilhosa ali ocorre. Ao acolher tal hóspede, Zaqueu cai-lhe aos pés, e exclama:
— Senhor, distribuo aos pobres a metade dos meus haveres; e se lesei a alguém, seja no que for, restituo-lhe quadruplicado. Não diz: distribuirei, hei-de restituir, mas sim: distribuo, restituo, o que caracteriza bem a realidade de sua transformação moral. E isso ele o faz bem publicamente, penitenciando-se num gesto de humildade perfeita, como poucas vezes se descreve nos Evangelhos. Mandava a lei de Moisés que todo aquele que furtasse uma ovelha, restituísse quatro por ela. Se o furto, porém, ainda se achasse intacto, e fosse espontaneamente restituído, bastava acrescentar-se lhe uma quinta parte do seu valor.
Zaqueu, portanto, ao condenar-se a si próprio, inflige ao seu delito o maior rigor da pena, e, não só repõe quatro vezes o mal-adquirido, como ainda se despoja do que lhe pertence legltimamente, em benefício dos pobres.
Isto, sim, é conversão! (Páginas de Espiritismo Cristão. Cap. 6. Rodolfo Calligaris)
Alguns dos discípulos, notadamente Felipe e Simão, não conseguiam ocultar as suas deduções desagradáveis. Mais ou menos aterrados às leis judaicas e atentando somente no sentido literal das lições do Messias, estranhavam aquela afabilidade de Jesus, aprovando os atas de um rico do mundo, confessadamente publicano e pecador. E, como o dono da casa se ausentasse da reunião por alguns minutos, afim de providenciar sobre a vinda de seus filhos para conhecerem o Messias, Pedro e outros prorromperam numa chuva de pequeninas perguntas: Por que tamanha aprovação a um rico mesquinho? As riquezas não eram condenadas pelo Evangelho do Reino? Por que não se hospedaram numa casa humilde e sim naquela vivenda suntuosa, em contraposição aos ensinos da humildade? Poderia alguém servir a Deus e ao mundo de pecados? O Mestre deixou que cessassem as interrogações e esclareceu, com generosa firmeza: – Amigos, acreditais, porventura, que o Evangelho tenha vindo ao mundo para, transformar todos os homens em miseráveis mendigos? Qual a esmola maior: a que socorre as necessidades de um dia ou a que adota providências para uma vida inteira?
No mundo vivem os que entesouram na terra e os que entesouraram no céu. Os primeiros escondem suas possibilidades no cofre da ambição e do egoísmo e, por vezes, atiram moedas douradas ao faminto que passa, procurando livrar-se de sua presença; os segundos ligam suas existências a vidas numerosas, fazendo de seus servos e dos auxiliares de esforços a continuação de sua própria família. Estes últimos sabem empregar o sagrado depósito de Deus e são seus mordomos fiéis, à face do mundo.
Os apóstolos ouviam-no espantados. Felipe, desejoso de se justificar, depois da argumentação incisiva do Cristo, exclamou:
– Senhor, eu não compreendia bem, porque trazia o meu pensamento fixado nos pobres que a vossa bondade nos ensinou a amar.
– Entretanto, Felipe – elucidou o Mestre – é necessário não nos perdermos em viciações do sentimento. Nunca ouviste falar numa terra pobre, numa arvore pobre, em animais desamparados? E, acima de tudo, nesses quadros da natureza a que Zaqueu procura atender, não vês o homem, nosso irmão? Qual será o mais infeliz: o mendigo sem responsabilidade, a não ser a de sua própria manutenção, ou de pai carregado de filhinhos a lhe pedirem pão?
Como André o observasse, com grande brilho nos olhos, maravilhado com as suas explicações, o Mestre acentuou:
– Sim, amigos! ditosos os que repartirem os seus bens com os pobres; mas, bem aventurados também os que consagrarem suas possibilidades aos movimentos da vida, cientes de que o mundo é um grande necessitado, e que sabem, assim, servir a Deus com as riquezas que lhes foram confiadas! (Boa nova. O Servo bom. Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
Oxalá todos fôssemos capazes de seguir o exemplo de Zaqueu, pois, em verdade, enquanto não prepararmos a morada de nossos corações, para nela recebermos a visita do Cristo; enquanto nossa consciência não se iluminar com sua presença, e não nos disponhamos a reparar todo o mal que houvermos feito aos nossos irmãos, não teremos a glória de ser chamados “filhos de Abraão”, palavras que significam “herdeiros do céu"! (Páginas de Espiritismo Cristão. Cap. 6. Rodolfo Calligaris)
Observação 1: Os publicanos eram os arrematantes dos impostos públicos, designados pelos antigos romanos. Eram cavalheiros romanos, que formavam companhias poderosas destinadas a arrematar, por certa quantia, a cobrança dos impostos nas províncias, pelo prazo de cinco anos. (...) Os publicanos abusavam com freqüência dos seus direitos, exigindo dos contribuintes mais do que o devido, e, por isso, eram odiados pelo povo. Os judeus, especialmente, tinham grande antipatia pelos publicanos, não só porque estes exorbitavam a sua ação, como também porque consideravam o imposto taxado pelo domínio de Roma contrário à lei.
Escreve Allan Kardec: "Daí a aversão pelos publicanos de todas as classes, entre os quais se encontravam pessoas estimáveis, mas que, por motivo de suas funções, eram desprezadas, bem como as pessoas de suas relações, sendo todos confundidos na mesma ordem." Zaqueu era, conseguintemente, mal visto por todos, porque estava incurso no juízo que se fazia dos publicanos. (O Espírito do Cristianismo. Cap. 30. Cairbar Schutel)
Bibliografia:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16. item 8. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Julho de 1869. O Egoísmo e o orgulho. Allan Kardec.
- O Livro dos Espíritos. 806, 807, 808, 808-a, 809, 810, 811, 811-a, 812, 812-a,
- O Consolador. Questão 55 e 56. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Boa nova. O Servo bom. Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier.
- Palavras do infinito. 3º parte. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Páginas de Espiritismo Cristão. Cap. 6. Rodolfo Calligaris.
- O Espírito do Cristianismo. Cap. 30. Cairbar Schutel.
- Depois da morte. Cap. 55. Leon Denis.
- Site: https://www.todamateria.com.br/desigualdade-social/ - Data da consulta: 09/12/15.