Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 36 - Emprego da fortuna - Não se pode servir a Deus e a Mamon

Ciclo 1 - História: O menino Duda -  Atividade: ESE - Cap. 16 - 2 - Salvação dos Ricos (Continuação) ou/e Fazer desenho livre da fazenda de Duda.

Ciclo 2 - História:  No papel da mendiga -  Atividade: ESE - Cap. 16 - 1- Salvação dos ricos ou/e   Cap. 16 -10 -  Emprego da fortuna .   

Ciclo 3 - História:  O ricaço distraído -  Atividade ESE - Cap. 16 - 7 - Utilidade providencial da riqueza. Provas da riqueza e da miséria. ou/e LE - L3 - Cap. 9 - 5 - Provas da riqueza e da miséria.  

Mocidade - História: Dentro da própria casa  - Atividade:   7 - Debate de opiniões contrárias: Deve-se dar dinheiro para qualquer um que bate na sua porta?

 

Dinâmicas: A verdadeira Riqueza; Caça ao tesouro.

Mensagens Espíritas: RiquezaDinheiro.

Sugestão de livros infantis:

- O rei que era dono do mundo. Alberto filho. Site de dicas (Acesse o site)

- Coleção - Valores para a vida. Nem Sorte, nem Azar – Planejamento . Cida Lopes. Editora Todolivro Ltda.

 

Leitura da Bíblia: Lucas - Capítulo 16


16.13   Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de chegar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.


 

Mateus - Capítulo 19 (Lucas 18:18-25; Marcos 10:17 a 25)


19.16   E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?


19.17   E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom, senão um só que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.


19.18   Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;


19.19   honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.


19.20   Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?


19.21   Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me.


19.22   E o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.


19.23   Disse, então, Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no Reino dos céus.


19.24   E outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus.


 

1 João - Capítulo 2


2.15  Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.


2.16  Pois tudo o que há no mundo - a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens - não provém do Pai, mas do mundo.


2.17 O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.


 

 

Tópicos a serem abordados:

- A riqueza, tanto quanto a pobreza, são provas que foram escolhidas pelos Espíritos para testar o seu aprendizado ou a sua capacidade. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder.

- Tanto a riqueza quanto a pobreza são provas difíceis, pois a miséria pode provocar revolta contra Deus, e a riqueza , mais arriscada ainda,  é um estimulo para  todas as paixões (tais como: orgulho, egoísmo, a avareza, a ganância, etc.) que nos prendem à matéria e nos afastam da perfeição espiritual.

- Quando Jesus disse ao moço que o interrogava sobre os meios de ganhar a vida eterna: "Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só se consegue a esse preço; mas, apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. Esse jovem recua ante a ideia de abandonar seus bens e vai embora muito triste.  Por isso Jesus disse:  “ É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no reino dos céus''.

- Esta figura pode parecer um pouco forçada, porque não se percebe que relação possa existir entre um camelo e uma agulha. Isto ocorre pois, em hebreu, a mesma palavra serve para designar um camelo e um cabo. Na tradução, deram-lhe o primeiro desses significados; mas é provável que Jesus a tenha empregado com a outra significação.

 -  A riqueza não é, todavia, um mal em si mesma. É boa ou má, segundo o uso que dela se faz. Deus não condena a riqueza e ninguém é condenado, por ser rico. O que Deus condena é o mau uso que se faz da fortuna.

- O mau uso consiste em aplicar a riqueza exclusivamente na sua satisfação pessoal; o uso é bom quando resulta um bem qualquer para outra pessoa.

-  A riqueza também é um poderoso elemento para o progresso intelectual e para o aperfeiçoamento das sociedades,  pois para se conseguir dinheiro é necessário estudar e trabalhar , e sem este estímulo,  as pesquisas científicas e o desenvolvimento tecnológico não avançam.

- Os bens da Terra pertencem a Deus. A riqueza é apenas um empréstimo que Ele nos dá. É agradável a Deus, quando a riqueza é utilizada para beneficiar as pessoas, através da caridade.  Deve-se usar  a riqueza para dar alívio à miséria presente; diminuir a fome, preservar do frio e proporcionar abrigo ao que não o tem. É importante doar brinquedos, sapatos, roupas, etc, que muitas vezes estão guardados nos armários, e não são mais utilizados. Muitos necessitam de  nosso amparo. O rico deve prevenir a miséria. Deve  doar sem humilhar e também deve verificar se não seria mais eficaz que a esmola, oferecer uma oportunidade de trabalho, um conselho ou ter um sentimento de afeição (carinho) por este irmão.

- Jesus disse: ''Ninguém pode servir a dois senhores. Não se pode servir ao mesmo tempo, a Deus e a Mamon'' (dinheiro).  Não é possível fazer a vontade de Deus, praticando a caridade e amor ao próximo e ao mesmo tempo ser apegado ao dinheiro , sendo avaro e egoísta , vivendo para o mundo e desejando o muito sem Deus.

- Para ser feliz o homem não necessita da riqueza. A verdadeira riqueza , procede do trabalho e todos nós, de uma forma ou de outra, podemos trabalhar e servir em benefício do próximo. A felicidade está na paz da consciência tranqüila, pelo dever cumprido.

 

Perguntas para fixação:

1. Por que Deus dá a alguns a riqueza e a outros a pobreza?

2. Por que Jesus disse: “ É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no reino dos céus''.

3. Por que a riqueza é uma prova mais arriscada?

4. A riqueza é algo ruim?

5. Por que Jesus disse para o moço desfazer-se de toda a sua riqueza?

6. O que é Mamon?

7. É possível servir a Deus e a Mamon ao mesmo tempo?

8. É necessário ser rico para ser feliz?

9. Onde está a verdadeira riqueza?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria?

            Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência. (O Livro dos Espíritos. Questão 814. Allan Kardec).

             Qual das duas provas é mais terrível para o homem, a da desgraça ou a da riqueza?

            São-no tanto uma quanto outra. A miséria provoca as queixas contra a Providência, a riqueza incita a todos os excessos. (O Livro dos Espíritos. Questão 815. Allan Kardec)

             O homem rico tem mais dificuldades a vencer que o pobre. Além de tratar de si e dos seus, além de procurar manter as exigências sociais, além de estudar e estudar muito porque dispõe de mais tempo que o pobre, ainda lhe cabe o dever restrito de exercer a Caridade, quer socorrendo os necessitados do corpo, quer ensinando os ignorantes, dirigindo a todos palavras de conforto, de coragem, de resignação. Deus não condena a riqueza e ninguém é condenado, por ser rico. O que Deus condena é o mau uso que se faz da fortuna. (Parábolas e Ensinos de Jesus.  A prova da riqueza. Caibar Schutel).

            Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão. Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. E o laço mais forte que prende o homem tal vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da miséria à riqueza esquece de pronto a sua primeira condição, os que com ele a partilharam, os que o ajudaram, e faz-se insensível, egoísta e vão. Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento.

            Quando Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: ''Desfase-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. Aquele moço, com efeito, se julgava quite porque observara certos mandamentos e, no entanto, recusava-se à idéia de abandonar os bens de que era dono. Seu desejo de obter a vida eterna não ia até ao extremo de adquiri-la com sacrifício. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16.  Item 7. Allan Kardec).

            Estando o rico sujeito a maiores tentações, também não dispõe, por outro lado, de mais meios de fazer o bem?

            Mas, é justamente o que nem sempre faz. Torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável. Com a riqueza, suas necessidades aumentam e ele nunca julga possuir o bastante para si unicamente.

            A alta posição do homem neste mundo e o ter autoridade sobre os seus semelhantes são provas tão grandes e tão escorregadias como a desgraça, porque, quanto mais rico e poderoso é ele, tanto mais obrigações tem que cumprir e tanto mais abundantes são os meios de que dispõe para fazer o bem e o mal. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder. A riqueza e o poder fazem nascer todas as paixões que nos prendem à matéria e nos afastam da perfeição espiritual. Por isso foi que Jesus disse: “Em verdade vos digo que mais fácil é passar um camelo (1) por um fundo de agulha do que entrar um rico no reino dos céus.” (O Livro dos Espíritos. Questão 816. Allan Kardec).

           Será reprovável que cobicemos a riqueza, quando nos anime o desejo de fazer o bem?

            Tal sentimento é, não há dúvida, louvável, quando puro. Mas, será sempre bastante desinteressado esse desejo? Não ocultará nenhum intuito de ordem pessoal? Não será de fazer o bem a si mesmo, em primeiro lugar, que cogita aquele, em quem tal desejo se manifesta? ( O Livro dos Espíritos. Questão 902. Allan Kardec)   

           A riqueza não é, todavia, um mal em si mesma. É boa ou má, segundo o emprego que dela se faz. O importante é que ela não inspire nem orgulho nem dureza do coração. É preciso ser o senhor da sua fortuna e não seu escravo, mostrar-se superior a ela, desinteressado e generoso. Nessas condições, a prova perigosa da riqueza torna-se mais fácil de se suportar. Ela não amolece os caracteres, não desperta essa sensualidade quase inseparável do bem-estar.

            A prosperidade é perigosa pelas tentações que propor­ciona, pela fascinação que exerce sobre os espíritos. Pode, entretanto, ser a fonte de um grande bem, quando regulada com sabedoria e moderação. Pode-se, através da riqueza, contribuir para o progresso intelectual dos homens, para o aperfeiçoamento das socieda­des, criando instituições de benemerência ou escolas, fazendo os deserdados participarem das descobertas da Ciência e das revelações do Belo. Mas, acima de tudo, a riqueza deve se derramar sobre aqueles que lutam contra a necessidade, sob forma de trabalho e de socorro.

            Em compensação, consagrar seus recursos à satisfação exclusiva da sua vaidade e dos seus sentidos é perder sua existência e criar para si penosos entraves. O rico deverá dar conta do depósito entregue nas suas mãos para o bem de todos. Quando a lei inexorável, quando o grito da sua consciência elevarem-se contra ele nesse mundo futuro onde o ouro não tem mais influência, o que responderá à acusação de ter desviado em proveito próprio o que deveria abrandar a fome e os sofrimentos dos outros?

            Quando o espírito não se sente suficientemente ar­mado contra as seduções da riqueza, deve afastar-se dessa prova perigosa, procurar, de preferência, uma vida simples, longe das vertigens da fortuna e da grandeza. Se, apesar de tudo, a sorte o destina a ocupar um lugar mais elevado nesse mundo, não deve se regozijar, pois sua responsabili­dade e seus deveres serão muito mais extensos. Colocado nas fileiras inferiores da sociedade, não deve se ruborecer jamais. O papel dos humildes é o mais meritório; são eles que suportam todo o peso da civilização; é do seu trabalho que vive e se alimenta a Humanidade. O pobre deve ser sagrado para todos, pois foi pobre que Jesus quis nascer e morrer; foi a pobreza que escolheram Epiteto, Francisco de Assis, Miguel Angelo, Vicente de Paulo e tantos nobres espíritos que viveram nesse mundo. Eles sabem que o trabalho, as privações, o sofrimento desenvolvem as forças viris da alma, enquanto que a prosperidade as diminui. No desapego das coisas humanas, uns encontraram a santificação, outros a potência que faz o gênio. (Depois da morte. Cap. 45. Leon Denis)

            Não podeis servir a Deus e a Mamon (2). Guardai bem isso em lembrança, vós, a quem o amor do ouro domina; vós, que venderíeis a alma para possuir tesouros, porque eles permitem vos eleveis acima dos outros homens e vos proporcionam os gozos das paixões que vos escravizam. Não; não podeis servir a Deus e a Mamon! Se, pois, sentis vossa alma dominada pelas cobiças da carne, dai-vos pressa em alijar o jugo que vos oprime, porquanto Deus, justo e severo, vos dirá: Que fizeste, ecônomo infiel, dos bens que te confiei? Esse poderoso móvel de boas obras exclusivamente o empregaste na tua satisfação pessoal.

            Qual, então, o melhor emprego que se pode dar à riqueza? Procurai - nestas palavras:

            "Amai-vos uns aos outros", a solução do problema. Elas guardam o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí toda traçada a sua linha de proceder. Na caridade está, para as riquezas, o emprego que mais apraz a Deus. Não nos referimos, é claro, a essa caridade fria e egoísta, que consiste em a criatura espalhar ao seu derredor o supérfluo de uma existência dourada. Referimo-nos à caridade plena de amor, que procura a desgraça e a ergue, sem a humilhar. Rico!... dá do que te sobra; faze mais: dá um pouco do que te é necessário, porquanto o de que necessitas ainda é supérfluo. Mas, dá com sabedoria. Não repilas o que se queixa, com receio de que te engane; vai às origens do mal. Alivia, primeiro; em seguida, informa-te, e vê se o trabalho, os conselhos, mesmo a afeição não serão mais eficazes do que a tua esmola. Difunde em torno de ti, como os socorros materiais, o amor de Deus, o amor do trabalho, o amor do próximo. Coloca tuas riquezas sobre uma base que nunca lhes faltará e que te trará grandes lucros: a das boas obras. A riqueza da inteligência deves utilizá-la como a do ouro. Derrama em tomo de ti os tesouros da instrução; derrama sobre teus irmãos os tesouros do teu amor e eles frutificarão. ( Cheverus. Bordéus, 1861.)

            Quando considero a brevidade da vida, dolorosamente me impressiona a incessante preocupação de que é para vós objeto o bem-estar material, ao passo que tão pouca importância dais ao vosso aperfeiçoamento moral, a que pouco ou nenhum tempo consagrais e que, no entanto, é o que importa para a eternidade. Dir-se-ia, diante da atividade que desenvolveis, tratar-se de uma questão do mais alto interesse para a humanidade, quando não se trata, na maioria dos casos, senão de vos pordes em condições de satisfazer a necessidades exageradas, à vaidade, ou de vos entregardes a excessos. Que de penas, de amofinações, de tormentos cada um se impõe; que de noites de insônia, para aumentar haveres muitas vezes mais que suficientes! Por cúmulo de cegueira, freqüentemente se encontram pessoas, escravizadas a penosos trabalhos pelo amor imoderado da riqueza e dos gozos que ela proporciona, a se vangloriarem de viver uma existência dita de sacrifício e de mérito - como se trabalhassem para os outros e não para si mesmas!

            Insensatos! Credes, então, realmente, que vos serão levados em conta os cuidados e os esforços que despendeis movidos pelo egoísmo, pela cupidez ou pelo orgulho, enquanto negligenciais do vosso futuro, bem como dos deveres que a solidariedade fraterna impõe a todos os que gozam das vantagens da vida social? Unicamente no vosso corpo haveis pensado; seu bem-estar, seus prazeres foram o objeto exclusivo da vossa solicitude egoística.

            Por ele, que morre, desprezastes o vosso Espírito, que viverá sempre. Por isso mesmo, esse senhor tão animado e acariciado se tornou o vosso tirano; ele manda sobre o vosso Espírito, que se lhe constituiu escravo. Seria essa a finalidade da existência que Deus vos outorgou? ( Um Espírito Protetor. Cracóvia, l861.)

             Sendo o homem o depositário, o administrador dos bens que Deus lhe pôs nas mãos, contas severas lhe serão pedidas do emprego que lhes haja ele dado, em virtude do seu livre-arbítrio. O mau uso consiste em os aplicar exclusivamente na sua satisfação pessoal; bom é o uso, ao contrário, todas as vezes que deles resulta um bem qualquer para outrem. O merecimento de cada um está na proporção do sacrifício que se impõe a si mesmo. A beneficência é apenas um modo de empregar-se a riqueza; ela dá alívio à miséria presente; aplaca a fome, preserva do frio e proporciona abrigo ao que não o tem. Dever, porem, igualmente imperioso e meritório é o de prevenir a miséria. Tal, sobretudo, a missão das grandes fortunas, missão a ser cumprida mediante os trabalhos de todo gênero que com elas se podem executar. Nem, pelo fato de tirarem desses trabalhos legítimo proveito os que assim as empregam, deixaria de existir o bem resultante delas, porquanto o trabalho desenvolve a inteligência e exalça a dignidade do homem, facultando-lhe dizer, altivo, que ganha o pão que come, enquanto a esmola humilha e degrada. A riqueza concentrada em uma mão deve ser qual fonte de água viva que espalha a fecundidade e o bem-estar ao seu derredor. O vós, ricos, que a empregardes segundo as vistas do Senhor! O vosso coração será o primeiro a dessedentar-se nessa fonte benfazeja; já nesta existência fruireis os inefáveis gozos da alma, em vez dos gozos materiais do egoísta, que produzem no coração o vazio. Vossos nomes serão benditos na Terra e, quando a deixardes, o soberano Senhor vos dirá, como na parábola dos talentos: “Bom e fiel servo, entra na alegria do teu Senhor.” Nessa parábola, o servidor que enterrou o dinheiro que lhe fora confiado é a representação dos avarentos, em cujas mãos se conserva improdutiva a riqueza. Se, entretanto, Jesus fala principalmente das esmolas, é que naquele tempo e no país em que ele vivia não se conheciam os trabalhos que as artes e a indústria criaram depois e nas quais as riquezas podem ser aplicadas utilmente para o bem geral. A todos os que podem dar, pouco ou muito, direi, pois: dai esmola quando for preciso; mas, tanto quanto possível, convertei-a em salário, a fim de que aquele que a receba não se envergonhe dela.( Fénelon. Argel, 1860.  O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16. Itens 11, 12 e 13. Allan Kardec).

            P - Para ser feliz o homem necessita da riqueza? O que é a felicidade?

            R - Acreditamos que o Criador nos fez ricos a todos, sem exceção, porque a riqueza autêntica a nosso ver, procede do trabalho e todos nós, de uma forma ou de outra, podemos trabalhar e servir.

            Quanto a felicidade, cremos que ela nasce na paz da consciência tranqüila pelo dever cumprido e cresce, no íntimo de cada pessoa, à medida que a pessoa procura fazer a felicidade dos outros, sem pedir felicidade para si própria. (Entender conversando. Ditada pelo Espírito Emmanuel. Questão 133. Chico Xavier)

 

Observação (1): Esta arrojada figura pode parecer um pouco forçada, pois que não se percebe que relação possa existir entre um camelo e uma agulha. Acontece, no entanto, que, em hebreu, a mesma palavra serve para designar um camelo e um cabo. Na tradução, deram-lhe o primeiro desses significados; mas é provável que Jesus a tenha empregado com a outra significação. É, pelo menos, mais natural. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16. Observação do item 1. Allan Kardec).

 

Observação (2): Mamon era uma divindade que os antigos sírios adoravam, um ídolo de prata ou de ouro, que mais ou menos corres­pondia ao Júpiter dos latinos e representava as paixões humanas, com seu cortejo de vícios, o que explica o pensamento de Jesus, quando disse: Ninguém pode ao mes­mo tempo servir a dois senhores. (Elucidações Evangélicas. Cap. 34. Antônio Luiz Sayão)

 

Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos. Questões 814 , 815 , 816 e 902. Allan Kardec.

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16.  Itens 7, 11, 12 e 13. Allan Kardec.

- Parábolas e Ensinos de Jesus.  A prova da riqueza. Caibar Schutel.

- Depois da morte. Cap. 45. Leon Denis.

- Entender conversando. Ditada pelo Espírito Emmanuel. Questão 133. Chico Xavier.

- Elucidações Evangélicas. Cap. 34. Antônio Luiz Sayão.

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