Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 144 - A missão do Cristo
Ciclo 2 - História: O testemunho de Tomé - Atividade: PH - Jesus - 111. A missão do Cristo ou/e LE - L2 - Cap. 9 - 4. Convulsionários.
Ciclo 3 - História: Lição em Jerusalém - Atividade: PH - Jesus - 112. Exemplos do Cristo.
Dinâmicas: A missão do Cristo; A religião do Cristo.
Jogo: Roleta de Cristo.
Mensagens espíritas: Missão do Cristo.
Sugestão de vídeos:
- Música espírita: Mestre Jesus - Evangelizar é amar - Sou criança (Dica: pesquise no Youtube)
Leitura da Bíblia: João - Capítulo 6 e 7
Lucas - Capítulo 4 e 19
Marcos - Capítulo 1
Mateus - Capítulo 4 e 24
Tópicos a serem abordados:
- Jesus Cristo foi o Espírito mais puro e luminoso que se encarnou no planeta Terra. Tornou-se perfeito primeiro do que nós e por isso devemos considerá-lo como nosso irmão mais velho. Deus, Nosso Pai, o escolheu para ser o governador deste mundo e cumprir uma grande missão.
- Ele já existia antes da formação deste planeta e foi escolhido para trazer a verdadeira religião aos homens, sentimento que religa a criatura a Deus. Antes da Sua vinda, Jesus enviou, periodicamente, os Seus mensageiros e missionários , para revelar gradualmente as leis divinas as primeiras organizações religiosas do nosso planeta. Entretanto, apesar dos homens terem sido preparados para receber e aceitar o Messias prometido pelos profetas, continuaram rebeldes e divididos entre si.
- Quando Jesus Cristo veio à Terra, os judeus estavam sob o domínio dos romanos, acreditavam num Deus vingativo e ciumento, que ordenava o massacre e o extermínio do povo, sacrificavam-se animais para oferecer a Deus e pedir perdão, tinham preconceitos e rivalidade de raças, apedrejavam mulheres adúlteras e cometiam outros atos violentos, valorizavam rituais e práticas exteriores obsoletas, que representavam verdadeiros empecilhos à evolução dos homens, ou seja, obstáculos a transformação moral da humanidade. Portanto, foi preciso que Jesus viesse trazer a verdade para salvar os homens da maldade, libertá-los do egoísmo que os fazia arrogantes e impiedosos.
- O Querido Mestre não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens . Jesus veio mostrar que Deus é soberanamente justo e bom, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa o pecador arrependido e dá a cada um segundo as sua obras. Veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas no reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que para lá conduz , os meios de se reconciliar com Deus, e os prevenir sobre as consequências futuras dos seus atos.
- O Divino Mestre várias vezes esclarece que veio chamar "os pecadores ao arrependimento", que veio salvar as almas, que "veio buscar e salvar o que estava perdido " , que veio "para servir e para dar a sua vida pela redenção de muitos" . De acordo com isso, afirmava haver mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por noventa nove justos que nunca pecaram ; e conta a parábola do filho pródigo, o qual "era morto e reviveu, tinha-se perdido e achou-se" . E não deixa dúvidas de que "os sãos não necessitam de médico, mas os que estão doentes".
- É bem claro, que Jesus trazia a missão de esclarecer o povo judeu no tocante às realidades espirituais, visto esse povo estar mais preparado para recebê-lo, em virtude da crença monoteísta (crença num Deus único). Daí afirmar o Cristo que fora enviado somente "às ovelhas perdidas da casa de Israel"; contudo, deixou manifesto que, mais tarde, o Evangelho seria difundido (espalhado) pela Terra inteira.
- A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo povo judeu. Os israelitas esperavam um grande Rei poderoso e rico, um Messias guerreiro e conquistador igual a Moisés e a Davi, que libertasse o seu povo do jugo dos romanos. No entanto, o Cristo contrariou todas as expectativas alimentadas pelos orgulhosos escribas e fariseus: surgira entre os animais humildes da manjedoura; apresentava-se como filho de um pobre carpinteiro e, no cumprimento de sua gloriosa missão de amor e de humildade, protegia as mulheres consideradas despresíveis, confundia-se com os pobres e com os humilhados, visitava as casas de publicanos (cobradores de impostos) e pecadores; seus companheiros prediletos eram os pescadores ignorantes e humildes, dos quais fazia apóstolos bem-amados. Além disso, nada solicitava, jamais pedia o que quer que fosse a alguém.
- Jesus ensinava a Boa Nova (Evangelho) nas praças públicas para os simples e humildes, iluminando e fortalecendo suas almas, limpava os leprosos, levantava os paralíticos, restaurava a visão dos cegos, expulsava Espíritos maus que perturbavam alguns homens ou mulheres, mas não concordava com as suas condutas equivocadas, sempre os convidava a uma radical mudança da forma de viver. Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão.
- Na realidade, Jesus Cristo era austero e severo, pronto para proferir palavras fortes e duras quando se dirigia a hipócritas e a pessoas que colocavam seus interesses acima das coisas de Deus, como foi o caso específico dos mercadores do templo, dos escribas, fariseus e sacerdotes; entretanto, ele era brando e suave no trato com os humildes, os pequeninos e os desprotegidos da sorte. Embora tenha conseguido convencer um contingente respeitável deles, a maioria continuou rejeitando o Messias proposto, fiel às suas leis e tradições. Então, Jesus Cristo foi crucificado e morto pelos judeus.
- Por que houve necessidade deste sacrifício? O Divino Mestre não poderia ter evitado? A realidade é que o Cristo sabia, desde sempre, que gênero de morte teria nas mãos dos homens. Ele veio cumprir o que Deus havia determinado, então, tomou a cruz sem uma queixa, exemplificado o bem até à morte, ensinando que todos os seus discípulos deviam ter bom ânimo para vencer o mundo. Se o Mestre não fosse pregado na cruz, o sucesso da difusão da sua Doutrina teria sido problemático, não conseguiria atrair a atenção de todos.
-Jesus disse: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14:6). Jesus Cristo é o Médico das Almas e veio entre nós para uma missão: a cura da nossa alma, a cura permanente, o que se processará através da assimilação de sua Doutrina de luz e de verdade, de amor e fraternidade, verdadeira religião que nos conduz a Deus . Jesus Cristo é o exemplo de conduta moral que devemos seguir. Ele disse ainda: "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai."(João 14:12).
1. Por que Deus escolheu Jesus Cristo e o tornou governador deste planeta?
2. Antes de sua vinda, quem Jesus enviava à Terra para revelar gradualmente as leis divinas ao povo?
3. O que Jesus veio revelar a humanidade ?
4. De que maneira o povo judeu acreditava em Deus?
5. O que Jesus Cristo disse ao povo judeu sobre Deus?
6. Quem eram as ovelhas perdidas da casa de Israel?
7. Por que Jesus Cristo veio esclarecer primeiramente o povo judeu?
8. Que tipo de Messias os judeus esperavam?
9. Por que Jesus Cristo não foi aceito pelos judeus?
10. O que o Divino Mestre ensinava e fazia nas praças públicas?
11. Por que Jesus era severo com os escribas e fariseus?
12. Qual exemplo o Querido Mestre deu diante da cruz?
13. Por Jesus Cristo teve que ser crucificado?
14. Sendo médico das almas, qual foi a missão de Jesus?
15. O que é preciso fazer para ser considerado discípulo de Cristo?
Subsídio para o Evangelizador:
Eis uma questão que se repete em toda parte: o Messias anunciado é a pessoa mesma do Cristo?
Ao lado de Deus estão numerosos Espíritos chegados ao topo da escala dos Espíritos puros, que mereceram ser iniciados em seus desígnios, para dirigirem a sua execução. Deus escolheu dentre eles seus enviados superiores, encarregados de missões especiais. Podeis chamá-los Cristos: é a mesma escola; são as mesmas ideias modificadas conforme os tempos.
Não fiqueis, pois, admirados de todas as comunicações que vos anunciam a vinda de um Espírito poderoso sob o nome do Cristo; é o pensamento de Deus revelado numa certa época, e que é transmitido pelo grupo dos Espíritos superiores que se acercam de Deus e recebe as suas emanações para presidir o futuro dos mundos que gravitam no espaço.
O que morreu na cruz tinha uma missão a cumprir, e essa missão se renova hoje por outros Espíritos desse grupo divino, que vêm, eu vo-lo repito, presidir aos destinos de vosso mundo. (Revista Espírita. Fevereiro de 1868. Instruções dos Espíritos - Os Messias do Espiritismo. Lacordaire / Allan Kardec)
Os Messias, seres superiores, chegados ao mais alto grau da hierarquia celeste, depois de terem atingido uma perfeição que os torna infalíveis daí por diante, e acima das fraquezas humanas, mesmo na encarnação. Admitidos nos conselhos do Altíssimo, recebem diretamente sua palavra, que são encarregados de transmitir e fazer cumprir. Verdadeiros representantes da Divindade, da qual têm o pensamento, é entre eles que Deus escolhe seus enviados especiais, ou seus Messias, para as grandes missões gerais, cujos detalhes de execução são confiados a outros Espíritos encarnados ou desencarnados, agindo por suas ordens e sob sua inspiração. (Revista Espírita. Fevereiro de 1868. Instruções dos Espíritos - Os Espíritos marcados. Êxtase sonambúlico – Paris, 1866 / Allan Kardec)
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos do nosso sistema existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção. (A caminho da Luz. Cap. 1 - A comunidade de Espíritos Puros. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Jesus já existia antes da formação deste mundo, conforme é relatado na 1ª Carta de Pedro: '' Ele era conhecido antes da fundação do mundo, mas foi manifestado no fim dos tempos por causa de vocês'' (1Pedro 1:20). O próprio Jesus disse: '' Eu garanto a vocês: antes que Abraão existisse, Eu sou'' (João 8:58). Ele é a Luz do Principio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo (A caminho da Luz. Introdução. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava (O Livro dos Espíritos. Questão 625. Allan Kardec).
Segundo Chico Xavier, "(...) dos ensinamentos dos Espíritos amigos, consideramos Jesus Cristo como sendo Espírito de evolução suprema, em confronto com a evolução dos chamados terrícolas que somos nós outros. Não o senhor do sistema solar, com todo o respeito que temos à personalidade sublime de Jesus, mas consideramo-lo como supremo orientador da evolução moral do planeta. E os Espíritos como Buda, como Zoroastro, como aqueles outros grandes instrutores da Índia e da Grécia, por exemplo, que eram considerados orientadores ou chefes de grandes movimentos mitológicos, serão ministros do Cristo, pois não temos ainda outra definição para classificá-los, dentro dos nossos parcos conhecimentos a respeito da nossa História no lado espiritual da vida.
Vemos que Jesus convidou doze discípulos. Eram discípulos humanos tanto quanto nós, para que não fôssemos instruídos por anjos, pois senão nada entenderíamos da Doutrina do Cristo.
(...)Quer dizer que Jesus seria o demiurgo da Terra. E o demiurgo do sistema solar será, então, um demiurgo da mais alta potência construtora.
(...)Porque tudo está dentro da Ordem Divina. Cada mundo, cada sistema, cada galáxia, orientados por Inteligências Divinas, e Deus para lá disso tudo, sem que possamos fazer-lhe uma definição." (A era do Espírito. Como consideramos Jesus. Chico Xavier / J. Herculano Pires)
Só por Jesus foram reveladas as leis divinas e naturais? Antes do seu aparecimento, o conhecimento dessas leis só por intuição os homens o tiveram?
Já não dissemos que elas estão escritas por toda parte? Desde os séculos mais longínquos, todos os que meditaram sobre a sabedoria hão podido compreendê-las e ensiná-las. Pelos ensinos, mesmo incompletos, que espalharam, prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, possível foi ao homem conhecê-las, logo que as quis procurar. Por isso é que os preceitos que consagram foram, desde todos os tempos, proclamados pelos homens de bem; e também por isso é que elementos delas se encontram, se bem que incompletos ou adulterados pela ignorância, na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie. (O Livro dos Espíritos. Questão 626. Allan Kardec)
As religiões que surgiram no mundo, antes do Cristo, tinham também por missão principal a preparação da mentalidade humana para a sua vinda?
-Todas as idéias religiosas, que as criaturas humanas traziam consigo do pretérito milenário, destinavam-se a preparar o homem para receber e aceitar o Cordeiro de Deus, com a sua mensagem de amor perene e reforma espiritual definitiva.
O Cristianismo é a síntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas religiosos mais antigos, expressões fragmentárias das verdades sublimes trazidas ao mundo na palavra imorredoura de Jesus.
Os homens, contudo, não obstante todos os elementos de preparação, continuaram divididos e, e dentro das suas características de rebeldia, procrastinaram a sua edificação nas lições renovadoras do Evangelho. ( O Consolador. Questão 293. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier )
Qual foi a missão de Jesus? Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens . Veio ensinar aos homens que a verdadeira vida não está sobre a Terra, mas no reino dos céus; ensinar-lhes o caminho que para lá conduz , os meios de se reconciliar com Deus, e os prevenir sobre a marcha das coisas futuras para o cumprimento dos destinos humanos. Entretanto, não disse tudo , e sobre muitos pontos se limitou a depositar o germe de verdades que ele próprio declara não poderem ser ainda compreendidas (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 1. Item 3 e 4. Allan Kardec).
Várias vezes (Jesus) esclarece que veio chamar “os pecadores ao arrependimento” (Mt. 9:13 e Lu. 5:31-32), que veio salvar as almas (Lu. 9:54-56), que “veio buscar e salvar o que tinha perecido” (Lu. 19:10 e Mt. 18:11), que veio “para servir e para dar a sua vida pela redenção de muitos” (Mt. 20:38). De acordo com isso, afiançava haver mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por 99 justos que nunca pecaram (Lu 15:7 e 10; Mt. 18:12-13); e conta a parábola do filho pródigo, o qual “era morto e reviveu, tinha-se perdido e achou-se” (Lu. 15:21-24). E deixa patente; “os que se acham são não necessitam de médico, mas os que estão enfermos” (Lu. 5: 31-32). É bem claro, conseqüentemente, que Jesus trazia a missão de esclarecer o povo hebreu no tocante às realidades espirituais, visto esse povo estar preparado em virtude da (...) crença monoteísta. Daí afirmar o Cristo que fora enviado somente “às ovelhas que perecem da casa de Israel” (Mt. 15:24 e 10:5-6); contudo, deixou manifesto que, mais tarde, o Evangelho seria difundido pela Terra inteira (Mt. 24:14 e 26:13).
Ele considerava que o planeta estava maduro para receber ensinamentos mais dilatados acerca de Deus, da Lei Divina, da vida espiritual, etc. (Jo. 4: 35 e Mt. 16:14). Embora não lhe fosse possível explanar o quanto devia graças à ignorância dos homens de então (Jo. 3: 12 e 16: 12-14); o resto ficaria para mais tarde (Jo. 14: 16-17). Realmente, a forte religiosidade consistia sobre tudo de atos exteriores, estando os homens dominados a tal ponto pelo apego a objetos e posições terrenos que o Mestre classificou-os com “mortos” no concernente às coisas do Espírito.
Revogou os ensinamentos antigos, afiançando que a Lei de Moisés e as preleções dos Profetas vigoram “até a vinda de João”; daí em diante está em vigor o Evangelho (Lu. 16: 16-17). Assevera, quando regressa após a crucificação que “tem-se-me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mt. 28: 18), isto é, que foi confirmado como Governador Espiritual do orbe terreno (Jo. 17: 2-3).
(...)De onde o Cristo retirava a autoridade com que falava e atuava a ponto de tanto escandalizar os judeus? Ela provinha naturalmente da sua elevada posição espiritual.
Mas ninguém, na época podia saber disto entre o povo, razão porque a autoridade de Jesus se baseava realmente nos amplíssimos poderes pessoais de que dava mostra a todo o momento – poderes estritamente decorrentes da elevação espiritual.
A mais espetacular manifestação das faculdades espirituais do Cristo foram as numerosíssimas curas que efetuou, instantaneamente, às vezes à distância do doente, sem sequer vê-lo, informa Mateus (4:23-24 e 9:35) que Ele andava por cidades e aldeias “curando toda a doença e toda a enfermidade”. Tão notório tornou-se o fato entre o povo que “lhe rogavam que os deixasse tocar sequer à orla da sua túnica – e todos os que o tocavam ficavam sãos” (Mt 14:36 e 9:21-22).
Não havia nessas curas qualquer privilégio (além do imenso que foi ver o Mestre em pessoa) que arranhasse a justiça divina. Conforme fizemos notar páginas atrás, Jesus sempre associou às curas a fé que impregnava a mente dos favorecidos. Já mencionamos uma localidade onde Ele nada operou “por causa da incredulidade de seus naturais” (Mt 13:58). Ressaltando a fé dos doentes beneficiados, Jesus deixava implícito o estado de receptividade gerado pela confiança no poder superior. Na ausência de tal estado – não haveria cura; não se pode dar a quem não quer receber. Quanto à Lei Divina, o fato de os enfermos exibirem tanta fé Nele era índice de certa elevação espiritual, portanto, estariam em condições de serem libertados das penas derivadas dos próprios débitos. Ao demais, certamente alguns deles eram missionários do Alto e nada deviam à Lei. No referente aos muitos obsidiados, que não podiam falar corretamente, é lícito supor que o Mestre avaliava desde logo suas posições frente à justiça divina. A ação terapêutica fulminante procedia do magnetismo do espírito puro dirigido por uma vontade perfeitamente identificada com a vontade divina e, por isso poderosíssima.
(...)A par da faculdade curativa, o Senhor demonstrou muitas vezes extensa percepção extra-sensorial completamente consciente. A telepatia é referida nestes termos: “E como visse Jesus os pensamentos deles” (Mt. 9: 4 e 12:51, Lu. 6:8), “conhecendo em si mesmo que seus discípulos murmuravam por isso” (Jo. 6:62), “Ele bem sabia por isso mesmo o que havia no homem” (Jo. 2:25), “e Ele me disse tudo quanto tenha feito” (Jo. 4;19 e 39), na passagem da samaritana, à qual menciona o número de homens que tivera (ib. 17-18). A clarividência exemplifica-se; Jesus aponta o lugar onde havia muito peixe (Lu. 5:4-7); ao perguntarem-lhe os discípulos onde queria que preparassem a Páscoa, Jesus indica certo homem na cidade, o qual cederia um aposento em sua casa, o que sucedeu (Lu. 22:9 -13); vê, numa aldeia longe, dois jumentos e manda-os buscar para entrar montado em Jerusalém (Mt. 21:2-7). De precognição há muitas referências; prediz a negação de Pedro (Mt. 26: 34, Jo. 13:38, etc.), prevê a destruição de Jerusalém (Mt. 24: 1-2, Lu. 18:41 -44 e 21-20), antecipa o gênero de morte de Pedro (Jo. 21:19) e várias vezes a sua própria (Lu. 12:50, 9:22, 18:32; Mt 16:21, 20:18, 17:21, 26:2, Jo. 2:19, etc.) demonstrava conhecer a traição e o respectivo agente (Mt. 2:21 -23 e Jo. 6:65); os judeus admiravam-se dos seus conhecimentos e perguntavam:”Como sabe estas letras não as tendo estudado?” (Jo. 7:15-16); afirmava coisas assim: “Mas depois de eu ressurgir, ir vos-ei esperar na Galiléia” (Mr. 14:28) e assim por diante.
Fenômenos físicos de várias espécies estiveram também presentes na sua esfera de ação. Extremamente notáveis foram: a transfiguração no monte (irradiação perispiritual: Mt. 17:2); andar sobre as águas do mar levitação: Mt. 14: 26-27 e Jo. 6: 19-20) e as duas multiplicações de pães e peixes (materialização: Mt. 14:15-21, Jo. 6:9-13 e Mt 15: 32-38), às quais o próprio Jesus fez menção mais tarde (Mt 16:9-10 e Jo. 6:26). Manifestações dessas só puderam ser refeitas modernamente com a presença de raros médiuns de efeitos físicos e assim mesmo em escala muito reduzida. Fenômenos do tipo da psicocinese (ação da mente sobre a matéria à distância) foram; acalmar a tempestade sobre as águas (Mt. 8: 24-27) e secar uma figueira com palavras (Mt. 21: 19-20). Quando os judeus empenhavam-se em agarrá-lo, Ele se lhes escorregava por entre as mãos (Jo. 10:39).
(...)As passagens concernentes ao tributo a César (Mt. 22:21), ao grande mandamento da Lei (Mt. 22:35-40), a quem é meu próximo (Lu. 10:29-37) e a de quem é o Cristo Filho (Mt. 22:41-46) exemplificam como Jesus, abordando trincas e rugas teológicas e respondendo a perguntas maliciosas, acabou por deixar doutores da lei, escribas e fariseus, além de outros “mestres” absolutamente mudos – no próprio campo deles, onde jamais gostaria de atuar. A isto fora forçado para não prejudicar o futuro de seus ensinamentos simples e insuperáveis. Expõem Mateus 22: 41-46 e Lucas 20: 41-44: “ninguém podia responder-lhe as perguntas”. Por aí se percebe o poder clarividente e telepático do Mestre tantas vezes assinalado pelos evangelistas. Em conclusão, a autoridade de Jesus para reformular os conceitos existentes procedia da sua elevada condição espiritual, a qual se evidenciava por meio dos poderes manifestados na vida pública. (Evolução para o terceiro milênio. Cap. 9. Carlos Toledo Rizzini)
É óbvio que o Mestre não veio desempenhar a sua árdua e gloriosa missão entre nós apenas para levantar alguns paralíticos, fazer alguns cegos recobrarem a visão e expulsar alguns Espíritos obsessores que assediavam alguns homens ou mulheres, ou mesmo operar curas de outras enfermidades, fatos esses que foram qualificados como miraculosos.
Jesus Cristo é o Médico das Almas e veio entre nós para uma missão muito mais relevante: a cura da alma, a cura permanente, o que se processará através da assimilação de sua Doutrina de luz e de verdade. (Os Padrões Evangélicos. A multiplicação dos pães. Paulo Alves Godoy)
Segundo o Espírito Amelia Rodrigues, "O Mestre (...) Atendia os leprosos e os ladrões, as meretrizes e os viciados, com a mesma complacência com que a outros libertava da cegueira, da surdez, da paralisia, da loucura... Mas não concordava com as suas condutas equivocadas, sempre os convidando a uma radical mudança da forma de viver.
Os demônios temiam-no e obedeciam-Lhe à voz, embora, algumas vezes, tentassem inutilmente enfrentá-lo.
Dúlcido como o sândalo penetrante, era também enérgico, quando necessário, estabelecendo os parâmetros seguros para a existência feliz.
A Sua revolução tinha por meta a conquista do Reino dos Céus.
Diferente de tudo quanto ocorrera antes e jamais voltaria a suceder, a revolução não destruía vidas, erguia-as; não derramava o sangue dos lutadores, estancava-o naqueles que se encontravam feridos...
Nada solicitava, jamais pedia o que quer que fosse a alguém.
Ele viera para dar, para doar-se, para servir como jamais outrem assim procedera.
(...)Ele reuniu os Seus discípulos e, em particular, num tom coloquial feito de ternura, disse-lhes:
— Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. (Mateus 10:8)
Houve um grande silêncio, que iria permitir ficar insculpida na mente e fixada nos sentimentos a lição vigorosa.
A conquista interna do Reino dos Céus deveria produzir os frutos da compaixão e da caridade em todos aqueles que O amassem. Teriam que possuir os dons de curar, de libertar do Mal, de arrancar das sombras da catalepsia aqueles que fossem considerados mortos...
A revolução teria que prosseguir, mesmo quando Ele já não estivesse aqui.
A gratuidade em todas as ações seria o selo de identificação do vínculo com Ele.
Transcorreram dois mil anos, e a Sua revolução prossegue convidando à doçura, à humildade, ao respeito pelo próximo e à caridade sob todos os aspectos considerada.
É necessário criar-se condições para que a revolução do amor prossiga engalanando a sociedade com a paz legítima, a iluminação interior e a fraternidade sem jaça." (Vivendo com Jesus. Cap. 25. A sublime revolução. Amélia Rodrigues. Psicografada por Divaldo Pereira Franco)
O trabalho principal de Jesus consistiu em substituir a autoridade não racional (ou absoluta) de Moisés, pela sua autoridade racional. Para isso, propôs uma doutrina ético-religiosa amena, baseada no amor, para tomar o lugar da doutrina autoritária de Moisés, cuja base era a imposição formal pela punição imediata e severa. A época já podia admitir a idéia da justiça e bondade divinas, ao invés de um Deus ciumento e vingativo.
Forneceu, portanto, elementos para que os seres humanos pudessem criar o próprio senso moral mediante a aceitação e prática espontâneas do altruísmo e da justiça e pudessem transformar uma fé cega, irracional, imposta sem compreensão, numa fé racional, baseada no entendimento e na experiência pessoal. (Evolução para o terceiro milênio. Cap. 9. Carlos Toledo Rizzini)
Jesus disse: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão." ( Mateus, 24:35 e 36)
“Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou.” (S. João, 6:38.)
“Aquele que não me ama não guarda a minha palavra, e a palavra que tendes ouvido não é minha, mas de meu Pai que me enviou.” (S. João, 14:24.)
Desde que ele nada diz de si mesmo; que a doutrina que prega não é sua, que ela lhe veio de Deus, que lhe ordenou viesse dá-la a conhecer; que não faz senão o que Deus lhe deu o poder de fazer; que a verdade que ensina ele a aprendeu de Deus, a cuja vontade se acha sujeito, é que ele não é Deus, mas, apenas, seu enviado, seu messias e seu subordinado. (Obras Póstumas. Estudo sobre a natureza do Cristo. Item 3. Allan Kardec)
Tendo Jesus recebido a palavra diretamente de Deus, com a missão de revelá-la aos homens, assimilou-a; a palavra divina, da qual estava penetrado, se encarnou nele; trouxe-a ao nascer, e foi com razão que João pôde dizer: '' E o Verbo foi feito carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, qual a que o Filho único havia de receber do Pai; e ele, digo, habitou entre nós, cheio de graça e de verdade.” (João, 1: 14.). Com efeito, o Verbo é Deus, porque é a palavra de Deus.
Jesus era um messias divino pelo duplo motivo que tinha a sua missão de Deus, e que as suas perfeições o colocavam em relação direta com Deus (Obras Póstumas. 8. O verbo se fez carne. Allan Kardec).
Tendo ouvido a palavra do Divino Mestre antes de se estabelecerem no mundo, as raças adâmicas, nos seus grupos insulados, guardaram a reminiscência das promessas do Cristo, que, por sua vez, as fortaleceu no seio das massas, enviando-lhes periodicamente os seus missionários e mensageiros. Eis por que as epopeias do Evangelho foram previstas e cantadas alguns milênios antes da vinda do Sublime Emissário.
Os enviados do Infinito falaram, na China milenária, da celeste figura do Salvador, muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do Egito esperavam-no com as suas profecias. Na Pérsia, idealizaram a sua trajetória, antevendo-lhe os passos nos caminhos do porvir; na Índia védica, era conhecida quase toda a história evangélica, que o sol dos milênios futuros iluminaria na região escabrosa da Palestina, e o povo de Israel, durante muitos séculos, cantou-lhe as glórias divinas, na exaltação do amor e da resignação, da piedade e do martírio, através da palavra de seus profetas mais eminentes. (A caminho da Luz. Cap. 7. As promessas do Cristo. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
No reino de Israel sucederam-se as tribos e os enviados do Senhor. Todos os seus caminhos no mundo estão cheios de vozes proféticas e consoladoras, acerca d’Aquele que ao mundo viria para ser glorificado como o Cordeiro de Deus.
A cada século renovam-se as profecias e cada templo espera a palavra de ordem dos Céus, através do Salvador do Mundo. Os doutores da Lei, no templo de Jerusalém, confabulam, respeitosos, sobre o Divino Missionário; na sua vaidade orgulhosa esperavam-no no seu carro vitorioso, para proclamar a todas as gentes a superioridade de Israel e operar todos os milagres e prodígios.
E, recordando esses apontamentos da história, somos naturalmente levados a perguntar o porquê da preferência de Jesus pela árvore de David, para levar a efeito as suas divinas lições à Humanidade; mas a própria lógica nos faz reconhecer que, de todos os povos de então, sendo Israel o mais crente, era também o mais necessitado, dada a sua vaidade exclusivista e pretensiosa “Muito se pedirá de quem muito haja recebido”, e os israelitas haviam conquistado muito, do Alto, em matéria de fé, sendo justo que se lhes exigisse um grau correspondente de compreensão, em matéria de humildade e de amor. (A caminho da Luz. Cap. 7. A escolha de israel. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
João afirma nos versículos 41, 42 e 52, do capítulo 7, do seu Evangelho, que havia controvérsia entre os judeus em torno da procedência do Cristo: “Vem, pois o Cristo da Galiléia? Não diz a escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, da aldeia donde era Davi? Examina, e verás que da Galiléia nenhum profeta surgiu”.
(...)Era questão pacífica entre os judeus que o Messias seria um profeta maior que Moisés e viria da linhagem de Davi Um grande rei era então esperado. Um guerreiro indômito era ansiosamente aguardado para, com sua espada, submeter todos os povos circunvizinhos e subtrair Israel do jugo romano. O Messias deveria ter o gênio expansionista de Moisés e viver como Davi, no fastígio da glória humana, impondo urna autoridade ímpar e abatendo com sua funda quantos Golias aparecessem.
O esperado Messias surgiu, entretanto, de modo a contrariar todas as expectativas alimentadas pelos orgulhosos escribas e fariseus.
— Nasceu numa cidade sem expressão e viveu numa província de reputação pouco invejável;
— Era filho de humilde carpinteiro;
— Seus companheiros de tarefa foram obscuros pescadores convocados às margens do Mar da Galiléia;
— Procurava, de preferência, os pequeninos e os humildes;
— Freqüentava a casa de publicanos e visitava outros pecadores;
— Apregoava a paz e a tolerância em vez da guerra e do ódio;
— Prometia a bem-aventurança aos pacificadores e aos mansos;
— Não cogitava ser o rei de Israel, na acepção humana;
— Apresentava um Pai de misericórdia, de justiça e de amor, em contraposição ao parcialíssimo Jeová, senhor dos exércitos;
— Não se preocupava muito com a conversão dos grandes e potentados, mas caminhava léguas e léguas em demanda de um pecador que estivesse predisposto a aceitar a sua mensagem;
— Não se submetia às tradições inócuas e combatia os dogmas e os ritos exteriores;
— Apologiava os simples e limpos de coração e verberava a atuação dos escribas e fariseus hipócritas.
Tal situação jamais poderia vir de encontro aos anseios nacionalistas e religiosos dos hebreus, e nem poderia encher as medidas daqueles que anulavam os preceitos da Lei de Deus por causa de suas tradições.
Como decorrência, o ódio transbordou e a crucificação do tão esperado Messias foi exigida em altos brados.
O Ungido de Deus pagou com a vida a “ousadia” de trazer ao mundo uma mensagem de luz e de amor. (Os Padrões Evangélicos. Um verdadeiro israelita. Paulo Alves Godoy)
Na realidade, analisando-se o Novo Testamento, vemos que a missão de Jesus foi inteiramente desenvolvida entre os humildes e os desajustados:
— Nasceu em humilde aldeia, não tendo senão uma manjedoura para acomodá-lo;
— Seus pais eram criaturas das mais humílimas condições sociais;
— Seus apóstolos foram convocados dentre obscuros pescadores;
— O cenário que serviu para o desempenho do seu Messiado foi todo ele dos mais singelos e os lugares onde o Senhor conviveu eram dos mais despretensiosos;
— Sua ação principal se processou no meio de sofredores do corpo e da alma e pecadores de todos os matizes.
Convivendo entre os humildes e os pecadores, o Mestre teve a oportunidade de fazer com que se capacitassem da importância de uma vivência equilibrada e segundo os moldes estabelecidos nos Evangelhos, de moralização e de conformação com os sábios desígnios de Deus.
Se o Nazareno tivesse nascido no seio das camadas mais opulentas da sociedade, é óbvio que a sua missão não teria sido tão bem sucedida. Ele seria recebido com reservas e com ceticismo.
Francisco de Assis, tendo Jesus como paradigma e compenetrado da importância de se ombrear com aqueles a quem pretendia servir e ensinar, ao ouvir na igreja de Porciúncula o célebre: “Ide e pregai, dizendo que está próximo o reino dos céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os maus Espíritos, dai de graça o que de graça recebestes. Não possuais ouro nem prata, nem tragais dinheiro nas vossas cintas, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem boldão; porque digno é o trabalhador do seu alimento”, compreendeu o verdadeiro sentido espiritual de sua missão, despojando-se de todos os bens materiais para transmudar-se no “poverelo de Assis”, afim de que, através da sua pobreza, pudesse propiciar a todos a riqueza da auto-iluminação.
Por isso, afirmou categórico o Converso de Damasco: “Jesus Cristo, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis”. (Os Padrões Evangélicos. Pobreza que enriquece. Paulo Alves Godoy)
Jesus Cristo recomendou aos apóstolos: “Não vades a caminho de gentios, nem entreis nas cidades dos Samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mateus, 10:5-7)
A primeira vista parece que razões insondáveis teriam levado Jesus Cristo a recomendar a seus discípulos que não procurassem os gentios nem os samaritanos, mas de preferência aqueles que, em Israel, estivessem desviados do caminho certo.
Porventura não preceituou o Mestre que “o Pai faz o sol nascer para os bons e para os maus, e a chuva beneficiar justos e injustos?”. Não é certo que o Mestre tomou os Samaritanos como paradigmas de bondade ou de compreensão, conforme se depara da Parábola do Bom Samaritano, do seu colóquio com a Mulher Samaritana e do episódio da Cura dos Dez Leprosos? Nestas três passagens evangélicas o Senhor situou alguns samaritanos em nítida situação de superioridade moral e espiritual sobre muitos judeus ortodoxos.
O Mestre jamais recomendou qualquer espécie de discriminação, por parte dos seus discípulos, quando fossem pregar as verdades eternas dos Evangelhos. Na recomendação acima ele disse “ide antes” às ovelhas perdidas da Casa de Israel. Isso significa que, após terem ido às aldeias e cidades de Israel, poderiam ir às aldeias e cidades dos gentios.
À primeira vista parece que estas palavras de Jesus encerram sentimentos de intolerância e menosprezo por determinados agrupamentos humanos, e o trecho acima, do Evangelho de Mateus, deve ter servido, no passado, para justificar perseguições e severos movimentos de repressão contra minorias religiosas que não pactuavam com a ortodoxia religiosa prevalecente.
Realmente, o Mestre foi enviado às ovelhas desgarradas de Israel, e não poderia ter sido de outra forma. O povo judeu havia sido adredemente preparado, no decurso de vários séculos, para receber o Grande Missionário. O esforço no sentido de se manter uma estrutura monoteísta no arcabouço religioso do povo hebraico havia custado lágrimas, longos cativeiros, dores e até morte. Graças ao empenho dos antigos profetas e de outros grandes missionários que habitaram a Terra, Israel era a única nação que estava preparada para receber o Messias, para que em seu solo ele desempenhasse sua fulgurante missão de paz e de luz. Eis por que ele disse à Mulher Samaritana: “A salvação vem dos judeus”.
O desempenho de um Messiado no seio de uma nação politeísta teria sido muito mais difícil, demandaria muito maior esforço e lograria menor êxito. O trabalho dos apóstolos teria sido muito mais espinhoso, pois entre os gentios tudo estava por fazer, a começar da necessidade de se implantar a crença num só Deus.
Haja vista o trabalho gigantesco que Paulo de Tarso, Barnabé e outros missionários tiveram que desenvolver no sentido de proceder à semeadura cristã no coração daqueles povos.
Recomendando a seus apóstolos que não fossem aos pagãos. Não representou isso qualquer descaso pela sua conversão, o que teria sido pouco caridoso e até conflitante com o caráter universal da revelação cristã.
É óbvio que o Mestre tem suas vistas voltadas para toda a Humanidade, uma vez que sua missão abarca todos os povos da Terra, entretanto, em seu incomensurável amor, previu tudo para que o seu Messiado fosse completo e suscitou outros missionários que tiveram a tarefa gigantesca de proceder à semeadura da sua mensagem no cenário dos povos politeístas.
Este ensinamento do Mestre se aplica aos homens de todas as épocas, muitos dos quais nem sempre estão preparados para a assimilação dos ensinamentos reformadores. Sempre existiram e existem os céticos, os escarnecedores, os obstinados, os detratores, os opositores sistemáticos. A estes de pouco adiantam palavras esclarecedoras, as quais eles não estão aptos a receber.
O Mestre jamais se importunou em converter os grandes da Terra. Quando algumas pessoas de influência lhe pediram um sinal, sua resposta foi categórica: “Nenhum sinal será dado a esta geração má e infiel”. Quando Herodes mandou procurá-lo, pretextando querer conhecê-lo, ele deu ao portador do convite o célebre recado: “Ide dizer a essa raposa que ainda por três dias devo expulsar os maus espíritos e curar os leprosos e paralíticos e no terceiro dia serei levantado”. Não estava na cogitação imediata de Jesus a conversão dos homens insensíveis, dos cegos que não queriam ver, dos gentios que viviam a braços com grotesco paganismo e dos samaritanos que estavam mergulhados no mais denso obscurantismo, originado por dogmas e observância de pueris tradições. O Senhor preferia antes ir em demanda dos pequeninos, dos Lázaros, das Madalenas, dos Zaqueus, das Marias de Betânia e de outros dessa linhagem ovelhas desgarradas que careciam voltar sem mais delongas ao redil.
Enquanto, na época de Jesus, devido à estreiteza das ideias e à materialidade dos costumes, tudo estava confinado, hoje as ideias tendem para um sentido libertador e a tendência é de se caminhar para um mais ativo processo de espiritualização. Na atualidade não existem mais “povos eleitos”, nem “gentios”, nem “samaritanos”, pois todos os povos estão sendo preparados para a assimilação da luz que brilha nos horizontes do mundo e que não é privilégio de nenhuma nação, de nenhum povo, de nenhuma religião. Os “gentios” deixaram de ser um povo para se tornar uma opinião generalizada em cujo seio as verdades reveladas por Jesus triunfarão um dia. Assim como o Cristianismo causou a derrocada do paganismo, o Espiritismo, que representa a revivescência do (...) Evangelho revelado por Jesus, triunfará de todos os sistemas que não estiverem fortemente fundamentados nas verdades imorredouras do Cristianismo. (Os padrões evangélicos. Não vades para os gentios. Paulo Alves Godoy)
(...) Quando Jesus Cristo veio à Terra, ainda se apedrejavam mulheres adúlteras, sacrificavam-se animais e observavam-se com verdadeiro zelo religioso várias ordenações já obsoletas e aberrantes, que representavam verdadeiros empecilhos à evolução dos homens, acobertados por um sistema impregnado de superstições e de fanatismo. (Os padrões evangélicos. Leis transitórias. Paulo Alves Godoy)
Ao tempo de Moisés, os judeus julgavam que o mero cumprimento de determinada formalidade religiosa era suscetível de manter aplacada a fúria divina. Por ocasião do advento de Jesus Cristo, vemos o Mestre se defrontar com uma quantidade apreciável de criaturas que se mantinha apegada às tradições e muito pouco fazia em favor da reforma íntima.
Muitos chegaram a recusar generoso convite que o Mestre lhes fazia, para que o seguissem. (Os padrões evangélicos. Não está longe do Reino de Deus. Paulo Alves Godoy)
Os escribas e os fariseus no tempo de Jesus Cristo preocupavam-se muito com os aparatos exteriores do culto, com os ritualismos, com as encenações, com o apego às vãs tradições, que nada dizem aos corações, por isso eles mereceram do Mestre severas advertências: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que sois idênticos aos túmulos caiados, que por fora são vistosos e bem ornamentados, mas que em seu interior apenas encerram ossadas e podridões”, acrescentando ainda: “Fariseus e escribas hipócritas, que contornais o Céu e a Terra para fazerdes um discípulo, e depois o tomais mais merecedor da Geena do que vós mesmos.” (Os padrões evangélicos. Proselitismo. Paulo Alves Godoy)
Na realidade, Jesus Cristo era austero e severo, pronto para proferir palavras fortes e incisivas quando se dirigia a hipócritas e a pessoas que colocavam seus interesses acima das coisas de Deus, como foi o caso específico dos mercadores do templo, dos escribas e fariseus, dos pretensos sacerdotes; entretanto, ele era brando e suave no trato com os humildes, os pequeninos e os desprotegidos da sorte. (Os padrões evangélicos. O meigo Nazareno. Paulo Alves Godoy)
Sim, o mundo era um imenso rebanho desgarrado. Cada povo fazia da religião uma nova fonte de vaidades, salientando-se que muitos cultos religiosos do Oriente caminhavam para o terreno franco da dissolução e da imoralidade; mas o Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e todos os pecadores.
Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza. Suas pregações, na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e desclassificados, como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais claras visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua palavra profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniquidade na balança da redenção. (A caminho da luz. Cap. 12 - A grande lição. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
Tudo nela era feito para mover os corações, para arrebatar as almas até ao entusiasmo, iluminando, fortalecendo as consciências. Todavia, ela manifesta os sinais de um ensino oculto. Jesus fala muitas vezes por parábolas. Seu pensamento, de ordinário tão luminoso, mergulha por vezes em meia obscuridade. Não se percebem, então, mais que os vagos contornos de uma grande idéia dissimulada sob o símbolo.
É o que ele próprio explica por estas palavras, quando, citando Isaías (cap. VI, 9), acrescenta:
“Eu lhes falo por parábolas, porque a vós outros vos é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é concedido.” (Mateus, XIII, 10 e 11.)
Evidente que havia duas doutrinas no Cristianismo primitivo: a destinada ao vulgo, apresentada sob formas acessíveis a todos, e outra oculta, reservada aos discípulos e iniciados. É o que, de resto, existia em todas as filosofias e religiões da antiguidade.
A prova da existência desse ensino secreto se encontra nas palavras já citadas e nas que mencionamos a seguir. Logo depois da parábola do semeador, que se acha nos três evangelhos sinóticos, os discípulos perguntam a Jesus o sentido dessa parábola e ele lhes responde:
“A vós outros é concedido saber o mistério do reino de Deus; mas, aos que são de fora, tudo se lhes propõe em parábolas; “Para que, vendo, vejam e não vejam e ouvindo, ouçam e não entendam.” (Marcos, IV, 11 e 12; Lucas, VIII, 10.). (Cristianismo e Espiritismo. Cap. 3. Sentido oculto dos Evangelhos. Léon Denis)
Segundo Allan Kardec, "O Espiritismo vem hoje, época em que o homem está maduro para compreendê-lo, completar e explicar o que o Cristo propositadamente não fez senão tocar, ou não disse senão sob a forma alegórica." (O que é o Espiritismo. Cap. 1. Allan Kardec)
Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo, que, se o grão do trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muitos frutos. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significando de que morte havia de morrer.” (João, 12: 24 e 32)
Houve necessidade da crucificação de Jesus Cristo? Não poderia ter-se evitado a consumação desse sacrifício? Estando o Mestre investido de todo o poder, porque não fez mudar o rumo dos acontecimentos? Porque Deus não o atendeu quando, em efusiva prece no Horto, exclamou: “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua?”
Vendo as coisas pelo prisma acanhado do convencionalismo humano, agravado pelas limitações peculiares às coisas da Terra, o homem formula essas indagações sem levar em consideração os superiores desígnios do Pai Celestial e sem analisar o problema em sua amplitude, com seus reflexos insondáveis no porvir.
Para que a semente produza fruto, é imprescindível o seu sacrifício: é preciso que morra, Se a semente não for plantada e não morrer, nada se pode esperar dela.
Para que uma verdade seja implantada entre nós, é quase indispensável que o sacrifício daquele que a veio revelar seja consumado. Para que as verdades enunciadas por Jesus Cristo fossem consolidadas, houve necessidade daquele sacrifício supremo: o martírio do Ungido de Deus foi o preço exigido para o triunfo da Boa Nova aqui no mundo.
A História nos dá conta dos inúmeros missionários que pagaram com a vida a ousadia de trazerem novas mensagens de vida e de luz ao gênero humano: a flagelação e a morte era o alto preço para que as verdades reveladas tivessem sucesso.
Se Jesus não tivesse sido levantado na cruz, como diz João em seu Evangelho, não teria atraído todos para ele. Se o Mestre não fosse pregado no madeiro infamante, o sucesso da difusão da sua Doutrina teria sido problemático e periclitante, não conseguindo atrair a atenção das massas.
É bem verdade que o Messias poderia ter evitado o sacrifício do Gólgota.
Bastava para tanto haver pactuado com os interesses do mundo, era só curvar-se diante da vontade de Caifás e de Herodes e fazer causa-comum com os escribas e fariseus. Nesse caso, em vez de tragar o fel amargo do Calvário, passaria a deleitar-se com o vinho alegre de Caná, contudo, em decorrência, sua Doutrina não se teria implantado na Terra e a Humanidade ficaria privada desse manancial de luz e de consolação que são os Evangelhos:
— aqueles que buscam a verdade não teriam essa fonte de água viva que jorra para a vida eterna;
— os transviados não teriam a sustentá-los a certeza de um reencontro como aquele contido na Parábola do Filho Pródigo;
— os ricos não teriam conhecimento da Parábola do Rico e de Lázaro, que encerra severa admoestação àqueles que fazem mau uso de suas fortunas;
— os pobres e os aflitos, por sua vez, não teriam a consolá-los as promessas vivas de que o reino dos Céus lhes pertence;
— os falidos desconheceriam os episódios evangélicos da conversão de Maria Madalena e de Maria de Betânia;
— os intolerantes ignorariam que o Mestre repreendeu acerbamente seus discípulos quando pretendiam que se fizesse descer “fogo dos céus” sobre uma aldeia da Samaria, onde não foram recebidos condignamente;
— os empedernidos não travariam conhecimento com as palavras do Mestre de que se deve perdoar não apenas sete, mas setenta vezes sete, e que há mais alegria nos Céus por um pecador que se regenera do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento;
— os orgulhosos não compreenderiam que os simples de coração serão aqueles que herdarão o reino dos Céus;
— os violentos desconheceriam que somente os pacificadores serão chamados filhos de Deus; .
— os que têm fome ignorariam que, no Sermão da Montanha, Jesus lhes garantiu fartura;
— aqueles que não têm fé, não se veriam face à majestosa explosão de fé propiciada pelo Centurião de Cafarnaum;
— os que não admitem a comunicabilidade entre vivos e os chamados mortos, não teriam a oportunidade de saber que o Cristo, no alto do Tabor, comunicou-se com os Espíritos de Moisés e Elias;
— aqueles que apenas têm fé, não assimilariam a assertiva do Nazareno de que “a cada um será dado segundo as suas obras”;
— os insensatos desconheceriam a Parábola das Dez Virgens, cinco das quais não levaram a provisão das boas obras para lhes iluminar a senda no além-túmulo;
— os que não acreditam na multiplicidade da vida do espírito na carne, não ficariam sabendo que Jesus, referindo-se a Elias, e no colóquio com Nicodemos, enunciou a verdade irretorquível das vidas sucessivas;
— aqueles que acreditam nas penas eternas ficariam privados do conhecimento de que o Mestre apregoou um Deus de infinita misericórdia e amor, sempre pronto a perdoar e a receber a ovelha desgarrada de volta ao aprisco. (Os padrões evangélicos. Se a semente não morrer. Paulo Alves Godoy)
A Boa Nova deveria ser apregoada a todas as criaturas e, sendo Jesus Cristo o seu medianeiro, não deveria medir esforços no sentido de convencer a todos sobre o caráter da sua missão. Conseqüentemente, ele fez a sua pregação de modo irrestrito, falando a crédulos e incrédulos, a gentios e judeus. Uns aceitavam a sua palavra com naturalidade, outros ouviam-na simplesmente sem dar-lhe a guarida necessária nos corações, outros ainda, sem aceitar a mensagem, passavam a combater o seu porta-voz, perseguindo-o e conspirando no sentido de destruí-lo.
No primeiro grupo enquadram-se as pessoas que, a exemplo de Maria Madalena, deixam para trás todo um passado de erros e decidem-se a tomar o caminho certo; são aqueles que, no judicioso dizer evangélico: “Tomam do arado e não olham mais para trás”.
No segundo grupo enquadram-se pessoas como o “Moço Rico”, descrito por Marcos, 10:17; e outras pessoas da mesma natureza, as quais, quando deparam com os encargos e responsabilidades, recusam-se a aceitar o generoso convite.
O terceiro grupo abrange aqueles que se encastelam no orgulho, não admitem idéias renovadoras e revelam assim todo o seu ódio para com os inovadores. São pessoas como o foram os fariseus, os escribas e outros do mesmo gênero, que, não aceitando as novas ideias que sempre surgem na Terra, passam a combatê-las por todos os meios e modos. (Os padrões evangélicos. Reforma interior. Paulo Alves Godoy)
Jesus Cristo esteve na Terra durante trinta e três anos, entretanto a sua missão pública foi desenvolvida em apenas três curtos anos. Nesse lapso de tempo, poucos foram os que realmente assimilaram os seus ensinamentos no tocante à prática dos padrões por ele estabelecidos.
Se pesquisarmos o contingente de pessoas que, de um modo ou de outro, teve contato com o Mestre, poderemos indicar bem poucos que realmente se enquadraram nesses padrões, podendo-se, dentre eles, destacar as personalidades inconfundíveis de Maria Madalena e de Paulo de Tarso. (Os padrões evangélicos. No altar da consciência. Paulo Alves Godoy)
A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo povo judeu. Os sacerdotes não esperavam que o Redentor procurasse a hora mais escura da noite para surgir na paisagem terrestre. Segundo a sua concepção, o Senhor deveria chegar no carro magnificente de suas glórias divinas, trazido do Céu à Terra pela legião dos seus Tronos e Anjos; deveria humilhar todos os reis do mundo, conferindo a Israel o cetro supremo na direção de todos os povos do planeta; deveria operar todos os prodígios, ofuscando a glória dos Césares. E, no entanto, o Cristo surgira entre os animais humildes da manjedoura; apresentava-se como filho de um carpinteiro e, no cumprimento de sua gloriosa missão de amor e de humildade, protegia as prostitutas, confundia-se com os pobres e com os humilhados, visitava as casas suspeitas para de lá arrancar os seus auxiliares e seguidores; seus companheiros prediletos eram os pescadores ignorantes e humildes, dos quais fazia apóstolos bem-amados.
Abandonando os templos da Lei, era frequentemente encontrado ao longo do Tiberíades, em cujas margens pregava aos simples a fraternidade e o amor, a sabedoria e a humildade. O judaísmo, saturado de orgulho, não conseguiu compreender a ação do celeste emissário. Apesar da crença fervorosa e sincera, Israel não sabia que toda a salvação tem de começar no íntimo de cada um e, cumprindo as profecias de seus próprios filhos, conduziu aos martírios da cruz o divino Cordeiro. (A caminho da luz. Cap. 7. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
Os israelitas esperavam um Messias, entretanto o queriam nos moldes vaticinados por Moisés — “Um profeta igual a mim”. Um Cristo guerreiro e conquistador igual a Moisés e a Davi. Um Cristo que levasse a dor e a destruição a todos os povos que não comungassem com os ideais monopolistas dos escribas e fariseus.
Quando surgiu um Cristo dócil, meigo, amoroso, fraternal, combatendo a guerra e o ódio, os israelitas o repeliram. Passaram a exigir comprovações! Queriam sinais. Aquele não era o Messias que eles aguardavam.
Mas o Mestre não quis dar-lhes outros sinais senão os que estava dando.
(...)O Mestre, por si só, era um sinal. Preenchia tudo aquilo que dele estava escrito.
Expulsava maus Espíritos, curava cegos, limpava leprosos e fazia levantar os paralíticos, e, além disso, discorria sobre a excelência do Reino de Deus. Nem assim conseguiu abalar o preconceito e o falso zelo religioso dos escribas, dos fariseus e do sumo sacerdote.
Na atualidade os homens ainda persistem na recalcitrância, não aceitando os sinais propiciados pelos Evangelhos, continuando a aguardar o advento de um Cristo moldado segundo os figurinos das velhas teologias: um Cristo intolerante, unilateral e eivado de imperfeições. (Os padrões evangélicos. Maior que Salomão...Paulo Alves Godoy)
Segundo Hermínio C. Miranda, (...) Israel esperava, segundo as melhores e mais respeitadas interpretações dos textos proféticos, um Messias belicoso, um dinâmico líder político, que sacudiria o jugo estrangeiro e estabeleceria, por toda a parte, finalmente, a hegemonia do povo de Deus.
(...) Junto aos seus irmãos de raça, seu êxito foi discutível, embora tenha conseguido convencer um contingente respeitável deles. A maioria continuou rejeitando o Messias proposto, fiel às suas leis e tradições. Junto aos gentios, o sucesso de sua pregação transbordou todas as medidas dos seus sonhos mais otimistas, de vez que as primeiras sementes produziram, em solo generoso, como ensinou Jesus, abundantíssima colheita. Se milhões e milhões de seres consideram-se cristãos, hoje, deve-se, em boa parte, à visão universalista daquele pequeno, teimoso e valente doutor da lei, nascido em Tarso.
Seja como for e por maior que tenha sido o esforço, Jesus não corresponde ao conceito judaico tradicional do Messias. Não é um ser belicoso, voltado para aspectos político-militares, interessado em cumprir certas profecias que previam a vinda de um líder que livrasse o povo de Israel do domínio estrangeiro, mas não somente isso: que também submetesse os demais povos ao domínio de Israel.
(...)Embora Jesus contestasse certos aspectos e práticas da religião dominante, ele era judeu, conhecia a lei, falava nas sinagogas e não se opunha ao cumprimento de determinados rituais, pelo contrário, os prescrevia, como ficou evidenciado em várias oportunidades. Até ele próprio os cumpriu. Ainda que, em princípio, condenasse a prática comercial no pátio do templo, ele sabia da necessidade de manter ali os cambistas para trocar o dinheiro de muitas procedências pela moeda corrente nos negócios locais. Quanto aos sacrifícios e oferendas, também não eram do seu agrado, mas ele não parece interessado em acabar com tudo aquilo de uma vez e ainda menos pela violência, que jamais foi de seu hábito. A alguns dos que curou ele mandou apresentarem-se aos sacerdotes para cumprir os rituais prescritos. (Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda)
O sacrifício de Jesus, no cimo do Calvário, foi o desfecho de vasta conspiração, iniciada nos porões do Templo de Jerusalém, transplantada para o Sinédrio e para as ruas e levada posteriormente até os governantes da época, os quais a homologaram, como foi o caso de Anás e Herodes, ou se tomaram omissos, como foi o caso de Pilatos.
Os expoentes do farisaísmo, seita que se sentia mais frontalmente solapada pelos ensinamentos do Cristo, empregaram os mais variados ardis, no sentido de apanharem o Mestre atentando contra os preceitos da lei mosaica.
O episódio da Mulher Adúltera representou o primeiro desses ardis, pois houve evidente propósito de obrigar o Senhor a dar um veredicto que contrariasse os ditames da lei vigente, que prescrevia a morte para as mulheres que fossem apanhadas em flagrante adultério. Se o Mestre recomendasse que a mulher deveria ser perdoada, é evidente que o caso seria levado às autoridades como patente afronta à lei. Se ele emitisse parecer favorável à sua morte, estaria negando até o próprio caráter da sua missão. Por isso ele disse: “aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra”, o que anulou por completo a possibilidade de uma acusação: a mulher ficou livre sem que os princípios da lei fossem feridos.
Houve também várias outras tentativas de apanhar o Mestre ou seus apóstolos atentando contra a recomendação de ser observado o dia de sábado, o que também representava deslize contra a lei. Em todos esses casos Jesus conseguiu propiciar edificantes ensinamentos, sem ferir a letra da lei e sem dar qualquer ensejo de acusação às autoridades judaicas. Na cura de um homem que tinha uma das mãos seca, ele asseverou: “Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, uma ovelha, não a tira logo? Ou aquele que não desamarra o seu jumento para lhe dar água num dia de sábado?”. Quando os seus discípulos foram repreendidos pelo fato de colherem espigas num dia de sábado, preceituou o Senhor: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”, o que implica em dizer que o sábado foi feito para o homem descansar e não para se tornar dele um escravo.
Quando os apóstolos foram advertidos pelos fariseus, pelo fato de não lavarem as mãos antes das refeições, o que também contrariava um preceito da lei mosaica, não tardou a resposta de Jesus: “O que contamina o homem não é o que lhe entra pela boca, mas, sim, o que dela sai, pois é pela boca que se soltam os impropérios, quando o coração está cheio deles”.
No caso do pagamento do tributo ao Império Romano, que poderia levar o Mestre a palmilhar perigoso terreno e ser também acusado às autoridades de Roma, a tentativa foi mais arguta: “Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não?”. A essa indagação capciosa o Senhor retrucou: “Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles apresentaram um dinheiro. E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Disseram-lhe: de César. Então ele lhes disse: Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.
Contemplando o Mestre suspenso no madeiro, os fariseus suspiraram, julgando ter colimado a tão esperada e decisiva vitória. Restava tão-somente a implantação de um regime de terror entre os discípulos e os novos conversos da Boa-Nova para que a nova idéia se retraísse. (Os padrões evangélicos. O estratagema dos Fariseus. Paulo Alves Godoy)
(...) Tecnicamente Jesus foi condenado e executado pelo crime político de tentativa de subversão da ordem. Esse, pelo menos, é o motivo invocado e que, por determinação das autoridades, foi inscrito na placa pregada à cruz. Ele teria tentado ser Rei dos Judeus. Não nos deixemos, contudo, iludir pelas aparências e pelo explícito. É preciso lembrar que as autoridades romanas dificilmente condenariam à pena máxima um pregador dissidente da religião local. O delegado de César nas províncias envolvia-se o menos possível com as disputas doutrinárias dos judeus e nem sequer as entendia muito bem. Contanto que suas rivalidades e discussões não provocassem distúrbios e tumultos, que cada um seguisse o seu caminho. Era exigido, apenas, respeito incondicional a César, no que Jesus foi mais liberal do que autorizava o pensamento quase unânime de sua gente, pois ele admitiu, sem restrições, o pagamento dos tributos exigidos pelo poder opressor. Jamais um Messias político, enquadrado no contexto das profecias conhecidas, teria assumido tal atitude. Sua condenação como aspirante ao trono de Israel, por conseguinte, é uma incongruência histórica, explicável, contudo. Sabendo que não podiam eliminá-lo apenas sob a acusação de que ele pregava ideias e práticas que se chocavam com as da religião tradicional, os interessados na sua morte tramaram para que prevalecesse a acusação de que ele se considerava o Messias político prometido nas profecias, ou seja, um Messias subversivo, que expulsaria os romanos da Palestina e submeteria a Israel todos os demais povos.
(...)Em suma: Jesus é um Messias, no sentido de enviado, de missionário, incumbido de uma tarefa da mais alta relevância no processo evolutivo da humanidade; um indicador de rumos, um reformista religioso, social e ético, um espírito de elevadíssima condição. (Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda)
A realidade profunda é que o Cristo sabia, desde sempre, que gênero de morte teria nas mãos dos homens, conforme indicou claramente mais de uma vez, e nada fez para evitá-lo. Antes, dizia que assim teria de ser. Declarou a um discípulo, no momento da prisão, que poderia obter “mais de doze legiões de anjos” para sua defesa se desejasse escapar ao fim previsto, e diante de Pilatos, com quem pouco dialogou, manifestou decisivamente:
“Tu não terias sobre mim poder algum se ele te não fora dado lá de cima (João 19:11)”
Durante o temo em que pregava quantas vezes não pretenderam os judeus agarrá-lo e liquidá-lo? Escorregava por entre as mãos deles porque “ainda não era chegada à sua hora...”.
A morte de Jesus, como a de Sócrates, Paulo e Gandhi, por exemplo, tem a significação de um exemplo vitorioso para a Humanidade. É uma vitória do espírito missionário, que serve para exemplificar a coragem moral. A quem ensina sobre a vida espiritual não convém mostrar receio de transferir-se a ela, mesmo em condições penosas. Ora, estas condições causam profunda impressão no espírito do discípulo, levando-o a considerar seriamente o valor dos ensinamentos recebidos, já que foram postos à prova tão duramente (no conceito terreno). (Evolução para o terceiro milênio. Cap. 9. Carlos Toledo Rizzini)
(...) Jesus havia exemplificado o bem até à morte, ensinando que todos os seus discípulos deviam ter bom ânimo para vencer o mundo. (Boa nova. Maria de Magdala. Irmão X. Psicografado por Chico Xavier)
Segundo a filósofa Helena Blavatsky, " A mais importante de todas as obras é o exemplo da própria vida." (https://www.pensador.com/frase/MjIyNzg/)
O exemplo de Jesus devia lembrar-nos a técnica da vitória. Ele tomou a sua cruz sem nada dever e na hora suprema do sacrifício injusto orou ao Pai em favor dos seus algozes. Alguns dentre nós, mesmo os mais aparentemente evoluídos, poderiam considerar-se mais dignos da atenção de Deus do que Jesus? Ele não nos mandou tomar a nossa cruz e avançar sozinhos, mas segui-lo. Porque à frente de todos nós seguiu Ele ao peso da cruz que não merecia. Sua missão era transformar o mundo, salvar os homens da maldade, libertá-los do egoísmo que os fazia arrogantes e impiedosos. Sua técnica não foi a da revolta mas a da resignação e da fé. (Astronautas do Além. Irmão Saulo. Psicografado por Chico Xavier)
O Messias (...) coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado, na hora última.
(...)Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente os desígnios do céu, sem que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora.Apesar da demonstração de heroísmo e de inexcedível amor, que ofereceu do cimo do madeiro, os discípulos continuaram subjugados pela dúvida e pelo temor, até que a ressurreição lhes trouxesse incomparáveis hinos de alegria. (Boa nova. A oração do horto. Irmão X. Psicografado por Chico Xavier)
Quando afirmam que, por sua morte, Jesus se ofereceu a Deus em holocausto, para o resgate da Humanidade, não equivale isso a dizer, na opinião dos que crêem na divindade do Cristo, que se ofereceu a si mesmo?
(...)Não, a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo. Das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, desceu o Cristo às nossas obscuras e tormentosas regiões, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: tal o seu sacrifício. A efusão de amor em que envolve os homens, sua identificação com eles, nas alegrias como nos sofrimentos, constituem a redenção que nos oferece e que somos livres de aceitar. Outros, antes dele, haviam induzido os povos ao caminho do bem e da verdade. Nenhum o fizera com a singular doçura, com a ternura penetrante que caracteriza o ensino de Jesus. Nenhum soube, como ele, ensinar a amar as virtudes modestas e escondidas. Nisso reside o poder, a grandeza moral do Evangelho, o elemento vital do Cristianismo, que sucumbe ao peso dos estranhos dogmas de que o cumularam. (Cristianismo e Espiritismo. Cap. 7. Os dogmas - Os sacramentos, o Culto. Léon Denis)
Jesus veio trazer-nos a verdade. Fêz tudo quanto lhe competia fazer para o cabal desempenho dessa missão que o Pai lhe confiara. Não poupou esforços: foi até ao sacrifício.
Resta, portanto, que o homem, o discípulo, faça a sua parte para entrar na posse da verdade, essa luz que ilumina a mente, consolida o caráter e aperfeiçoa os sentimentos .
Aqueles que já satisfizeram tal condição, vêm bebendo da água viva, vêm apanhando, dia por dia, partículas de verdade, centelhas de luz.
Os que deixaram de preencher a condição permanecem nas trevas, na ignorância; e nas trevas e na ignorância permanecerão até que batam, peçam e procurem.
Jesus veio trazer-nos a redenção. É por isso nosso salvador: Mas só redime aqueles que amam a liberdade e se esforçam por alcançá-la.
Os que se comprazem na servidão das paixões e dos vícios não têm em Jesus um salvador. Continuarão vis escravos até que compreendam a situação ignominiosa em que se encontram, e almejem conquistar a liberdade.
Jesus não é mestre de ociosos. Jesus não é salvador de impenitentes. Para ociosos e impenitentes — o aguihão da dor.
O sangue do Justo foi derramado no cumprimento de um dever que lhe fora imposto: não lava culpas nem apaga os pecados dos comodistas, dos preguiçosos, dos devotos de Epicuro e de Mamon.
A redenção, como a educação, é obra em que o interessado tem de agir, tem de lutar desempenhando a sua parte própria; sem o que, não haverá para ele mestre nem salvador. (Nas pegadas do Mestre. Mestre e Salvador. Vinícius)
A missão do Cristianismo na Terra não era a de mancomunar-se com as forças políticas que lhe desviassem a profunda significação espiritual para os homens. O Cristo não teria vindo ao mundo para instituir castas sacerdotais e nem impor dogmatismos absurdos. Sua ação dirigiu-se, justamente, para a necessidade de se remodelar a sociedade humana, eliminando-se os preconceitos religiosos, constituindo isso a causa da sua cruz e do seu martírio, sem se desviar, contudo, do terreno das profecias que o anunciavam.
Todas essas atividades bélicas, todas as lutas antifraternas no seio dos povos irmãos, quase a totalidade dos absurdos, que complicam a vida do homem, vieram da escravização da consciência ao conglomerado de preceitos dogmáticos das Igrejas que se levantaram sobre a doutrina do Divino Mestre, contrariando as suas bases, digladiando-se mutuamente, condenando-se umas às outras em nome de Deus.
Aliado ao Estado, o Cristianismo deturpou-se, perdendo as suas características divinas. (Livro: Emmanuel. Cap. 35. O resultado dos erros religiosos. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Jesus não veio ao mundo fundar uma igreja como tantas já então existentes no seu tempo.
Não há paralelo entre Jesus e Maomet, entre Jesus e Buda, entre Jesus e Lutero, entre Jesus e o papado romano.
Os organizadores de seitas religiosas agiram visando a estabelecer igrejas suas, com caráter pessoal, embora se reportassem às tradições, às Escrituras, à ética, à ciência ou a qualquer outra base. Todos eles personalizaram seus feitos. Daí a origem dos cismas e das facções que dividiram a família humana em torno de um ideal cujo objetivo fundamental é precisamente o contrário: é unir e irmanar os homens numa aspiração comum, na consecução de destinos que são os mesmos para todos. Referimo-nos ao alvo da Religião.
Jesus não trouxe à Terra um sistema religioso a mais.
Ele teve por missão revelar Deus à Humanidade. No desempenho desse mandato revelou ao mundo a Religião. (Nas pegadas do Mestre. A missão de Jesus. Vinícius)
O profeta Isaías, que profetizou a vinda do Cristo, disse: " Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião". (Isaias 42:1-4)
Segundo o Espírito Emmanuel, " Religiões, para todos os homens, deveria compreender-se como sentimento divino que clarifica o caminho das almas e que cada espírito apreenderá na pauta do seu nível evolutivo.
Neste sentido, a religião é sempre a face Augusta e soberana da verdade ; porém, na inquietação que lhes caracteriza a existência na Terra, os homens se dividiram em numerosas religiões, como se a fé também pudesse ter fronteira, à semelhança das pátrias materiais; tantas vezes mergulhadas no egoísmo e na ambição de seus filhos.
Dessa falsa interpretação tem nascido no mundo as lutas antifraternais e as dissensões religiosas de todos os tempos." (O Consolador. Questão 292. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
"O que se faz preciso, em vossa época, é estabelecer a diferença entre religião e religiões.
A religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo o acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir, são como gotas de orvalho celeste, misturadas com os elementos da terra em que caíram. Muitas delas, porém, estão desviadas do bom caminho pelo interesse criminoso e pela ambição lamentável dos seus expositores; mas a verdade um dia brilhará para todos, sem necessitar da cooperação de nenhum homem. "(Livro: Emmanuel. Cap. 4 - Religião e religiões. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Jesus Cristo disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. " (João 14:6) E disse ainda: " E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32)
"Conhecer, portanto, a verdade é perceber o sentido da vida. E perceber o sentido da vida é crescer em serviço e burilamento constantes." (Fonte Viva. Ante a luz da Verdade. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
"O Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel na Terra. Ele reformará a legislação ainda tão frequentemente contrária às leis divinas; retificará os erros da História; restaurará a religião do Cristo, que se tornou, nas mãos dos padres, objeto de comércio e de tráfico vil; instituirá a verdadeira região religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar." (Obras Póstumas. 2° parte. Futuro do Espiritismo. Allan Kardec)
Raças e povos ainda existem, que o desconhecem, porém não ignoram a lei de amor da sua doutrina, porque todos os homens receberam, nas mais remotas plagas do orbe, as irradiações do seu espírito misericordioso, através das palavras inspiradas dos seus mensageiros.
O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspiração contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações coletivas, é para a sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança. Então, novamente se ouvirão as palavras benditas do Sermão da Montanha e, através das planícies, dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade, a vida. (Livro: Emmanuel. Cap. 2. O Evangelho e o Futuro. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Há quase vinte séculos, portanto, veio o Messias e, desde então, a situação moral do mundo não evoluiu na proporção que se era de esperar:
— o Evangelho continua ainda a ser o grande desconhecido;
— se muitos o lêem, poucos o praticam;
— a mensagem do Divino Cordeiro continua a ecoar em imenso vazio, do mesmo modo como ocorria nos tempos de João Batista, que era uma “voz que clamava no deserto” dos corações humanos.
Atualmente o Cristo está intensificando a convocação dos seareiros autênticos, pois a seara é grande e poucos são os trabalhadores. O chamamento é feito através da difusão de mensagens espirituais que surgem de todos os lados, porque:
— não é necessário que Jesus volte fisicamente, pois o seu Espírito magnânimo não suportaria nova crucificação;
— a sua mensagem é como o relâmpago que parte do oriente e atinge o ocidente;
— os seus ensinos são uma fonte de água viva que jorra para a vida eterna;
— a sua mensagem é caminho, verdade e vida. (Os padrões evangélicos. O advento de Jesus. Paulo Alves Godoy)
O Cristo foi o iniciador da moral mais pura, a mais sublime: a moral evangélica cristã, que deve renovar o mundo, reaproximar os homens e os tornar a todos irmãos; a moral que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade, o amor ao próximo; que deve criar entre todos os homens uma solidariedade comum; a moral, enfim, que deve transfigurar a Terra e dela fazer uma morada para Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso, à qual está submetida a Natureza, que se realiza; e o Espiritismo é uma das forças vivas de que Deus se serve para propiciar o adiantamento da Humanidade na via do progresso moral. São chegados os tempos em que as ideias morais devem desenvolver-se para realizar o progresso que está nos desígnios de Deus. Elas devem seguir a mesma rota que as ideias de liberdade percorreram e das quais eram precursoras. Mas não se deve crer que esse desenvolvimento se faça sem lutas. Não. Para chegar à maturidade, elas necessitam de abalos e discussões, a fim de que atraiam a atenção das massas; mas, uma vez fixada a atenção, a beleza e a santidade da moral sensibilizarão os Espíritos, e eles aplicar-se-ão a uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e lhes abre as portas da felicidade eterna. (Revista Espírita. Março de 1861. A lei de Moisés e a lei de Cristo - Comunicação pelo Sr. R..., de Mulhouse. Mardoqueu R.../Allan Kardec)
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos. Questões 625 e 626. Allan Kardec.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 1. Item 3 e 4. Allan Kardec.
- O que é o Espiritismo. Cap. 1. Allan Kardec.
- Obras Póstumas. Estudo sobre a natureza do Cristo / O verbo se fez carne / Futuro do Espiritismo. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Fevereiro de 1868. Instruções dos Espíritos . Lacordaire / Allan Kardec.
- Revista Espírita. Março de 1861. A lei de Moisés e a lei de Cristo - Comunicação pelo Sr. R..., de Mulhouse. Mardoqueu R.../Allan Kardec.
- A caminho da Luz. Introdução. Cap. 1 , 7 e 12. . Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- A era do Espírito. Como consideramos Jesus. Chico Xavier / J. Herculano Pires.
- Livro: Emmanuel. Cap. 2, 4 e 35. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Fonte Viva. Ante a luz da Verdade. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- O Consolador. Questões 292 e 293. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Boa nova. Maria de Magdala/A oração do horto. Irmão X. Psicografado por Chico Xavier.
- Astronautas do Além. Irmão Saulo. Psicografado por Chico Xavier.
- Evolução para o terceiro milênio. Cap. 9. Carlos Toledo Rizzini.
- Os Padrões Evangélicos. A multiplicação dos pães/ Um verdadeiro israelita/ Pobreza que enriquece/ Leis transitórias/ Não está longe do Reino de Deus/ Proselitismo/ O meigo Nazareno / Se a semente não morrer/Reforma interior/No altar da consciência/ Maior que Salomão.../ O estratagema dos Fariseus/ O advento de Jesus. Paulo Alves Godoy.
- Vivendo com Jesus. Cap. 25. A sublime revolução. Amélia Rodrigues. Psicografada por Divaldo Pereira Franco.
- Cristianismo e Espiritismo. Cap. 3. Sentido oculto dos Evangelhos. Léon Denis.
- Cristianismo: A mensagem esquecida. Cap. 6. Jesus é o Messias. Hermínio C. Miranda.
- Nas pegadas do Mestre. Mestre e Salvador/A missão de Jesus. Vinícius.
- Site: https://www.pensador.com/frase/MjIyNzg/ - Data da consulta: 25-01-22.
- Bíblia: Isaias 42:1-4 e Evangelho.