Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 46 - A preguiça e a boa vontade
Ciclo 1 - História: A cigarra e a formiga - Atividade: PH - Salomão - 1 - Preguiça.
Ciclo 2 - História: O besouro casca-dura - Atividade: PH - Paulo de Tarso - 6 - Boas obras.
Ciclo 3 - História: A falsa mendiga - Atividade: PH - Salomão - 2 - Preguiça.
Mocidade - História: História de João Gandola - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Brainstorming (Preguiçoso X Trabalhador).
Dinâmicas: A preguiça e boa vontade; O que a professora pediu?
Mensagens Espíritas: Preguiça; Boa vontade.
Sugestão de vídeos: - Música: Não tem preguiça - Viviane Barreto (Dica: Pesquise no Youtube).
Música: Formiguinha II (Dica: Pesquise no Youtube).
- História: A cigarra e a formiga (Dica: pesquise no Youtube).
Sugestão de livro infantil: A cigarra e a formiga. Esopo. Editora Todolivro.
Leitura da Bíblia: Provérbios - Capítulo 6, 10, 19 e 20
6.6 Vamos, preguiçoso, olhe a formiga, observe os hábitos dela, e aprenda.
6.7 Ela não tem chefe, nem guia, nem governante.
6.8 Apesar disso, no verão ela acumula o grão e ajunta provisões durante a colheita.
6.9 Até quando você vai ficar dormindo, preguiçoso? Quando é que vai se levantar da cama?
6.10 Dormindo um pouco, cochilando outro pouco e mais um pouco ainda, cruzando os braços e descansando,
6.11 sobre você cairá a pobreza do vagabundo e a indigência do mendigo.
10.4 As mãos preguiçosas empobrecem o homem, porém as mãos diligentes lhe trazem riqueza.
10.5 Aquele que faz a colheita no verão é filho sensato, mas aquele que dorme durante a ceifa é filho que causa vergonha.
19.15 A preguiça faz cair em profundo sono, e o ocioso vem a padecer fome.
20.13 Não ames o sono, para que não empobreças; abre os teus olhos e te fartarás de pão.
Eclesiastes - Capítulo 10
10.18 Pela muita preguiça desaba o teto, e pela frouxidão das mãos goteja a casa.
Lucas - Capítulo 2
2.14 Glória a Deus nas alturas. E paz na terra aos homens de boa vontade.
Efésios - Capítulo 2 e 6
2.10 Porque foi Deus quem nos fez, e em Jesus Cristo fomos criados para as boas obras que Deus já havia preparado, a fim de que nos ocupássemos com elas.
6.5 Vós, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo,
6.6 não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus;
6.7 servindo de boa vontade como ao Senhor e não como aos homens,
6.8 sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre.
Tópicos a serem abordados:
- A preguiça significa falta de vontade de trabalhar ou lentidão para fazer alguma tarefa, expressa-se pela má vontade de realizar alguma coisa. O individuo que é preguiçoso é avesso a atividades que exijam esforço físico ou mental. A preguiça conserva a cabeça desocupada e as mãos ociosas, sendo um grande obstáculo para o progresso moral e intelectual.
- A preguiça alia-se ao egoísmo porque o preguiçoso preocupa-se muito mais consigo mesmo e seu bem-estar do que com o próximo.
- O preguiçoso não quer trabalhar, não quer estudar, não quer pensar com a própria cabeça, não quer aprender, não quer fazer o que o professor ou os pais lhe pedem, não quer ensinar, não quer ajudar ninguém.
- É natural que após realizar uma atividade cansativa desejamos o descanso, pois ele é necessário para reparação das forças do corpo. No entanto, o preguiçoso costuma prolongar este repouso, optando-se pelo conforto. Passa muitas horas dormindo ou permanece um prolongado tempo na cama, mesmo após ter dormido, deixando de fazer os seus deveres.
- O corpo é instrumento do Espírito, que necessita de exercício, de movimentação, de atividade, a fim de preservar a própria estrutura. Se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo, seus membros teriam se atrofiado. A falta de ação ocasiona doenças, nos conduz à flacidez muscular, à perda de movimentação, às dificuldades respiratórias e digestivas.
- Enquanto estamos com o pensamento elevado ou realizando alguma atividade útil, nutrimo-nos de boas energias para conservação da nossa saúde. A mente que não cultiva pensamentos positivos deixa a ''porta aberta'' para os pensamentos negativos, que nos trazem tristezas.
- Toda atividade útil é trabalho. Quando auxiliamos alguém, estamos ajudando a nós mesmos. As pessoas que não se tornam úteis para os outros vão sofrer, começando muitas vezes, já nesse mundo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes causa. Por exemplo, aquele que teve condição de estudar, porém não o fez, devido a preguiça, perde a oportunidade de cursar uma faculdade ou conquistar um emprego que tanto desejava.
- Cada um possui tarefas para cumprir no planeta Terra para seu próprio aprendizado. Quem persevera na preguiça, deixa de cumprir o seus deveres, despreza o tempo precioso que Deus lhe concedeu, portanto, mais tarde, terá que recomeçar o mesmo trabalho.
- Devemos ter boa vontade, prazer de ser útil, em qualquer momento. Podemos ajudar a mãe nos afazeres domésticos, arrumar nosso quarto, cuidar do irmão mais novo, ensinar o colega da classe que possui dificuldades, ajudar a professora a carregar o material escolar, estudar nas horas vagas, praticar esportes, participar do evangelho no lar, alimentar os animais de estimação, separar roupas e brinquedos para doar aos que não têm, orar pelos doentes, visitar os velhinhos, etc.
- Na Bíblia está escrito: ''Glória a Deus nas alturas. E paz na terra aos homens de boa vontade''. Se não conquistamos a paz porque não tivemos a boa vontade. A boa vontade, tanto para os pobres quanto para os ricos chama-se caridade. É o serviço espontâneo que fazemos em benefício dos outros.
- O primeiro passo para libertar-nos da ociosidade, ou seja, da preguiça, será sempre trabalhar.
Perguntas para fixação:
1. O que é a preguiça?
2. Por que o preguiçoso é também egoísta?
3. Por que não devemos ficar sem fazer nada?
4. Se não cultivarmos pensamentos positivos o que pode ocorrer?
5. Por que é importante fazer uma atividade útil?
6. Aquele que não cumpriu os seus deveres terá que refazê-los?
7. O que é a boa vontade?
8. O que devemos fazer para libertar-nos da preguiça?
Subsídio para o Evangelizador:
A preguiça é um grave defeito da vontade, caracterizando-se pela falta de impulso para o trabalho. Muitos preguiçosos são francamente do “dolce far niente”. Sua filosofia é: “plantando, dá; não plantando, dão; então, não planto, não”. (Páginas de Espiritismo cristão. Cap. 49. Rodolfo Calligaris)
A preguiça, ou propensão para a inatividade, para não trabalhar, também conhecida como lentidão para executar qualquer tarefa, ou caracterizada como negligência, moleza, tardança, é desvio de conduta, que merece maior consideração do que aquela que lhe tem sido oferecida.
Surge naturalmente, expressando-se como efeito de algum tipo de cansaço ou mesmo necessidade de repouso, de recomposição das forças e do entusiasmo para a luta existencial.
Todavia, quando se torna prolongado o período reservado para o refazimento das energias, optando-se pela comodidade que se nega às atitudes indispensáveis ao progresso, apresenta-se como fenômeno anômalo de conduta.
E normal a aspiração por conforto e descanso, no entanto, não são poucos os indivíduos que se lhes entregam, sem que apliquem esforço físico ou moral pelo conseguir.
A preguiça pode expressar-se de maneira tranquila, quando o paciente se permite muitas horas de sono, permanência prolongada no leito, mesmo após haver dormido, cortinas cerradas e ambiente de sombras, sem que o tempo seja aproveitado de maneira correta para leituras, reflexões e preces.
Não perturba aos demais, igualmente não se predispõe ao equilíbrio nem à ação.
Lentamente, essa conduta faz-se enfermiça, gerando conflitos psicológicos ou deles sendo resultante, em face das ideias perturbadoras de que não se é pessoa de valor, de que nada lhe acontece de favorável, de que não tem merecimento nem os demais lhe oferecem consideração.
Esse tormento, que se avoluma, transforma-se em pessimismo que propele, cada vez mais, a situações de negatividade e de ressentimento.
Pode também transformar-se em mecanismo de autodestruição, em face da crescente ausência de aceitação de si mesmo, perdendo o necessário contributo da autoestima para uma existência saudável.
A pessoa assume posição retraída e silenciosa, evitando qualquer tipo de estímulo que a possa arrancar da constrição a que se submete espontaneamente.
Danosa, torna os membros lassos, a mente lenta no raciocínio, apresentando, após algum tempo, distúrbios de linguagem e de locomoção.
Sob outro aspecto, pode apresentar-se como perda do entusiasmo pela vida, ausência de motivação para realizar qualquer esforço dignificante ou algum tipo de ação estimuladora.
O seu centro de atividade é o ego, que somente se considera a si mesmo, evitando espraiar-se em direção das demais pessoas, em cuja convivência poderia haurir entusiasmo e alegria, retomando o arado que sulcaria o solo dos sentimentos para a plantação da boa vontade e do bem-estar.
A avaliação feita pelo indivíduo nesse estágio é sempre deprimente, porque não tem capacidade de ver as conquistas encorajadoras que já foram realizadas nem as possibilidades quase infinitas de crescimento e de edificação.
O tédio domina-lhe as paisagens íntimas e a falta de ideal reflete-se-lhe na indiferença com que encara quaisquer acontecimentos que, noutras circunstâncias, constituiriam emulação para novas atividades.
Esse desinteresse surge, quase sempre, da falta de horizontes mentais mais amplos, da aceitação de antolhos idealistas que impedem a visão profunda e complexa das coisas e das formulações espirituais, limitando o campo de observação, cada vez mais estreito, que perde o colorido e a luminosidade.
Em outra situação, pode resultar de algum choque emocional não digerido conscientemente, no qual o ressentimento tomou conta da área mental, considerando--se pessoa desprestigiada ou perseguida, cuja contribuição para o desenvolvimento geral foi recusada.
Normalmente, aquele que assim se comporta é vítima de elevado egotismo, que somente sente-se bem quando se vê em destaque, embora não dispondo dos recursos hábeis para as ações que deve desempenhar.
Detectando-se incapacitado, refugia-se na inveja e na acusação aos demais, negando-se a oportunidade de recuperação interior, a fim de enfrentar os embates que são perfeitamente naturais em todos e quaisquer empreendimentos.
O desinteresse é uma forma de morte do idealismo, em razão da falta de sustentação estimuladora para continuar vicejando.
Pode-se, ainda, identificar outra maneira em que se escora a preguiça para continuar afligindo as pessoas desavisadas. É aquela na qual o isolamento apresenta-se como uma vingança contra a sociedade, não desejando envolver-se com nada ou ninguém, distanciando-se, cada vez mais, de tudo quanto diz respeito ao grupo familiar, social, espiritual.
Normalmente, esse comportamento é fruto de alguma injustificada decepção, decorrente do excesso de autojulgamento superior, que os outros não puderam confirmar ou não se submeteram ao seu desplante.
Gerando grande dose de ressentimento, não há como esclarecer-se ao indivíduo, na postura a que se entrega, mantendo raiva e desejo de destruição de tudo quanto lhe parece ameaçar a conduta enfermiça.
Do ponto de vista espiritual, o paciente da preguiça, que se pode tornar crônica, ainda se encontra em faixa primária de desenvolvimento, sem resistências morais para as lutas nem valores pessoais para os desafios.
Diante de qualquer impedimento recua, acusando aos outros ou a si mesmo afligindo, no que se compraz, para fugir à responsabilidade que não deseja assumir.
A preguiça prolongada pode expressar também uma síndrome de depressão, mediante a qual se instalam os distúrbios de comportamento afetivo e social, gerando profundos desconfortos e ansiedade.
(...) Sentindo-se bem, de certa forma patologicamente, com a falta de atividade, a tendência é ficar inútil, tornando-se um pesado fardo para a família e a sociedade.
Em relação a qualquer um dos motivos que desencadeiam a preguiça, conforme referidos, a baixa estima e a fuga psicológica são os fatores predominantes nesse comportamento doentio.
O corpo é instrumento do Espírito, que necessita de exercício, de movimentação, de atividade, a fim de preservar a própria estrutura. Enquanto o Espírito exige reflexões, pensamentos edificantes contínuos para nutrir-se de energia saudável, o corpo impõe outros deveres, a fim de realizar o mister para o qual foi elaborado. A indolência paralisadora pela falta de ação conduz à flacidez muscular, à perda de movimentação, às dificuldades respiratórias, digestivas, num quadro doentio que tende a piorar cada vez mais, caso não haja uma reação positiva.
Em razão do pessimismo que se assenhoreia do enfermo, a sua convivência faz-se difícil e o seu isolamento mais o atormenta, porque a autolamentação passa a constituir-lhe uma ideia fixa, culpando, também, as demais pessoas por não se interessarem pelo seu quadro, nem procurarem auxiliá-lo, o que equivale a dizer, ficarem inúteis também ao seu lado, auxiliando-o na autocomiseração que experimenta.
Em realidade, não está pedindo ou desejando ajuda real, antes apresenta-se reclamando da sua falta para melhor comprazer-se na situação a que se entrega espontaneamente.
A existência, na Terra, é constituída por contínuos desafios, que sempre estão estimulando à conquista de novas experiências, ao desenvolvimento das aptidões adormecidas, ao destemor e à coragem, em contínuas atividades enriquecedoras.
A mente não exercitada em pensamentos saudáveis, descamba para o entorpecimento ou para o cultivo de ideias destrutivas, vulgares, insensatas, que sempre agravam a conduta perniciosa.
Pensar é bênção, auxiliando a capacidade do raciocínio, a fim de poder elaborar projetos e propostas que mantenham o entusiasmo e a alegria de viver.
Concomitantemente, surge, vez que outra, alguma lucidez, e o paciente critica-se por não dispor de forças para modificar a situação em que se encontra, desanimando ainda mais, por acreditar na impossibilidade da reabilitação. Faz-se um círculo vicioso: o paciente não dispõe de energias para lutar e nega-se à luta por acreditar na inutilidade do esforço.
Outras vezes, oculta-se no mau humor, tornando--se ofensivo contra aqueles que o convidam à mudança de alternativa, explicando-lhe tudo depende exclusivamente dele, já que ninguém lhe pode tomar a medicação de que somente ele necessita.
A destreza, o esforço, a habilidade, em qualquer área, são decorrentes das tentativas exitosas ou fracassadas a que o indivíduo permite-se, resultando da repetição sem enfado nem queixa para a conquista e a realização pessoal.
Na preguiça ocorrem uma adaptação à inutilidade e uma castração psicológica de referência aos tentames libertadores.
(...) A preguiça mina a autoconfiança e destrói as possibilidades de pronta recuperação.
É natural que atraia Espíritos ociosos, que se comprazem no banquete das energias animais do paciente, tele mentalizado e conduzido às fases mais graves, de forma que prossiga vampirizado.
Os centros vitais da emoção e do comportamento são explorados por essas Entidades infelizes, e decompõem-se, funcionando com irregularidade, destrambelhando a organização somática, já que a psíquica e os sentimentos estão seriamente afetados. (Conflitos existenciais. 2-Preguiça. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco).
Quem persevera na preguiça, não somente deserta do serviço que lhe compete fazer, mas abre também as portas da própria alma à sombra da obsessão em que fatalmente se arruinará. (Livro da esperança. Na exaltação do trabalho. Espírito Emmanuel Psicografado por Chico Xavier)
Como é fácil de perceber, a preguiça é suscetível de desencadear todos os males, qual a treva que é capaz de induzir a todos os erros.
Compreendamos, assim, que obsessão, loucura, pessimismo, delinquência ou enfermidade podem aparecer por autênticas fecundações da ociosidade intoxicando a mente e arruinando a vida. E reconheçamos, de igual modo, que o primeiro passo para libertar-nos da inércia será sempre: trabalhar. (Passos da vida. Para libertar-nos. Espírito Emmanuel. Psicografia de Chico Xavier).
A preguiça é, então, um grande mal?
É um abismo que nos separa dos bens materiais e espirituais. O preguiçoso é sempre um parasita que vive às custas dos outros. (Espiritismo para crianças.Vícios e pecados. Cairbar Schutel).
A preguiça alia-se ao egoísmo porque o mandrião preocupa-se muito mais consigo mesmo e seu bem-estar do que com o próximo. Família e outros que dele dependem passam por sérios problemas, enquanto o ocioso apraz-se em ser como é. (Fundamentos da Reforma Íntima. Item 708. Espírito Cairbar Schutel. Abel Glaser).
Qual pode ser, na Terra, a missão das criaturas voluntariamente inúteis?
Há efetivamente pessoas que só para si mesmas vivem e que não sabem tornar-se úteis ao que quer que seja. São pobres seres dignos de compaixão, porquanto expiarão duramente sua voluntária inutilidade, começando-lhes muitas vezes, já nesse mundo, o castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes causa.”
Pois que lhes era facultada a escolha, por que preferiram uma existência que nenhum proveito lhes traria?
Entre os Espíritos também há preguiçosos que recuam diante de uma vida de labor. Deus consente que assim procedam. Mais tarde compreenderão, à própria custa, os inconvenientes da inutilidade a que se votaram e serão os primeiros a pedir que se lhes conceda recuperar o tempo perdido. Pode também acontecer que tenham escolhido uma vida útil e que hajam recuado diante da execução da obra, deixando-se levar pelas sugestões dos Espíritos que os induzem a permanecer na ociosidade. (O Livro dos Espíritos. Questão 574 e 574-a. Allan Kardec).
No livro '' O Céu e o inferno '', relata um caso de um Espírito, que teve uma vida inútil, porém reclama preces a um médium:
Que vos leva a pedir preces? — R. Estou farto de vagar sem objetivo. — P. Estais há muito em tal situação? — R. Faz cento e oitenta anos mais ou menos. — P. Que fizestes na Terra? — R. Nada de bom.
Qual a vossa posição entre os Espíritos? — R. Estou entre os entediados. — P. Mas isso não forma categoria... — R. Entre nós, tudo forma categoria. Cada sensação encontra suas semelhantes, ou suas simpatias que se reúnem.
Por que permanecestes tanto tempo estacionário, sem que fosseis condenado a sofrer? — R. É que eu estava votado ao tédio, que entre nós é um sofrimento. Tudo o que não é alegria, é dor. — P. Fostes, pois, forçado à erraticidade contra a vontade?...
Qual poderia ter sido a causa desse aborrecimento de que vos acusais? — R. Conseqüências da existência. O tédio é filho da inação; por não ter eu sabido utilizar o longo tempo de encarnação, as conseqüências vieram refletir-se neste mundo.
Os Espíritos que, como vós, foram tomados de tédio, não podem libertar-se de tal contingência desde que o desejem?
— R. Não, nem sempre, porque o tédio lhes paralisa a vontade. Sofrem as conseqüências da vida que levaram, e, como foram inúteis, desprovidos de iniciativa, assim também não encontram entre si concurso algum. Entregues a si mesmos, nesse estado permanecem, até que o cansaço, decorrente de tal neutralidade, os agite em sentido contrário, momento no qual a sua menor vontade vai encontrar apoio e bons conselhos e secundar-lhes o esforço e a perseverança.
Podeis dizer-me algo da vossa existência terrena? — R. Oh! Deveis compreender que pouco me é dado dizer, visto como o tédio, a nulidade e a inação provêm da preguiça, que, por sua vez, é mãe da ignorância (O Céu e o Inferno. Espíritos endurecidos. Um Espírito aborrecido. Allan Kardec).
O Espírito São Luis adverte: ''Eu vos digo que a força não foi dada ao homem, nem a inteligência ao seu espírito para consumir os dias na ociosidade, mas para ser útil aos semelhantes. Ora, aquele cujas mãos estiverem desocupadas e o espírito ocioso será punido e deverá recomeçar sua tarefa.
Em verdade vos digo que sua vida será posta de lado como uma coisa que a ninguém aproveita, quando seu tempo se cumprir; compreendei isso como uma comparação.
Qual dentre vós, se tiverdes em vosso pomar uma árvore que não dê bons frutos, não dirá a seu servo: “Cortai essa árvore e lançai-a no fogo, porque seus ramos são estéreis?” Ora, assim como tal árvore será cortada por causa de sua esterilidade, a vida do preguiçoso será posta no refugo, por ter sido estéril em boas obras.'' (Revista Espírita. Junho de 1858. A Preguiça. Dissertação moral ditada por São Luis a senhorita Hermance Dufax. Allan Kardec).
Na Bíblia está escrito: Glória a Deus nas alturas. E paz na terra aos homens de boa vontade. (Lucas 2:14).
Boa Vontade para com os homens, definindo as nossas obrigações de serviço espontâneo, uns à frente dos outros, no grande roteiro da Humanidade. (Antologia mediúnica do Natal. Cap. 49. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
A boa vontade é a luz que alimenta a harmonia entre as criaturas.
(...)Em todos os lugares, há chagas que pedem bálsamo, complicações que rogam silêncio, desventuras que esperam socorro e obstáculos que imploram concurso amigo.
Com a boa vontade, aprendemos a encontrar o irmão que chora, o companheiro em dificuldade, o doente infeliz, a criança desamparada, o animal ferido, a árvore sem proteção e a terra seca, prestando-lhes cooperação desinteressada, e é por ela que podemos exercitar o dom de servir, através das pequeninas obrigações de cada dia, estendendo mãos fraternas, silenciando a acusação descabida, sofreando a agressividade e calando a palavra imprudente. (Instruções Psicofônicas. Espírito Meimei. Psicografado por Chico Xavier).
“Paz, disse o seu Cristo, aos homens de boa vontade!” Não obtivestes a paz porque não tivestes a boa vontade. A boa vontade, tanto para os pobres quanto para os ricos chama-se caridade. Há caridade moral, como há caridade material; e não a tivestes; e o pobre foi tão culpado quanto o rico! (Revista Espírita. Fevereiro de 1863. Dissertações Espíritas. Paz aos Homens de Boa vontade. Allan Kardec).
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos. Questão 574 e 574-a. Allan Kardec.
- O Céu e o Inferno. Espíritos endurecidos. Um Espírito aborrecido. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Junho de 1858. A Preguiça. Dissertação moral ditada por São Luis a senhorita Hermance Dufax. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Fevereiro de 1863. Dissertações Espíritas. Paz aos Homens de Boa vontade. Allan Kardec.
- Conflitos existenciais. 2-Preguiça. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco.
- Passos da vida. Para libertar-nos. Espírito Emmanuel. Psicografia de Chico Xavier.
- Espiritismo para crianças.Vícios e pecados. Cairbar Schutel.
- Antologia mediúnica do Natal. Cap. 49. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Instruções Psicofônicas. Espírito Meimei. Psicografado por Chico Xavier.
- Fundamentos da Reforma Íntima. Item 708. Espírito Cairbar Schutel. Abel Glaser.
- Páginas de Espiritismo cristão. Cap. 49. Rodolfo Calligaris.
- Bíblia: Lucas 2:14.