Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 30 - Dupla vista: A pesca milagrosa
Ciclo 1 - História: A pesca maravilhosa - Atividade: PH - Jesus - 5- A pesca milagrosa ou 6 - Entrada de Jesus em Jerusalém.
Ciclo 2 - História: Em dobro - Atividade: LE - L2 - Cap. 8 - 7. Dupla vist ou/e aDobradura - Barco (Dica: Faça peixinhos de papel e cole no barco).
Ciclo 3 - História: Visões - Atividade: LE - L2 - Cap. 8 - 8 - Resumo teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista.
Mocidade - História: O sexto sentido e a visão espiritual - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Dupla vista.
Dinâmicas: Pescador de valores; Jesus e a entrada triunfal em Jerusalém.
Mensagens Espíritas: Pesca maravilhosa.
Sugestão de vídeo: Música: Pedro, Tiago, João no barquinho (Dica: pesquise no Youtube).
Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 21 (Vide: Zacarias 9:9-10)
21.1 Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
21.2 Ide à aldeia que aí está diante de vós e logo achareis presa uma jumenta e, com ela, um jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos.
21.3 E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei-lhe que o Senhor precisa deles. E logo os enviará.
21.4 Ora, isto aconteceu para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta:
21.5 Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.
21.6 Indo os discípulos e tendo feito como Jesus lhes ordenara,
21.7 trouxeram a jumenta e o jumentinho. Então, puseram em cima deles as suas vestes, e sobre elas Jesus montou.
Mateus - Capítulo 26
26.19 E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa.
26.20 E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze.
26.21 E, comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
26.22 E eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu, Senhor?
26.23 E ele, respondendo, disse: O que põe comigo a mão no prato, esse me há de trair.
26.24 Em verdade o Filho do homem vai, como acerca dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido.
26.25 E, respondendo Judas, o que o traía, disse: Porventura sou eu, Rabi? Ele disse: Tu o disseste.
Lucas - Capítulo 5 (Vide: Mateus 4:18-22)
5.1 Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré;
5.2 e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes.
5.3 Entrando em um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões.
5.4 Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.
5.5 Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes.
5.6 Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes.
5.7 Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.
5.8 Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador.
5.9 Pois, à vista da pesca que fizeram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus companheiros,
5.10 bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios. Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens.
5.11 E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram.
Tópicos a serem abordados:
- O Mar da Galiléia (ou lago de Genezaré) foi o cenário da maior parte da vida de Jesus. Havia por ali muitas colônias de pescadores e foi entre eles que Jesus foi buscar quase todos seus discípulos.
- Quando Jesus disse a Pedro e seu irmão André: ''Segui-me, eu vos farei pescadores de homens''. Imediatamente eles deixaram as redes e o seguiram, pois os discípulos eram almas humildes, servos obedientes. A tarefa de ''pescar homens'' significa colocar-se como instrumento para levar o Evangelho para a humanidade.
- A pesca realizada por eles, nada teve de milagrosa, ou sobrenatural. Na época de Jesus tudo o que o povo não conseguia explicar era tido como sobrenatural, como milagre. O Espiritismo não admite os milagres; a Doutrina Espírita esclarece que nada se realiza fora das leis da Natureza.
- A pesca qualificada de milagrosa pode ser explicada pela dupla vista. Jesus não produziu espontaneamente peixes onde não os havia; ele viu, com a vista da alma, o lugar onde se achavam os peixes e disse com segurança aos pescadores que lançassem aí suas redes. O mesmo se deu quando ele revelou onde, dois de seus discípulos, poderiam encontrar uma jumenta e seu jumentinho; quando , por ocasião da Ceia, ele anunciou que um dos doze o trairia e o apontou, dizendo ser aquele que punha a mão no prato; e deu-se também, quando predisse que Pedro o negaria.
- O homem encarnado é formado por três partes: Espírito, perispírito e corpo físico. A alma, que é nosso Espírito encarnado, pode enxergar coisas que nossos olhos físicos não podem ver. Enxergar com os olhos da alma é poder ver além do nosso corpo físico. É poder ver, no lugar onde estamos e até longe, bem distante. Conhecer até pensamentos, tudo o que estiver dentro do campo de irradiação do fluido do perispírito. Na dupla vista o Espírito não vê com os olhos do corpo, vê com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados.
- Sendo Jesus um Espírito puro, ele tinha esta faculdade no mais supremo grau. Podia perceber coisas, animais e pessoas que estavam distantes, podia conhecer o pensamento das pessoas e até prever coisas que iriam acontecer. Nos Espíritos inferiores ela se acha enfraquecida pela relativa grosseria do perispírito, que se lhe interpõe qual nevoeiro.
- A dupla vista é ainda resultado da libertação do Espírito, enquanto está acordado (estado de vigília).É semelhante ao fenômeno do sonâmbulismo, porém este ocorre durante o sono. Manifesta-se em diferentes graus nos Espíritos encarnados. Conforme o grau de poder da faculdade, diz-se que a lucidez é maior ou menor. Com o auxílio dessa faculdade é que certas pessoas vêem o interior do organismo humano e descrevem as causas das doenças.
- Essa faculdade esta relacionada com o organismo físico. Existem aqueles que são refratários (não a possuem). Por semelhança de organização física a dupla vista se transmite também pela hereditariedade.
- Os leitores de mão, de cartas, de borra de café, fazem as adivinhações por meio da dupla vista. Os objetos usados por eles não têm qualquer significado, são apenas um meio de fixar a atenção, pois poderiam ver sem eles. No entanto, essa faculdade deve ser utilizada para o bem, aqueles que a utilizam por questões fúteis ou por interesses financeiros, atraem os Espíritos levianos, que se divertem à custa das pessoas excessivamente crédulas e se comprazem em enganá-las.
Perguntas para fixação:
1. O que significa ser pescador de homens?
2. O que é a dupla vista?
3. Em quais situações Jesus utilizou a dupla vista?
4. A dupla vista ocorre enquanto a pessoa está dormindo ou acordada?
5. Quem possui a dupla vista enxerga pelos olhos do corpo ou pelos olhos da alma?
6. Todas as pessoas possuem a dupla vista?
7. A dupla está relacionada com o corpo físico? Ela pode ser transmitida pela hereditariedade?
8. Por qual meio alguns ciganos fazem as adivinhações, pela dupla vista ou pela leitura das mãos?
Subsídio para o Evangelizador:
O início da Missão de Jesus é o mais belo manifesto que o Céu poderia enviar à Terra, como primórdio desse admirável livro que nos legou e que nós chamamos o Evangelho, lídima personificação do seu primoroso instituidor.
Percorrendo o longo das praias, onde as águas beijam a terra e se balançam num culto constante de adoração aos céus, começou Jesus a sua pregação repetindo os incessantes convites que a "Voz do que clamava no deserto", João Batista, fazia a todos os que buscavam no seu "batismo de água", o perdão dos pecados, a redenção para suas almas: "Arrependei- vos; porque está próximo o Reino dos Céus.
Era preciso deixar a má vida, fazia - se mister que os futuros ouvintes da sua Palavra de Amor mudassem de costumes, para que essa Palavra lhes fosse dada e eles então se esforçassem para possuir o Reino dos Céus, que se aproximava e reclamava para súditos, corações sinceros e inteligências vigorosas.
E assim, por um lapso de tempo, "dai frutos dignos do vosso arrependimento", que João clamava sem cessar, não se afagou, nem emudeceu, em Cafarnaum, Zabulon e Neftali, repercutindo como o soar de um relógio por todo o Deserto da Judéia, para que o caminho do Senhor fosse preparado e endireitadas as suas veredas. Foi nesse ínterim que o Mestre avistou dois pescadores, Pedro e André, que no serviço de sua profissão, lançavam rede ao mar.
Quem melhor que essas almas humildes e desinteressadas, destituídas de vanglória e de saber poderia seguir aqueles passos sagrados e como servos obedientes fazer tudo o que seu Senhor mandasse? Quem melhor que Pedro e André, exercitados na constância da pesca e na paciência que os fazia esperar os peixes e procurá -los onde se achassem, quem melhor que estes pescadores poderia pescar, retirar desse mar bravio da vida, revolto de paixões, homens que se destinassem à vida superior, ao culto dos sagrados deveres humanos, para, entre as tramas dessa rede de parábola erguê-los das trevas para a luz, da "região da morte" à região da Vida bem-aventurada e divina!
- "Segui-me, eu vos farei pescadores de homens. Imediatamente eles deixaram as redes e o seguiram." "Segui-me, porque é por vós que sois pobres, iletrados, mas laboriosos , pacientes, constantes e humildes que a glória de Deus se manifestará ao mundo; é a vós, pescadores, que a "rede" do Céu será entregue e com o meu auxílio e sob a minha direção se efetuará a milagrosa pesca, semelhante àquela que vos deslumbrou no lago de Genesaré, e a que sob minhas instruções, após a minha morte, efetuareis no Mar de Tiberíades."
Os futuros Apóstolos precisam entrar no grande Templo pela porta do desinteresse e revestidos daquelas virtudes que caracterizam o desapego das coisas do mundo, inclusive a autoridade paterna, quando exercida inconscientemente."E andava Jesus por toda a Galiléia, acompanhado dos quatro moços, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino, e curando todas as enfermidades do povo." (O Espírito do Cristianismo. Cap. 2. Cairbar Schutel).
O Espiritismo representa hoje a rede lançada por Pedro. Atraídos pelos fluídos que os bons Espíritos espalham, os homens estão vindo e virão cada vez mais lançar se nessa rede, a fim de serem retirados das águas infectas dos vícios e das paixões em que se acham mergulhados. (Elucidações Evangélicas. Cap. 15. Antônio Luiz Sayão).
A pesca qualificada de miraculosa (1) igualmente se explica pela dupla vista. Jesus não produziu espontaneamente peixes onde não os havia; ele viu, com a vista da alma, como teria podido fazê-lo um lúcido vígil, o lugar onde se achavam os peixes e disse com segurança aos pescadores que lançassem aí suas redes. (...) O mesmo se deu quando, por ocasião da Ceia, ele anunciou que um dos doze o trairia e o apontou, dizendo ser aquele que punha a mão no prato; e deu-se também, quando predisse que Pedro o negaria. (A Gênese . Cap. 15. Item 9. Allan Kardec).
O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. É por seu intermédio que o Espírito encarnado se acha em relação contínua com os desencarnados; é, em suma, por seu intermédio, que se operam no homem fenômenos especiais, cuja causa fundamental não se encontra na matéria tangível e que, por essa razão, parecem sobrenaturais.
É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, freqüentemente a seu mau grado, assim como da vista sonambúlica.
O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico.
No homem, tais fenômenos constituem a manifestação da vida espiritual; é a alma a atuar fora do organismo. Na dupla vista ou percepção pelo sentido psíquico, ele não vê com os olhos do corpo, embora, muitas vezes, por hábito, dirija o olhar para o ponto que lhe chama a atenção. Vê com os olhos da alma e a prova está em que vê perfeitamente bem com os olhos fechados e vê o que está muito além do alcance do raio visual. (A Gênese. Cap. 14. Item 22. Allan Kardec).
A visão espiritual é, na realidade, o sexto sentido ou sentido espiritual, de que tanto se falou e que, como os demais sentidos, pode ser mais ou menos obtuso ou sutil. Ele tem como agente o fluido perispiritual, como a visão corporal tem por agente o fluido luminoso. Assim como a irradiação do fluido luminoso leva a imagem dos objetos à retina, a irradiação do fluido perispiritual leva à alma certas imagens e certas impressões. Esse fluido, como todos os outros, tem seus efeitos próprios, suas propriedades sui generis. (Revista Espírita. Outubro de 1864. O Sexto Sentido e a Visão Espiritual. Allan Kardec).
Em muitos passos do Evangelho se lê: «Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, lhes diz... » Ora, como poderia ele conhecer os pensamentos dos seus interlocutores, senão pelas irradiações fluídicas desses pensamentos e, ao mesmo tempo, pela vista espiritual que lhe permitia ler-lhes no foro íntimo? Muitas vezes, supondo que um pensamento se acha sepultado nos refolhos da alma, o homem não suspeita que traz em si um espelho onde se reflete aquele pensamento, um revelador na sua própria irradiação fluídica, impregnada dele. Se víssemos o mecanismo do mundo invisível que nos cerca, as ramificações dos fios condutores do pensamento, a ligarem todos os seres inteligentes, corporais e incorpóreos, os eflúvios fluídicos carregados das marcas do mundo moral, os quais, como correntes aéreas, atravessam o espaço, muito menos surpreendidos ficaríamos diante de certos efeitos que a ignorância atribui ao acaso. (A Gênese . Cap. 15. Item 9. Allan Kardec).
O fenômeno a que se dá a designação de dupla vista tem alguma relação com o sonho e o sonambulismo?
Tudo isso é uma só coisa. O que se chama dupla vista é ainda resultado da libertação do Espírito, sem que o corpo seja adormecido. A dupla vista ou segunda vista é a vista da alma. (O Livro dos Espíritos. Questão 447. Allan Kardec).
A visão a distância, que alguns sonâmbulos possuem, provém de um deslocamento da alma, que então vê o que se passa nos lugares a que se transporta. Em suas peregrinações, ela se acha sempre revestida do seu perispírito, agente de suas sensações, mas que nunca se desliga completamente do corpo. O afastamento da alma produz a inércia do corpo, que às vezes parece sem vida.
Esse afastamento ou desprendimento pode também operar-se, em graus diversos, no estado de vigília. Mas, então, jamais o corpo goza inteiramente da sua atividade normal; há sempre uma certa absorção, um alheamento mais ou menos completo das coisas terrestres. O corpo não dorme, caminha, age, mas os olhos olham sem ver, dando a compreender que a alma está algures. Como no sonambulismo, ela vê as coisas distantes; tem percepções e sensações que desconhecemos; às vezes, tem a presciência de alguns acontecimentos futuros pela ligação que percebe existir entre eles e os fatos presentes. Penetrando no mundo invisível, vê os Espíritos com quem lhe é possível entabular conversação e cujos pensamentos lhe é dado transmitir. (Obras Póstumas. IV - Emancipação da alma. Item 25 e 26. Allan Kardec).
Vê, por assim dizer, através da vista ordinária, e como por uma espécie de miragem.
No momento em que o fenômeno da segunda vista se produz, o estado físico do indivíduo se acha sensivelmente modificado. O olhar apresenta alguma coisa de vago. Ele olha sem ver. Toda a sua fisionomia reflete uma como exaltação. Nota-se que os órgãos visuais se conservam alheios ao fenômeno, pelo fato de a visão persistir, mau grado à oclusão dos olhos. ( O Livro dos Espíritos. Item 455. Allan Kardec).
Assim, envolta no seu perispírito, a alma tem consigo o seu princípio luminoso. Penetrando a matéria por virtude da sua essência etérea, não há, para a sua visão, corpos opacos.
Entretanto, a vista espiritual não é idêntica, quer em extensão, quer em penetração, para todos os Espíritos. Somente os Espíritos puros a possuem em todo o seu poder. Nos inferiores ela se acha enfraquecida pela relativa grosseria do perispírito, que se lhe interpõe qual nevoeiro.
Manifesta-se em diferentes graus, nos Espíritos encarnados, pelo fenômeno da segunda vista, tanto no sonambulismo natural ou magnético, quanto no estado de vigília. Conforme o grau de poder da faculdade, diz-se que a lucidez é maior ou menor. Com o auxílio dessa faculdade é que certas pessoas vêem o interior do organismo humano e descrevem as causas das enfermidades. (A Gênese. Cap. 14. Item 25. Allan Kardec).
É permanente a segunda vista?
A faculdade é, o exercício não. Em os mundos menos materiais do que o vosso, os Espíritos se desprendem mais facilmente e se põem em comunicação apenas pelo pensamento, sem que, todavia, fique abolida a linguagem articulada. Por isso mesmo, em tais mundos, a dupla vista é faculdade permanente, para a maioria de seus habitantes, cujo estado normal se pode comparar ao dos vossos sonâmbulos lúcidos. Essa também a razão por que esses Espíritos se vos manifestam com maior facilidade do que os encarnados em corpos mais grosseiros. (O Livro dos Espíritos. Questão 448. Allan Kardec).
A segunda vista aparece espontaneamente ou por efeito da vontade de quem a possui como faculdade?
As mais das vezes é espontânea, porém a vontade também desempenha com grande freqüência importante papel no seu aparecimento. Toma, para exemplo, de umas dessas pessoas a quem se dá o nome de ledoras da buena-dicha, algumas das quais dispõem desta faculdade, e verás que é com o auxílio da própria vontade que se colocam no estado de terem a dupla vista e o que chamas visão. ( O Livro dos Espíritos. Questão 449. Allan Kardec).
Posto que a natureza, a forma e a substância desses objetos são coisas indiferentes, compreende-se que indivíduos dotados da visão espiritual vejam na borra de café, na clara dos ovos, na palma das mãos e nas cartas o que outros vêem num copo de água, dizendo, por vezes, coisas certas. Esses objetos e suas combinações não têm qualquer significado; são apenas um meio de fixar a atenção, um pretexto para falar, a bem dizer um suporte, pois é de notar que, no caso, o indivíduo apenas os olha, apesar de julgar faltar-lhe algo, se não os tiver à frente. (Revista Espírita. Outubro de 1864. O Sexto Sentido e a Visão Espiritual. Allan Kardec).
A dupla vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?
Sim, do trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas.
Esta faculdade tem qualquer ligação com a organização física?
Incontestavelmente, o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são refratários. (O Livro dos Espíritos. Questão 450. Allan Kardec).
Por que é que a segunda vista parece hereditária em algumas famílias?
Por semelhança da organização, que se transmite como as outras qualidades físicas. Depois, a faculdade se desenvolve por uma espécie de educação, que também se transmite de um a outro. ( O Livro dos Espíritos. Questão 451. Allan Kardec).
É exato que certas circunstâncias desenvolvem a segunda vista?
A moléstia, a proximidade do perigo, uma grande comoção podem desenvolvê-la. O corpo, às vezes, vem a achar-se num estado especial que faculta ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos carnais.” Nas épocas de crises e de calamidades, as grandes emoções, todas as causas, enfim, de superexcitação do moral provocam não raro o desenvolvimento da dupla vista. Parece que a Providência, quando um perigo nos ameaça, nos dá o meio de conjurá-lo. Todas as seitas e partidos perseguidos oferecem múltiplos exemplos desse fato. (O Livro dos Espíritos. Questão 452. Allan Kardec).
As pessoas dotadas de dupla vista sempre têm consciência de que a possuem?
Nem sempre. Consideram isso coisa perfeitamente natural e muitos crêem que, se cada um observasse o que se passa consigo, todos verificariam que são como eles. (O Livro dos Espíritos. Questão 453. Allan Kardec).
Poder-se-ia atribuir a uma espécie de segunda vista a perspicácia de algumas pessoas que, sem nada apresentarem de extraordinário, apreciam as coisas com mais precisão do que outras?
É sempre a alma a irradiar mais livremente e a apreciar melhor do que sob o véu da matéria.
Pode esta faculdade, em alguns casos, dar a presciência das coisas?
Pode. Também dá os pressentimentos, pois que muitos são os graus em que ela existe, sendo possível que num mesmo indivíduo exista em todos os graus, ou em alguns somente. (O Livro dos Espíritos. Questão 454. Allan Kardec).
O poder da vista dupla varia, indo desde a sensação confusa até a percepção clara e nítida das coisas presentes ou ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma certa segurança nos atos, a que se pode dar o qualificativo de precisão de golpe de vista moral. Um pouco desenvolvida, desperta os pressentimentos. Mais desenvolvida mostra os acontecimentos que deram ou estão para dar-se.
Se for um Espírito adiantado, se, sobretudo, houver recebido, como os profetas, uma missão especial para esse efeito, gozará, nos momentos de emancipação da alma, da faculdade de abarcar, por si mesmo, um período mais ou menos extenso, e verá, como presente, os sucessos desse período. Pode então revelá-los no mesmo instante, ou conservar lembrança deles ao despertar. Se os sucessos hajam de permanecer secretos, ele os esquecerá, ou apenas guardará uma vaga intuição do que lhe foi revelado, bastante para o guiar instintivamente. (Revista Espírita. Maio de 1864. Teoria de Presciência. Allan Kardec).
As pessoas dotadas de visão espiritual podem ser consideradas médiuns? Sim e não, conforme as circunstâncias. A mediunidade consiste na intervenção dos Espíritos; o que se faz por si mesmo não é um ato mediúnico. Aquele que possui a visão espiritual vê pelo seu próprio Espírito e nada implica a necessidade do concurso de um Espírito estranho; ele não é médium porque vê, mas por suas relações com outros Espíritos. Conforme sua natureza boa ou má, os Espíritos que o assistem podem facilitar ou entravar sua lucidez, lhe fazer ver coisas justas ou falsas, o que também depende do objetivo a que se propõe e da utilidade que possam apresentar certas revelações. Aqui, como em todos os outros gêneros de mediunidade, as questões fúteis e de curiosidade, as intenções não sérias, os objetivos cúpidos e interesseiros, atraem os Espíritos levianos, que se divertem à custa das pessoas excessivamente crédulas e se comprazem em mistificá-las. Os Espíritos sérios só intervêm nas coisas sérias, e o vidente (2) mais bem dotado nada verá se não lhe for permitido responder ao que perguntam, ou ser perturbado por visões ilusórias, a fim de punir os curiosos indiscretos. Embora possua sua própria faculdade, e por mais transcendente que ela seja, nem sempre é livre para usá-la à vontade. Muitas vezes os Espíritos lhe dirigem o emprego e, se dela abusa, será o primeiro punido pela intromissão dos Espíritos maus.(Revista Espírita. Outubro de 1864. O sexto sentido e a visão espiritual. Allan Kardec).
Observação (1): O Espiritismo não admite os milagres, no sentido teológico da palavra, visto como, segundo ele, nada se realiza fora das leis da Natureza. Certos fatos, supondo-os autênticos, só foram reputados miraculosos porque se ignoravam as suas causas naturais. O caráter do milagre é ser excepcional e insólito; quando um fato se reproduz espontaneamente ou facultativamente, é que está submetido a uma lei, e desde então já não é um milagre. Os fenômenos de dupla vista, de aparições, de presciência, de curas pela imposição das mãos, e todos os efeitos designados sob o nome de manifestações físicas estão neste caso. ( Revista Espírita.Abril de 1869. Profissão de Fé Espírita Americana. Allan Kardec).
Obsevação (2): Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os Espíritos. Alguns gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados, e conservam lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em estado sonambúlico, ou próximo do sonambulismo. Raro é que esta faculdade se mostre permanente; quase sempre é efeito de uma crise passageira. Na categoria dos médiuns videntes se podem incluir todas as pessoas dotadas de dupla vista. A possibilidade de ver em sonho os Espíritos resulta, sem contestação, de uma espécie de mediunidade, mas não constitui, propriamente falando, o que se chama médium vidente. (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 14. Item 167. Allan Kardec)
Bibliografia:
- A Gênese . Cap. 14, item 22. Cap. 15, item 9. Allan Kardec..
- Obras Póstumas. IV - Emancipação da alma. Item 25 e 26. Allan Kardec.
- O Livro dos Espíritos. Questões 447, 448, 449, 450, 451,452, 453, 454, Item 455. Allan Kardec.
- O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 14. Item 167. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Maio de 1864. Teoria de Presciência. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Outubro de 1864. O sexto sentido e a visão espiritual. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Abril de 1869. Profissão de Fé Espírita Americana. Allan Kardec.
- O Espírito do Cristianismo. Cap. 2. Cairbar Schutel.
- Elucidações Evangélicas. Cap. 15. Antônio Luiz Sayão.