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Aula 148 - O processo de desencarnação

 
 
Dinâmica: Condições dos Espíritos após a morte.

Mensagens espíritas: Processo de desencarnação.

Sugestão de vídeo: História - A morte de Dimas (Dica: Pesquise no Youtube)
 
Leitura da Bíblia: Isaías - Capítulo 26

26.19 Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó...


João - Capítulo 5

5.25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.

5.28 Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.

5.29 E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.

 

Tópicos a serem abordados:
- O homem encarnado é formado por três partes: o corpo físico (matéria pesada), o perispírito ou corpo espiritual (matéria leve) composto por fluído vital e o Espírito (clarão). A morte é a destruição do corpo físico, quando há a falência dos orgãos essenciais. Entretanto, apesar do Espírito abandonar o corpo, ainda permanece com o seu perispírito no mundo espiritual.
- Após a morte, o Espírito apresenta-se, geralmente, com a aparência da sua última encarnação e permanece com as lembranças e desejos de quando estava encarnado.  Muitas vezes os amigos e parentes o vêm receber à entrada do mundo espiritual e o ajudam a desligar-se dos laços fluidicos que ainda prendem o seu Espírito ao corpo material, através da prece e passe magnético. Porém, em outros casos, o Espírito não recebe, de imediato, o amparo necessário, às vezes, isto ocorre como forma de punição.
- A alma se desprende gradualmente do corpo físico, não se liberta rapidamente como um pássaro quando é solto de uma gaiola. O Espírito se solta pouco a pouco dos laços fluídicos que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram. O desprendimento do perispírito do corpo físico não se completa subitamente, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda voltada aos prazeres da vida material, o desprendimento, ou seja, a separação é muito menos rápida, durando algumas vezes dias, semanas e até meses.
- Quanto mais o Espírito estiver apegado as sensações da matéria, tanto mais sofrido será separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Aliás, o conhecimento do Espiritismo exerce influência muito grande para o desprendimento  do Espírito, pois este já compreende antecipadamente a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são os quesitos que maior influência exercem.
- Na morte natural, no qual a quantidade de fluido vital está se esgotando, o desprendimento se opera gradualmente e sem abalo, começando mesmo antes que a vida esteja extinta. Na morte violenta, por suicídio ou acidente, os laços são partidos bruscamente, porém, geralmente,  o desprendimento completo é mais lento; o Espírito, surpreendido, fica como que tonto com a mudança nele efetuada, e não acha explicação para a sua situação. Um fenômeno, mais ou menos constante em tal caso, é a ilusão de não acreditar que esteja morto, podendo essa situação durar muitos meses e mesmo muitos anos. Neste estado, ele se locomove, julga ocupar-se dos seus negócios, como se ainda estivesse vivo, e mostra-se espantado de não lhe responderem, quando fala algo. Isto ocorre pois, os sentidos orgânicos são destruídos mas, restando o perispírito grosseiro, o Espírito continua a perceber pelo sentido  espiritual, os odores e os sons. Essa ilusão também se nota, em muitos indivíduos, cuja vida foi voltada aos prazeres de substâncias viciantes e interesses materiais.
- No momento da morte, tudo se apresenta confuso, a alma permanece por um período de perturbação; é-lhe preciso algum tempo para se reconhecer; ela conserva-se tonta, no estado do homem que sai de profundo sono e que procura compreender a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se destrói a influência da matéria de que ela acaba de separar-se. O tempo da perturbação, sequente à morte, é muito variável; pode ser de algumas horas somente, como de muitos dias, meses ou, mesmo, de muitos anos. É  tanto mais longa quanto mais materialmente o indivíduo viveu.
- Vejamos alguns exemplos: os suicidas sofrem o  seu gênero lamentável de morte, alguns alegam que estão sentindo "os  vermes lhe roerem”. Este sentimento é uma espécie de repercussão transmitida do corpo ao Espírito pela comunicação fluídica ainda existente entre eles, visto que o corpo ainda  conservava-se ligado ao perispírito; outros  assistem   ao   próprio   enterro, como se fosse de um estranho; os avarentos ficam próximos aos  seus tesouros, há soberanos que julgam ainda mandar e ficam furiosos por não serem obedecidos; depois de uma batalha, há soldados  que continuam lutando, pois não percebem que desencarnaram.
- A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tranqüilo despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que ele percebe a situação que se encontra.
- Após a morte, as condições dos Espíritos e as maneiras por que vêem as coisas variam ao infinito, de conformidade com os graus de desenvolvimento moral e intelectual em que se achem. Geralmente, os Espíritos de ordem elevada só por breve tempo permanecem na Terra. Uns percorrem os mundos, instruem-se e se preparam para nova encarnação.
- Os Espíritos de ordem intermediária vivem reunidos em colônias espirituais, instruem-se e são os que mais freqüentemente baixam a este planeta para ajudarem os encarnados, dos quais se constituem os espíritos protetores e os espíritos familiares. 
- Os Espíritos inferiores, esses são os que  mais fazem parte da massa da população invisível do globo terráqueo. Conservam quase que as mesmas ideias, os mesmos gostos e as mesmas inclinações que tinham quando revestidos do invólucro corpóreo. Metem-se em nossas reuniões, negócios, divertimentos, nos quais tomam parte mais ou menos ativa, segundo suas características. Aproximam daqueles que se entregam aos vícios para absorver os seus fluídos vitais  e  os incentivam a cultivá-los. Entre eles, no entanto, muitos há, sérios, que vêem e observam para se instruírem e aperfeiçoarem.
- Além destes, existem também suicidas, revoltados e perversos que aguardam, em sofrimentos e angústias, em regiões inferiores, o momento em que Deus irá proporcionar-lhes meios de se adiantarem. Se praticam o mal, ainda não poderão desfrutar dos benefícios que recebem os espíritos arrependidos e bons no mundo espiritual .
- O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a rapidez deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de sofrimento, e cujo despertar é suavíssimo.   A alma do justo é acolhida no seu retorno ao mundo espiritual  como bem-amado irmão, desde muito tempo esperado. A do mau, como um ser desprezível.

Perguntas para fixação:
1. O que é a morte?
2.  O Espírito permanece com algo após a morte ?
3. Com qual aparência o Espírito aparece, geralmente, após a morte?
4. Quem costuma receber o Espírito no mundo espiritual após sua morte?
5.  O que os bons Espíritos fazem para auxiliar no desprendimento daquele que morreu?
6. Como ocorre o desprendimento da alma do corpo físico em indivíduos com evolução moral?
7. Como ocorre o desprendimento da alma do corpo físico em indivíduos apegados a matéria?
8. O conhecimento do Espiritismo exerce influência sobre o desprendimento, a morte do espírito?
9. O que exerce maior influência para a rapidez do desprendimento da alma do corpo físico?
10. Como alma fica no período de perturbação após a morte?
11. Quanto tempo pode durar o período de perturbação?
12. O que os Espíritos de ordem intermediária fazem após a morte?
13. Por que os Espíritos inferiores continuam convivendo com os encarnados após a morte?
14. Em que regiões ficam reunidos os espíritos de suicidas, revoltados e perversos?
15. Como é acolhida a alma do justo e daquele que é mau no mundo espiritual?

Subsídio para o Evangelizador:
            (...) Há no homem três componentes: 1º, a alma, ou Espírito, princípio inteligente, onde tem sua sede o senso moral; 2º, o corpo, invólucro grosseiro, material, de que ele se revestiu temporariamente, em cumprimento de certos desígnios providenciais; 3º, o perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de ligação entre a alma e o corpo.
            A morte é a destruição, ou, antes, a desagregação do envoltório grosseiro, do invólucro que a alma abandona. O outro se desliga deste e acompanha a alma que, assim, fica sempre com um envoltório. Este último, ainda que fluídico, etéreo, vaporoso, invisível, para nós, em seu estado normal, não deixa de ser matéria, embora até ao presente não tenhamos podido assenhorear-nos dela e submetê-la à análise. (O Livro dos Médiuns. Cap. 1. Item 54. Allan Kardec)
            Qual a causa da morte dos seres orgânicos?
            Esgotamento dos órgãos.
            Poder-se-ia comparar a morte à cessação do movimento de uma máquina desorganizada?
            Sim; se a máquina está mal montada, cessa o movimento; se o corpo está enfermo, a vida se extingue. (O Livro dos Espíritos. Questão 68 e 68-a. Allan Kardec)
            Que sucede à alma no instante da morte?
            Volta a ser Espírito, isto é, volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara momentaneamente. (O Livro dos Espíritos. Questão 149. Allan Kardec)
            A alma, após a morte, conserva a sua individualidade?
            Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?
            Como comprova a alma a sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material?
            Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.
            A alma nada leva consigo deste mundo?
            Nada, a não ser a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso que ela fez da vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futilidade do que deixa na Terra. (O Livro dos Espíritos. Questão 150 , 150-a e 150-b. Allan Kardec)
            No momento da morte, a alma sente, alguma vez, qualquer aspiração ou êxtase que lhe faça entrever o mundo onde vai de novo entrar?
            Muitas vezes a alma sente que se desfazem os laços que a prendem ao corpo. Emprega então todos os esforços para desfazê-los inteiramente. Já em parte desprendida da matéria, vê o futuro desdobrar-se diante de si e goza, por antecipação, do estado de Espírito. (O Livro dos Espíritos. Questão 157. Allan Kardec)
            Que sensação experimenta a alma no momento em que reconhece estar no mundo dos Espíritos?
            Depende. Se praticaste o mal, impelido pelo desejo de o praticar, no primeiro momento te sentirás envergonhado de o haveres praticado. Com a alma do justo as coisas se passam de modo bem diferente. Ela se sente como que aliviada de grande peso, pois que não teme nenhum olhar perscrutador.(O Livro dos Espíritos. Questão 159. Allan Kardec)
            Como é acolhida a alma no seu regresso ao mundo dos Espíritos?
            A do justo, como bem-amado irmão, desde muito tempo esperado. A do mau, como um ser desprezível. (O Livro dos Espíritos. Questão 287. Allan Kardec)
            O Espírito se encontra imediatamente com os que conheceu na Terra e que morreram antes dele?
            Sim, conforme à afeição que lhes votava e a que eles lhe consagravam. Muitas vezes aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria. Encontra-se também com muitos dos que conheceu e perdeu de vista durante a sua vida terrena. Vê os que estão na erraticidade, como vê os encarnados e os vai visitar.(O Livro dos Espíritos. Questão 160. Allan Kardec)
            Nossos parentes e amigos costumam vir-nos ao encontro quando deixamos a Terra?
            Sim, os Espíritos vão ao encontro da alma a quem são afeiçoados. Felicitam-na, como se regressasse de uma viagem, por haver escapado aos perigos da estrada, e ajudam-na a desprender-se dos liames corporais. É uma graça concedida aos bons Espíritos o lhes virem ao encontro os que os amam, ao passo que aquele que se acha maculado permanece em insulamento, ou só tem a rodeá-lo os que lhe são semelhantes. É uma punição. (O Livro dos Espíritos. Questão 289. Allan Kardec)
            Os parentes e amigos sempre se reúnem depois da morte?
            Depende isso da elevação deles e do caminho que seguem, procurando progredir. Se um está mais adiantado e caminha mais depressa do que outro, não podem os dois conservar-se juntos. Ver-se-ão de tempos a tempos, mas não estarão reunidos para sempre, senão quando puderem caminhar lado a lado, ou quando se houverem igualado na perfeição. Acresce que a privação de ver os parentes e amigos é, às vezes, uma punição. (O Livro dos Espíritos. Questão 290. Allan Kardec)
            As condições dos Espíritos e as maneiras por que vêem as coisas variam ao infinito, de conformidade com os graus de desenvolvimento moral e intelectual em que se achem. Geralmente, os Espíritos de ordem elevada só por breve tempo se aproximam da Terra. (O Livro dos Espíritos. Questão 317. Allan Kardec)
            Os Espíritos encarnados têm ocupações inerentes às suas existências corpóreas. No estado de erraticidade, ou de desmaterialização, tais ocupações são adequadas ao grau de adiantamento deles.
            Uns percorrem os mundos, instruem-se e se preparam para nova encarnação.
            Outros, mais adiantados, ocupam-se com o progresso, dirigindo os acontecimentos e sugerindo ideias que lhe sejam propícias. Assistem os homens de gênio que concorrem para o adiantamento da humanidade.
            Outros encarnam com determinada missão de progresso.
            Outros tomam sob sua tutela os indivíduos, as famílias, as reuniões, as cidades e os povos, dos quais se constituem os anjos guardiães, os gênios protetores e os Espíritos familiares.
            Outros, finalmente, presidem aos fenômenos da natureza, de que se fazem os agentes diretos.
            Os Espíritos vulgares se imiscuem em nossas ocupações e diversões .
            Os impuros ou imperfeitos aguardam, em sofrimentos e angústias, o momento em que praza a Deus proporcionar-lhes meios de se adiantarem. Se praticam o mal, é pelo despeito de ainda não poderem gozar do bem. (O Livro dos Espíritos. Questão 584-a. Allan Kardec)
            Os Espíritos vulgares, esses são os que aí mais se comprazem e constituem a massa da população invisível do globo terráqueo. Conservam quase que as mesmas idéias, os mesmos gostos e as mesmas inclinações que tinham quando revestidos do invólucro corpóreo.
            Metem-se em nossas reuniões, negócios, divertimentos, nos quais tomam parte mais ou menos ativa, segundo seus caracteres. Não podendo satisfazer às suas paixões, gozam na companhia dos que a elas se entregam e os excitam a cultivá-las. Entre eles, no entanto, muitos há, sérios, que vêem e observam para se instruírem e aperfeiçoarem. (O Livro dos Espíritos. Questão 317. Allan Kardec)
            Como se opera a separação da alma e do corpo?
            Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.
            A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?
            Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.
            Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persistente entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns, suicidas. (O Livro dos Espíritos. Questão 155 e 155-a. Allan Kardec)
            Allan Kardec afirma: "Os exemplos desta natureza são muito numerosos. Um dos mais expressivos é o do suicida da Samaritana, que relatamos no nosso número de junho de 1858.
            Evocado alguns dias depois de sua morte, também afirmava estar vivo e dizia:
            “Entretanto sinto que os  vermes me roem”. Como fizemos notar no relato, não se tratava de uma lembrança, desde que em vida não era roído pelos vermes . Era então um sentimento atual, uma espécie de repercussão transmitida do corpo ao Espírito pela comunicação fluídica ainda existente entre eles.
            Essas comunicações nem sempre se traduzem da mesma maneira, entretanto, são sempre mais ou menos penosas e como um primeiro castigo para quem, quando vivo, muito se identificou com a matéria." (Revista Espírita. Dezembro de 1859. Um Espírito que não se acredita morto. Allan Kardec)
            Ora, indubitavelmente, os vermes não lhe roíam o perispírito e ainda menos o Espírito; roíam-lhe apenas o corpo. Como, porém, não era completa a separação do corpo e do perispírito, uma espécie de repercussão moral se produzia, transmitindo ao Espírito o que estava ocorrendo no corpo.
            Repercussão talvez não seja o termo próprio, porque pode induzir à suposição de um efeito muito material. Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade. Assim, pois, não haveria no caso uma reminiscência, porquanto ele não fora, em vida, roído pelos vermes: havia o sentimento de um fato da atualidade. Isto mostra que deduções se podem tirar dos fatos, quando atentamente observados.
            Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se chama fluido nervoso. Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por já não haver nele Espírito, nem perispírito. Este, desprendido do corpo, experimenta a sensação, porém, como já não lhe chega por um conduto limitado, ela se lhe torna geral. Ora, não sendo o perispírito, realmente, mais do que simples agente de transmissão, pois que no Espírito é que está a consciência, lógico será deduzir-se que, se pudesse existir perispírito sem Espírito, aquele nada sentiria, exatamente como um corpo que morreu. Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito, seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa. É o que se dá com os Espíritos completamente purificados. Sabemos que quanto mais eles se purificam, tanto mais etérea se torna a essência do perispírito, donde se segue que a influência material diminui à medida que o Espírito progride, isto é, à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro.
            (...) Dizendo que os Espíritos são inacessíveis às impressões da matéria que conhecemos, referimo-nos aos Espíritos muito elevados, cujo envoltório etéreo não encontra analogia neste mundo. Outro tanto não acontece com os de perispírito mais denso, os quais percebem os nossos sons e odores, não, porém, apenas por uma parte limitada de suas individualidades, conforme lhes sucedia quando vivos.
            Pode-se dizer que, neles, as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o ser e lhes chegam assim ao sensorium commune, que é o próprio Espírito, embora de modo diverso e talvez, também, dando uma impressão diferente, o que modifica a percepção. (O Livro dos Espíritos. Item 257. Allan Kardec)
            Sendo o homem composto de Espírito, perispírito e corpo, durante a vida as percepções e sensações se produzem simultaneamente pelos sentidos orgânicos e pelo sentido espiritual; depois da morte, os sentidos orgânicos são destruídos mas, restando o perispírito, o Espírito continua a perceber pelo sentido  espiritual, cuja sutileza aumenta em razão  do desprendimento da matéria.(Revista Espírita. Outubro de 1864. O Sexto sentido e a visão espiritual. Allan Kardec)
            Sabemos que os Espíritos têm as nossas sensações e percebem os odores tão bem quanto os sons. Não podendo comer, um Espírito material e  sensual   se repasta da emanação dos alimentos; saboreia-os pelo olfato, como em vida o fazia pelo paladar. Há, pois, algo de material em seu prazer; mas como, na verdade, há mais desejo do que realidade, este mesmo prazer, aguilhoando os desejos, torna-se um suplício para os Espíritos inferiores, que ainda conservaram as paixões humanas. (Revista Espírita. Novembro de 1860. Palestras familiares de além-túmulo - Baltazar, o Espírito gastrônomo. Allan Kardec)
            A separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes da cessação completa da vida orgânica?
            Na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica. O homem já não tem consciência de si mesmo; entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida orgânica. O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Existe, enquanto o coração faz circular nas veias o sangue, para o que não necessita da alma. (O Livro dos Espíritos. Questão 156. Allan Kardec)
            Por que é que uma lesão do coração mais depressa causa a morte do que as de outros órgãos?
            O coração é máquina de vida, não é, porém, o único órgão cuja lesão ocasiona a morte. Ele não passa de uma das peças essenciais. (O Livro dos Espíritos. Questão 69. Allan Kardec)
            De acordo com renomados meios científicos a “morte clínica” de uma pessoa se verifica quando o cérebro deixa de dar registros de atividade cerebral, mesmo que o coração ainda esteja batendo. Do ponto de vista espiritual, em que preciso instante ocorre a desencarnação da alma?
            R — A desencarnação não é uma ocorrência absolutamente igual para todos. Por isso mesmo consideramos por desencarnação o estado do Espírito que já se desvencilhou de todos os liames que o prendiam ao corpo propriamente material. (Janela para vida. Acerca da morte. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)
            Como se opera a separação da alma e do corpo? É brusca ou gradual?
            O desprendimento opera-se gradualmente e com lentidão variável, segundo os indivíduos e as circunstâncias da morte. (O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 144. Allan Kardec)
            Temos companheiros que, na desencarnação pelo fogo se liberam de improviso de qualquer conexão com os recursos que usufruíram na experiência material.  Entretanto, encontramos outros; em vasta maioria, que embora a lenta desencarnação progressiva que atravessaram, se reconhecem singularmente detidos nas impressões e laços da vida material, notadamente nas primeiras cinquenta horas que se seguem à derradeira parada cardíaca no carro fisiológico.  Fácil observar, em vista disso, que o período de espera, no espaço razoável de setenta e duas horas, entre o enrijecimento do corpo físico e a cremação respectiva, é tempo valioso para a generalidade de todos aqueles que se encontram em trânsito de uma vida para outra. "(Caminhos de volta.             Cremação. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
            Em caso de morte violenta e acidental, quando os órgãos ainda se não enfraqueceram em conseqüência da idade ou das moléstias, a separação da alma e a cessação da vida ocorrem simultaneamente?
            Geralmente assim é; mas, em todos os casos, muito breve é o instante que medeia entre uma e outra. (O Livro dos Espíritos. Questão 161. Allan Kardec)
            Após a decapitação, por exemplo, conserva o homem por alguns instantes a consciência de si mesmo?
            Não raro a conserva durante alguns minutos, até que a vida orgânica se tenha extinguido completamente. Mas, também, quase sempre a apreensão da morte lhe faz perder aquela consciência antes do momento do suplício.
            Trata-se aqui da consciência que o supliciado pode ter de si mesmo, como homem e por intermédio dos órgãos, e não como Espírito. Se não perdeu essa consciência antes do suplício, pode conservá-la por alguns breves instantes. Ela, porém, cessa necessariamente com a vida orgânica do cérebro, o que não quer dizer que o perispírito esteja inteiramente separado do corpo. Ao contrário: em todos os casos de morte violenta, quando a morte não resulta da extinção gradual das forças vitais, mais tenazes os laços que prendem o corpo ao perispírito e, portanto, mais lento o desprendimento completo. (O Livro dos Espíritos. Questão 162. Allan Kardec)
            O gênero de morte influi no estado da alma?
            O estado da alma varia consideravelmente segundo o gênero de morte, mas, sobretudo, segundo a natureza dos hábitos durante a vida.
            Na morte natural, o desprendimento se opera gradualmente e sem abalo, começando mesmo antes que a vida esteja extinta. Na morte violenta, por suplício, suicídio ou acidente, os laços são partidos bruscamente; o Espírito, surpreendido, fica como que tonto com a mudança nele efetuada, e não acha explicação para a sua situação.
            Um fenômeno, mais ou menos constante em tal caso, é a persuasão em que ele se conserva de não estar morto, podendo essa ilusão durar muitos meses e mesmo muitos anos. Neste estado, ele se locomove, julga ocupar-se dos seus negócios, como se ainda estivesse no mundo, e mostra-se espantado de não lhe responderem, quando fala.
            Essa ilusão também se nota, fora dos casos de morte violenta, em muitos indivíduos, cuja vida foi absorvida pelos gozos e interesses materiais. (O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 149. Allan Kardec)
            A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo?
Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de perturbação. (O Livro dos Espíritos. Questão 163. Allan Kardec)
            A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos?
            Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado, se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria. (O Livro dos Espíritos. Questão 164. Allan Kardec)
            Qual a situação da alma imediatamente depois da morte do corpo?
            Tem ela instantaneamente a consciência de si? Em uma palavra, que vê? Que experimenta ela?
            No momento da morte, tudo se apresenta confuso; é-lhe preciso algum tempo para se reconhecer; ela conserva-se tonta, no estado do homem que sai de profundo sono e que procura compreender a sua situação.
            A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se destrói a influência da matéria de que ela acaba de separar-se, e que se dissipa o nevoeiro que lhe obscurece os pensamentos.
            O tempo da perturbação, sequente à morte, é muito variável; pode ser de algumas horas somente, como de muitos dias, meses ou, mesmo, de muitos anos. É menos longa, entretanto, para aqueles que, quando vivos, se identificaram com o seu estado futuro, porque esses compreendem imediatamente a sua situação; porém, é tanto mais longa quanto mais materialmente o indivíduo viveu.
            A sensação que a alma experimenta nesse momento é também muito variável; a perturbação, sequente à morte, nada tem de penosa para o homem de bem; é calma e em tudo semelhante à que acompanha um despertar plácido.
            Para aquele cuja consciência não é pura e amou mais a vida corporal que a espiritual, esse momento é cheio de ansiedade e de angústias, que vão aumentando à medida que ele se reconhece, porque então sente medo e certo terror diante do que vê e sobretudo do que entrevê. A sensação, a que podemos chamar física, é a de grande alívio e de imenso bem-estar, fica-se como que livre de um fardo, e o Espírito sente-se feliz por não mais experimentar as dores corporais que o atormentavam alguns instantes antes; sente-se livre, desembaraçado, como aquele a quem tirassem as cadeias que o prendiam.
            Em sua nova situação, a alma vê e ouve ainda outras coisas que escapam à grosseria dos órgãos corporais. Tem, então, sensações e percepções que nos são desconhecidas. (O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 145. Allan Kardec)
            O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?
Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem. (O Livro dos Espíritos. Questão 165. Allan Kardec)
            O Espiritismo sem dúvida não é indispensável a este resultado; assim, ele não tem a pretensão de ser o único a assegurar a salvação da alma, mas ele a facilita pelos conhecimentos que proporciona, os sentimentos que inspira e as disposições nas quais coloca o Espírito, ao qual faz compreender a necessidade de se aperfeiçoar. Ele dá a cada um, além disso, os meios de facilitar o desprendimento dos outros Espíritos no momento em que eles deixam seu envoltório terrestre, e de abreviar a duração da perturbação pela prece e a evocação. Pela prece sincera, que é uma magnetização espiritual, provoca-se uma  desagregação   mais rápida do fluido perispiritual; por uma evocação conduzida com sabedoria e prudência, e por palavras de benevolência e de encorajamento, tira-se o Espírito do entorpecimento em que se encontra, e ele é ajudado a se reconhecer mais cedo; se ele é sofredor, é excitado ao arrependimento, único que pode abreviar os sofrimentos. (O Céu e o inferno. Cap. 1. Item 15. Allan Kardec)
            As preces pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra não objetivam, unicamente, dar-lhes um testemunho de simpatia: também têm por efeito auxiliar-lhes o desprendimento e, desse modo, abreviar-lhes a perturbação que sempre se segue à separação, tornando-lhes mais calmo o despertar. Ainda aí, porém, como em qualquer outra circunstância, a eficácia está na sinceridade do pensamento e não na quantidade das palavras que se profiram mais ou menos pomposamente e em que, amiúde, nenhuma parte toma o coração.
            As preces que deste se elevam ressoam em torno do Espírito, cujas idéias ainda estão confusas, como as vozes amigas que nos fazem despertar do sono. (O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap. 28. Item 59. Allan Kardec)
            (...) Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. Aqueles que, desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os aguardava, são os em quem menos longa ela é, porque esses compreendem imediatamente a posição em que se encontram.
            Aquela perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento.
            Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto.
            Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo. Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir. É que têm o sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente.
            Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer. Observa-se então o singular espetáculo de um Espírito assistir ao seu próprio enterramento como se fora o de um estranho, falando desse ato como de coisa que lhe não diz respeito, até ao momento em que compreende a verdade.
            A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tranqüilo despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que ele da sua situação se compenetra.
            Nos casos de morte coletiva, tem sido observado que todos os que perecem ao mesmo tempo nem sempre tornam a ver-se logo.
            Presas da perturbação que se segue à morte, cada um vai para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe interessam. (O Livro dos Espíritos. Questão 165. Allan Kardec)
            No livro "Ação e reação",  o Espírito André Luiz faz o seguinte relato do resgaste das vítimas de um desastre de avião:
            "O quadro patético era tão real à nossa observação, que podíamos ouvir os gemidos daqueles que despertavam desfalecentes, as preces dos socorristas e as conversações dos enfermeiros que concertavam providências à pressa...
            (...) No momento serão retirados da carne tão-somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata liberação. Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o afastamento rápido da armadura física, permanecerão ligados, por mais tempo, aos despojos que lhes dizem respeito.
            Quantos dias? - clamou meu colega, incapaz de conter a emoção de que se via possuído.
            - Depende do grau de animalização dos fluidos que lhes retêm o Espírito à atividade corpórea - respondeu-nos o mentor. -             Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias... Quem sabe? Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma. O gênero de vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de nossa morte. Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada e primitiva de que se nos constitui a instrumentação fisiológica, demorando-nos nas criações mentais inferiores a que nos ajustamos, nelas encontrando combustível para dilatados enganos nas sombras do campo carnal, propriamente considerado. E quanto mais nos submetamos às disciplinas do espírito, que nos aconselham equilíbrio e sublimação, mais amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer emergências de que não possamos fugir por força dos débitos contraídos perante a Lei. Assim é que "morte física" não é o mesmo que "emancipação espiritual".
            - Isso, no entanto - considerei -, não quer dizer que os demais companheiros acidentados estarão sem assistência, embora coagidos a temporária detenção nos próprios restos.
            - De modo algum - ajuntou o amigo generoso -, ninguém vive desamparado. O amor infinito de Deus abrange o Universo.             Os irmãos que se demoram enredados em mais baixo teor de experiência física compreenderão, gradativamente, o socorro que se mostram capazes de receber. "(Ação e Reação. Cap. 18. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)
            Em resumo: " A extinção da vida orgânica acarreta a separação da alma em conseqüência do rompimento do laço fluídico que a une ao corpo, mas essa separação nunca é brusca.
            O fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta quando não mais reste um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo. A sensação dolorosa da alma, por ocasião da morte, está na razão direta da soma dos pontos de contacto existentes entre o corpo e o perispírito, e, por conseguinte, também da maior ou menor dificuldade que apresenta o rompimento. Não é preciso portanto dizer que, conforme as circunstâncias, a morte pode ser mais ou menos penosa. Estas circunstâncias é que nos cumpre examinar.
            Estabeleçamos em primeiro lugar, e como princípio, os quatro seguintes casos, que podemos reputar situações extremas dentro de cujos limites há uma infinidade de variantes:
            1º Se no momento em que se extingue a vida orgânica o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente.
            2º Se nesse momento a coesão dos dois elementos estiver no auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage dolorosamente sobre a alma.
            3º Se a coesão for fraca, a separação torna-se fácil e opera-se sem abalo.
            4º Se após a cessação completa da vida orgânica existirem ainda numerosos pontos de contacto entre o corpo e o perispírito, a alma poderá ressentir-se dos efeitos da decomposição do corpo, até que o laço inteiramente se desfaça. Daí resulta que o sofrimento, que acompanha a morte, está subordinado à força adesiva que une o corpo ao perispírito; que tudo o que puder atenuar essa força, e acelerar a rapidez do desprendimento, torna a passagem menos penosa; e, finalmente, que, se o desprendimento se operar sem dificuldade, a alma deixará de experimentar qualquer sentimento desagradável.
            Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se ainda um outro fenômeno de importância capital — a perturbação. Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações. É como se disséssemos um estado de catalepsia, de modo que a alma quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro. Dizemos quase nunca, porque há casos em que a alma pode contemplar conscientemente o desprendimento, como em breve veremos. A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. À proporção que se liberta, a alma encontra-se numa situação comparável à de um homem que desperta de profundo sono; as idéias são confusas, vagas, incertas; a vista apenas distingue como que através de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara, desperta-se-lhe a memória e o conhecimento de si mesma. Bem diverso é, contudo, esse despertar; calmo, para uns, acorda-lhes sensações deliciosas; tétrico, aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo pesadelo.
            O último alento quase nunca é doloroso, uma vez que ordinariamente ocorre em momento de inconsciência, mas a alma sofre antes dele a desagregação da matéria, nos estertores da agonia, e, depois, as angústias da perturbação. Demo-nos pressa em afirmar que esse estado não é geral, porquanto a intensidade e duração do sofrimento estão na razão direta da afinidade existente entre corpo e perispírito. Assim, quanto maior for essa afinidade, tanto mais penosos e prolongados serão os esforços da alma para desprender-se. Há pessoas nas quais a coesão é tão fraca que o desprendimento se opera por si mesmo, como que naturalmente; é como se um fruto maduro se desprendesse do seu caule, e é o caso das mortes calmas, de pacífico despertar.
            A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e gozos materiais.
            Ao contrário, nas almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo. E desde que a lentidão e a dificuldade do desprendimento estão na razão do grau de pureza e desmaterialização da alma, de nós somente depende o tornar fácil ou penoso, agradável ou doloroso, esse desprendimento.
            Posto isto, quer como teoria, quer como resultado de observações, resta-nos examinar a influência do gênero de morte sobre as sensações da alma nos últimos transes.
            Em se tratando de morte natural resultante da extinção das forças vitais por velhice ou doença, o desprendimento opera-se gradualmente; para o homem cuja alma se desmaterializou e cujos pensamentos se destacam das coisas terrenas, o desprendimento quase se completa antes da morte real, isto é, ao passo que o corpo ainda tem vida orgânica, já o Espírito penetra a vida espiritual, apenas ligado por elo tão frágil que se rompe com a última pancada do coração. Nesta contingência o Espírito pode ter já recuperado a sua lucidez, de molde a tornar-se testemunha consciente da extinção da vida do corpo, considerando-se feliz por tê-lo deixado. Para esse a perturbação é quase nula, ou antes, não passa de ligeiro sono calmo, do qual desperta com indizível impressão de esperança e ventura.
            No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do Espírito, e para o qual a vida espiritual nada significa, nem sequer lhe toca o pensamento, tudo contribui para estreitar os laços materiais, e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, conquanto se opere gradualmente também, demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras se agarra ao corpo do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula.
            Quanto menos vê o Espírito além da vida corporal, tanto mais se lhe apega, e, assim, sente que ela lhe foge e quer retê-la; em vez de se abandonar ao movimento que o empolga, resiste com todas as forças e pode mesmo prolongar a luta por dias, semanas e meses inteiros.
            Certo, nesse momento o Espírito não possui toda a lucidez, visto como a perturbação de muito se antecipou à morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha, e a incerteza do que lhe sucederá, agravam-lhe as angústias. Dá-se por fim a morte, e nem por isso está tudo terminado; a perturbação continua, ele sente que vive, mas não define se material, se espiritualmente, luta, e luta ainda, até que as últimas ligações do perispírito se tenham de todo rompido. A morte pôs termo à moléstia efetiva, porém, não lhe sustou as conseqüências, e, enquanto existirem pontos de contacto do perispírito com o corpo, o Espírito ressente-se e sofre com as suas impressões.
            Quão diversa é a situação do Espírito desmaterializado, mesmo nas enfermidades mais cruéis! Sendo frágeis os laços fluídicos que o prendem ao corpo, rompem-se suavemente; depois, a confiança do futuro entrevisto em pensamento ou na realidade, como sucede algumas vezes, fá-lo encarar a morte qual redenção e as suas conseqüências como prova, advindo-lhe daí uma calma resignada, que lhe ameniza o sofrimento.
            Após a morte, rotos os laços, nem uma só reação dolorosa que o afete; o despertar é lépido, desembaraçado; por sensações únicas: o alívio, a alegria!
            Na morte violenta as sensações não são precisamente as mesmas. Nenhuma desagregação inicial há começado previamente a separação do perispírito; a vida orgânica em plena exuberância de força é subitamente aniquilada. Nestas condições, o desprendimento só começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente. O Espírito, colhido de improviso, fica como que aturdido e sente, e pensa, e acredita-se vivo, prolongando-se esta ilusão até que com preenda o seu estado. Este estado intermediário entre a vida corporal e a espiritual é dos mais interessantes para ser estudado, porque apresenta o espetáculo singular de um Espírito que julga material o seu corpo fluídico, experimentando ao mesmo tempo todas as sensações da vida orgânica. Há, além disso, dentro desse caso, uma série infinita de modalidades que variam segundo os conhecimentos e progressos morais do Espírito. Para aqueles cuja alma está purificada, a situação pouco dura, porque já possuem em si como que um desprendimento antecipado, cujo termo a morte mais súbita não faz senão apressar. Outros há, para os quais a situação se prolonga por anos inteiros. É uma situação essa muito freqüente até nos casos de morte comum, que nada tendo de penosa para Espíritos adiantados, se torna horrível para os atrasados. No suicida, principalmente, excede a toda expectativa. Preso ao corpo por todas as suas fibras, o perispírito faz repercutir na alma todas as sensações daquele, com sofrimentos cruciantes.
            O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo. (O Céu e o Inferno. Cap. 1. Itens 4 a 13. Allan Kardec)
            Espírito assiste ao seu enterro?
            Freqüentemente assiste, mas, algumas vezes, se ainda está perturbado, não percebe o que se passa.
            Lisonjeia-o a concorrência de muitas pessoas ao seu enterramento?
            Mais ou menos, conforme o sentimento que as anima. (O Livro dos Espíritos. Questão 327 /327-a. Allan Kardec)
            O Espírito daquele que acaba de morrer assiste à reunião de seus herdeiros?
            Quase sempre. Para seu ensinamento e castigo dos culpados, Deus permite que assim aconteça. Nessa ocasião, o Espírito julga do valor dos protestos que lhe faziam.
            Todos os sentimentos se lhe patenteiam e a decepção que lhe causa a rapacidade dos que entre si partilham os bens por ele deixados o esclarece acerca daqueles sentimentos.
            Chegará, porém, a vez dos que lhe motivam essa decepção. (O Livro dos Espíritos. Questão 328. Allan Kardec)
            As evocações nos mostram uma porção de Espírito que ainda se julgam deste mundo: suicidas, supliciados que não suspeitam que estão mortos e sofrem o  seu gênero de morte; outros que  assistem   ao   próprio   enterro , como   ao   de um estranho; avarentos que guardam os   seus tesouros, soberanos que julgam ainda mandar e ficam furiosos por não serem obedecidos; depois de grandes naufrágios, náufragos que lutam contra o furor das ondas; depois de uma batalha, soldados que continuam lutando e, ao lado disto, Espíritos radiosos, que nada mais têm de terrestre e são para os encarnados o que a borboleta é para a lagarta." (Revista Espírita. Junho de 1858. A morte do Sr. Bizet, cura de Sétif. Allan Kardec)
            Observemo-los atentamente, no instante em que acabem de deixar a vida; acham-se em estado de perturbação; tudo se lhes apresenta confuso, em torno; vêem perfeito ou mutilado, conforme o gênero da morte, o corpo que tiveram; por outro lado se reconhecem e sentem vivos; alguma coisa lhes diz que aquele corpo lhes pertence e não compreendem como podem estar separados dele. Continuam a ver-se sob a forma que tinham antes de morrer e esta visão, nalguns, produz, durante certo tempo, singular ilusão: a de se crerem ainda vivos. Falta-lhes a experiência do novo estado em que se encontram, para se convencerem da realidade. Passado esse primeiro momento de perturbação, o corpo se lhes torna uma veste imprestável de que se despiram e de que não guardam saudades. Sentem-se mais leves e como que aliviados de um fardo. Não mais experimentam as dores físicas e se consideram felizes por poderem elevar-se, transpor o espaço, como tantas vezes o fizeram em sonho, quando vivos.             Entretanto, malgrado à falta do corpo, comprovam suas personalidades; têm uma forma, mas que os não importuna nem os embaraça; têm, finalmente, a consciência de seu eu e de sua individualidade. Que devemos concluir daí? Que a alma não deixa tudo no túmulo, que leva consigo alguma coisa. (O Livro dos Médiuns. Cap. 1. Item 53. Allan Kardec)
            Ele tem a forma humana e, quando nos aparece, é geralmente com a que revestia o Espírito na condição de encarnado. Daí se poderia supor que o perispírito, separado de todas as partes do corpo, se modela, de certa maneira, por este e lhe conserva o tipo; entretanto, não parece que seja assim. Com pequenas diferenças quanto às particularidades e exceção feita das modificações orgânicas exigidas pelo meio em o qual o ser tem que viver, a forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os globos. Pelo menos, é o que dizem os Espíritos. Essa igualmente a forma de todos os Espíritos não encarnados, que só têm o perispírito; a com que, em todos os tempos, se representaram os anjos, ou Espíritos puros. Devemos concluir de tudo isto que a forma humana é a forma tipo de todos os seres humanos, seja qual foro grau de evolução em que se achem.
            Mas a matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a rigidez da matéria compacta do corpo; é, se assim nos podemos exprimir, flexível e expansível, donde resulta que a forma que toma, conquanto decalcada na do corpo, não é absoluta, amolga-se à vontade do Espírito, que lhe pode dar a aparência que entenda, ao passo que o invólucro sólido lhe oferece invencível resistência.
            Livre desse obstáculo que o comprimia, o perispírito se dilata ou contrai, se transforma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua. Por efeito dessa propriedade do seu envoltório fluídico, é que o Espírito que quer dar-se a conhecer pode, em sendo necessário, tomar a aparência exata que tinha quando vivo, até mesmo com os acidentes corporais que possam constituir sinais para o reconhecerem. (O Livro dos Médiuns. Cap. 1. Item 56. Allan Kardec)
            Que é feito da matéria e do princípio vital dos seres orgânicos, quando estes morrem?
            A matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos. O princípio vital volta à massa donde saiu.
            Morto o ser orgânico, os elementos que o compõem sofrem novas combinações, de que resultam novos seres, os quais haurem na fonte universal o princípio da vida e da atividade, o absorvem e assimilam, para novamente o restituírem a essa fonte, quando deixarem de existir.
            Os órgãos se impregnam, por assim dizer, desse fluido vital e esse fluido dá a todas as partes do organismo uma atividade que as põe em comunicação entre si, nos casos de certas lesões, e normaliza as funções momentaneamente perturbadas. Mas, quando os elementos essenciais ao funcionamento dos órgãos estão destruídos, ou muito profundamente alterados, o fluido vital se torna impotente para lhes transmitir o movimento da vida, e o ser morre.
            Mais ou menos necessariamente, os órgãos reagem uns sobre os outros, resultando essa ação recíproca da harmonia do conjunto por eles formado. Destruída que seja, por uma causa qualquer, esta harmonia, o funcionamento deles cessa, como o movimento da máquina cujas peças principais se desarranjem. É o que se verifica, por exemplo, com um relógio gasto pelo uso, ou que sofreu um choque por acidente, no qual a força motriz fica impotente para pô-lo de novo a andar.
            Num aparelho elétrico temos imagem mais exata da vida e da morte. Esse aparelho, como todos os corpos da Natureza, contém eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos, porém, não se produzem senão quando o fluido é posto em atividade por uma causa especial. Poder-se-ia então dizer que o aparelho está vivo. Vindo a cessar a causa da atividade, cessa o fenômeno: o aparelho volta ao estado de inércia. Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade causa a morte.
            A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por assim dizer, saturados desse fluido, enquanto outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de certo modo, superabundante.
            A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm.
            O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se. (O Livro dos Espíritos. Questão 70. Allan Kardec)
            No caso dos suicidas, que planejaram retirar a sua vida, parte do fluido vital permanece impregnado no seu perispírito durante algum tempo, conforme descreve o espírito suicida Camilo Castelo Branco:
            "Nas peripécias que o suicida entra a curtir depois do desbarato que prematuramente o levou  ao túmulo, o  Vale Sinistro apenas representa um estágio temporário, sendo ele para lá encaminhado por movimento de impulsão natural, com o qual se afina, até que se desfaçam as pesadas cadeias que o atrelam ao corpo físicoterreno, destruído antes da ocasião prevista pela lei natural. Será preciso que se desagreguem dele as poderosas camadas de fluidos vitais que lhe revestiam a organização  física, adaptadas por afinidades especiais da Grande Mãe Natureza à organização astral, ou seja, ao perispírito, as quais nele se aglomeram em reservas suficientes para o compromisso da existência completa; que se arrefeçam, enfim, as mesmas afinidades, labor que na individualidade de um suicida será acompanhado das mais aflitivas dificuldades, de morosidade impressionante, para, só então, obter possibilidade vibratória que lhe faculte alívio e progresso. De outro modo, tal seja a feição do seu caráter, tais os deméritos e grau de responsabilidades gerais – tal será o agravo da situação, tal a intensidade dos padecimentos a experimentar, pois, nestes casos, não serão apenas as conseqüências decepcionantes do suicídio que lhe afligirão a alma, mas também o reverso dos atos pecaminosos anteriormente cometidos. Periodicamente, singular caravana visitava esse antro de sombras. Era como a inspeção de alguma associação caridosa, assistência protetora de instituição humanitária, cujos abnegados fins não se poderiam pôr em dúvida. Vinha à procura daqueles dentre nós cujos fluidos vitais, arrefecidos pela desintegração completa da matéria, permitissem locomoção para as camadas do Invisível intermediário, ou  de transição. "(Memórias de um suicida. Cap. 1. Yvonne A. Pereira)
            A médium Yvonne A.  Pereira, também faz o seguinte esclarecimento: " (...)Após a morte,  antes que o Espírito se oriente,  gravitando para o verdadeiro "lar espiritual" que lhe cabe, será sempre necessário o estágio numa "antecâmara", numa região cuja densidade e aflitivas configurações locais corresponderão aos  estados vibratórios e mentais do recémdesencarnado. Aí se deterá até que seja naturalmente "desanimalizado", isto é, que se desfaça dos fluidos e forças vitais de que são impregnados todos os corpos materiais. Por aí se verá que a estada será temporária nesse umbral  do Além, conquanto geralmente penosa. Tais sejam o caráter, as ações praticadas, o gênero de vida,  o gênero de morte que teve a entidade desencarnada – tais serão o tempo e a penúria  no local  descrito. Existem aqueles que aí apenas se demoram algumas horas. Outros levarão meses, anos consecutivos, voltando à reencarnação sem atingirem a Espiritualidade. Em se tratando de suicidas o caso assume proporções especiais, por  dolorosas e complexas.  Estes aí se demorarão,  geralmente,  o tempo que ainda lhes restava para conclusão do compromisso da existência  que prematuramente cortaram.  Trazendo carregamentos avantajados de forças vitais animalizadas,  além das bagagens das  paixões criminosas e uma desorganização mental,  nervosa e vibratória  completas,  é fácil entrever  qual será a situação desses infelizes para quem um só bálsamo existe: – a prece das almas caritativas! "(Memórias de um suicida. Cap. 1. Yvonne A. Pereira)
            No livro, " Missionários da Luz", o instrutor Alexandre explica que, apesar dos suicidas receberem auxílio dos bons espíritos, há espíritos maléficos , em certos casos, que absorvem os fluidos vitais do sangue deles, conforme explica a seguir:
            Alguns amigos e eu tentamos socorrê-lo, mas, em vista das condições da morte voluntária, friamente deliberada, não nos foi possível retirá-lo da poça de sangue em que se mergulhou, retido por vibrações pesadíssimas e angustiosas. Permanecíamos em serviço com o fim de ampará-lo, quando se aproximou um “bando” de algumas dezenas, que abusou do infeliz e deslocou-o, facilmente, em virtude da harmonia de forças perversas. Como pode compreender, não nos foi possível arrebatá-lo das mãos dos salteadores da sombra, que o carregaram por aí...
            A morte física não é banho milagroso, que converta maus em bons e ignorantes em sábios, dum instante para outro. Há desencarnados que se apegam aos ambientes domésticos, à maneira da hera às paredes. Outros, contudo, e em vultoso número, revoltam-se nos círculos da ignorância que lhes é própria e constituem as chamadas legiões das trevas, que afrontaram o próprio Jesus, por intermédio de obsidiados diversos. Organizam-se diabolicamente, formam cooperativas criminosas e ai daqueles que se transformam em seus companheiros! Os que caem na senda evolutiva, pelo descaso das oportunidades divinas, são escravos sofredores desses transitórios, mas terríveis poderes das sombras, em cativeiro que pode caracterizarse por longa duração.
            Semelhantes infelizes – elucidou Alexandre – abusam de recém-desencarnados sem qualquer defesa, como este pobre Raul, nos primeiros dias que se sucedem à morte física, subtraindo-lhes as forças vitais, depois de lhes explorarem o corpo grosseiro...(Os Missionários da Luz. Cap. 11. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
            Por que frequentemente a vida se interrompe na infância?
            A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do momento em que deveria terminar, e sua morte muitas vezes constitui   provação ou expiação para os pais . (O Livro dos Espíritos. Questão 199. Allan Kardec)
            A desencarnação em idade infantil significa que o Espírito já está plenamente redimido?
            O desprendimento do Espírito na Terra em criança, pode não significar o resgate integral do pretérito, mas sim uma provação muito rude, imposta aos que desprezaram no passado as grandes oportunidade da vida, como os suicidas ou os que menosprezaram sagradas oportunidades de trabalho em experiências difíceis e penosas. (Caderno de mensagens. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

Bibliografia:
- O Livro dos Médiuns. Cap. 1. Item 53, 54 e 56. Allan Kardec.
- O Livro dos Espíritos. Questões 68 e 68-a, 69, 70, 149, 150, 150-a, 150-b, 155, 155-a, 156, 157, 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165, 199, 257, 287, 289, 290, 317, 327, 327-a, 328. Allan Kardec.
- O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 144, 145, 149. Allan Kardec.
 O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap. 28. Item 59. Allan Kardec.
- O Céu e o Inferno. Cap. 1. Itens 4 a 13; 15. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Junho de 1858. A morte do Sr. Bizet, cura de Sétif. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Dezembro de 1859. Um Espírito que não se acredita morto. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Novembro de 1860. Palestras familiares de além-túmulo - Baltazar, o Espírito gastrônomo. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Outubro de 1864. O Sexto sentido e a visão espiritual. Allan Kardec.
- Janela para vida. Acerca da morte. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier.
- Caminhos de volta. Cremação. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Ação e Reação. Cap. 18. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier.
- Os Missionários da Luz. Cap. 11. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
- Memórias de um suicida. Cap. 1. Yvonne A. Pereira.
- Caderno de mensagens. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

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