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Aula 146 - O Calvário do Cristo
Mocidade - História: Joana de Cuza - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Exemplificação no Calvário.
Mensagens espíritas: Crucificação do Cristo.
Sugestão de vídeo:
- Música: Jesus é por nós - Chico Xavier / Elizabete Lacerda (Dica: pesquise no Youtube).
Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 26
26.36 Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.
26.37 E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
26.38 Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo.
26.39 E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
26.40 E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo?
26.41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.
26.42 E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade.
26.43 E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados.
26.44 E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.
26.47 E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo.
26.50 Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.
João - Capítulo 18
18.10 Então Simão Pedro puxou uma espada e cortou a orelha direita de Malco, servo do supremo sacerdote. Jesus, porém, disse a Pedro: Guarda a espada.
Mensagens espíritas: Crucificação do Cristo.
Sugestão de vídeo:
- Música: Jesus é por nós - Chico Xavier / Elizabete Lacerda (Dica: pesquise no Youtube).
Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 26
João - Capítulo 18
Marcos - Capítulo 14
14.55 E os príncipes dos sacerdotes e todo o concílio buscavam algum testemunho contra Jesus, para o matar, e não o achavam.
14.56 Porque muitos testificavam falsamente contra ele, mas os testemunhos não eram coerentes.
14.57 E, levantando-se alguns, testificaram falsamente contra ele, dizendo:
14.58 Nós ouvimos-lhe dizer: Eu derrubarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.
14.59 E nem assim o seu testemunho era coerente.
14.60 E, levantando-se o sumo sacerdote no Sinédrio, perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes? Que testificam estes contra ti?
14.61 Mas ele calou-se, e nada respondeu.
João - Capítulo 18
18.19 E o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
18.20 Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e nada disse em oculto.
18.21 Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito.
18.22 E, tendo dito isto, um dos servidores que ali estavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao sumo sacerdote?
18.28 Depois levaram Jesus da casa de Caifás para a audiência. E era pela manhã cedo. E não entraram na audiência, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa.
18.29 Então Pilatos saiu fora e disse-lhes: Que acusação trazeis contra este homem?
18.30 Responderam, e disseram-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
Lucas - Capítulo 23
23.3 E Pilatos perguntou-lhe, dizendo: Tu és o Rei dos Judeus? E ele, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.
23.4 E disse Pilatos aos principais dos sacerdotes, e à multidão: Não acho culpa alguma neste homem.
23.8 E Herodes, quando viu a Jesus, alegrou-se muito; porque havia muito que desejava vê-lo, por ter ouvido dele muitas coisas; e esperava que lhe veria fazer algum sinal.
23.9 E interrogava-o com muitas palavras, mas ele nada lhe respondia.
23.11 E Herodes, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o de uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.
João - Capítulo 18
18.38 Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
18.39 Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis, pois, que vos solte o Rei dos Judeus?
18.40 Então todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabás. E Barrabás era um salteador.
19.1 Pilatos, pois, tomou então a Jesus, e o açoitou.
19.2 E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça, e lhe vestiram roupa de púrpura.
19.3 E diziam: Salve, Rei dos Judeus. E davam-lhe bofetadas.
19.16 E tomaram a Jesus, e o levaram.
Marcos - Capítulo 15
15.21 Certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, chegando do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz.
15.22 Levaram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar da Caveira.
15.23 Então lhe deram vinho misturado com mirra, mas ele não o bebeu.
15.24 E o crucificaram. Dividindo as roupas dele, tiraram sortes para saber com o que cada um iria ficar.
15.26 E assim estava escrito na acusação contra ele: O REI DOS JUDEUS.
Lucas - Capítulo 23
23.27 Um grande número de pessoas o seguia, inclusive mulheres que lamentavam e choravam por ele.
23.28 Jesus voltou-se e disse-lhes: "Filhas de Jerusalém, não chorem por mim; chorem por vocês mesmas e por seus filhos!
Mateus - Capítulo 27
27.38 Dois ladrões foram crucificados com ele, um à sua direita e outro à sua esquerda.
27.39 Os que passavam lançavam-lhe insultos, balançando a cabeça
27.40 e dizendo: "Você que destrói o templo e o reedifica em três dias, salve-se! Desça da cruz se é Filho de Deus!"
27.41 Da mesma forma, os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos zombavam dele,
27.42 dizendo: "Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo! E é o rei de Israel! Desça agora da cruz, e creremos nele.
Lucas - Capítulo 23
23.34 Jesus disse: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo.
23.39 Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: "Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!"
23.40 Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: "Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença?
23.41 Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal".
23.42 Então ele disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino".
23.43 Jesus lhe respondeu: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”.
23.44 Já era quase meio dia, e trevas cobriram toda a terra até às três horas da tarde;
23.45 o sol deixara de brilhar. E o véu do santuário rasgou-se ao meio.
João 19
19.28 Mais tarde, sabendo então que tudo estava concluído, para que a Escritura se cumprisse, Jesus disse: "Tenho sede".
19.29 Estava ali uma vasilha cheia de vinagre. Então embeberam uma esponja nela, colocaram a esponja na ponta de um caniço de hissopo e a ergueram até os lábios de Jesus.
19.30 Tendo-o provado, Jesus disse: "Está consumado!" Com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito.
19.32 Vieram, então, os soldados e quebraram as pernas do primeiro homem que fora crucificado com Jesus e, em seguida, as do outro.
19.33 Mas, quando chegaram a Jesus, constatando que já estava morto, não lhe quebraram as pernas.
19.34 Em vez disso, um dos soldados perfurou o lado de Jesus com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Lucas - Capítulo 23
23.47 O centurião, vendo o que havia acontecido, louvou a Deus, dizendo: "Certamente este homem era justo".
Tópicos a serem abordados:
- A cruz era um antigo objeto, formado por duas toras de madeira, cruzadas entre si, no qual os condenados eram pregados ou amarrados e ali ficavam até a morte. Este foi o instrumento utilizado para o sacríficio de Jesus. O objetivo principal deste cruel suplício não era de matar diretamente o condenado por meio de lesões determinadas, mas de expor o criminoso à humilhção pública.
- O calvário do Cristo começa quando ele é aprisionado, logo após a última ceia da Páscoa, quando estava no Horto das Oliveiras, junto com alguns dos seus discípulos. Jesus pediu para que eles orassem e vigiassem, pois estava prestes a ocorrer o difícil testemunho, porém dormiram e o deixaram solitário, dialogando com Deus. Horas antes do acontecimento, o Messias orou três vezes, veementemente, e disse: “Pai, se queres, passa de mim este cálice", no sentido de saber se havia necessidade de tragar o cálice de amargura, que simbolizava o sacrifício que se cumpriria no alto do Calvário.
- Há quem interprete a atitude do Senhor como de receio diante do martírio. Entretanto, na realidade, o Cristo estava triste, pois pressentia que a humanidade caminhava na direção do abismo, e lastimava, preferindo que não acontecesse, pois sabia que os homens sofreriam as consequências dos seus atos no futuro. Portanto, Ele não estava com medo, o Divino Mestre estava sentindo compaixão pelo povo judeu, pois previa o seu futuro trágico.
- Quando o Cristo aceitou o seu destino cruel, e pediu a Pedro para guardar a espada, isto é, não defendê-lo, quis trazer o seguinte ensinamento: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido, ou seja, o que fizermos aos outros, isso mesmo nos estará reservado. Além disso, quando disse aos seus discípulos que deveriam ter orado e vigiado, quis exemplificar a importância da submissão a vontade de Deus, da fé e da resignação diante de uma situação difícil. E quis mostrar também que a prece é fundamental para recebermos o amparo divino, pois os homens, ainda imperfeitos, podem cair na tentação do mal, fazendo escolhas erradas, e falir nas provas desta existência.
- O Divino Mestre era um amigo fiel dos seus companheiros, mas sofreu o abandono daqueles que o amava, no momento do seu suplício. Judas Iscariotes entregou-o com um beijo, em troca de trinta moedas de prata, e depois se suicidou; Simão Pedro, após sua prisão, negou-o três vezes, antes que o galo cantasse, devido a sua fragilidade; com exceção de João, pois este se conservara junto de sua mãe. Mas apesar de tudo isto, o Mestre não deixou de amá-los.
- Por ocasião da festa de Páscoa, era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse. Então, os príncipes dos sacerdotes e os anciães persuadiram o povo que pedissem a liberdade do criminoso Barrabás e que fizessem Jesus morrer, apesar de saberem que era inoscente. Exigiram que o procurador romano Pilatos fizesse a pergunta ao povo: Qual dos dois quereis vós que eu vos solte? E responderam eles: Barrabás. Se esta pergunta fosse feita nos dias atuais à humanidade, é bem provável que a grande maioria escolhesse um criminoso rebelde e assassino, que lutava pelos seus ideais políticos, ao invés de homem simples e humilde, que pregava sobre o amor ao próximo e a paz. Devido ao estado de baixa moralidade em que ainda vivemos na terra, é mais fácil aos homens escolherem o mal do que o bem. A escolha de Barrabás em detrimento de Jesus é um exemplo disso.
- A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo povo judeu. Os príncipes dos sacerdotes, os escribas, os fariseus e os anciães do povo sentiam-se confrontados com os ensinamentos morais do Cristo, pois o Mestre Querido combatia pacificamente as suas práticas religiosas de culto exterior e tradições humanas da lei mosaica, que eram contrárias as leis divinas, e ainda advertia àqueles que exploravam o povo através da fé.
- Entretanto, tecnicamente Jesus foi condenado e executado pelo crime político de tentativa de subversão da ordem. Esse, pelo menos, é o motivo invocado e que, por determinação das autoridades, foi inscrito na placa pregada à cruz. Disseram que Ele teria tentado ser Rei dos Judeus. Os príncipes dos sacerdotes e anciães do povo, sabendo que não podiam eliminá-lo apenas sob a acusação de que ele pregava ideias e práticas que se chocavam com as da religião tradicional judaica, tramaram a sua morte para que prevalecesse a acusação de que ele se considerava o Messias político prometido nas profecias, ou seja, um Messias subversivo, que expulsaria os romanos da Palestina e submeteria a Israel todos os demais povos.
- Se a acusação era legítima ou não, não vinha ao caso; o importante era convencer a autoridade romana de sua autenticidade. Pilatos, provavelmente, havia percebido que Jesus era vítima de uma conspiração local porque sua pregação ameaçava a estabilidade do poder religioso e privilégios aos quais a classe sacerdotal não estava disposta a renunciar. No entanto, acovardado e pressionado pelo povo judeu considerou melhor entregar um pregador galileu à morte do que ter sua própria cabeça em risco por ordem de César, por haver desleixado no cumprimento de seu dever de zelar pelos interesses de Roma.
- Quando sairam rumo ao Calvário, constrangeram um certo Simão Cireneu, que por ali passava, vindo do campo, para que levasse a cruz. Tudo sugere que os algozes de Jesus Cristo, temendo que Ele viesse a desfalecer na rude jornada, sob o peso tremendo do madeiro, resolveram coagir o Cireneu a ajudá-lo, pois não queriam perder o espetáculo da crucificação. Apesar da superioridade do Messias, Ele aceitou a ajuda para exemplificar que nos momentos difíceis devemos ter a humildade e aceitar o auxílio dos companheiros amigos, pois Deus não desampara ninguém.
- Muitas das pessoas que foram assistir à crucificação de Jesus Cristo, passando diante dele, diziam, em tom de zombaria: “Tu que derrubas o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo e desce da cruz”. Outros, inclusive um dos homens que haviam sido crucificados a seu lado, diziam: “Salvou aos outros e a si mesmo não pode salvar-se; se de fato é o rei dos judeus, desça agora da cruz”. Os homens queriam ver Ele realizando milagres, porém o Mestre, nos três curtos anos do seu trabalho, não podia se preocupar muito com a conversão de gente que não estivesse amadurecida para o entendimento, ou que não alimentasse qualquer disposição de reforma interior, pois eram criaturas incrédulas e endurecidas.
- Entretanto, um dos ladrões arrependido, que estava ao seu lado, comprendendo que havia no Mestre alguma coisa que o colocava acima da Humanidade, lhe pediu misericórdia. Então, Jesus lhe fez esta animadora promessa: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”, ou seja, o Cristo lhe deu esperanças, que logo estaria no mundo espiritual e lhe seria mostrado o caminho longo que ainda deveria percorrer para entrar no Reino dos Céus.
- Portanto, o Divino Mestre acolheu alguns malfeitores com carinho e recebeu com paciência a calúnia, o ridículo, a ironia, o desprezo público, a prisão dolorosa sem resistir e o inquérito descabido, não reclamou contra os falsos julgamentos de sua obra, adotou o silêncio, ante a ignorância de seus perseguidores, pois não adiantava lhes mostrar a verdade, foi coroado de espinhos cruéis, recebeu açoites e bofetadas, aceitou a crucificação entre ladrões, suportou chagas sanguinolentas, sem nenhuma queixa e manteve-se fiel a Deus até o fim (1). Mesmo pálido e preso ao madeiro, encontrou forças de suplicar pelos seus carrascos e de pronunciar essas doces palavras: “Meu Pai, perdoai-lhes, pois eles não sabem o que fazem!” O Mestre sempre aproveitou as menores oportunidades para ensinar a necessidade do perdão recíproco, entre os homens, na obra sublime da redenção.
- Um pouco antes de desencarnar, no alto do Calvário, Jesus Cristo exclamou: “Tenho sede”. Estando ali um vaso cheio de vinagre, os que estavam presentes embeberam nele uma esponja e o colocaram na sua boca. Após ingerir o vinagre, o Mestre deu um grande grito e disse: “Tudo está consumado”, após, inclinou a cabeça e entregou o seu Espírito. O Mestre generoso, que havia descido das esferas sublimes para revelar aos homens um manancial de luz e de verdade, recebeu como resposta a incompreensão e crueldade deles, ou seja, uma esponja cheia de vinagre, do qual o mundo está cheio. Há inúmeros missionários que pagaram com a vida a ousadia de trazerem novas mensagens de vida e de luz ao gênero humano: a flagelação e a morte era o alto preço para que as verdades reveladas tivessem sucesso. Portanto, se Jesus não tivesse sido crucificado não teria atraído todos para ele. Se o Mestre não fosse pregado na cruz, o sucesso da difusão da sua Doutrina teria sido problemático, não conseguindo atrair a atenção da humanidade.
-Jesus foi sempre e ainda é o maior servidor dos homens de todos os tempos e civilizações da Terra. Ele constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. A doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei de Deus, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. Uma serenidade celestial envolvia a sua face. Ainda na tormenta dos seus últimos instantes, seu ânimo era de paciência, de bondade, de compaixão. No seu coração havia uma imensa piedade pelos doentes, pobres, excluídos da sociedade e pecadores arrependidos. Para acalmar esses males, secar essas lágrimas, para consolar, para curar, para salvar, e mostrar o caminho que conduz a perfeição, ele sacrificou a sua vida, ensinando que somente na renúncia e no devotamento até a doação da própria existência terrena é que a felicidade total se faz possível. O Divino Mestre exemplificou com os atos, o que até então tinha pregado. Seu sacrifício é a exemplificação de seus ensinamentos. Esta foi a sua missão!
Comentário (1): Coletânea do Além. Cap. 68. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
Perguntas para fixação:
1. Por que os criminosos eram crucificados na época de Cristo?
2. Por que Jesus orou três vezes e disse: “Pai, se queres, passa de mim este cálice"?
3. Por que o Cristo pediu para que os discípulos orassem e vigiassem, momento antes de ser preso?
4. Por que Jesus pediu para Pedro guardar a sua espada, após ter ferido a orelha de Malco, servo do sumo sacerdote?
5. Por que o povo judeu escolheu a libertação de Barrabás ao invés de Jesus Cristo?
6. Por que Jesus Cristo combatia as práticas religiosas de culto exterior e tradições humanas da religião tradicional judaica?
7. Jesus foi executado e condenado pelos romanos por qual crime?
8. Qual foi o verdadeiro motivo pelo qual Jesus foi crucificado?
9. Por que Pilatos é considerado covarde e egoísta?
10. Por que Jesus Cristo aceitou a ajuda de Simão Cireneu para carregar a cruz?
11. Por que Jesus não fez nada para tentar provar para o povo que era o Messias prometido?
12. O que Jesus prometeu ao ladrão arrependido que estava crucificado ao seu lado ?
13. Por que Jesus disse: “Meu Pai, perdoai-lhes, pois eles não sabem o que fazem!"?
14. Qual é o significado simbólico da esponja cheia de vinagre que colocaram na boca de Jesus?
15. Por que houve a necessidade da crucificação de Jesus Cristo?
16. Por que o sacrifício de Jesus é considerado um ato importante?
Subsídio para o Evangelizador:
A cruz era um suplício romano, reservado aos escravos e aos casos em que se queria agravar a morte com a ignomínia.
João - Capítulo 18
Lucas - Capítulo 23
João - Capítulo 18
Marcos - Capítulo 15
Lucas - Capítulo 23
Mateus - Capítulo 27
Lucas - Capítulo 23
João 19
Lucas - Capítulo 23
Tópicos a serem abordados:
- A cruz era um antigo objeto, formado por duas toras de madeira, cruzadas entre si, no qual os condenados eram pregados ou amarrados e ali ficavam até a morte. Este foi o instrumento utilizado para o sacríficio de Jesus. O objetivo principal deste cruel suplício não era de matar diretamente o condenado por meio de lesões determinadas, mas de expor o criminoso à humilhção pública.
- O calvário do Cristo começa quando ele é aprisionado, logo após a última ceia da Páscoa, quando estava no Horto das Oliveiras, junto com alguns dos seus discípulos. Jesus pediu para que eles orassem e vigiassem, pois estava prestes a ocorrer o difícil testemunho, porém dormiram e o deixaram solitário, dialogando com Deus. Horas antes do acontecimento, o Messias orou três vezes, veementemente, e disse: “Pai, se queres, passa de mim este cálice", no sentido de saber se havia necessidade de tragar o cálice de amargura, que simbolizava o sacrifício que se cumpriria no alto do Calvário.
- Há quem interprete a atitude do Senhor como de receio diante do martírio. Entretanto, na realidade, o Cristo estava triste, pois pressentia que a humanidade caminhava na direção do abismo, e lastimava, preferindo que não acontecesse, pois sabia que os homens sofreriam as consequências dos seus atos no futuro. Portanto, Ele não estava com medo, o Divino Mestre estava sentindo compaixão pelo povo judeu, pois previa o seu futuro trágico.
- Quando o Cristo aceitou o seu destino cruel, e pediu a Pedro para guardar a espada, isto é, não defendê-lo, quis trazer o seguinte ensinamento: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido, ou seja, o que fizermos aos outros, isso mesmo nos estará reservado. Além disso, quando disse aos seus discípulos que deveriam ter orado e vigiado, quis exemplificar a importância da submissão a vontade de Deus, da fé e da resignação diante de uma situação difícil. E quis mostrar também que a prece é fundamental para recebermos o amparo divino, pois os homens, ainda imperfeitos, podem cair na tentação do mal, fazendo escolhas erradas, e falir nas provas desta existência.
- O Divino Mestre era um amigo fiel dos seus companheiros, mas sofreu o abandono daqueles que o amava, no momento do seu suplício. Judas Iscariotes entregou-o com um beijo, em troca de trinta moedas de prata, e depois se suicidou; Simão Pedro, após sua prisão, negou-o três vezes, antes que o galo cantasse, devido a sua fragilidade; com exceção de João, pois este se conservara junto de sua mãe. Mas apesar de tudo isto, o Mestre não deixou de amá-los.
- Por ocasião da festa de Páscoa, era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse. Então, os príncipes dos sacerdotes e os anciães persuadiram o povo que pedissem a liberdade do criminoso Barrabás e que fizessem Jesus morrer, apesar de saberem que era inoscente. Exigiram que o procurador romano Pilatos fizesse a pergunta ao povo: Qual dos dois quereis vós que eu vos solte? E responderam eles: Barrabás. Se esta pergunta fosse feita nos dias atuais à humanidade, é bem provável que a grande maioria escolhesse um criminoso rebelde e assassino, que lutava pelos seus ideais políticos, ao invés de homem simples e humilde, que pregava sobre o amor ao próximo e a paz. Devido ao estado de baixa moralidade em que ainda vivemos na terra, é mais fácil aos homens escolherem o mal do que o bem. A escolha de Barrabás em detrimento de Jesus é um exemplo disso.
- A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo povo judeu. Os príncipes dos sacerdotes, os escribas, os fariseus e os anciães do povo sentiam-se confrontados com os ensinamentos morais do Cristo, pois o Mestre Querido combatia pacificamente as suas práticas religiosas de culto exterior e tradições humanas da lei mosaica, que eram contrárias as leis divinas, e ainda advertia àqueles que exploravam o povo através da fé.
- Entretanto, tecnicamente Jesus foi condenado e executado pelo crime político de tentativa de subversão da ordem. Esse, pelo menos, é o motivo invocado e que, por determinação das autoridades, foi inscrito na placa pregada à cruz. Disseram que Ele teria tentado ser Rei dos Judeus. Os príncipes dos sacerdotes e anciães do povo, sabendo que não podiam eliminá-lo apenas sob a acusação de que ele pregava ideias e práticas que se chocavam com as da religião tradicional judaica, tramaram a sua morte para que prevalecesse a acusação de que ele se considerava o Messias político prometido nas profecias, ou seja, um Messias subversivo, que expulsaria os romanos da Palestina e submeteria a Israel todos os demais povos.
- Se a acusação era legítima ou não, não vinha ao caso; o importante era convencer a autoridade romana de sua autenticidade. Pilatos, provavelmente, havia percebido que Jesus era vítima de uma conspiração local porque sua pregação ameaçava a estabilidade do poder religioso e privilégios aos quais a classe sacerdotal não estava disposta a renunciar. No entanto, acovardado e pressionado pelo povo judeu considerou melhor entregar um pregador galileu à morte do que ter sua própria cabeça em risco por ordem de César, por haver desleixado no cumprimento de seu dever de zelar pelos interesses de Roma.
- Quando sairam rumo ao Calvário, constrangeram um certo Simão Cireneu, que por ali passava, vindo do campo, para que levasse a cruz. Tudo sugere que os algozes de Jesus Cristo, temendo que Ele viesse a desfalecer na rude jornada, sob o peso tremendo do madeiro, resolveram coagir o Cireneu a ajudá-lo, pois não queriam perder o espetáculo da crucificação. Apesar da superioridade do Messias, Ele aceitou a ajuda para exemplificar que nos momentos difíceis devemos ter a humildade e aceitar o auxílio dos companheiros amigos, pois Deus não desampara ninguém.
- Muitas das pessoas que foram assistir à crucificação de Jesus Cristo, passando diante dele, diziam, em tom de zombaria: “Tu que derrubas o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo e desce da cruz”. Outros, inclusive um dos homens que haviam sido crucificados a seu lado, diziam: “Salvou aos outros e a si mesmo não pode salvar-se; se de fato é o rei dos judeus, desça agora da cruz”. Os homens queriam ver Ele realizando milagres, porém o Mestre, nos três curtos anos do seu trabalho, não podia se preocupar muito com a conversão de gente que não estivesse amadurecida para o entendimento, ou que não alimentasse qualquer disposição de reforma interior, pois eram criaturas incrédulas e endurecidas.
- Entretanto, um dos ladrões arrependido, que estava ao seu lado, comprendendo que havia no Mestre alguma coisa que o colocava acima da Humanidade, lhe pediu misericórdia. Então, Jesus lhe fez esta animadora promessa: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”, ou seja, o Cristo lhe deu esperanças, que logo estaria no mundo espiritual e lhe seria mostrado o caminho longo que ainda deveria percorrer para entrar no Reino dos Céus.
- Portanto, o Divino Mestre acolheu alguns malfeitores com carinho e recebeu com paciência a calúnia, o ridículo, a ironia, o desprezo público, a prisão dolorosa sem resistir e o inquérito descabido, não reclamou contra os falsos julgamentos de sua obra, adotou o silêncio, ante a ignorância de seus perseguidores, pois não adiantava lhes mostrar a verdade, foi coroado de espinhos cruéis, recebeu açoites e bofetadas, aceitou a crucificação entre ladrões, suportou chagas sanguinolentas, sem nenhuma queixa e manteve-se fiel a Deus até o fim (1). Mesmo pálido e preso ao madeiro, encontrou forças de suplicar pelos seus carrascos e de pronunciar essas doces palavras: “Meu Pai, perdoai-lhes, pois eles não sabem o que fazem!” O Mestre sempre aproveitou as menores oportunidades para ensinar a necessidade do perdão recíproco, entre os homens, na obra sublime da redenção.
- Um pouco antes de desencarnar, no alto do Calvário, Jesus Cristo exclamou: “Tenho sede”. Estando ali um vaso cheio de vinagre, os que estavam presentes embeberam nele uma esponja e o colocaram na sua boca. Após ingerir o vinagre, o Mestre deu um grande grito e disse: “Tudo está consumado”, após, inclinou a cabeça e entregou o seu Espírito. O Mestre generoso, que havia descido das esferas sublimes para revelar aos homens um manancial de luz e de verdade, recebeu como resposta a incompreensão e crueldade deles, ou seja, uma esponja cheia de vinagre, do qual o mundo está cheio. Há inúmeros missionários que pagaram com a vida a ousadia de trazerem novas mensagens de vida e de luz ao gênero humano: a flagelação e a morte era o alto preço para que as verdades reveladas tivessem sucesso. Portanto, se Jesus não tivesse sido crucificado não teria atraído todos para ele. Se o Mestre não fosse pregado na cruz, o sucesso da difusão da sua Doutrina teria sido problemático, não conseguindo atrair a atenção da humanidade.
-Jesus foi sempre e ainda é o maior servidor dos homens de todos os tempos e civilizações da Terra. Ele constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. A doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei de Deus, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. Uma serenidade celestial envolvia a sua face. Ainda na tormenta dos seus últimos instantes, seu ânimo era de paciência, de bondade, de compaixão. No seu coração havia uma imensa piedade pelos doentes, pobres, excluídos da sociedade e pecadores arrependidos. Para acalmar esses males, secar essas lágrimas, para consolar, para curar, para salvar, e mostrar o caminho que conduz a perfeição, ele sacrificou a sua vida, ensinando que somente na renúncia e no devotamento até a doação da própria existência terrena é que a felicidade total se faz possível. O Divino Mestre exemplificou com os atos, o que até então tinha pregado. Seu sacrifício é a exemplificação de seus ensinamentos. Esta foi a sua missão!
Comentário (1): Coletânea do Além. Cap. 68. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
Perguntas para fixação:
1. Por que os criminosos eram crucificados na época de Cristo?
2. Por que Jesus orou três vezes e disse: “Pai, se queres, passa de mim este cálice"?
3. Por que o Cristo pediu para que os discípulos orassem e vigiassem, momento antes de ser preso?
4. Por que Jesus pediu para Pedro guardar a sua espada, após ter ferido a orelha de Malco, servo do sumo sacerdote?
5. Por que o povo judeu escolheu a libertação de Barrabás ao invés de Jesus Cristo?
6. Por que Jesus Cristo combatia as práticas religiosas de culto exterior e tradições humanas da religião tradicional judaica?
7. Jesus foi executado e condenado pelos romanos por qual crime?
8. Qual foi o verdadeiro motivo pelo qual Jesus foi crucificado?
9. Por que Pilatos é considerado covarde e egoísta?
10. Por que Jesus Cristo aceitou a ajuda de Simão Cireneu para carregar a cruz?
11. Por que Jesus não fez nada para tentar provar para o povo que era o Messias prometido?
12. O que Jesus prometeu ao ladrão arrependido que estava crucificado ao seu lado ?
13. Por que Jesus disse: “Meu Pai, perdoai-lhes, pois eles não sabem o que fazem!"?
14. Qual é o significado simbólico da esponja cheia de vinagre que colocaram na boca de Jesus?
15. Por que houve a necessidade da crucificação de Jesus Cristo?
16. Por que o sacrifício de Jesus é considerado um ato importante?
Subsídio para o Evangelizador:
A cruz era um suplício romano, reservado aos escravos e aos casos em que se queria agravar a morte com a ignomínia.
Aplicando-a a Jesus, tratavam-no como um salteador, um bandido, ou um desses inimigos de baixa condição, aos quais os romanos não concediam a honra de morrerem pelo gládio.
Gólgota era um local fora de Jerusalém, porém perto das muralhas da cidade. A palavra gólgota significa caveira, e parece que corresponde à nossa palavra descalvado; designava, provavelmente, um outeiro nu, tendo a forma de um crânio. Não se sabe com exatidão onde fica hoje esse local. Com certeza era ao norte ou ao nordeste da cidade, na alta planície desigual que se estende entre as muralhas e os dois vales do Cedron e do Hinon, região sem atrativos e triste.
Os próprios condenados tinham de levar o instrumento de seu suplício, a cruz. Segundo o costume israelita, quando chegavam ao local da execução, ofereciam aos padecentes um vinho muito forte e aromatizado. Esse vinho embebedava imediatamente, e por um sentimento de piedade era dado aos condenados para atordoá-los. Parece que, habitualmente, as mulheres caridosas de Jerusalém traziam aos infelizes condenados esse vinho da última hora; quando nenhuma delas vinha, mandavam comprá-lo. Jesus apenas provou-o, e não quis bebê-lo.
A cruz se compunha de duas vigas ligadas em forma de T; era baixa, tanto que os pés dos condenados quase tocavam a terra; começavam por erguê-la; depois pregavam nela o condenado, atravessando-lhe as mãos com pregos; freqüentemente pregavam também os pés; e outras vezes amarravam-nos com cordas. Um pedaço de madeira, como suporte, era pregado na haste da cruz, mais ou menos no meio, e passava entre as pernas do condenado, sobre o qual ele se apoiava. Sem isto as mãos se rasgariam, e o corpo cairia. Outras vezes deixavam um pedaço de tábua horizontal na altura dos pés do condenado, no qual ele se sustinha.
O principal horror do suplício da cruz consistia em que o condenado podia viver neste horrível estado três ou quatro dias, no escabelo da dor. A hemorragia das mãos cessava logo e não era mortal. A verdadeira causa da morte era a posição antinatural do corpo, a qual causava uma perturbação atroz na circulação do sangue, fortes dores de cabeça e do coração, e por fim a rigidez dos membros. Os crucificados de forte compleição chegavam a morrer de fome. O fito principal deste cruel suplício não era de matar diretamente o condenado por meio de lesões determinadas, mas de expor o escravo à execração pública, pregado pelas mãos de que ele não soubera fazer bom uso, e de deixá-lo apodrecer na cruz. (Renan-Vie de Jesus).
As roupas dos condenados pertenciam aos soldados, encarregados de executá-los. E quando não chegavam a um acordo sobre a partilha, recorriam ao jogo de dados. (O Evangelho dos humildes. Cap. 27. Eliseu Rigonatti)
Houve necessidade da crucificação de Jesus Cristo? Não poderia ter-se evitado a consumação desse sacrifício? Estando o Mestre investido de todo o poder, porque não fez mudar o rumo dos acontecimentos? Porque Deus não o atendeu quando, em efusiva prece no Horto, exclamou: “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua?”
Vendo as coisas pelo prisma acanhado do convencionalismo humano, agravado pelas limitações peculiares às coisas da Terra, o homem formula essas indagações sem levar em consideração os superiores desígnios do Pai Celestial e sem analisar o problema em sua amplitude, com seus reflexos insondáveis no porvir.
Para que a semente produza fruto, é imprescindível o seu sacrifício: é preciso que morra, Se a semente não for plantada e não morrer, nada se pode esperar dela.
Para que uma verdade seja implantada entre nós, é quase indispensável que o sacrifício daquele que a veio revelar seja consumado. Para que as verdades enunciadas por Jesus Cristo fossem consolidadas, houve necessidade daquele sacrifício supremo: o martírio do Ungido de Deus foi o preço exigido para o triunfo da Boa Nova aqui no mundo.
A História nos dá conta dos inúmeros missionários que pagaram com a vida a ousadia de trazerem novas mensagens de vida e de luz ao gênero humano: a flagelação e a morte era o alto preço para que as verdades reveladas tivessem sucesso.
Se Jesus não tivesse sido levantado na cruz, como diz João em seu Evangelho, não teria atraído todos para ele. Se o Mestre não fosse pregado no madeiro infamante, o sucesso da difusão da sua Doutrina teria sido problemático e periclitante, não conseguindo atrair a atenção das massas.
É bem verdade que o Messias poderia ter evitado o sacrifício do Gólgota.
Bastava para tanto haver pactuado com os interesses do mundo, era só curvar-se diante da vontade de Caifás e de Herodes e fazer causa-comum com os escribas e fariseus. Nesse caso, em vez de tragar o fel amargo do Calvário, passaria a deleitar-se com o vinho alegre de Canaã, contudo, em decorrência, sua Doutrina não se teria implantado na Terra e a Humanidade ficaria privada desse manancial de luz e de consolação que são os Evangelhos...(Os padrões evangélicos. Se a semente não morrer. Paulo Alves Godoy)
Entretanto, causa estranheza que no Evangelho esteja escrito que Jesus Cristo tenha ficado triste diante do acontecimento e disse aos seus discípulos: "A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. "(Mateus 26:38,39)
Efetivamente, é muito difícil entender certas atitudes do Senhor, qual ocorre com a que teve por cenário o Getsemani.
Essa dificuldade de compreensão dos sentimentos de Nosso Senhor; de aprofundar-Se-lhe a Alma sensível, a individualidade universal, acentua-se, principalmente, quando se Lhe pretende examinar as palavras proferidas no Horto, em horas que precederam o Calvário: — “Pai, se queres, passa de mim este cálice.”
Há quem interprete a atitude do Senhor como de receio ante o martírio que se avizinhava.
E os que assim pensam, dizem: “Houve um eclipse na Grande Alma do Cristo, eclipse que logo se dissipou. Foi uma nuvem rápida que ocultou, por instantes, o refulgente Sol, O Cristo Eterno reagiu, prontamente, contra o gesto humano do Filho de Maria.”
Nosso pensamento, a respeito do comovente e sublime episódio, é um tanto diverso.
A nosso ver — e tendo o cuidado de realçar a inabordabilidade do Cristo — o cálice que o Mestre preferia não sorver não era o do madeiro. Nem o da coroa de espinhos. Nem dos cravos, nem da lança que lhe fizeram jorrar o sangue generoso. Nem o da morte entre dois ladrões comuns. O cálice que o Cristo preferia não lhe fosse dado a beber, foi o da compaixão.
Condoera-se Jesus, por antecipação, antevendo o esfacelamento de toda uma semeadura de espiritualidade e redenção em favor dos homens.
Era todo um apostolado de luz e esclarecimento que se diluía sob o apaixonado impulso da Humanidade — cuja salvação fora o objetivo fundamental de Sua vinda ao mundo.
A Humanidade caminhava na direção do abismo — e o Cristo o pressentia e lastimava, preferindo não acontecesse. (Estudando o Evangelho. Cap. 36. Martins Peralva)
Segundo Paulo Alves Godoy, " Jesus Cristo formulou veemente rogativa a Deus no sentido de passar dele a necessidade de tragar o cálice de amargura, simbolizado no sacrifício que se cumpriria no alto do Calvário. Após repetir a sua prece por três vezes consecutivas, não houve um deferimento favorável, e o drama da crucificação se cumpriu em todos os detalhes.
O Mestre, que havia preceituado: “Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis e batei e abrir-se-vos-á” ali estava advogando o cancelamento ao martírio na cruz, entretanto não deixou de condicionar a sua vontade à soberana vontade de Deus. Nos desígnios do Pai o sacrifício do Calvário era um imperativo, sem o qual a doutrina que o Mestre viera trazer, não triunfaria na face da Terra, a ponto de, em três séculos apenas, causar a derrocada do Paganismo, solapando as precárias bases em que se fundamentava a religião dos povos mais poderosos da Terra.
Devemos nos lembrar que todos nós, em maior ou menor escala, temos um Calvário em nossa vida, por isso também em relação a nós o Criador não modifica a cada instante os seus desideratos superiores. Muitas das rogativas que erguemos a Deus não são aceitas porque assumimos compromissos espirituais importantes antes da nossa encarnação terrena, e se Deus for modificando o curso da nossa vida ao sabor da nossa vontade, é óbvio que ocorreria uma estagnação e dificilmente colimaríamos o nosso aprimoramento espiritual. "(Os padrões evangélicos. O cálice da amargura. Paulo Alves Godoy)
Cada um tem o seu calvário na Terra, mas nem todos o percorrem com a suave resignação de que Jesus vos deu o exemplo. Ela foi tão grande que os anjos se comoveram! (Revista Espírita. Junho de 1861. Dissertações e ensinos espíritas - Por ditados espontâneos. Anjo Gabriel. Allan Kardec)
Antônio Luiz Sayão faz o seguinte esclarecimento: "Dizendo-se possuído de mortal tristeza, quis o Mestre significar aos discípulos e aos homens que, pressentindo o que ia suceder, seu coração se enchia de amargura extrema pelas tribulações a que se votavam aqueles a quem viera salvar. Recomendou-lhes que ficassem ali, para testemunharem o que se ia passar, e que velassem com Ele, para poderem narrar às gerações futuras o que presenciassem.
Prostrando-se e orando, fê-lo para ensinar a submissão, a fé, a resignação e a vigilância sobre si mesmo, com que o homem deve receber as tribulações e as provas, a fim de não falir nestas, e mostrava o socorro que advém da prece, poderoso cordial da alma." (Elucidações Evangélicas. Cap. 173. Antônio Luiz Sayão)
O Espírito Humberto de Campos, narra este acontecimento da seguinte forma: " Acomodando os discípulos em bancos naturais que as ervas do caminho se incumbiam de adornar, falou-lhes o Mestre, em tom sereno e resoluto:
– Esta é a minha derradeira hora convosco! Orai e vigiai comigo, para que eu tenha a glorificação de Deus no supremo testemunho!
Assim dizendo, afastou-se à pequena distância onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apóstolos não podiam observar. Pedro, João e Tiago estavam profundamente tocados pelo que viam e ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera tão solene, tão convicto, como naquele instante de penosas recomendações. Rompendo o silêncio que se fizera, João ponderou :
Oremos e vigiemos, de acordo com a recomendação do Mestre, pois, se ele aqui nos trouxe, apenas nós três, em sua companhia, isso deve significar para o nosso espírito a grandeza da sua confiança em nosso auxílio.
Puseram-se a meditar silenciosamente. Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no recurso da oração (1).
Passados alguns minutos, acordavam, ouvindo o Mestre que lhe observava:
– Despertai! Não vos recomendei que vigiásseis? Não podereis velar comigo, um minuto?
João e os companheiros esfregaram os olhos, reconhecendo a própria falta. Então, Jesus, cujo olhar parecia iluminado por estranho fulgor, lhes contou que fora visitado, por um anjo de Deus que o confortara para o martírio supremo. Mais uma vez lhes pediu que orassem com o coração e novamente se afastou. Contudo, os discípulos, insensivelmente, cedendo aos imperativos do corpo e olvidando as necessidades do espírito, de novo adormeceram era meio da meditação. Despertaram com o Mestre a lhes repetir :
– Não conseguistes, então, orar comigo?
Os três discípulos acordaram estremunhados. A paisagem desolada de Jerusalém mergulhava na sombra.
Antes, porém, que pudessem justificar de novo a sua falta, um grupo de soldados e populares aproximou-se, vindo à frente.
O filho de Iscariote avançou e depôs na fronte do Mestre o beijo combinado, ao passo que Jesus, sem denotar nenhuma fraqueza e deixando a lição de sua coragem e de seu afeto aos companheiros, perguntou :
– Amigo, a que vieste?
Sua interrogação, todavia, não recebeu qualquer resposta. Os mensageiros dos sacerdotes prenderam-no e lhe manietara as mãos, como se o fizessem a um salteador vulgar." (Boa nova. A oração do Horto. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
Jesus agora vai exemplificar com os atos, o que até então tinha pregado. Seu sacrifício é a exemplificação de seus ensinamentos no Sermão da Montanha. A mesma serenidade que Jesus demonstrou ao curar os enfermos, ao discutir com os orgulhosos sacerdotes, ao ensinar o povo, é também por ele demonstrada ao deparar com seus algozes. Notemos a mansidão com que ele os recebe: a Judas, que o entrega, chama de amigo, e não esboça um gesto de violência sequer.
(...) Jesus como filho mais velho e irmão devotado distribui a seus irmãos menores sempre o bem, e jamais usou de violências para com os que não o compreendiam, nem para os que o perseguiam. (O Evangelho dos humildes. Cap. 26. Eliseu Rigonatti)
Quando "Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. (...) Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?" ( João 18:10,11) "Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que tomarem espada morrerão à espada." (Mateus 26:52)
Ao gesto de violência que o discípulo executou para defendê-lo, o Mestre lhe responde com o ensinamento profundo do choque de retorno: Quem com ferro fere, com ferro será ferido, ou — o que fizeres aos outros, isso mesmo te estará reservado. Com isto Jesus nos ensinou que, cedo ou tarde, receberemos o reflexo das ações que tivermos praticado contra nosso próximo: reflexo bom se foi o bem; e reflexo de sofrimento se foi o mal. (O Evangelho dos humildes. Cap. 26. Eliseu Rigonatti)
Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposições psicológicas dos discípulos, no momento doloroso. Pedro e João foram os últimos a se separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforços pela sua libertação.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devotamento dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial ao palácio de Antipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e à zombaria. Com exceção do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria, até ao instante derradeiro, todos os que integravam o reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição, alguns se ocultaram nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais, seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor. (Boa nova. A oração do Horto. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
De acordo com o Evangelho, "Por ocasião da festa, era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse. Um homem chamado Barrabás estava na prisão com os rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião. A multidão chegou e pediu a Pilatos que lhe fizesse o que costumava fazer. "Vocês querem que eu solte o rei dos judeus?", perguntou Pilatos..."(Marcos 15: 6-9)
"(...) os príncipes dos sacerdotes e os anciães do povo persuadiram aos do povo que pedissem a Barrabás, e que fizessem morrer a Jesus. E fazendo o governador esta pergunta, lhes disse: Qual dos dois quereis vós que eu vos solte? E responderam eles: Barrabás. " (Mateus 27:20-21)
Dado o estado de baixa moralidade em que ainda vivemos na terra, é mais fácil aos homens escolherem o mal do que o bem. A escolha de Barrabás em detrimento de Jesus é um exemplo disso. " (O Evangelho dos Humildes. Cap. 27. Eliseu Rigonatti)
"A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo povo judeu." (A caminho da luz. Cap. 7. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Afirma o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio com Jesus Cristo, perguntou-lhe: “Logo tu és rei?”, indagação que mereceu do Mestre a seguinte resposta: “Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.”
Face a uma resposta de tamanha grandeza, Pilatos limitou-se a perguntar-lhe: “Que coisa é a Verdade?” Entretanto, como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos da verdade, houve naquela hora um início de tumulto no pátio do Pretório, provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a égide dos escribas, dos fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles interessados na crucificação do tão esperado Messias.
A pergunta ficou, portanto, sem resposta, uma vez que as trevas se fazem sentir sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do esclarecimento ameaça brilhar.
Talvez o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício. Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz. Evidentemente, Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade.
(...)Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lídimas expressões dessa mesma verdade? (Os padrões evangélicos. O que é a verdade? Paulo Alves Godoy)
O Talmud fala dele nesses termos: “Na véspera da Páscoa, Jesus foi crucificado por ter-se abandonado à magia e aos sortilégios.” (Depois da morte. Cap. 6. Léon Denis)
No pretório, em Jerusalém, Pilatos era o símbolo da dubiedade moral e da sordidez social, crivado de paixões subalternas e aspirações ilusórias.
Barrabás era o exemplo do crime e da venalidade, ignorando a própria insânia e desconhecendo o que se lhe passava em volta.
A multidão enfurecida, representava os vícios morais de todas as épocas, assinalada pelos interesses sórdidos do imediatismo , que se evadira da massa, representava o despertar da consciência culpada.
Pedro, que ficara a distância, martirizava-se com os cardos do medo cravados no íntimo.
João, expectante e afável, solidarizava-se em lágrimas com a Vítima...
... E Jesus, o exemplo das virtudes por excelência, sublimando a caridade do amor e do perdão para com todos, aguardava pacientemente o momento extremo do sacrifício, para confirmar que somente na renúncia e no devotamento até a doação da própria existência terrena é que a felicidade total se faz possível. (Lições para a felicidade. Cap. 25. Espírito Joanna de ngelis. Psicografado por Divaldo Franco)
Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações do seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus:
Este homem é justo, por que o quereis crucificar? E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11. Item 11. Allan Kardec)
O sacrifício de Jesus, no cimo do Calvário, foi o desfecho de vasta conspiração, iniciada nos porões do Templo de Jerusalém, transplantada para o Sinédrio e para as ruas e levada posteriormente até os governantes da época, os quais a homologaram, como foi o caso de Anás e Herodes, ou se tomaram omissos, como foi o caso de Pilatos.
Os expoentes do farisaísmo, seita que se sentia mais frontalmente solapada pelos ensinamentos do Cristo, empregaram os mais variados ardis, no sentido de apanharem o Mestre atentando contra os preceitos da lei mosaica.
O episódio da Mulher Adúltera representou o primeiro desses ardis, pois houve evidente propósito de obrigar o Senhor a dar um veredicto que contrariasse os ditames da lei vigente, que prescrevia a morte para as mulheres que fossem apanhadas em flagrante adultério. Se o Mestre recomendasse que a mulher deveria ser perdoada, é evidente que o caso seria levado às autoridades como patente afronta à lei. Se ele emitisse parecer favorável à sua morte, estaria negando até o próprio caráter da sua missão. Por isso ele disse: "aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra", o que anulou por completo a possibilidade de uma acusação: a mulher ficou livre sem que os princípios da lei fossem feridos.
Houve também várias outras tentativas de apanhar o Mestre ou seus apóstolos atentando contra a recomendação de ser observado o dia de sábado, o que também representava deslize contra a lei. Em todos esses casos Jesus conseguiu propiciar edificantes ensinamentos, sem ferir a letra da lei e sem dar qualquer ensejo de acusação às autoridades judaicas. Na cura de um homem que tinha uma das mãos seca, ele asseverou: "Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, uma ovelha, não a tira logo? Ou aquele que não desamarra o seu jumento para lhe dar água num dia de sábado?". Quando os seus discípulos foram repreendidos pelo fato de colherem espigas num dia de sábado, preceituou o Senhor: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado", o que implica em dizer que o sábado foi feito para o homem descansar e não para se tornar dele um escravo.
Quando os apóstolos foram advertidos pelos fariseus, pelo fato de não lavarem as mãos antes das refeições, o que também contrariava um preceito da lei mosaica, não tardou a resposta de Jesus: "O que contamina o homem não é o que lhe entra pela boca, mas, sim, o que dela sai, pois é pela boca que se soltam os impropérios, quando o coração está cheio deles".
No caso do pagamento do tributo ao Império Romano, que poderia levar o Mestre a palmilhar perigoso terreno e ser também acusado às autoridades de Roma, a tentativa foi mais arguta: "Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não?". A essa indagação capciosa o Senhor retrucou: "Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles apresentaram um dinheiro. E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Disseram-lhe: de César. Então ele lhes disse: Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus".
Contemplando o Mestre suspenso no madeiro, os fariseus suspiraram, julgando ter colimado a tão esperada e decisiva vitória. Restava tão-somente a implantação de um regime de terror entre os discípulos e os novos conversos da Boa-Nova para que a nova idéia se retraísse. "(Os padrões evangélicos. O estratagema dos Fariseus. Paulo Alves Godoy)
De acordo com Hermínio C. Miranda, "Tecnicamente Jesus foi condenado e executado pelo crime político de tentativa de subversão da ordem. Esse, pelo menos, é o motivo invocado e que, por determinação das autoridades, foi inscrito na placa pregada à cruz. Ele teria tentado ser Rei dos Judeus. Não nos deixemos, contudo, iludir pelas aparências e pelo explícito. É preciso lembrar que as autoridades romanas dificilmente condenariam à pena máxima um pregador dissidente da religião local. O delegado de César nas províncias envolvia-se o menos possível com as disputas doutrinárias dos judeus e nem sequer as entendia muito bem. Contanto que suas rivalidades e discussões não provocassem distúrbios e tumultos, que cada um seguisse o seu caminho. Era exigido, apenas, respeito incondicional a César, no que Jesus foi mais liberal do que autorizava o pensamento quase unânime de sua gente, pois ele admitiu, sem restrições, o pagamento dos tributos exigidos pelo poder opressor. Jamais um Messias político, enquadrado no contexto das profecias conhecidas, teria assumido tal atitude. Sua condenação como aspirante ao trono de Israel, por conseguinte, é uma incongruência histórica, explicável, contudo. Sabendo que não podiam eliminá-lo apenas sob a acusação de que ele pregava ideias e práticas que se chocavam com as da religião tradicional, os interessados na sua morte tramaram para que prevalecesse a acusação de que ele se considerava o Messias político prometido nas profecias, ou seja, um Messias subversivo, que expulsaria os romanos da Palestina e submeteria a Israel todos os demais povos.
Se a acusação era legítima ou não, não vinha ao caso; o importante era convencer a autoridade romana de sua autenticidade. E até provável - quase certo - que Pilatos não se deixou impressionar, de início, pela evidente manobra, pois ele relutou o quanto pôde para eximir-se daquele julgamento, dado que não via Jesus como criminoso político, mas como vítima de uma conspiração local porque sua pregação ameaçava a estabilidade do poder religioso e privilégios aos quais a classe sacerdotal não estava disposta a renunciar.
(...)Seja como for, Jesus foi condenado e executado por crime político por um Pilatos mais acovardado e pressionado do que convicto da validade da acusação. Era melhor entregar um pregador galileu à morte do que ter sua própria cabeça em risco por ordem de César, por haver desleixado no cumprimento de seu dever de zelar pelos interesses de Roma na agitada e distante província. (Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda)
Além disso, de acordo com o Evangelho, “ (...) constrangeram um certo Simão Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.” (Marcos, 15:21)
Tudo sugere que os algozes de Jesus Cristo, temendo que Ele viesse a desfalecer na rude jornada rumo ao Calvário, sob o peso tremendo do madeiro infamante, resolveram coagir o Cireneu a ajudá-lo, pois não queriam perder o espetáculo adredemente preparado de ver o Senhor crucificado entre dois ladrões, o que viria, segundo a interpretação dos interessados na sua morte, justificar, perante as massas, aquele inqualificável homicídio.
A história nos dá conta de muitos casos de condenados que, acometidos de enfermidades graves ou tentando o suicídio para fugir aos horrores do suplício, são tratados com o máximo empenho e reintegrados em pleno gozo de saúde, para depois serem submetidos às torturas do gênero de morte estabelecido na condenação.
Os fariseus, os escribas e os principais dos sacerdotes não toleravam a idéia da morte física do Messias de modo prematuro; como decorrência, não trepidaram em forçar o Cireneu, que vinha do campo, a secundar o Senhor no transporte da cruz, pois só assim teriam a certeza de que o drama do Calvário seria consumado em todos os pormenores. (Os padrões evangélicos. O cirineu e o samaritano. Paulo Alves Godoy)
Segundo Chico Xavier, " A dor tem a sua função em nossa vida, mas o próprio Jesus aceitou o amparo de um cireneu. (Mt 27:32) É muito natural que choremos, muito natural que gemamos, mas nós temos bons amigos, bons companheiros. Sempre os encontrei... Nunca me faltou a benção de Deus, e nos dias mais difíceis, quando tudo parecia à minha frente dificuldade insuperável, solidão irremovível, apareceu sempre uma luz, no campo da amizade, naturalmente inspirada por Nosso Senhor Jesus Cristo, para me amparar..." (Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo. Entrevistas. Cap. 29 - Apoio Espiritual. Chico Xavier)
"Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram a ele, e também aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda."
"Um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava contra ele dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também! Mas o outro, repreendendo-o disse: Nem ao menos temes a Deus, estando debaixo da mesma condenação? Nós certamente com justiça, porque recebemos o castigo que merecem os nossos atos; mas este nenhum mal fez. E disse: Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. Ele lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas 23:33; 39-43)
Os dois ladrões, a princípio, faziam coro com os que ultrajavam a Jesus. Um deles, porém, vendo, afinal, que o mesmo Jesus respondia aos insultos que lhe atiravam orando pelos que assim procediam, compreendeu haver no Mestre alguma coisa que o colocava acima da Humanidade. Quer dizer que esse malfeitor entreviu a verdade, ainda que confusamente, e não hesitou em pedir misericórdia àquele em quem reconhecera de súbito maior poder para as coisas do céu, do que para as da Terra. Jesus então lhe fez esta animadora promessa: Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso. (Elucidações Evangélicas. Cap. 183. Antônio Luiz Sayão)
Entretanto, de acordo com Paulo Neto, (...) as alterações dos textos podem mudar em muito o sentido original... (...) Na frase acima, se simplesmente mudarmos a vírgula de posição, teríamos, então: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”. Vejam que o sentido da frase mudou completamente. (...) Essa segunda frase estaria mais próxima da justiça divina, pois não dá para conceber alguém se salvar por um arrependimento, pois é contrário ao “a cada um segundo suas obras” (Mateus 16:27). De que valeria, a todos nós, passar uma vida inteira buscando cumprir os ensinos de Jesus, se houver uma mínima possibilidade de alguém, que não fez o que fizemos, merecer o mesmo prêmio? Seria pura injustiça! Como Deus é justo, ficaremos com a segunda frase, pois, mais cedo ou mais tarde, estaremos lá; a Lei da reencarnação está aí para nos dar esta oportunidade. (A Bíblia a moda da casa. Parte 1 - A Bíblia Católica. Paulo Neto)
Ele entraria nesse Paraíso, desde que, do alto de sua glória, o mesmo Jesus, por intermédio dos bons Espíritos, lhe mostrasse o caminho a percorrer e a felicidade que ao seu termo o esperava.
Sobre aquelas palavras do divino Mestre, erigiu a Igreja Católica o seu sistema da condenação e da graça, da indulgência concedida à fé, independente das obras, colocando, em conseqüência, o malfeitor de quem tratamos no rol dos bem-aventurados, pelo simples fato de se haver arrependido sinceramente, de haver demonstrado o que ela chama: a contrição perfeita. Semelhante sistema, porém, é fruto de falsa interpretação das palavras do Mestre, as quais, entendidas segundo o Espírito e não interpretadas ao pé da letra, conforme ela o fez, significam: “No momento em que eu torne a ocupar o lugar que me compete, voltando à natureza espiritual que me é própria, tu entrarás na vida espiritual e verás distintamente, assim o caminho que te cumpre seguir, como a meta que terás de alcançar”. (Elucidações Evangélicas. Cap. 183. Antônio Luiz Sayão)
Allan Kardec faz o seguinte apontamento: " Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. (...) O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação. "(O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens 9 e 16. Allan Kardec)
Segundo Cairbar Schutel, " Esta promessa não significa mais que o conhecimento de situação que Jesus daria àquele infeliz, após a sua passagem para a outra vida. (...) E, pelos Evangelhos, vemos claramente que o próprio Jesus não foi para Paraíso algum. Em seguida à sua morte Ele ressuscitou e ficou mesmo na Terra, por espaço de 40 dias, aparecendo a uns e outros, como dizem as Escrituras e como também o pregam o Catolicismo e o Protestantismo. A expressão: "Hoje estarás comigo no Paraíso", não quer dizer outra coisa senão: hoje conhecerás a imortalidade, conhecerás a tua situação futura e verás o Mundo Espiritual, no qual te acharás. "(O Espírito do Cristianismo. Cap. 42. Cairbar Schutel)
Divaldo Franco afirma: "Antes de aparecer às mulheres que foram ao túmulo vazio, Jesus descera às regiões penosas do mundo inferior ao qual se arrojara Judas invigilante. " (Trigo de Deus. Arrependimento tardio. Espírito Amélia Rodrigues. Psicografado por Divaldo Franco)
No Evangelho também está escrito: “Embeberam de vinagre uma esponja e, fixando-a num caniço de hissope, lha chegaram à boca.” (João 19:30)
Afirma João, em seu Evangelho, que pouco antes de desencarnar, no cimo do Calvário, Jesus Cristo exclamou: “Tenho sede”. Estando ali um vaso cheio de vinagre, os que estavam presentes embeberam nele uma esponja e fixando-a na haste de um hissope, lha chegaram à boca. Após tragar o vinagre, o Mestre deu um grande brado e disse: “Tudo está consumado”, após o que rendeu o Espírito.
(...)O Mestre generoso, que havia descido das culminâncias espirituais para legar aos homens um manancial de luz e de verdade, recebeu como paga uma esponja cheia de vinagre, do qual o mundo está cheio.
Assim tem acontecido com quase todos os grandes missionários que têm descido à Terra, em todos os campos de atividades. Com raras exceções, eles têm tragado a taça da amargura ou bebido o vinagre da incompreensão dos homens.
Seria fastidioso enumerá-los a todos, entretanto relacionemos alguns deles: Jesus Cristo tragou a taça amarga do sacrifício no Gólgota; Sócrates, de forma idêntica, pelo fato de tentar acender uma luz nos horizontes do mundo trevoso, foi coagido a beber uma taça de veneno; (...)Todos os apóstolos de Jesus também tragaram esse vinagre, em maior ou menor proporção. Desta forma, o mundo apenas tem a oferecer vinagre aos que contribuem com seu suor, com seu sangue e com sua vida, no afã de ajudar o progresso do mundo ou o aprimoramento dos Espíritos. (Os padrões evangélicos. O vaso do vinagre. Paulo Alves Godoy)
Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que fora com ele crucificado; chegando-se, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que viu isto, deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creais. Porque estas coisas aconteceram para se cumprir a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado. E diz ainda outra passagem: olharam para aquele a quem transpassaram. (O Espírito do Cristianismo. Cap. 43. Cairbar Schutel)
"E também por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS." (Lucas 23:38)
Muitas das pessoas que foram assistir à crucificação de Jesus Cristo, passando diante dele, diziam, em tom de zombaria: “Tu que derribas o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo e desce da cruz”. Outros, inclusive um dos homens que haviam sido crucificados a seu lado, diziam: “Salvou aos outros e a si mesmo não pode salvar-se; se de fato é o rei dos judeus, desça agora da cruz”.
Como não poderia deixar de ser, também no Calvário, naquele momento angustiante da crucificação do Mestre, surgiram os empedernidos de todos os tempos, aqueles que se predispõem a crer desde que vejam a operação de um “milagre”.
O Mestre, nos três curtos anos do seu Messiado, não podia se preocupar muito com a conversão de gente que não estivesse amadurecida para o entendimento, ou que não alimentasse qualquer disposição de reforma interior. Certa vez, procurado por algumas figuras proeminentes da cidade, dentre elas alguns gregos, que lhe pediram um sinal, para que vissem e passassem a crer, foi enfático na resposta: “Nenhum sinal será dado a esta geração adúltera e infiel”. (Os padrões evangélicos. Desça da cruz. Paulo Alves Godoy)
Não é, pois, de surpreender-se que a condição messiânica de Jesus, publicamente proclamada pela autoridade romana, depois de denunciada pelas hierarquias religiosas, tenha contribuído, de maneira decisiva, para que até alguns dos seus discípulos, senão todos, acabassem convictos de que ele fora mesmo o Messias previsto nas profecias.
(...)Em suma: Jesus é um Messias, no sentido de enviado, de missionário, incumbido de uma tarefa da mais alta relevância no processo evolutivo da humanidade; um indicador de rumos, um reformista religioso, social e ético, um espírito de elevadíssima condição." (Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda)
O Calvário representou o coroamento da obra do Senhor, mas o sacrifício na sua exemplificação se verificou em todos os dias da sua passagem pelo planeta. E o cristão deve buscar, antes de tudo, o modelo nos exemplos do Mestre, porque o Cristo ensinou com amor e humildade o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível que todos os discípulos edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão demonstrar ao calvário de suas dores, no momento oportuno. (O Consolador. Questão 286. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
A Terra jamais viu passar um espírito maior. Uma serenidade celeste envolvia sua fronte. Todas as perfeições uniam-se nele para formar um tipo de pureza ideal, de inefável bondade. No seu coração há uma imensa piedade pelos humildes, os deserdados. Todas as dores humanas, todos os lamentos e misérias nele encontram um eco. Para acalmar esses males, secar essas lágrimas, para consolar, para curar, para salvar, ele irá até ao sacrifício de sua vida; irá oferecer-se em holocausto para reerguer a Humanidade. Quando, pálido, ergue-se no Calvário, preso ao madeiro infamante, encontra ainda na sua agonia, a força de suplicar pelos seus carrascos e de pronunciar essas palavras, que nenhum acento, nenhum impulso de ternura ultrapassará mais: “Meu Pai, perdoai-lhes, pois eles não sabem o que fazem!” (Depois da morte. Cap. 6. Léon Denis)
(...) O Mestre sempre aproveitou as menores oportunidades para ensinar a necessidade do perdão recíproco, entre os homens, na obra sublime da redenção. Acusado de feiticeiro, de servo de Satanás, de conspirador, Jesus demonstrou, em todas as ocasiões, o máximo de boa vontade para com os espíritos mais rasteiros de seu tempo. (Boa nova. O perdão. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
A tarefa desenvolvida entre nós por Jesus Cristo não foi mera caminhada pelas estradas da Galiléia. Não foi também uma peregrinação com o objetivo de curar alguns paralíticos, restaurar a vista a alguns cegos, limpar alguns leprosos ou expelir alguns maus espíritos. O advento de Jesus foi algo de mais sublime, pois ele trouxe para a Humanidade uma mensagem de vida eterna, uma doutrina suscetível de impulsionar o gênero humano para os seus verdadeiros objetivos um código de moral que serviria de fundamento para a reforma moral dos indivíduos. O Messias veio para curar os doentes da alma e levantar aqueles que estão alquebrantados pelas tribulações da vida terrena. Veio também para convocar aqueles que malbarataram os valores que Deus, por excesso de misericórdia, lhes concedeu, despertando-os de uma inércia incompatível com a necessidade de reforma interior.
Se a missão desempenhada por Jesus Cristo demandou séculos de preparação, devemos também convir que a tarefa de muitos Espíritos que encamam na Terra, também exige preparação, planejamento e, sobretudo, obedecem a desígnios superiores, previamente estabelecidos.
Deste modo, podemos afirmar que nem todos os nossos apelos dirigidos ao Alto podem ser atendidos, uma vez que qualquer desvio em nossa vida poderá representar séculos de retardamento. A satisfação dos nossos desejos representaria a postergação de fatores que são imprescindíveis à nossa reforma espiritual. " (Os padrões evangélicos. O cálice da amargura. Paulo Alves Godoy)
O Mestre não veio para nos livrar das nossas faltas, mas ensinar-nos o caminho para nos livrar delas. Não veio tomar sobre seus ombros os encargos das nossas transgressões, mas indicar-nos, através das palavras edificantes dos Evangelhos, como aprimorar nossas qualidades e nos aproximarmos da perfeição. (Os padrões evangélicos. A paz? Não, espada.Paulo Alves Godoy)
"Sua missão era transformar o mundo, salvar os homens da maldade, libertá-los do egoísmo que os fazia arrogantes e impiedosos. Sua técnica não foi a da revolta mas a da resignação e da fé."(Astronautas do Além. Irmão Saulo. Psicografado por Chico Xavier)
Observação (1): Segundo o Espírito Humberto de Campos, a "soledade no horto é também um ensinamento do Evangelho e uma exemplificação! Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados do mundo. Em face dessa lição, o discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem que ser solitária, estando seus familiares e companheiros de confiança a dormir o sono da indiferença! Doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de orar e vigiar!..."(Boa nova. A oração do Horto. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
Bibliografia:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11. Item 11. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Junho de 1861. Dissertações e ensinos espíritas - Por ditados espontâneos. Anjo Gabriel. Allan Kardec.
- O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens 9 e 16. Allan Kardec.
- Boa nova. A oração do Horto/ O perdão. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier.
- A caminho da luz. Cap. 7. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo. Entrevistas. Cap. 29 - Apoio Espiritual. Chico Xavier.
- O Consolador. Questão 286. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Astronautas do Além. Irmão Saulo. Psicografado por Chico Xavier.
- Lições para a felicidade. Cap. 25. Espírito Joanna de ngelis. Psicografado por Divaldo Franco.
- Trigo de Deus. Arrependimento tardio. Espírito Amélia Rodrigues. Psicografado por Divaldo Franco.
- O Evangelho dos humildes. Cap.26 e 27. Eliseu Rigonatti.
- Os padrões evangélicos. Se a semente não morrer/ O cálice da amargura/ O que é a verdade? O estratagema dos Fariseus/ O cirineu e o samaritano/ O vaso do vinagre/ Desça da cruz/ O cálice da amargura/ A paz? Não, espada. Paulo Alves Godoy.
- Estudando o Evangelho. Cap. 36. Martins Peralva.
- Elucidações Evangélicas. Cap. 173 e 183. Antônio Luiz Sayão.
- Depois da morte. Cap. 6. Léon Denis.
- Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda.
- A Bíblia a moda da casa. Parte 1 - A Bíblia Católica. Paulo Neto.
- O Espírito do Cristianismo. Cap. 42 e 43. Cairbar Schutel.
- Bíblia: João 18:10,11; Mateus 26:52; 27:20-21; Marcos 15: 6-9,21; Lucas 23:33,38; 39-43; João 19:30.
Gólgota era um local fora de Jerusalém, porém perto das muralhas da cidade. A palavra gólgota significa caveira, e parece que corresponde à nossa palavra descalvado; designava, provavelmente, um outeiro nu, tendo a forma de um crânio. Não se sabe com exatidão onde fica hoje esse local. Com certeza era ao norte ou ao nordeste da cidade, na alta planície desigual que se estende entre as muralhas e os dois vales do Cedron e do Hinon, região sem atrativos e triste.
Os próprios condenados tinham de levar o instrumento de seu suplício, a cruz. Segundo o costume israelita, quando chegavam ao local da execução, ofereciam aos padecentes um vinho muito forte e aromatizado. Esse vinho embebedava imediatamente, e por um sentimento de piedade era dado aos condenados para atordoá-los. Parece que, habitualmente, as mulheres caridosas de Jerusalém traziam aos infelizes condenados esse vinho da última hora; quando nenhuma delas vinha, mandavam comprá-lo. Jesus apenas provou-o, e não quis bebê-lo.
A cruz se compunha de duas vigas ligadas em forma de T; era baixa, tanto que os pés dos condenados quase tocavam a terra; começavam por erguê-la; depois pregavam nela o condenado, atravessando-lhe as mãos com pregos; freqüentemente pregavam também os pés; e outras vezes amarravam-nos com cordas. Um pedaço de madeira, como suporte, era pregado na haste da cruz, mais ou menos no meio, e passava entre as pernas do condenado, sobre o qual ele se apoiava. Sem isto as mãos se rasgariam, e o corpo cairia. Outras vezes deixavam um pedaço de tábua horizontal na altura dos pés do condenado, no qual ele se sustinha.
O principal horror do suplício da cruz consistia em que o condenado podia viver neste horrível estado três ou quatro dias, no escabelo da dor. A hemorragia das mãos cessava logo e não era mortal. A verdadeira causa da morte era a posição antinatural do corpo, a qual causava uma perturbação atroz na circulação do sangue, fortes dores de cabeça e do coração, e por fim a rigidez dos membros. Os crucificados de forte compleição chegavam a morrer de fome. O fito principal deste cruel suplício não era de matar diretamente o condenado por meio de lesões determinadas, mas de expor o escravo à execração pública, pregado pelas mãos de que ele não soubera fazer bom uso, e de deixá-lo apodrecer na cruz. (Renan-Vie de Jesus).
As roupas dos condenados pertenciam aos soldados, encarregados de executá-los. E quando não chegavam a um acordo sobre a partilha, recorriam ao jogo de dados. (O Evangelho dos humildes. Cap. 27. Eliseu Rigonatti)
Houve necessidade da crucificação de Jesus Cristo? Não poderia ter-se evitado a consumação desse sacrifício? Estando o Mestre investido de todo o poder, porque não fez mudar o rumo dos acontecimentos? Porque Deus não o atendeu quando, em efusiva prece no Horto, exclamou: “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua?”
Vendo as coisas pelo prisma acanhado do convencionalismo humano, agravado pelas limitações peculiares às coisas da Terra, o homem formula essas indagações sem levar em consideração os superiores desígnios do Pai Celestial e sem analisar o problema em sua amplitude, com seus reflexos insondáveis no porvir.
Para que a semente produza fruto, é imprescindível o seu sacrifício: é preciso que morra, Se a semente não for plantada e não morrer, nada se pode esperar dela.
Para que uma verdade seja implantada entre nós, é quase indispensável que o sacrifício daquele que a veio revelar seja consumado. Para que as verdades enunciadas por Jesus Cristo fossem consolidadas, houve necessidade daquele sacrifício supremo: o martírio do Ungido de Deus foi o preço exigido para o triunfo da Boa Nova aqui no mundo.
A História nos dá conta dos inúmeros missionários que pagaram com a vida a ousadia de trazerem novas mensagens de vida e de luz ao gênero humano: a flagelação e a morte era o alto preço para que as verdades reveladas tivessem sucesso.
Se Jesus não tivesse sido levantado na cruz, como diz João em seu Evangelho, não teria atraído todos para ele. Se o Mestre não fosse pregado no madeiro infamante, o sucesso da difusão da sua Doutrina teria sido problemático e periclitante, não conseguindo atrair a atenção das massas.
É bem verdade que o Messias poderia ter evitado o sacrifício do Gólgota.
Bastava para tanto haver pactuado com os interesses do mundo, era só curvar-se diante da vontade de Caifás e de Herodes e fazer causa-comum com os escribas e fariseus. Nesse caso, em vez de tragar o fel amargo do Calvário, passaria a deleitar-se com o vinho alegre de Canaã, contudo, em decorrência, sua Doutrina não se teria implantado na Terra e a Humanidade ficaria privada desse manancial de luz e de consolação que são os Evangelhos...(Os padrões evangélicos. Se a semente não morrer. Paulo Alves Godoy)
Entretanto, causa estranheza que no Evangelho esteja escrito que Jesus Cristo tenha ficado triste diante do acontecimento e disse aos seus discípulos: "A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. "(Mateus 26:38,39)
Efetivamente, é muito difícil entender certas atitudes do Senhor, qual ocorre com a que teve por cenário o Getsemani.
Essa dificuldade de compreensão dos sentimentos de Nosso Senhor; de aprofundar-Se-lhe a Alma sensível, a individualidade universal, acentua-se, principalmente, quando se Lhe pretende examinar as palavras proferidas no Horto, em horas que precederam o Calvário: — “Pai, se queres, passa de mim este cálice.”
Há quem interprete a atitude do Senhor como de receio ante o martírio que se avizinhava.
E os que assim pensam, dizem: “Houve um eclipse na Grande Alma do Cristo, eclipse que logo se dissipou. Foi uma nuvem rápida que ocultou, por instantes, o refulgente Sol, O Cristo Eterno reagiu, prontamente, contra o gesto humano do Filho de Maria.”
Nosso pensamento, a respeito do comovente e sublime episódio, é um tanto diverso.
A nosso ver — e tendo o cuidado de realçar a inabordabilidade do Cristo — o cálice que o Mestre preferia não sorver não era o do madeiro. Nem o da coroa de espinhos. Nem dos cravos, nem da lança que lhe fizeram jorrar o sangue generoso. Nem o da morte entre dois ladrões comuns. O cálice que o Cristo preferia não lhe fosse dado a beber, foi o da compaixão.
Condoera-se Jesus, por antecipação, antevendo o esfacelamento de toda uma semeadura de espiritualidade e redenção em favor dos homens.
Era todo um apostolado de luz e esclarecimento que se diluía sob o apaixonado impulso da Humanidade — cuja salvação fora o objetivo fundamental de Sua vinda ao mundo.
A Humanidade caminhava na direção do abismo — e o Cristo o pressentia e lastimava, preferindo não acontecesse. (Estudando o Evangelho. Cap. 36. Martins Peralva)
Segundo Paulo Alves Godoy, " Jesus Cristo formulou veemente rogativa a Deus no sentido de passar dele a necessidade de tragar o cálice de amargura, simbolizado no sacrifício que se cumpriria no alto do Calvário. Após repetir a sua prece por três vezes consecutivas, não houve um deferimento favorável, e o drama da crucificação se cumpriu em todos os detalhes.
O Mestre, que havia preceituado: “Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis e batei e abrir-se-vos-á” ali estava advogando o cancelamento ao martírio na cruz, entretanto não deixou de condicionar a sua vontade à soberana vontade de Deus. Nos desígnios do Pai o sacrifício do Calvário era um imperativo, sem o qual a doutrina que o Mestre viera trazer, não triunfaria na face da Terra, a ponto de, em três séculos apenas, causar a derrocada do Paganismo, solapando as precárias bases em que se fundamentava a religião dos povos mais poderosos da Terra.
Devemos nos lembrar que todos nós, em maior ou menor escala, temos um Calvário em nossa vida, por isso também em relação a nós o Criador não modifica a cada instante os seus desideratos superiores. Muitas das rogativas que erguemos a Deus não são aceitas porque assumimos compromissos espirituais importantes antes da nossa encarnação terrena, e se Deus for modificando o curso da nossa vida ao sabor da nossa vontade, é óbvio que ocorreria uma estagnação e dificilmente colimaríamos o nosso aprimoramento espiritual. "(Os padrões evangélicos. O cálice da amargura. Paulo Alves Godoy)
Cada um tem o seu calvário na Terra, mas nem todos o percorrem com a suave resignação de que Jesus vos deu o exemplo. Ela foi tão grande que os anjos se comoveram! (Revista Espírita. Junho de 1861. Dissertações e ensinos espíritas - Por ditados espontâneos. Anjo Gabriel. Allan Kardec)
Antônio Luiz Sayão faz o seguinte esclarecimento: "Dizendo-se possuído de mortal tristeza, quis o Mestre significar aos discípulos e aos homens que, pressentindo o que ia suceder, seu coração se enchia de amargura extrema pelas tribulações a que se votavam aqueles a quem viera salvar. Recomendou-lhes que ficassem ali, para testemunharem o que se ia passar, e que velassem com Ele, para poderem narrar às gerações futuras o que presenciassem.
Prostrando-se e orando, fê-lo para ensinar a submissão, a fé, a resignação e a vigilância sobre si mesmo, com que o homem deve receber as tribulações e as provas, a fim de não falir nestas, e mostrava o socorro que advém da prece, poderoso cordial da alma." (Elucidações Evangélicas. Cap. 173. Antônio Luiz Sayão)
O Espírito Humberto de Campos, narra este acontecimento da seguinte forma: " Acomodando os discípulos em bancos naturais que as ervas do caminho se incumbiam de adornar, falou-lhes o Mestre, em tom sereno e resoluto:
– Esta é a minha derradeira hora convosco! Orai e vigiai comigo, para que eu tenha a glorificação de Deus no supremo testemunho!
Assim dizendo, afastou-se à pequena distância onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apóstolos não podiam observar. Pedro, João e Tiago estavam profundamente tocados pelo que viam e ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera tão solene, tão convicto, como naquele instante de penosas recomendações. Rompendo o silêncio que se fizera, João ponderou :
Oremos e vigiemos, de acordo com a recomendação do Mestre, pois, se ele aqui nos trouxe, apenas nós três, em sua companhia, isso deve significar para o nosso espírito a grandeza da sua confiança em nosso auxílio.
Puseram-se a meditar silenciosamente. Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no recurso da oração (1).
Passados alguns minutos, acordavam, ouvindo o Mestre que lhe observava:
– Despertai! Não vos recomendei que vigiásseis? Não podereis velar comigo, um minuto?
João e os companheiros esfregaram os olhos, reconhecendo a própria falta. Então, Jesus, cujo olhar parecia iluminado por estranho fulgor, lhes contou que fora visitado, por um anjo de Deus que o confortara para o martírio supremo. Mais uma vez lhes pediu que orassem com o coração e novamente se afastou. Contudo, os discípulos, insensivelmente, cedendo aos imperativos do corpo e olvidando as necessidades do espírito, de novo adormeceram era meio da meditação. Despertaram com o Mestre a lhes repetir :
– Não conseguistes, então, orar comigo?
Os três discípulos acordaram estremunhados. A paisagem desolada de Jerusalém mergulhava na sombra.
Antes, porém, que pudessem justificar de novo a sua falta, um grupo de soldados e populares aproximou-se, vindo à frente.
O filho de Iscariote avançou e depôs na fronte do Mestre o beijo combinado, ao passo que Jesus, sem denotar nenhuma fraqueza e deixando a lição de sua coragem e de seu afeto aos companheiros, perguntou :
– Amigo, a que vieste?
Sua interrogação, todavia, não recebeu qualquer resposta. Os mensageiros dos sacerdotes prenderam-no e lhe manietara as mãos, como se o fizessem a um salteador vulgar." (Boa nova. A oração do Horto. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
Jesus agora vai exemplificar com os atos, o que até então tinha pregado. Seu sacrifício é a exemplificação de seus ensinamentos no Sermão da Montanha. A mesma serenidade que Jesus demonstrou ao curar os enfermos, ao discutir com os orgulhosos sacerdotes, ao ensinar o povo, é também por ele demonstrada ao deparar com seus algozes. Notemos a mansidão com que ele os recebe: a Judas, que o entrega, chama de amigo, e não esboça um gesto de violência sequer.
(...) Jesus como filho mais velho e irmão devotado distribui a seus irmãos menores sempre o bem, e jamais usou de violências para com os que não o compreendiam, nem para os que o perseguiam. (O Evangelho dos humildes. Cap. 26. Eliseu Rigonatti)
Quando "Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. (...) Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?" ( João 18:10,11) "Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que tomarem espada morrerão à espada." (Mateus 26:52)
Ao gesto de violência que o discípulo executou para defendê-lo, o Mestre lhe responde com o ensinamento profundo do choque de retorno: Quem com ferro fere, com ferro será ferido, ou — o que fizeres aos outros, isso mesmo te estará reservado. Com isto Jesus nos ensinou que, cedo ou tarde, receberemos o reflexo das ações que tivermos praticado contra nosso próximo: reflexo bom se foi o bem; e reflexo de sofrimento se foi o mal. (O Evangelho dos humildes. Cap. 26. Eliseu Rigonatti)
Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposições psicológicas dos discípulos, no momento doloroso. Pedro e João foram os últimos a se separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforços pela sua libertação.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devotamento dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial ao palácio de Antipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e à zombaria. Com exceção do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria, até ao instante derradeiro, todos os que integravam o reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição, alguns se ocultaram nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais, seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor. (Boa nova. A oração do Horto. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
De acordo com o Evangelho, "Por ocasião da festa, era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse. Um homem chamado Barrabás estava na prisão com os rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião. A multidão chegou e pediu a Pilatos que lhe fizesse o que costumava fazer. "Vocês querem que eu solte o rei dos judeus?", perguntou Pilatos..."(Marcos 15: 6-9)
"(...) os príncipes dos sacerdotes e os anciães do povo persuadiram aos do povo que pedissem a Barrabás, e que fizessem morrer a Jesus. E fazendo o governador esta pergunta, lhes disse: Qual dos dois quereis vós que eu vos solte? E responderam eles: Barrabás. " (Mateus 27:20-21)
Dado o estado de baixa moralidade em que ainda vivemos na terra, é mais fácil aos homens escolherem o mal do que o bem. A escolha de Barrabás em detrimento de Jesus é um exemplo disso. " (O Evangelho dos Humildes. Cap. 27. Eliseu Rigonatti)
"A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo povo judeu." (A caminho da luz. Cap. 7. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Afirma o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio com Jesus Cristo, perguntou-lhe: “Logo tu és rei?”, indagação que mereceu do Mestre a seguinte resposta: “Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.”
Face a uma resposta de tamanha grandeza, Pilatos limitou-se a perguntar-lhe: “Que coisa é a Verdade?” Entretanto, como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos da verdade, houve naquela hora um início de tumulto no pátio do Pretório, provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a égide dos escribas, dos fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles interessados na crucificação do tão esperado Messias.
A pergunta ficou, portanto, sem resposta, uma vez que as trevas se fazem sentir sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do esclarecimento ameaça brilhar.
Talvez o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício. Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz. Evidentemente, Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade.
(...)Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lídimas expressões dessa mesma verdade? (Os padrões evangélicos. O que é a verdade? Paulo Alves Godoy)
O Talmud fala dele nesses termos: “Na véspera da Páscoa, Jesus foi crucificado por ter-se abandonado à magia e aos sortilégios.” (Depois da morte. Cap. 6. Léon Denis)
No pretório, em Jerusalém, Pilatos era o símbolo da dubiedade moral e da sordidez social, crivado de paixões subalternas e aspirações ilusórias.
Barrabás era o exemplo do crime e da venalidade, ignorando a própria insânia e desconhecendo o que se lhe passava em volta.
A multidão enfurecida, representava os vícios morais de todas as épocas, assinalada pelos interesses sórdidos do imediatismo , que se evadira da massa, representava o despertar da consciência culpada.
Pedro, que ficara a distância, martirizava-se com os cardos do medo cravados no íntimo.
João, expectante e afável, solidarizava-se em lágrimas com a Vítima...
... E Jesus, o exemplo das virtudes por excelência, sublimando a caridade do amor e do perdão para com todos, aguardava pacientemente o momento extremo do sacrifício, para confirmar que somente na renúncia e no devotamento até a doação da própria existência terrena é que a felicidade total se faz possível. (Lições para a felicidade. Cap. 25. Espírito Joanna de ngelis. Psicografado por Divaldo Franco)
Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações do seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus:
Este homem é justo, por que o quereis crucificar? E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11. Item 11. Allan Kardec)
O sacrifício de Jesus, no cimo do Calvário, foi o desfecho de vasta conspiração, iniciada nos porões do Templo de Jerusalém, transplantada para o Sinédrio e para as ruas e levada posteriormente até os governantes da época, os quais a homologaram, como foi o caso de Anás e Herodes, ou se tomaram omissos, como foi o caso de Pilatos.
Os expoentes do farisaísmo, seita que se sentia mais frontalmente solapada pelos ensinamentos do Cristo, empregaram os mais variados ardis, no sentido de apanharem o Mestre atentando contra os preceitos da lei mosaica.
O episódio da Mulher Adúltera representou o primeiro desses ardis, pois houve evidente propósito de obrigar o Senhor a dar um veredicto que contrariasse os ditames da lei vigente, que prescrevia a morte para as mulheres que fossem apanhadas em flagrante adultério. Se o Mestre recomendasse que a mulher deveria ser perdoada, é evidente que o caso seria levado às autoridades como patente afronta à lei. Se ele emitisse parecer favorável à sua morte, estaria negando até o próprio caráter da sua missão. Por isso ele disse: "aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra", o que anulou por completo a possibilidade de uma acusação: a mulher ficou livre sem que os princípios da lei fossem feridos.
Houve também várias outras tentativas de apanhar o Mestre ou seus apóstolos atentando contra a recomendação de ser observado o dia de sábado, o que também representava deslize contra a lei. Em todos esses casos Jesus conseguiu propiciar edificantes ensinamentos, sem ferir a letra da lei e sem dar qualquer ensejo de acusação às autoridades judaicas. Na cura de um homem que tinha uma das mãos seca, ele asseverou: "Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, uma ovelha, não a tira logo? Ou aquele que não desamarra o seu jumento para lhe dar água num dia de sábado?". Quando os seus discípulos foram repreendidos pelo fato de colherem espigas num dia de sábado, preceituou o Senhor: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado", o que implica em dizer que o sábado foi feito para o homem descansar e não para se tornar dele um escravo.
Quando os apóstolos foram advertidos pelos fariseus, pelo fato de não lavarem as mãos antes das refeições, o que também contrariava um preceito da lei mosaica, não tardou a resposta de Jesus: "O que contamina o homem não é o que lhe entra pela boca, mas, sim, o que dela sai, pois é pela boca que se soltam os impropérios, quando o coração está cheio deles".
No caso do pagamento do tributo ao Império Romano, que poderia levar o Mestre a palmilhar perigoso terreno e ser também acusado às autoridades de Roma, a tentativa foi mais arguta: "Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não?". A essa indagação capciosa o Senhor retrucou: "Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles apresentaram um dinheiro. E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Disseram-lhe: de César. Então ele lhes disse: Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus".
Contemplando o Mestre suspenso no madeiro, os fariseus suspiraram, julgando ter colimado a tão esperada e decisiva vitória. Restava tão-somente a implantação de um regime de terror entre os discípulos e os novos conversos da Boa-Nova para que a nova idéia se retraísse. "(Os padrões evangélicos. O estratagema dos Fariseus. Paulo Alves Godoy)
De acordo com Hermínio C. Miranda, "Tecnicamente Jesus foi condenado e executado pelo crime político de tentativa de subversão da ordem. Esse, pelo menos, é o motivo invocado e que, por determinação das autoridades, foi inscrito na placa pregada à cruz. Ele teria tentado ser Rei dos Judeus. Não nos deixemos, contudo, iludir pelas aparências e pelo explícito. É preciso lembrar que as autoridades romanas dificilmente condenariam à pena máxima um pregador dissidente da religião local. O delegado de César nas províncias envolvia-se o menos possível com as disputas doutrinárias dos judeus e nem sequer as entendia muito bem. Contanto que suas rivalidades e discussões não provocassem distúrbios e tumultos, que cada um seguisse o seu caminho. Era exigido, apenas, respeito incondicional a César, no que Jesus foi mais liberal do que autorizava o pensamento quase unânime de sua gente, pois ele admitiu, sem restrições, o pagamento dos tributos exigidos pelo poder opressor. Jamais um Messias político, enquadrado no contexto das profecias conhecidas, teria assumido tal atitude. Sua condenação como aspirante ao trono de Israel, por conseguinte, é uma incongruência histórica, explicável, contudo. Sabendo que não podiam eliminá-lo apenas sob a acusação de que ele pregava ideias e práticas que se chocavam com as da religião tradicional, os interessados na sua morte tramaram para que prevalecesse a acusação de que ele se considerava o Messias político prometido nas profecias, ou seja, um Messias subversivo, que expulsaria os romanos da Palestina e submeteria a Israel todos os demais povos.
Se a acusação era legítima ou não, não vinha ao caso; o importante era convencer a autoridade romana de sua autenticidade. E até provável - quase certo - que Pilatos não se deixou impressionar, de início, pela evidente manobra, pois ele relutou o quanto pôde para eximir-se daquele julgamento, dado que não via Jesus como criminoso político, mas como vítima de uma conspiração local porque sua pregação ameaçava a estabilidade do poder religioso e privilégios aos quais a classe sacerdotal não estava disposta a renunciar.
(...)Seja como for, Jesus foi condenado e executado por crime político por um Pilatos mais acovardado e pressionado do que convicto da validade da acusação. Era melhor entregar um pregador galileu à morte do que ter sua própria cabeça em risco por ordem de César, por haver desleixado no cumprimento de seu dever de zelar pelos interesses de Roma na agitada e distante província. (Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda)
Além disso, de acordo com o Evangelho, “ (...) constrangeram um certo Simão Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.” (Marcos, 15:21)
Tudo sugere que os algozes de Jesus Cristo, temendo que Ele viesse a desfalecer na rude jornada rumo ao Calvário, sob o peso tremendo do madeiro infamante, resolveram coagir o Cireneu a ajudá-lo, pois não queriam perder o espetáculo adredemente preparado de ver o Senhor crucificado entre dois ladrões, o que viria, segundo a interpretação dos interessados na sua morte, justificar, perante as massas, aquele inqualificável homicídio.
A história nos dá conta de muitos casos de condenados que, acometidos de enfermidades graves ou tentando o suicídio para fugir aos horrores do suplício, são tratados com o máximo empenho e reintegrados em pleno gozo de saúde, para depois serem submetidos às torturas do gênero de morte estabelecido na condenação.
Os fariseus, os escribas e os principais dos sacerdotes não toleravam a idéia da morte física do Messias de modo prematuro; como decorrência, não trepidaram em forçar o Cireneu, que vinha do campo, a secundar o Senhor no transporte da cruz, pois só assim teriam a certeza de que o drama do Calvário seria consumado em todos os pormenores. (Os padrões evangélicos. O cirineu e o samaritano. Paulo Alves Godoy)
Segundo Chico Xavier, " A dor tem a sua função em nossa vida, mas o próprio Jesus aceitou o amparo de um cireneu. (Mt 27:32) É muito natural que choremos, muito natural que gemamos, mas nós temos bons amigos, bons companheiros. Sempre os encontrei... Nunca me faltou a benção de Deus, e nos dias mais difíceis, quando tudo parecia à minha frente dificuldade insuperável, solidão irremovível, apareceu sempre uma luz, no campo da amizade, naturalmente inspirada por Nosso Senhor Jesus Cristo, para me amparar..." (Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo. Entrevistas. Cap. 29 - Apoio Espiritual. Chico Xavier)
"Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram a ele, e também aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda."
"Um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava contra ele dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também! Mas o outro, repreendendo-o disse: Nem ao menos temes a Deus, estando debaixo da mesma condenação? Nós certamente com justiça, porque recebemos o castigo que merecem os nossos atos; mas este nenhum mal fez. E disse: Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. Ele lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas 23:33; 39-43)
Os dois ladrões, a princípio, faziam coro com os que ultrajavam a Jesus. Um deles, porém, vendo, afinal, que o mesmo Jesus respondia aos insultos que lhe atiravam orando pelos que assim procediam, compreendeu haver no Mestre alguma coisa que o colocava acima da Humanidade. Quer dizer que esse malfeitor entreviu a verdade, ainda que confusamente, e não hesitou em pedir misericórdia àquele em quem reconhecera de súbito maior poder para as coisas do céu, do que para as da Terra. Jesus então lhe fez esta animadora promessa: Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso. (Elucidações Evangélicas. Cap. 183. Antônio Luiz Sayão)
Entretanto, de acordo com Paulo Neto, (...) as alterações dos textos podem mudar em muito o sentido original... (...) Na frase acima, se simplesmente mudarmos a vírgula de posição, teríamos, então: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”. Vejam que o sentido da frase mudou completamente. (...) Essa segunda frase estaria mais próxima da justiça divina, pois não dá para conceber alguém se salvar por um arrependimento, pois é contrário ao “a cada um segundo suas obras” (Mateus 16:27). De que valeria, a todos nós, passar uma vida inteira buscando cumprir os ensinos de Jesus, se houver uma mínima possibilidade de alguém, que não fez o que fizemos, merecer o mesmo prêmio? Seria pura injustiça! Como Deus é justo, ficaremos com a segunda frase, pois, mais cedo ou mais tarde, estaremos lá; a Lei da reencarnação está aí para nos dar esta oportunidade. (A Bíblia a moda da casa. Parte 1 - A Bíblia Católica. Paulo Neto)
Ele entraria nesse Paraíso, desde que, do alto de sua glória, o mesmo Jesus, por intermédio dos bons Espíritos, lhe mostrasse o caminho a percorrer e a felicidade que ao seu termo o esperava.
Sobre aquelas palavras do divino Mestre, erigiu a Igreja Católica o seu sistema da condenação e da graça, da indulgência concedida à fé, independente das obras, colocando, em conseqüência, o malfeitor de quem tratamos no rol dos bem-aventurados, pelo simples fato de se haver arrependido sinceramente, de haver demonstrado o que ela chama: a contrição perfeita. Semelhante sistema, porém, é fruto de falsa interpretação das palavras do Mestre, as quais, entendidas segundo o Espírito e não interpretadas ao pé da letra, conforme ela o fez, significam: “No momento em que eu torne a ocupar o lugar que me compete, voltando à natureza espiritual que me é própria, tu entrarás na vida espiritual e verás distintamente, assim o caminho que te cumpre seguir, como a meta que terás de alcançar”. (Elucidações Evangélicas. Cap. 183. Antônio Luiz Sayão)
Allan Kardec faz o seguinte apontamento: " Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. (...) O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação. "(O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens 9 e 16. Allan Kardec)
Segundo Cairbar Schutel, " Esta promessa não significa mais que o conhecimento de situação que Jesus daria àquele infeliz, após a sua passagem para a outra vida. (...) E, pelos Evangelhos, vemos claramente que o próprio Jesus não foi para Paraíso algum. Em seguida à sua morte Ele ressuscitou e ficou mesmo na Terra, por espaço de 40 dias, aparecendo a uns e outros, como dizem as Escrituras e como também o pregam o Catolicismo e o Protestantismo. A expressão: "Hoje estarás comigo no Paraíso", não quer dizer outra coisa senão: hoje conhecerás a imortalidade, conhecerás a tua situação futura e verás o Mundo Espiritual, no qual te acharás. "(O Espírito do Cristianismo. Cap. 42. Cairbar Schutel)
Divaldo Franco afirma: "Antes de aparecer às mulheres que foram ao túmulo vazio, Jesus descera às regiões penosas do mundo inferior ao qual se arrojara Judas invigilante. " (Trigo de Deus. Arrependimento tardio. Espírito Amélia Rodrigues. Psicografado por Divaldo Franco)
No Evangelho também está escrito: “Embeberam de vinagre uma esponja e, fixando-a num caniço de hissope, lha chegaram à boca.” (João 19:30)
Afirma João, em seu Evangelho, que pouco antes de desencarnar, no cimo do Calvário, Jesus Cristo exclamou: “Tenho sede”. Estando ali um vaso cheio de vinagre, os que estavam presentes embeberam nele uma esponja e fixando-a na haste de um hissope, lha chegaram à boca. Após tragar o vinagre, o Mestre deu um grande brado e disse: “Tudo está consumado”, após o que rendeu o Espírito.
(...)O Mestre generoso, que havia descido das culminâncias espirituais para legar aos homens um manancial de luz e de verdade, recebeu como paga uma esponja cheia de vinagre, do qual o mundo está cheio.
Assim tem acontecido com quase todos os grandes missionários que têm descido à Terra, em todos os campos de atividades. Com raras exceções, eles têm tragado a taça da amargura ou bebido o vinagre da incompreensão dos homens.
Seria fastidioso enumerá-los a todos, entretanto relacionemos alguns deles: Jesus Cristo tragou a taça amarga do sacrifício no Gólgota; Sócrates, de forma idêntica, pelo fato de tentar acender uma luz nos horizontes do mundo trevoso, foi coagido a beber uma taça de veneno; (...)Todos os apóstolos de Jesus também tragaram esse vinagre, em maior ou menor proporção. Desta forma, o mundo apenas tem a oferecer vinagre aos que contribuem com seu suor, com seu sangue e com sua vida, no afã de ajudar o progresso do mundo ou o aprimoramento dos Espíritos. (Os padrões evangélicos. O vaso do vinagre. Paulo Alves Godoy)
Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que fora com ele crucificado; chegando-se, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que viu isto, deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creais. Porque estas coisas aconteceram para se cumprir a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado. E diz ainda outra passagem: olharam para aquele a quem transpassaram. (O Espírito do Cristianismo. Cap. 43. Cairbar Schutel)
"E também por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS." (Lucas 23:38)
Muitas das pessoas que foram assistir à crucificação de Jesus Cristo, passando diante dele, diziam, em tom de zombaria: “Tu que derribas o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo e desce da cruz”. Outros, inclusive um dos homens que haviam sido crucificados a seu lado, diziam: “Salvou aos outros e a si mesmo não pode salvar-se; se de fato é o rei dos judeus, desça agora da cruz”.
Como não poderia deixar de ser, também no Calvário, naquele momento angustiante da crucificação do Mestre, surgiram os empedernidos de todos os tempos, aqueles que se predispõem a crer desde que vejam a operação de um “milagre”.
O Mestre, nos três curtos anos do seu Messiado, não podia se preocupar muito com a conversão de gente que não estivesse amadurecida para o entendimento, ou que não alimentasse qualquer disposição de reforma interior. Certa vez, procurado por algumas figuras proeminentes da cidade, dentre elas alguns gregos, que lhe pediram um sinal, para que vissem e passassem a crer, foi enfático na resposta: “Nenhum sinal será dado a esta geração adúltera e infiel”. (Os padrões evangélicos. Desça da cruz. Paulo Alves Godoy)
Não é, pois, de surpreender-se que a condição messiânica de Jesus, publicamente proclamada pela autoridade romana, depois de denunciada pelas hierarquias religiosas, tenha contribuído, de maneira decisiva, para que até alguns dos seus discípulos, senão todos, acabassem convictos de que ele fora mesmo o Messias previsto nas profecias.
(...)Em suma: Jesus é um Messias, no sentido de enviado, de missionário, incumbido de uma tarefa da mais alta relevância no processo evolutivo da humanidade; um indicador de rumos, um reformista religioso, social e ético, um espírito de elevadíssima condição." (Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda)
O Calvário representou o coroamento da obra do Senhor, mas o sacrifício na sua exemplificação se verificou em todos os dias da sua passagem pelo planeta. E o cristão deve buscar, antes de tudo, o modelo nos exemplos do Mestre, porque o Cristo ensinou com amor e humildade o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível que todos os discípulos edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão demonstrar ao calvário de suas dores, no momento oportuno. (O Consolador. Questão 286. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
A Terra jamais viu passar um espírito maior. Uma serenidade celeste envolvia sua fronte. Todas as perfeições uniam-se nele para formar um tipo de pureza ideal, de inefável bondade. No seu coração há uma imensa piedade pelos humildes, os deserdados. Todas as dores humanas, todos os lamentos e misérias nele encontram um eco. Para acalmar esses males, secar essas lágrimas, para consolar, para curar, para salvar, ele irá até ao sacrifício de sua vida; irá oferecer-se em holocausto para reerguer a Humanidade. Quando, pálido, ergue-se no Calvário, preso ao madeiro infamante, encontra ainda na sua agonia, a força de suplicar pelos seus carrascos e de pronunciar essas palavras, que nenhum acento, nenhum impulso de ternura ultrapassará mais: “Meu Pai, perdoai-lhes, pois eles não sabem o que fazem!” (Depois da morte. Cap. 6. Léon Denis)
(...) O Mestre sempre aproveitou as menores oportunidades para ensinar a necessidade do perdão recíproco, entre os homens, na obra sublime da redenção. Acusado de feiticeiro, de servo de Satanás, de conspirador, Jesus demonstrou, em todas as ocasiões, o máximo de boa vontade para com os espíritos mais rasteiros de seu tempo. (Boa nova. O perdão. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
A tarefa desenvolvida entre nós por Jesus Cristo não foi mera caminhada pelas estradas da Galiléia. Não foi também uma peregrinação com o objetivo de curar alguns paralíticos, restaurar a vista a alguns cegos, limpar alguns leprosos ou expelir alguns maus espíritos. O advento de Jesus foi algo de mais sublime, pois ele trouxe para a Humanidade uma mensagem de vida eterna, uma doutrina suscetível de impulsionar o gênero humano para os seus verdadeiros objetivos um código de moral que serviria de fundamento para a reforma moral dos indivíduos. O Messias veio para curar os doentes da alma e levantar aqueles que estão alquebrantados pelas tribulações da vida terrena. Veio também para convocar aqueles que malbarataram os valores que Deus, por excesso de misericórdia, lhes concedeu, despertando-os de uma inércia incompatível com a necessidade de reforma interior.
Se a missão desempenhada por Jesus Cristo demandou séculos de preparação, devemos também convir que a tarefa de muitos Espíritos que encamam na Terra, também exige preparação, planejamento e, sobretudo, obedecem a desígnios superiores, previamente estabelecidos.
Deste modo, podemos afirmar que nem todos os nossos apelos dirigidos ao Alto podem ser atendidos, uma vez que qualquer desvio em nossa vida poderá representar séculos de retardamento. A satisfação dos nossos desejos representaria a postergação de fatores que são imprescindíveis à nossa reforma espiritual. " (Os padrões evangélicos. O cálice da amargura. Paulo Alves Godoy)
O Mestre não veio para nos livrar das nossas faltas, mas ensinar-nos o caminho para nos livrar delas. Não veio tomar sobre seus ombros os encargos das nossas transgressões, mas indicar-nos, através das palavras edificantes dos Evangelhos, como aprimorar nossas qualidades e nos aproximarmos da perfeição. (Os padrões evangélicos. A paz? Não, espada.Paulo Alves Godoy)
"Sua missão era transformar o mundo, salvar os homens da maldade, libertá-los do egoísmo que os fazia arrogantes e impiedosos. Sua técnica não foi a da revolta mas a da resignação e da fé."(Astronautas do Além. Irmão Saulo. Psicografado por Chico Xavier)
Observação (1): Segundo o Espírito Humberto de Campos, a "soledade no horto é também um ensinamento do Evangelho e uma exemplificação! Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados do mundo. Em face dessa lição, o discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem que ser solitária, estando seus familiares e companheiros de confiança a dormir o sono da indiferença! Doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de orar e vigiar!..."(Boa nova. A oração do Horto. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)
Bibliografia:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11. Item 11. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Junho de 1861. Dissertações e ensinos espíritas - Por ditados espontâneos. Anjo Gabriel. Allan Kardec.
- O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens 9 e 16. Allan Kardec.
- Boa nova. A oração do Horto/ O perdão. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier.
- A caminho da luz. Cap. 7. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo. Entrevistas. Cap. 29 - Apoio Espiritual. Chico Xavier.
- O Consolador. Questão 286. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Astronautas do Além. Irmão Saulo. Psicografado por Chico Xavier.
- Lições para a felicidade. Cap. 25. Espírito Joanna de ngelis. Psicografado por Divaldo Franco.
- Trigo de Deus. Arrependimento tardio. Espírito Amélia Rodrigues. Psicografado por Divaldo Franco.
- O Evangelho dos humildes. Cap.26 e 27. Eliseu Rigonatti.
- Os padrões evangélicos. Se a semente não morrer/ O cálice da amargura/ O que é a verdade? O estratagema dos Fariseus/ O cirineu e o samaritano/ O vaso do vinagre/ Desça da cruz/ O cálice da amargura/ A paz? Não, espada. Paulo Alves Godoy.
- Estudando o Evangelho. Cap. 36. Martins Peralva.
- Elucidações Evangélicas. Cap. 173 e 183. Antônio Luiz Sayão.
- Depois da morte. Cap. 6. Léon Denis.
- Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda.
- A Bíblia a moda da casa. Parte 1 - A Bíblia Católica. Paulo Neto.
- O Espírito do Cristianismo. Cap. 42 e 43. Cairbar Schutel.
- Bíblia: João 18:10,11; Mateus 26:52; 27:20-21; Marcos 15: 6-9,21; Lucas 23:33,38; 39-43; João 19:30.