Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 47 - Reforma íntima: Renovação moral *

Ciclo 2 - História: A besourinha feliz -  Atividade:  PH - Paulo de Tarso - 7 - Reforma íntima ou  8 - Renovação.

Ciclo 3 - História: Abra o seu coração -  Atividade:  LE - L3 - Cap. 12 - 5. Conhecimento de si mesmo.

Mocidade - História:  Renovação  -  Atividade:  2 - Dinâmica de grupo:  Os sinais da renovação.
 

Dinâmicas: Reforma íntima IReforma íntima II.

Mensagens Espíritas: Renovação - Reforma íntima.

Sugestão de vídeo: - Música espírita: Reforma Íntima - Clésio Tapety (Dica: Pesquise no Youtube).

Sugestão de livro infantil: Cuidado, Marimbondo zangado. Sônia Xavier Pimentel. Editora Espírita Fonte viva.

 

Leitura da Bíblia: Efésios - Capítulo 4


4.20   Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,


4.21   se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus,


4.22   no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano,


4.23   e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,


4.24   e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.


4.25   Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.


4.26   Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira,


4.27   nem deis lugar ao diabo.


4.28   Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.


4.29   Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.


4.30   E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.


4.31   Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.


4.32   Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.


 

Romanos - Capítulo 12


12.2   e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.


 

2 Coríntios - Capítulos 4 e 5


4.16   Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.


5.17   E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.


 

Apocalipse - Capítulo 21


21.5   E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.


 

Tópicos a serem abordados:

Nós encarnamos no planeta Terra para a nossa renovação moral.  Estamos aqui para aprender alguma coisa nova e para corrigir as imperfeições de nosso caráter, ou seja, fazer uma reforma íntima.  Só se reforma algo que existe e que necessita de melhoria. Quando fazemos uma reforma na casa é porque geralmente ela está em condições ruins (Ex.: pintura desgastada, telhas quebradas, piso soltando, canos quebrados etc.).  Reformar o nosso interior significa transformar a nossa forma de pensar e agir para melhor. A reforma é lenta e gradativa e exige persistência e boa vontade.

- Os maiores obstáculos a essa transformação de propósitos são o egoísmo e o orgulho, fonte de todo mal. Se estudarmos todos os vícios (a vaidade, a ambição, a inveja, o ódio, o ciúme, a mentira, etc...) veremos que no fundo de todos está o egoísmo. O egoísta pensa somente em si mesmo em detrimento do próximo. O orgulhoso tem dificuldade em reconhecer os seus próprios  erros e admitir que é necessário a mudança, pois considera-se superior aos outros. 

- A melhor maneira de corrigirmos nossas imperfeições é fazendo um cuidadoso estudo de nós mesmos. “Conhece-te a ti mesmo”, disse Sócrates, que foi um luminoso Espírito que veio à Terra há muitos séculos passados.(1) Pergunte para si mesmo, se agiu bem com as pessoas com as quais convive, procurando ser honesto.

-  Ao acordar pela manhã, agradeçamos a oportunidade de recomeçar tudo outra vez, de corrigir, de acertar, de melhorar! Mentalizemos bons propósitos para o dia que inicia. E à noite, agradeçamos por tudo o que passou, bons ou difíceis momentos. É importante fazer uma avaliação diária de nossas atitudes. Assim, com o desejo sincero da reforma íntima, vamos trocando valores negativos por positivos (2).

- Para a realização da reforma íntima é necessário o estudo, a meditação e o trabalho. Devemos estudar o Evangelho de Jesus e os livros espíritas, pois neles encontramos os ensinamentos morais necessários para a esta renovação. Meditar é desligar-se do mundo exterior e voltar a atenção para dentro de si. Através da prece, na meditação, o homem obtém o fortalecimento moral, o bom ânimo para os momentos difíceis e a inspiração para fazer o bem. Pelo trabalho o homem adquire conhecimentos e desenvolve a sua inteligência. O convívio com os outros , possibilita conhecer suas dificuldades , ouvir críticas e conselhos , que são importantes para o seu aprendizado (3).

- Os vaidosos, os orgulhosos, os soberbos devem esforçar-se por serem amigos de todos e tratarem a todos com benevolência, carinho e amizade. Os nervosos e irritadiços devem dominar a cólera, serem mansos e pacíficos e saberem controlar seus nervos. Os preguiçosos que se acostumem a trabalhar com entusiasmo e alegria. Os egoístas devem deixar de ser avarentos e darem a quem lhes pedir; e lembrarem-se de que quem dá ajunta tesouros no céu onde nem a traça nem a ferrugem os consomem e os ladrões não penetram nem roubam (1).

- Devemos nos despojar do homem velho e revestir-se do homem novo, isto é, o homem que vive segundo os princípios de justiça e de harmonia determinados por Deus. Os que são de Cristo se tornam novas criaturas.

- Mudando o comportamento, melhorando as atitudes e cultivando virtudes, o encarnado conseguirá manter-se afastado dos defeitos que lhe trazem infelicidade e tristeza. Tornando-se, essencialmente, mais feliz.

- A única maneira de nos aproximarmos de Deus é com a auto-reforma.

Comentário (1): 52 Lições de Catecismo Espírita. 35aLição. Eliseu Rigonatti. (2): Grupo Espírita Seara do Mestre. Boletim Informativo Seara - Ano II Nº 15 Fevereiro de 2000. (3): Fundamentos da Reforma Íntima. Item 125. Cairbar Schutel. Abel Glaser

 

Perguntas para fixação:

1. Para que estamos encarnados?

2. O que é a reforma íntima?

3. Quais são os maiores obstáculos para realizar esta mudança?

4.  Qual é a melhor maneira de corrigirmos nossos defeitos?

5. O que disse Sócrates?

6. Por que o estudo do Evangelho é tão importante?

7. O que significa revestir-se do homem novo?

8. O que devemos fazer para nos aproximarmos de Deus?

           

Subsídio para o Evangelizador:

             Reforma íntima é o renovar das esperanças interiores, tendo por meta o fortalecimento da fé, a solidificação do amor, a incessante busca do perdão, o cultivo dos sentimentos positivos e a finalização no aperfeiçoamento do ser.   É o esforço que o ser humano faz para melhorar-se moralmente. (Fundamentos da Reforma Íntima. Itens 1 e 2. Cairbar Schutel. Abel Glaser)

            Reforma – conceito básico: Só se reforma algo que existe e que esta defeituoso, impróprio, passível de melhoria, etc.

            Para uma reforma ideal, são indispensáveis: recursos, necessidade evidente, planejamento racional e competente execução.

            No caso de Espíritos encarnados, como nós outros, convictos de sermos eternos; certos de que o objetivo ultimo é a perfeição, cabe-nos o compromisso de promover modificações constantes e permanentes no modo de pensar, agir e de ser.

            É importante refletirmos sobre nós mesmos, a fim de descobrir quais as reformas prioritárias a serem consideradas,  quais os recursos e capacidade de que dispomos, e se de fato há vontade, propósito e determinação suficientes para tais reformas. (Revista reformador. Maurício Ferreira. 08/1993).           

            Quem precisará modificar-se interiormente? De imediato, todo aquele que: a) se sinta infeliz; b) se julgue pouco estimado ou rejeitado; c) não trabalhe bem; d) se afaste dos outros; e) se irrite ou deprima com frequência; f) pense em prazeres excessivos; g) só trabalhe por dinheiro ou projeção social; h) pense primeiro em si mesmo; i) precise falar ou discutir horas seguidas; j) não suporte ser criticado ou contestado; l) se considere superior ou inferior aos outros; m) queira mandar sempre; n) tema ser dominado; o) não tolere ficar só; p) padeça de fobias ou inibições; q) use o próximo como objeto para satisfazer desejos ou conseguir vantagens. Pessoas desse tipo não são consideradas normais nem pelos psicólogos nem pelos mentores espirituais e devem procurar ajudar. Emmanuel, por exemplo, em justiça divina afirma: '' É necessário reconhecer que todos nós, espíritos encarnados e desencarnados em serviço na Terra, ante o volume dos débitos que contraímos nas existências passadas, somos doentes em laboriosa restauração. Todos somos enfermos pedindo alta.'' (Evolução para o terceiro milênio. Introdução. Item 2. Carlos Toledo Rizzini).

            O supremo objetivo do homem, na Terra, é o da sua própria renovação.

            Aprender, refletir e melhorar-se, pelo trabalho que dignifica — eis a nossa finalidade, o sentido divino de nossa presença no mundo.

            Descendo o Cristo das esferas de luz da Espiritualidade Superior à Terra, teve por escopo orientar a Humanidade na direção do aperfeiçoamento.

“Brilhe a vossa luz” — eis a palavra de ordem, enérgica e suave, de Jesus, a quantos Lhe herdaram o patrimônio evangélico, trazido ao mundo ao preço

do Seu próprio sacrifício.

            A infinita ternura de Sua Angelical Alma sugere-nos, incisiva e amorosamente, o esforço benéfico: “Brilhe a vossa luz.”

            O interesse do Senhor é o de que os Seus discípulos, de ontem, de hoje e de qualquer tempo, sejam enobrecidos por meio de uma existência moralizada, esclarecida, fraterna.

            O Evangelho aí está, como presente dos céus, para que o ser humano se replete com as suas bênçãos, se inunde de suas luzes, se revigore com as suas energias, se enriqueça com os seus ensinos eternos.

            O Espiritismo, em particular, como revivescência do Cristianismo, também aí está, ofertando-nos os oceânicos tesouros da Codificação.

            Pode-se perguntar: De que mais precisa o homem, para engrandecer-se, pela cultura e pelo sentimento, se lhe não faltam os elementos de renovação, plena, integral, positiva?...

            Que falta ao homem moderno, usufrutuário de tantas bênçãos, para que “brilhe a sua luz?.

            A renovação do homem, sob o ponto de vista moral, intelectual e espiritual, é difícil, sem dúvida.

            Mas é francamente realizável.

            É indispensável, tão somente, disponha-se ele ao esforço transformativo, com a consequente utilização desses recursos, desses meios, desses elementos que o Evangelho e o Espiritismo lhe fornecem exuberantemente, farta e abundantemente, sem a exigência de qualquer outro preço a não ser o preço de uma coisa bem simples: a boa vontade. A disposição de auto-melhoria.

            O homem, para renovar-se, tem que estabelecer um programa tríplice, como ponto de partida para a sua realização íntima, para que “brilhe a sua luz”, baseado no Estudo, na Meditação e no Trabalho.

            ESTUDO: — O estudo se obtém através da leitura do Evangelho, dos livros da Doutrina Espírita e de quaisquer obras educativas, religiosas ou filosóficas, que o levem a projetar a mente na direção dos ideais superiores.

O estudo deve ser meditado, assimilado e posto em prática, a fim de que se transforme em frutos de renovação efetiva, positiva e consciente:

“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos fará livres.”

            MEDITAÇÃO: — A meditação é o ato pelo qual se volve o homem para dentro de si mesmo, onde encontrará a Deus, no esplendor de Sua Glória, na

plenitude do Seu Poder, na ilimitada expansão do Seu Amor: “O Reino de Deus está dentro de vós.”

            Através da prece, na meditação, obterá o homem a fé de que necessita para a superação de suas fraquezas e a esperança que lhe estimulará o bom

ânimo, na arrancada penosa, bem como o conforto e o bem-estar que lhe assegurarão, nos momentos difíceis, o equilíbrio interior.

Na meditação e na prece haurirá o homem a sua própria tonificação, o seu próprio fortalecimento moral e a inspiração para o bem.

            TRABALHO: — O trabalho, em tese, para o ser em processo de evolução, configura-se sob três aspectos principais: material, espiritual, moral.

            Através do trabalho material, propriamente dito, dignifica-se o homem no cumprimento dos deveres para consigo mesmo, para com a família que Deus lhe confiou, para com a sociedade de que participa. Pelo trabalho espiritual, exerce a fraternidade com o próximo e aperfeiçoa-se no conhecimento transcendente da alma imortal.

            No campo da atividade moral, lutará, simultaneamente, por adquirir qualidades elevadas, ou, se for o caso, por sublimar aquelas com que já se

sente aquinhoado.

            Em resumo: aquisição, cultivo e ampliação de qualidades superiores que o distanciem, em definitivo, da animalidade em que jaz há milênios de milênios:

“É na vossa perseverança que ganhamos as vossas almas.” (Estudando o Evangelho. Cap. 3. Martins Peralva).

            São os pensamentos do encarnado que o aproximam ou o afastam de Deus, em maior ou menor grau, com maior ou menor duração.

                Quanto maior sua paz interior, enorme a possibilidade de estar harmonizado coma Superioridade Divina; quanto maiores forem os seus distúrbios psicológicos ou as perturbações psicossomáticas, crescentes lhe serão as influências negativas do plano inferior da vida. (Fundamentos da Reforma Íntima. Itens 37 e 38. Cairbar Schutel. Abel Glaser)

            Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

            “Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”

            Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?

            “Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?”

            “Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.

            “O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhosos julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida. (O Livro dos Espíritos. Questão 919. Allan Kardec).

            A persistência do indivíduo no descobrimento dos próprios defeitos ampliará consideravelmente o âmbito de possibilidades de êxito. Somente quem sabe os males que possui, pode curá-los. A ignorância é um sério entrave na renovação interior.

            Os maiores obstáculos a essa transformação de propósitos são o egoísmo e o orgulho arraigados no íntimo da criatura.  Pensando primeiro em si e considerando-se superior ao próximo não possui um cenário promissor no seu coração, de modo a,racionalmente, aceitar o processo desgastante da reforma íntima, que primeiramente coloca o ser no seu devido lugar (planos da igualdade e da fraternidade com seus semelhantes) para depois instá-lo a modificar-se.

            Todo comportamento, por mais singelo que possa ser, separando-se da rota cristã, apresenta-se como desvio de conduta.

            No atual estágio da Humanidade, quase impossível dizer que algum encarnado esteja completamente livre de desvios de comportamento. Alguns os têm mais, outros,menos.

                O objetivo maior é evitá-los, extirpá-los, consolidando o caráter cristão. Não conseguindo fazê-lo integralmente, a meta passa a ser controlá-los, dominá-los, a fim de amenizá-los.

            Inconcebível é permitir que aumentem, cresçam, tornem-se maiores que a própria criatura nos danos que causam e nas consequências que acarretam. Desvios de conduta, quando reiterados insistentemente, tornam-se vícios. Assim, por exemplo, o hábito de fumar ou mesmo o de não pagar dívidas. Do mesmo modo,torna-se vício o comportamento anticristão de cometer crimes frequentemente ou o de se dedicar lasciva e rotineiramente ao sexo. De formas mais leves de afastamento do comportamento ideal — desvios de conduta  — passa o encarnado, muitas vezes, às mais graves — vícios.

            A reforma íntima é o instrumento para combater não somente o desvio de conduta, mas fundamentalmente o vício. Mudando o comportamento, aprimorando as atitudes e cultivando virtudes, o encarnado conseguirá manter-se afastado das mazelas que lhe trazem infelicidade, angústia, remorso e tristeza. Tornar-se-á, essencialmente, mais feliz.

             No contexto da reforma íntima, limitados e pequenos gestos valem muito, desde que positivos. Um mínimo progresso não deixa de ser uma evolução. Logo, o caminho é começar por baixo, sem falsas pretensões ou ilusões. Não alimentar a presunção de se tornar a imagem e semelhança do Cristo de um momento para outro é postura recomendável, ainda que essa seja a meta a ser alcançada um dia. ( Fundamentos da Reforma Íntima. Itens 41, 97, 219, 508, 510, 511, 513 e 528. Cairbar Schutel. Abel Glaser).

            A análise pela razão (1) pode cooperar, de modo definitivo, no trabalho de nossa iluminação espiritual?

            É certo que o homem não pode dispensar a razão para vencer na tarefa confiada ao seu esforço, no círculo da vida; contudo, faz-se mister considerar que essa razão vem sendo trabalhada, de muitos séculos no planeta, pelos vícios de toda sorte.

            Temos plena confirmação deste asserto no ultra-racionalismo europeu, cuja avançada posição evolutiva, ainda agora, não tem vacilado entre a paz e a guerra, entre o direito e a força, entre a ordem e a agressão. Mais que em toda parte do orbe, a razão humana ali se elevou às mais altas culminâncias de realização e, todavia, desequilibrada pela ausência do sentimento, ressuscita a selvageria e o crime, embora o fausto da civilização.

            Reconhecemos, pois, que na atualidade do orbe toda iluminação do homem há de nascer, antes de tudo, do sentimento. O sábio desesperado do mundo deve volver-se para Deus como a criança humilde, para cuidar dos legítimos valores do coração, porque apenas pela reeducação sentimental, nos bastidores do esforço próprio, se poderá esperar a desejada reforma das criaturas. (O consolador. Questão 221. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

            Como iniciar o trabalho de iluminação da nossa própria alma?

            Esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões.

            Nesse particular, não podemos prescindir do conhecimento adquirido por outras almas que nos precederam nas lutas da Terra, com as suas experiências santificantes – água pura de consolação e de esperança, que poderemos beber nas páginas de suas memórias ou nos testemunhos de sacrifício que deixaram no mundo.

            Todavia, o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios mais puros, porquanto, na reforma definitiva de nosso íntimo, é indispensável o golpe da ação própria, no sentido de modelarmos o nosso santuário interior, na sagrada iluminação da vida. (O consolador. Questão 230. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            Qual fórmula se é capaz de fornecer aos encarnados para que tenham sucesso na reforma do âmago? Singela, mas eficaz. Estruture-se da seguinte forma: l)consciência real de quem é e de quem pretende ser; 2) desenvolvimento do fator  solidariedade; 3) desenvolvimento do fator  fraternidade; 4) prática da caridade, em ampla acepção; 5) combate ao egoísmo em todas as frentes; 6) manter-se em permanente luta; 7) encarar como defeito o orgulho, buscando a humildade; 8)aceitar críticas, mesmo as impertinentes, malévolas e ferinas; 9) crer, firmemente, no investimento do presente para o sucesso do futuro; 10) crer-se perfeitamente capaz de romper obstáculos, sejam eles quais forem. São estes os dez mandamentos da reforma íntima.

             Acima de todos eles, pairando sobre cada um deles, indispensáveis, os seguintes: amor a Deus; fé em Deus; resignação com a vida  que Deus lhe deu.

             Se o encarnado se enxergar, identificando com sinceridade suas mazelas, seus defeitos, suas falhas de caráter e de personalidade, bem como conseguir conhecer suas reais qualidades cristãs, terá maior condição de dar início efetivo ao seu processo de reforma íntima, porque, enquanto permanecer iludido, não sairá do plano da tentativa.

            O modelo maior de conduta a ser seguido é Jesus. Não deve o encarnado alegar dúvida nesse processo de mudança interior, pois o Cristo deixou-lhe um universo de ensinamentos que engrandecem e simplificam, ao mesmo tempo, a busca da reforma íntima. (Fundamentos da Reforma Íntima. Itens 149, 1013 e 1014. Cairbar Schutel. Abel Glaser)

            Ora, o Espiritismo é a verdadeira aplicação dos princípios da moral ensinada por Jesus, e é apenas com o objetivo de fazê-la por todos compreendida, a fim de que, por ela, todos progridam mais rapidamente, que Deus permite esta universal manifestação do Espírito, vindo explicar o que vos parecia obscuro e vos explicar toda a verdade. Vem, como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior pelas conseqüências mesmas que resultam de cada um de seus atos, de cada um de seus pensamentos; porque nenhuma emanação fluídica, boa ou má, escapa do coração ou do cérebro do homem sem deixar uma marca em algum lugar.

                (...)  Feliz aquele cujos sentimentos partem de um coração puro; espalha em seu redor como uma suave atmosfera, que faz amar a virtude e atrai os Espíritos bons; seu poder de irradiação é tanto maior quanto mais humilde for, isto é, mais desprendido das influências materiais que atraem a alma e a impedem de progredir.

            As obrigações que impõe o Espiritismo são, pois, de natureza essencialmente moral; são uma conseqüência da crença; cada um é juiz e parte em sua própria causa; mas as claridades intelectuais a quem realmente quer conhecer-se a si mesmo e trabalhar em sua melhoria são tais que amedrontam os pusilânimes, razão por que é rejeitado por tão grande número. Outros tratam de conciliar a reforma que sua razão lhes demonstra ser uma necessidade, com as exigências da sociedade atual. Daí uma mistura heterogênea, uma falta de unidade, que faz da época atual um estado transitório. É muito difícil à vossa pobre natureza corporal despojar-se de suas imperfeições para revestir o homem novo, isto é, o homem que vive segundo os princípios de justiça e de harmonia determinados por Deus; não obstante, com esforços perseverantes lá chegareis, porque as obrigações impostas à consciência, quando estiver suficientemente esclarecida, têm mais força do que jamais terão as leis humanas, baseadas no constrangimento de um obscurantismo religioso que não suporta o exame. (Revista Espírita. Maio de 1866. O Espiritismo obriga. Allan Kardec).

            Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 17. Item 4. Allan Kardec)

 

Observação (1):  Tomemos razão como sinônimo de raciocínio, discernimento; e  sentimento como sinônimo de sensibilidade. Todos os seres humanos sentem e raciocinam. Assim fazendo, percebem o mundo ao seu redor e pautam suas condutas, fixam objetivos, perseguem ideais, tomam decisões, caminham para onde querem, seguindo o seu livre-arbítrio. (Fundamentos da Reforma Íntima. Item  225. Cairbar Schutel. Abel Glaser)

 

Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos. Questão 919. Allan Kardec.

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 17. Item 4. Allan Kardec.

- Revista Espírita. Maio de 1866. O Espiritismo obriga. Allan Kardec.

- Revista reformador. Maurício Ferreira. 08/1993.

- Evolução para o terceiro milênio. Introdução. Item 2. Carlos Toledo Rizzini.

- Fundamentos da Reforma Íntima. Itens 1 e 2, 37, 38, 41, 97, 149, 219, 508, 510, 511, 513 , 528 1013 e 1014. Cairbar Schutel. Abel Glaser.

- Estudando o Evangelho. Cap. 3. Martins Peralva.

- O Consolador. Questões 221 e 230. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

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