Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 53 - O bem e o mal
Ciclo 1 - História: A união faz a força - Atividade: PH - Paulo de Tarso - 11 - O bem e o mal.
Ciclo 2 - História: O sapo sabido - Atividade: LE - L3 - Cap. 1 - 3 - O bem e o mal.
Ciclo 3 - História: Um pouco de fermento - Atividade: LE - L3 - Cap. 10 - 8 - Resumo teórico da motivação das ações do homem.
Mocidade - História: O poder de um gesto - Atividade: 12 - Desenvolver perguntas e respostas: Distribuir os textos "Bens e Males" e "Bem e mal" ou/e pedir para pesquisar na internet casos reais de pequenos gestos que salvaram vidas e entregar os textos na próxima aula.
Dinâmicas: O bem e o mal I; O bem e o mal II; Construindo boas atitudes.
Mensagens espíritas: O bem e o mal.
Sugestão de vídeos: - Música Espírita: Vale a pena - Sábado de sol (Dica: pesquise no Youtube).
- Música Espírita: Cartilha do bem (Dica: pesquise no Youtube).
- História Espírita: Cartilha do bem (Dica: pesquise no Vimeo).
Sugestão de livro infantil: Cartilha do bem. Espírito Meimei. Psicografado por Chico Xavier. Editora FEB.
Leitura da Bíblia: Salmos - Capítulo 34
34.14 Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança
Eclesiastes - Capítulo 8
8.5 Quem obedece às suas ordens não sofrerá mal algum, pois o coração sábio saberá a hora e a maneira certa de agir.
Provérbios - Capítulo 11
11.27 Quem procura o bem será respeitado; já o mal vai de encontro a quem o busca.
João - Capítulo 3
3.20 Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas.
3.21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
Romanos - Capítulos 7 e 12
7.7 Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás.
7.8 Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado.
7.9 Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri.
7.10 E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte.
7.11 Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou.
7.12 Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom.
7.13 Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno.
7.14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.
7.15 Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.
7.16 Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
7.17 Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim.
7.18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.
7.19 Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
7.20 Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.
7.21 Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.
7.22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
12.21 Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.
2 Coríntios - Capítulo 13
13.7 Agora, oramos a Deus para que vocês não pratiquem mal algum. Não para que os outros vejam que temos sido aprovados, mas para que vocês façam o que é certo, embora pareça que tenhamos falhado.
3 João - Capítulo 1
1.11 Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus.
Tópicos a serem abordados:
- Deus não criou o mal; Ele estabeleceu leis, e estas são sempre boas, porque Ele é soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente, seria perfeitamente feliz; porém, os Espíritos, tendo seu livre-arbítrio, nem sempre as observam, e é dessa infração que provém o mal.
- A lei de Deus é o amor. O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com lei divina. Fazer o mal é infringi-la.
- Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal, já é um princípio do bem. Deus somente quer o bem; só do homem procede o mal.
- O egoísmo é a fonte de todo mal. Se estudarmos todos os vícios (a vaidade, a ambição, a inveja, o ódio, o ciúme, a mentira etc...) veremos que no fundo de todos está o egoísmo. É a causa geradora de muitos sofrimentos, da mágoa, das brigas, da violência, das guerras. O egoísmo nasce do abuso do instinto de conservação, na medida que o Espírito faz as suas escolhas e opta por satisfazer sua vontade além do necessário.
- Deus não criou os Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria, pelo seu livre-arbítrio (escolha).
- O livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco e após numerosas evoluções na vida corpórea. A responsabilidade aumenta em razão do desenvolvimento da nossa inteligência. Aquele, portanto, que possui o conhecimento das leis de Deus e comete uma injustiça, é mais culpável, aos olhos de Deus, se comparado a um homem selvagem.
- Para alcançar a felicidade suprema é necessário desenvolver a moral e a inteligência. A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. É a observância das leis de Deus. O desenvolvimento da moral não segue sempre, imediatamente, o desenvolvimento da inteligência. Por isso, existem pessoas muito inteligentes, mas que fazem muito mal. Com o desenvolvimento da moral nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto.
- Há Espíritos que desde o princípio (início) seguem o caminho do bem e outros do mal, mas existem os graus intermediários que constituem a maioria. O Espírito Emmanuel diz que no caso de Jesus Cristo, sua evolução ocorreu em linha reta para Deus.
- Os Espíritos que seguiram o caminho do mal também chegarão à perfeição, mas demorarão mais do que os outros, devido a sua má vontade.
- Depende unicamente de nós seguir o caminho do bem, que nos fará felizes; ou o do mal, que nos conduzirá ao sofrimento.
- Ninguém nasce destinado ao mal, ninguém nasce para ser assassino, ladrão ou criminoso. O Espírito pode, como prova e como expiação, escolher uma existência em que se sentirá arrastado para o crime, seja pelo meio em que estiver situado, seja pelas circunstâncias. Mas será sempre livre de agir como quiser. Não existem arrastamentos irresistíveis: o homem pode sempre fechar os ouvidos à voz oculta que o solicita para o mal . Ele pode pela sua vontade, pedir a Deus a força necessária para resistir as más tendências e recebe a ajuda dos bons Espíritos para isto. É isso que Jesus ensina na sublime oração do ''Pai Nosso'', quando nos manda dizer: "Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal".
- As leis de Deus estão gravadas na nossa consciência. Este pensamento íntimo nos adverte quando se faz o bem ou faz o mal.
- Para agradar a Deus não basta que não se pratique o mal. É preciso fazer o bem no limite de suas forças, porque responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.
Perguntas para fixação:
1. Quem criou o mal?
2. Em que consiste a lei de Deus?
3. Qual vício é a fonte de todo mal?
4. Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes?
5. Por que alguns Espíritos se tornaram maus?
6. Os Espíritos que seguiram o caminho do mal também chegarão a perfeição?
7. O que é preciso desenvolver para melhor diferenciar o bem do mal?
8. Qual é o pensamento íntimo que nos adverte quando se faz o bem ou o mal?
9. Para agradar a Deus basta apenas não fazer o mal?
Subsídio para o Evangelizador:
Será Deus o criador do mal?
Deus não criou o mal; Ele estabeleceu leis, e estas são sempre boas, porque Ele é soberanamente bom; aquele que as observasse fielmente, seria perfeitamente feliz; porém, os Espíritos, tendo seu livre-arbítrio, nem sempre as observam, e é dessa infração que provém o mal. (O que é o Espiritismo. Cap. 3. O homem durante a vida terrena. Questão 129. Allan Kardec).
O determinismo divino se constitui de uma só lei, que é a do amor para a comunidade universal. ( O Consolador. Questão 135. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
Se o mal estivesse nas atribuições de um ser especial, quer se lhe chame Arimane, quer Satanás, ou ele seria igual a Deus, e, por conseguinte, tão poderoso quanto este, e de toda a eternidade como ele, ou lhe seria inferior. No primeiro caso, haveria duas potências rivais, incessantemente em luta, procurando cada uma desfazer o que fizesse a outra, contrariando-se mutuamente, hipótese esta inconciliável com a unidade de vistas que se revela na estrutura do Universo. No segundo caso, sendo inferior a Deus, aquele ser lhe estaria subordinado. Não podendo existir de toda a eternidade como Deus, sem ser igual a este, teria tido um começo. Se fora criado, só o poderia ter sido por Deus, que, então, houvera criado o Espírito do mal, o que implicaria negação da bondade infinita.
Entretanto, o mal existe e tem uma causa. Os males de toda espécie, físicos ou morais, que afligem a Humanidade, formam duas categorias que importa distinguir: a dos males que o homem pode evitar e a dos que lhe independem da vontade. Entre os primeiros, cumpre se incluam os flagelos naturais.
(...) O homem recebeu em partilha uma inteligência com cujo auxílio lhe é possível conjurar, ou, pelo menos, atenuar os efeitos de todos os flagelos naturais. Quanto mais saber ele adquire e mais se adianta em civilização, tanto menos desastrosos se tornam os flagelos. Com uma organização sábia e previdente, chegará mesmo a lhes neutralizar as conseqüências, quando não possam ser inteiramente evitados. Assim, com referência, até, aos flagelos que têm certa utilidade para a ordem geral da Natureza e para o futuro, mas que, no presente, causam danos, facultou Deus ao homem os meios de lhes paralisar os efeitos.
Assim é que ele saneia as regiões insalubres, imuniza contra os miasmas pestíferos, fertiliza terras áridas e se industria em preservá-las das inundações; constrói habitações mais salubres, mais sólidas para resistirem aos ventos tão necessários à purificação da atmosfera e se coloca ao abrigo das intempéries. É assim, finalmente, que, pouco a pouco, a necessidade lhe fez criar as ciências, por meio das quais melhora as condições de habitabilidade do globo e aumenta o seu próprio bem-estar.
Tendo o homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor; o espírito se lhe entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão que o impede para a frente, na senda do progresso.
Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissenções, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades. (A Gênese. Cap. 3. Itens 2, 3, 4, 5 e 6. Allan Kardec).
Todos os Espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem?
Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância. (O Livro dos Espíritos. Questão 120. Allan Kardec)
Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal?
Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria. (O Livro dos Espíritos. Questão 121. Allan Kardec)
Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal? Há neles algum princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra?
O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade. É o que se contém na grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram. (O Livro dos Espíritos. Questão 122. Allan Kardec).
(...) O que sabemos ainda é que o livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco e após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem depois da segunda encarnação que a alma tem consciência bastante clara de si mesma, para ser responsável por seus atos; não é senão após a centésima, talvez após a milésima. Dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades, nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos . E, ainda, quando a alma goza do livre-arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência; é assim, por exemplo, que um selvagem que come os seus semelhantes é menos castigado que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça.
(...) No ponto em que estamos a inteligência está bastante desenvolvida para permitir ao homem julgar sensatamente o bem e o mal, e é também deste ponto que a sua responsabilidade é mais seriamente empenhada, já que não mais se pode dizer o que dizia Jesus: “Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem.” (Revista Espírita. Janeiro de 1864. Questões e problemas - Progresso nas primeiras encarnações. Allan Kardec).
Assim, quanto mais esclarecido for este, menos desculpável se torna, uma vez que com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto. (O céu e o inferno. Cap. 7. Allan Kardec).
Que definição se pode dar da moral?
A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus. (O Livro dos Espíritos. Questão 629. Allan Kardec).
O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente. (O Livro dos Espíritos. Questão 780. Allan Kardec).
O homem tem em si a consciência, que o adverte quando fez bem ou fez mal, cometeu uma má ação ou descurou de fazer o bem; sua consciência que, como guardiã vigilante, encarregada de velar por ele, aprova ou desaprova sua conduta. Muitas vezes acontece que se mostre rebelde à sua voz, que repila suas inspirações; quer sufocá-la pelo esquecimento; mas jamais ela é completamente aniquilada para que, num dado momento, não desperte mais forte e mais poderosa e não exerça um severo controle de vossas ações.
A consciência produz dois efeitos diferentes: a satisfação de ter agido bem, a paz que deixa a consciência do dever cumprido, e o remorso que penetra e tortura quando se praticou uma ação reprovada por Deus, pelos homens ou pela honra. É, propriamente falando, o senso moral. ( Revista Espírita. Agosto de 1867. Instruções dos Espíritos sobre este caso. Allan Kardec).
Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. Em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe traça a rota, a lei divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lha lembra constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as conseqüências do seu proceder.
Entretanto, Deus, todo bondade, Pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais da sua existência.
Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal, já é um princípio do bem. Deus somente quer o bem; só do homem procede o mal. Se na criação houvesse um ser preposto ao mal, ninguém o poderia evitar; mas, tendo o homem a causa do mal em SI MESMO, tendo simultaneamente o livre-arbítrio e por guia as leis divinas, evitá-lo-á sempre que o queira.
Tomemos para termo de comparação um fato vulgar. Sabe um proprietário que nos confins de suas terras há um lugar perigoso, onde poderia perecer ou ferir-se quem por lá se aventurasse. Que faz, a fim de prevenir os acidentes? Manda colocar perto um aviso, tornando defeso ao transeunte ir mais longe, por motivo do perigo. Ai está a lei, que é sábia e previdente. Se, apesar de tudo, um imprudente desatende o aviso, vai além do ponto onde este se encontra e sai-se mal, de quem se pode ele queixar, senão de si próprio? Outro tanto se dá com o mal: evitá-lo-ia o homem, se cumprisse as leis divinas. Por exemplo: Deus pôs limite à satisfação das necessidades: desse limite a saciedade adverte o homem; se este o ultrapassa, fá-lo voluntariamente.
As doenças, as enfermidades, a morte, que daí podem resultar, provêm da sua imprevidência, não de Deus. Decorrendo, o mal, das imperfeições do homem e tendo sido este criado por Deus, dir-se-á, Deus não deixa de ter criado, se não o mal, pelo menos, a causa do mal; se houvesse criado perfeito o homem, o mal não existiria.
Se fora criado perfeito, o homem fatalmente penderia para o bem. Ora, em virtude do seu livre-arbítrio, ele não pende fatalmente nem para o bem, nem para o mal. Quis Deus que ele ficasse sujeito à lei do progresso e que o progresso resulte do seu trabalho, a fim de que lhe pertença o fruto deste, da mesma maneira que lhe cabe a responsabilidade do mal que por sua vontade pratique. A questão, pois, consiste em saber-se qual é, no homem, a origem da sua propensão para o mal.
Estudando-se todas as paixões e, mesmo, todos os vícios, vê-se que as raízes de umas e outros se acham no instinto de conservação, instinto que se encontra em toda a pujança nos animais e nos seres primitivos mais próximos da animalidade, nos quais ele exclusivamente domina, sem o contrapeso do senso moral, por não ter ainda o ser nascido para a vida intelectual. O instinto se enfraquece, à medida que a inteligência se desenvolve, porque esta domina a matéria. O Espírito tem por destino a vida espiritual, porém, nas primeiras fases da sua existência corpórea, somente a exigências materiais lhe cumpre satisfazer e, para tal, o exercício das paixões constitui uma necessidade para o efeito da conservação da espécie e dos indivíduos, materialmente falando. Mas, uma vez saído desse período, outras necessidades se lhe apresentam, a princípio semimorais e semimateriais, depois exclusivamente morais. É então que o Espírito exerce domínio sobre a matéria, sacode-lhe o jugo, avança pela senda providencial que se lhe acha traçada e se aproxima do seu destino final. Se, ao contrário, ele se deixa dominar pela matéria, atrasa-se e se identifica com o bruto. Nessa situação, o que era outrora um bem, porque era uma necessidade da sua natureza, transforma-se num mal, não só porque já não constitui uma necessidade, como porque se torna prejudicial à espiritualização do ser. Muita coisa, que é qualidade na criança, torna-se defeito no adulto. O mal e, pois, relativo e a responsabilidade é proporcionada ao grau de adiantamento.
Todas as paixões têm, portanto, uma utilidade providencial, visto que, a não ser assim, Deus teria feito coisas inúteis e, até, nocivas. No abuso é que reside o mal e o homem abusa em virtude do seu livre-arbítrio. Mais tarde, esclarecido pelo seu próprio interesse, livremente escolhe entre o bem e o mal. (A Gênese. Cap. 3. Itens 6, 7 , 8, 9 e 10 . Allan Kardec).
No livro "Ação e reação" o Espírito Hilário faz a seguinte pergunta ao instrutor Sânzio: (...) que devemos entender como sendo “bem” e “mal”?
- (...) "O bem, meu amigo, é o progresso e a felicidade, a segurança e a justiça para todos os nossos semelhantes e para todas as criaturas de nossa estrada, aos quais devemos empenhar as conveniências de nosso exclusivismo, mas sem qualquer constrangimento por parte de ordenações puramente humanas, que nos colocariam em falsa posição no serviço, por atuarem de fora para dentro, gerando, muitas vezes, em nosso cosmo interior, para nosso prejuízo, a indisciplina e a revolta. O bem será, desse modo, nossa decidida cooperação com a Lei, a favor de todos, ainda mesmo que isso nos custe a renunciação mais completa, visto não ignorarmos que, auxiliando a Lei do Senhor e agindo de conformidade com ela, seremos por ela ajudados e sustentados no campo dos valores imperecíveis. E o mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem unicamente para nós mesmos, a expressar-se no egoísmo e na vaidade, na insensatez e no orgulho que nos assinalam a permanência nas linhas inferiores do espírito." (Ação e reação. Cap.7. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
O mal está determinado no conteúdo do nosso destino?
Ninguém nasce destinado ao mal, porque semelhante disposição derrogaria os fundamentos do Bem Eterno sobre os quais se levanta a Obra de Deus.
O Espírito renascente no berço terrestre traz consigo a provação expiatória a que deve ser conduzido ou a tarefa redentora que ele próprio escolheu, de conformidade com os débitos contraídos.
Prevalece aí o mesmo princípio que vige para as sociedades terrestres, pelo qual, se o homem é malfeitor confesso, deve ser segregado em estabelecimento correcional adequado para a reeducação precisa, e, se é apenas aprendiz no campo da experiência, com dívidas e créditos, sem falta grave a resgatar, é justo possa pedir às autoridades superiores, que lhe presidem os movimentos, o gênero de trabalho ou de luta em que se sinta mais apto ao serviço de autoaperfeiçoamento. Entendamos, porém, que, se perpetrou delito passível de dolorosa punição, não é ele internado na penitenciária ou no trabalho reparador para que se desmande, deliberadamente, em delitos maiores, o que apenas lhe agravaria as culpas já formadas perante a Lei.
É natural que o devedor, nessa ou naquela forma de resgate, venha a sofrer fortes impulsos e recidivas no erro em que faliu, tanto maiores quão mais extenso lhe tenha sido o transviamento moral; entretanto, a provação deve ser assimilada como recurso de emenda, nunca por válvula de expansão das dívidas assumidas.
Desse modo, ninguém recebe do Plano Superior a determinação de ser relapso ou vicioso, madraço ou delinquente, com passagem justificada no latrocínio ou na dipsomania, no meretrício ou na ociosidade, no homicídio ou no suicídio. Padecemos, sim, nesse ou naquele setor da vida, durante a recapitulação de nossas próprias experiências, o impulso de enveredar por esse ou aquele caminho menos digno, mas isso constitui a influência de nosso passado em nós, instilando-nos a tentação, originariamente toda nossa, de tomar a ser o que já fomos, em contraposição ao que devemos ser. (Evolução em dois mundos. Cap. 18. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira).
Ao escolher a sua existência, o Espírito daquele que comete um assassínio sabia que viria a ser assassino?
Não. Escolhendo uma vida de lutas, sabe que terá ensejo de matar um de seus semelhantes, mas não sabe se o fará, visto que ao crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de praticá-lo. Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem, teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que a ninguém há predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio. (O Livro dos Espíritos. Questão 861. Allan Kardec).
O homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não "estavam escritos"; os crimes que comete não são o resultado de um decreto do destino. Ele pode, como prova e como expiação, escolher uma existência em que se sentirá arrastado para o crime, seja pelo meio em que estiver situado, seja pelas circunstâncias supervenientes. Mas será sempre livre de agir como quiser. Assim, o livre arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha da existência e das provas; e no estado corpóreo, com a faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente estamos submetidos. Cabe à educação combater as más tendências, e ela o fará de maneira eficiente quando se basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral chegar-se-á a modificá-la, como se modificam a inteligência pela instrução e as condições físicas pela higiene.
A fatalidade não é, entretanto, uma palavra vã;Ela existe no tocante à posição do homem na Terra e às funções que nela desempenha, como consequência do gênero de existência que o seu Espírito escolheu, como prova, expiação ou missão. Sofre ele, de maneira fatal, todas as vicissitudes dessa existência e todas as tendências boas ou más que lhes são inerentes. Mas a isso se reduz a fatalidade, porque depende da sua vontade ceder ou não a essas tendências.
Assim, segundo a doutrina espírita, não existem arrastamentos irresistíveis: o homem pode sempre fechar os ouvidos à voz oculta que o solicita para o mal no seu foro íntimo, como o pode fechar à voz material de alguém que lhe fale; ele o pode pela sua vontade, pedindo a Deus a força necessária e reclamando para esse fim a assistência dos bons Espíritos. É isso que Jesus ensina na sublime forma da oração dominical, quando nos manda dizer: "Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal". ( O Livro dos Espíritos. Item 872. Allan Kardec).
O homem, por sua vontade e por seus atos, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?
Pode-o, se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na seqüência da vida que ele escolheu. Acresce que, para fazer o bem, como lhe cumpre, pois que isso constitui o objetivo único da vida, facultado lhe é impedir o mal, sobretudo aquele que possa concorrer para a produção de um mal maior. (O Livro dos Espíritos. Questão 860. Allan Kardec).
Por que há Deus permitido que os Espíritos possam tomar o caminho do mal?
Como ousais pedir a Deus contas de Seus atos? Supondes poder penetrar-lhe os desígnios? Podeis, todavia, dizer o seguinte: A sabedoria de Deus está na liberdade de escolher que Ele deixa a cada um, porquanto, assim, cada um tem o mérito de suas obras. (O Livro dos Espíritos. Questão 123. Allan Kardec).
Por que está o mal na natureza das coisas? Falo do mal moral. Não podia Deus ter criado a Humanidade em melhores condições?
Já te dissemos: os Espíritos foram criados simples e ignorantes (115). Deus deixa que o homem escolha o caminho. Tanto pior para ele, se toma o caminho mau: mais longa será sua peregrinação. Se não existissem montanhas, não compreenderia o homem que se pode subir e descer; se não existissem rochas, não compreenderia que há corpos duros. É preciso que o Espírito ganhe experiência; é preciso, portanto, que conheça o bem e o mau. Eis por que se une ao corpo. (O Livro dos Espíritos. Questão 634. Allan Kardec).
Pois que há Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem absoluto e outros o do mal absoluto, deve haver, sem dúvida, gradações entre esses dois extremos não?
Sim, certamente, e os que se acham nos graus intermediários constituem a maioria. (O Livro dos Espíritos. Questão 124. Allan Kardec)
Todos os Espíritos que passaram pela Terra tiveram as mesmas características evolutivas, no que se refere ao problema da dor?
Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado, com exceção de Jesus-Cristo, fundamento de toda a verdade neste mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios. (O Consolador. Questão 243. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Os Espíritos que enveredaram pela senda do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros?
Sim; mas as eternidades lhes serão mais longas.
Por estas palavras - as eternidades - se deve entender a idéia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade de seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver, idéia que revive todas as vezes que sucumbem numa prova. (O Livro dos Espíritos. Questão 125. Allan Kardec).
Chegados ao grau supremo da perfeição, os Espíritos que andaram pelo caminho do mal têm, aos olhos de Deus, menos mérito do que os outros?
Deus olha de igual maneira para os que se transviaram e para os outros e a todos ama com o mesmo coração. Aqueles são chamados maus, porque sucumbiram. Antes, não eram mais que simples Espíritos. (O Livro dos Espíritos. Questão 126. Allan Kardec).
Como se pode distinguir o bem do mal?
O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la. (O Livro dos Espíritos. Questão 630. Allan Kardec).
Tem meios o homem de distinguir por si mesmo o que é bem do que é mal?
Sim, quando crê em Deus e o quer saber. Deus lhe deu inteligência para distinguir um do outro. (O Livro dos Espíritos. Questão 631. Allan Kardec).
Estando sujeito ao erro, não pode o homem enganar-se na apreciação do bem e do mal e crer que pratica o bem quando em realidade pratica o mal?
Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis. (O Livro dos Espíritos. Questão 632. Allan Kardec).
A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, é inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo. Achará ele, na lei natural, a regra desse proceder e um guia seguro?
Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz - basta, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza. (O Livro dos Espíritos. Questão 633. Allan Kardec).
São absolutos, para todos os homens, o bem e o mal?
A lei de Deus é a mesma para todos; porém, o mal depende principalmente da vontade que se tenha de o praticar. O bem é sempre o bem e o mal sempre o mal, qualquer que seja a posição do homem. Diferença só há quanto ao grau da responsabilidade. (O Livro dos Espíritos. Questão 636. Allan Kardec).
Será culpado o selvagem que, cedendo ao seu instinto, se nutre de carne humana?
Eu disse que o mal depende da vontade. Pois bem! Tanto mais culpado é o homem, quanto melhor sabe o que faz. As circunstâncias dão relativa gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes, comete o homem faltas, que, nem por serem conseqüência da posição em que a sociedade o colocou, se tornam menos repreensíveis. Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos. (O Livro dos Espíritos. Questão 637. Allan Kardec).
Aquele que não pratica o mal, mas que se aproveita do mal praticado por outrem, é tão culpado quanto este?
É como se o houvera praticado. Aproveitar do mal é participar dele. Talvez não fosse capaz de praticá-lo; mas, desde que, achando-o feito, dele tira partido, é que o aprova; é que o teria praticado, se pudera, ou se ousara. (O Livro dos Espíritos. Questão 640. Allan Kardec).
Será tão repreensível, quanto fazer o mal, o desejá-lo?
Conforme. Há virtude em resistir-se voluntariamente ao mal que se deseja praticar, sobretudo quando há possibilidade de satisfazer-se a esse desejo. Se apenas não o pratica por falta de ocasião, é culpado quem o deseja. (O Livro dos Espíritos. Questão 641. Allan Kardec).
Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?
Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem. (O Livro dos Espíritos. Questão 642. Allan Kardec) .
Qual a atitude mental que mais favorecerá o nosso êxito espiritual nos trabalhos do mundo?
-Essa atitude deve ser a que vos é ensinada pela lei divina, na reencarnação em que vos encontrais, isto é, a do esquecimento de todo o mal, para recordar apenas o bem e a sagrada oportunidade de trabalho e edificação, no patrimônio eterno do tempo. Esquecer o mal é aniquila-lo, e perdoar a quem o pratica é ensinar o amor, conquistando afeições sinceras e preciosas. Daí a necessidade do perdão, no mundo, para que o incêndio do mal possa ser exterminado, devolvendo-se a paz legítima aos corações. (O Consolador. Questão 187. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos. Questões 120, 121, 123, 124, 125, 126, 629, 630, 631, 633, 636, 637, 640, 641, 642, 780, 860, 861, 872, . Allan Kardec.
- O que é o Espiritismo. Cap. 3. O homem durante a vida terrena. Questão 129. Allan Kardec.
- O céu e o inferno. Cap. 7. Allan Kardec.
- A Gênese. Cap. 3. Itens 2, 3, 4, 5 , 6, 7 , 8, 9 e 10. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Janeiro de 1864. Questões e problemas - Progresso nas primeiras encarnações. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Agosto de 1867. Instruções dos Espíritos sobre este caso. Allan Kardec.
- Evolução em dois mundos. Cap. 18. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira.
- O Consolador. Questões : 135, 187, 243. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Ação e reação. Cap.7. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.