Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 142 - Jesus caminha sobre as águas - O Medo e a Coragem
Ciclo 1 - História: Jesus anda sobre as águas - Atividade: PH - Jesus - 105. Jesus anda sobre as águas.
Ciclo 2 - História: Jesus anda sobre o mar - Atividade: PH - Allan Kardec - 12. Levitação e Bicorporeidade.
Ciclo 3 - História: Medo, Dúvida e Descrença - Atividade: PH - Jesus - 106. Pedro anda sobre as águas.
Ciclo 2 - História: Jesus anda sobre o mar - Atividade: PH - Allan Kardec - 12. Levitação e Bicorporeidade.
Ciclo 3 - História: Medo, Dúvida e Descrença - Atividade: PH - Jesus - 106. Pedro anda sobre as águas.
Mocidade - História: O temor da morte ou/e A solicitação do Senhor - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Encarando os medos.
Dinâmicas: Tenho medo; Medo ridicularizado; Medo de desafios.
Mensagens espíritas: Medo.
Sugestão de vídeos:
- Música espírita: Medo X Confiança: (Dica: pesquise no Youtube).
- História: A esperança de uma mãe (Dica: pesquise no Youtube).
Sugestão de livro infantil: Coleção vamos conversar. Estou com medo. Joy Berry. Editora Caramelo.
Bíblia: Mateus - Capítulo 14 (Marcos 6:47-52 ; João 6:16-21)
14.22 Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia a multidão.
14.23 Tendo despedido a multidão, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho,
14.24 mas o barco já estava a considerável distância da terra, fustigado pelas ondas, porque o vento soprava contra ele.
14.25 Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar.
14.26 Quando o viram andando sobre o mar, ficaram aterrorizados e disseram: "É um fantasma! " E gritaram de medo.
14.27 Mas Jesus imediatamente lhes disse: "Coragem! Sou eu. Não tenham medo! "
14.28 "Senhor", disse Pedro, "se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas".
14.29 "Venha", respondeu ele. Então Pedro saiu do barco, andou sobre a água e foi na direção de Jesus.
14.30 Mas, quando reparou no vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me! "
14.31 Imediatamente Jesus estendeu a mão e o segurou. E disse: "Homem de pequena fé, porque você duvidou? "
14.32 Quando entraram no barco, o vento cessou.
14.33 Então os que estavam no barco o adoraram, dizendo: "Verdadeiramente tu és o Filho de Deus".
Tópicos a serem abordados:
- Jesus produziu muitos fenômenos, considerados sobrenaturais. No entanto, hoje o Espiritismo nos ensina que não existem milagres, todos estes fenômenos podem ser explicados pelas leis da Natureza. Apesar de muitos considerarem que caminhar sobre as águas, sem afundar, não seja um fenômeno muito comum, devido a lei de gravidade (que diz que existe uma força de atração que nos puxa para baixo), Allan Kardec sugere duas hipóteses para este acontecimento.
- Primeira hipótese: Teoria da bicorporeidade - Jesus estaria dormindo em outro local, enquanto transportou-se para o mar e andou sobre as águas. Através do seu pensamento e da sua vontade, seu Espírito afastou-se do seu corpo físico, acompanhado do seu perispírito, e pela manipulação do fluído universal e do ectoplasma, provocou uma espécie de condensação da matéria, tornando o seu perispírito tangível e visível (materializado), de modo que pôde ser visto pelos apóstolos. Foi a partir daí que surgiram as histórias de homens duplos, que foram visto em dois lugares diferentes.
- Segunda hipótese: Levitação - Jesus teria levitado sobre às águas, ou seja, através do seu pensamento (força mental) e vontade, conseguiu erguer-se acima das águas do mar, ficando suspenso, sem nenhum apoio visível, apenas movimentando fluídos ectoplasmáticos capazes de produzir uma alavanca suficientemente forte para vencer a força da gravidade. Em outras palavras, Jesus utilizou um fluido flexível, viscoso e incolor, sensível ao pensamento, pouco conhecido pela ciência, que possui a propriedade de contrabalançar o seu peso, permitindo que ficasse suspenso no ar, sem contato aparente, como se estivesse anulado à ação da gravidade. Este fenômeno e o outro citado anteriormente são raros, porém já foram produzidos por outros homens, considerados Santos pela Igreja Católica (como por exemplo: Antônio de Pádua e José de Cupertino ).
- Este trecho evangélico também traz lições importantes relativas à coragem, à fé e à confiança. Quando os apóstolos viram Jesus andando sobre o mar e ficaram aterrorizados, pensando que era um fantasma, o Mestre Querido quis lhes ensinar que não deveriam ter medo. Se quisessem produzir o mesmo fenômeno, deveriam ter coragem, confiança em si mesmo e no Senhor, pois era possível fazer aquilo.
- O medo, em si mesmo, não é uma emoção negativa, pois está ligado ao instinto de conservação. No entanto, o desconhecimento da imortalidade da alma, a ignorância das leis divinas, o recebimento de informações falsas e fantasiosas, provocam dúvidas na alma e, consequentemente , o dequilibrio desta emoção.
- A dúvida é um sentimento negativo, que nos lança numa situação de conflito íntimo. Temer é duvidar, dúvida é não ter fé. Toda vez que duvidamos de nós mesmos, da nossa capacidade de progresso e de serviço, duvidamos do Criador, que nos destinou à felicidade eterna. Além disso, quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo, pois ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.
- Pedro atendeu, de certa forma, à solicitação do Mestre de ir até Ele, andando sobre as águas. Entretanto, a dúvida foi maior que a confiança, por isso ele começou a afundar nas águas do mar da Galiléia. É possível que lhe tenha faltado fé, não no Mestre, mas em si próprio.
- Todos nós somos surpreendidos pelo dia nublado de incerteza, assim como ocorreu com o apóstolo Pedro, quando estava diante da tempestade de vento. Muitas vezes, diante das dificuldades da vida, ficamos com medo e gritamos por socorro divino. Clamamos por Jesus. Ele diz “vem”, e até damos passos na sua direção. Mas de repente o vento sopra mais forte, as ondas dos problemas se agigantam... E temos medo... O medo nos paralisa. Impede de percebermos as mãos fortes de Jesus segurando a nossa para não afundarmos (1). Por isso, devemos aprender a ter controle emocional, aumentando a nossa fé no Pai Celestial, através do estudo e da prática do Evangelho.
- Quando se sentir inseguro, não se desespere, faça uma prece. Ninguém está sozinho neste mundo. Peça ajuda aos bons Espíritos, pois eles sempre irão estender as suas mãos para te socorrer, sugerindo-lhe ideias que renovam a mente. No entanto, somente consiguirá sentir a tranquilidade e paz do Cristo dentro de ti, quando adquirir a plena confiança em Deus e em si mesmo. A fé não retira o obstáculo do caminho, porém, oferece-lhe recursos para amenizar o sofrimento, dando compreensão para enfrentá-lo e coragem para impedir o desespero.
- O nosso Pai Celestial ajuda aqueles que tem coragem. Jesus Cristo é nosso maior exemplo desta virtude. A Sua vida foi de constantes desafios. Ele conviveu com as pessoas ditas de “má vida” (prostitutas e cobradores de impostos), sem receio de contaminação; além disso, criticou os fariseus hipócritas, sem nenhum temor. Em momento algum teve medo de perder a vida, pois foi para isto que veio. O Mestre Querido sacrificou-se para ensinar a verdade, aceitando o crucifixo entre ladrões, confiando plenamente em Deus.
Comentário (1): https://www.searadomestre.com.br/evangelizacao/coragemj.htm. Data da consulta: 21-11-21.
Perguntas para fixação:
1. Os Milagres existem?
2. Quais são os nomes dos dois fenômenos que podem explicar o fato de Jesus andar sobre as águas?
3. O que é a bicorporeidade?
4. O que é a levitação?
5. Quais virtudes Jesus quis ensinar quando andou sobre as águas?
6. O que pode provocar o medo em exagero, ou seja, o desequilíbrio desta emoção?
7. Por que a dúvida é uma sentimento negativo?
8. Por que Pedro começou a afundar nas águas do mar da galiléia?
9. Quando se sentir inseguro o que você deve fazer?
10. Quem sempre nos socorre, quando precisamos de ajuda?
11. O que é necessário adquirir para conquistar a tranquilidade e paz do Cristo dentro de ti?
12. Como é possível aumentar a nossa fé?
13. Por que Jesus é nosso maior exemplo de coragem?
Subsídio para o Evangelizador:
Pelo texto de João, compreendemos que os discípulos desceram à praia e permaneceram perto do barco, onde ficaram esperançosos de que Jesus viesse alcançá-los. Entretanto, "já se tornara escuro e ele não viera". Resolveram, então, partir.
Uma vez embarcados, os discípulos encontram vento contrário bastante forte, o que era comum no lago , tanto que não haviam chegado à outra margem "na quarta vigília da noite", isto é, entre 3 e 6 h da manhã.
(...)Mas, às 3 ou 4 horas da manhã eles só haviam avançado "25 a 30 estádios" (segundo João), anotação que parece ter sido introduzida em Mateus posteriormente, pois só aparece em alguns manuscritos ("a muitos estádios da terra"). O estádio media cerca de 185 metros; portanto, eles só se haviam adiantada cerca de 5 km da margem.
Continuava a luta contra o vento, e os discípulos remavam esforçadamente, para alcançarem rápido a outra margem, talvez imaginando que o Mestre seguiria a pé e lá chegaria antes deles, para esperá-los.
Repentinamente percebem, assustadíssimos, um vulto branco a caminhar calmamente sobre o mar encapelado pelo vento ... O que seria? Quem seria? Olham melhor: é uma forma humana ... aproxima-se ... só pode ser um fantasma! E os fantasmas eram considerados de mau agouro.
O medo foi crescendo, eriçando os cabelos, arrepiando a pele, e aqueles pescadores rudes, homens fortes e barbados, não tiveram outro remédio senão ... gritar "valentemente"'! ...
Penalizado, mas bem provavelmente a sorrir do susto que pregou em seus discípulos, Jesus os acalma,recomendando-lhes "coragem" que eles demonstraram evidentemente não possuir ...
(...)O velho pescador saltou do barco, sob o olhar horrorizado dos companheiros, sem pesar as consequências, e lá foi cambaleante, a equilibrar-se sobre os vagalhões ferozes; mas quando, ao chegar já perto do Mestre Querido, se dá conta do vento violento, fica com medo. Ora, o medo é justamente a falta de fé, a perda da confiança.. E sem fé, nada é possível construir nem realizar: ele começa a afundar e grita apavorado por "socorro"! Jesus repreende-o suavemente (mais uma vez O entrevemos a sorrir ...): "ó pequena fé, por que duvidaste"? E segurou-o pela mão. (Sabedoria do Evangelho. Volume 3. Jesus anda sobre a água. Carlos Torres Pastorino)
O medo, em si mesmo, não é negativo, assim se mostrando quando, irracionalmente, desequilibra a pessoa.
O desconhecido, pelas características de que se reveste, pode desencadear momentos de medo, o que também ocorre em relação ao futuro e sob determinadas circunstâncias, tornando-se, de certo modo, fator de preservação da vida, ampliação do instinto de autodefesa. Mal trabalhado na infância, por educação deficiente, o que poderia tornar-se útil, diminuindo os arroubos excessivos e a precipitação irrefletida, converte-se em perigoso adversário do equilíbrio do educando.
São comuns, nesse período, as ameaças e as chantagens afetivas: — Se você não se alimentar, ou não dormir, ou não proceder bem, papai e mamãe não gostarão mais de você..., ou o bicho papão lhe pega, etc. A criança, incapaz de digerir a informação, passa a ter medo de perder o amor, de ser devorada, perturbando a afetividade, que entorpece a naturalidade no seu processo de amadurecimento, tornando o adolescente inseguro e um adulto que não se sente credor de carinho, de respeito, de consideração.
(...)Bem canalizado, o medo se transforma em prudência, em equilíbrio, auxiliando a discernir qual o comportamento ético adequado, até o momento em que o amadurecimento emocional o substitui pela consciência responsável. (Autodescobrimento: uma busca interior. Cap. 9 - Viciações mentais. Pânico. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco)
O medo da morte resulta do instinto de conservação, que trabalha em favor da manutenção da vida.
No entanto, (...) o desconhecimento da imortalidade, as informações fragmentárias, as lendas e fantasias, os mistérios, a ignorância, vestiram a morte de inusitadas e irreais expressões, que não correspondem à realidade.
(...) Às vezes se torna tão grave o medo da morte que portadores de transtornos psicológicos matam-se para não aguardarem a morte, em terrível atitude paradoxal. (Autodescobrimento: uma busca interior. Cap. 9 - Viciações mentais. Medo da morte. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco)
O medo desfigura e entorpece a realidade. Agiganta e avoluma insignificâncias, produzindo fantasmas onde apenas suspeitas se apresentam. (Momentos de felicidade. Espírito Joanna de Ângelis. Cap.11 - Insegurança e medo. Psicografado por Divaldo Pereira Franco)
Segundo Vinícius, pseudônimo utilizado pelo educador Pedro de Camargo, "Temer é duvidar, dúvida é não ter fé. "(Nas pegadas do Mestre. Não temais. Vinícius)
A dúvida é um sentimento atroz, que nos lança numa situação de conflito íntimo. Neste sentido, afirmava o apóstolo Tiago em sua epístola: “(...) porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte” (Tiago 1:6) ( Livro 2 - Estudo aprofundado da Doutrina Espírita. Ensinos e Parábolas de Jesus. Roteiro 3. Jesus caminha sobre as águas. Marta Antunes de Oliveira Moura)
Toda vez que duvidais de vós mesmos, da vossa capacidade de progresso e de serviço, duvidais do Criador, que nos destinou à glória eterna! (Falando à Terra. Cap. 30. O tempo. Espírito J. A. Nogueira. Psicografado por Chico Xavier)
A dúvida, no plano externo, pode auxiliar a experimentação, nesse ou naquele setor do progresso material, mas a hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas melhores energias. Quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo. Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda. (Fonte viva. Cap. 165. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Se a dúvida pode significar um estado superior para a mentalidade científica, é, também, no campo da fé, um limite justo à incapacidade espiritual. (Irmãos unidos . Cap. 1 - No estudo da verdade. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Confiando/desconfiando, Pedro atendeu, de certa forma, à solicitação do Mestre de ir até ele, andando sobre as águas. Entretanto, a dúvida foi maior que a confiança, por isso ele começou a afundar nas águas do lago de Genesaré. É possível que lhe tenha faltado fé, não no Mestre, mas em si próprio. ( Livro 2 - Estudo aprofundado da Doutrina Espírita. Ensinos e Parábolas de Jesus. Roteiro 3. Jesus caminha sobre as águas. Marta Antunes de Oliveira Moura)
A tempestade estabelecera a perturbação no ânimo dos discípulos mais fortes. Desorientados, ante a fúria dos elementos, socorrem-se de Jesus, em altos brados.
Atende-os o Mestre, mas pergunta depois:
— “Onde está a vossa fé?”
O quadro sugere ponderações de vasto alcance. A interrogação de Jesus indica claramente a necessidade de manutenção da confiança, quando tudo parece obscuro e perdido. Em tais circunstâncias, surge a ocasião da fé, no tempo que lhe é próprio.
Se há ensejo para trabalho e descanso, plantio e colheita, revelar-se-á igualmente a confiança na hora adequada.
Ninguém exercitará otimismo, quando todas as situações se conjugam para o bem-estar. É difícil demonstrar-se amizade nos momentos felizes.
Aguardem os discípulos, naturalmente, oportunidades de luta maior, em que necessitarão aplicar mais extensa e intensivamente os ensinos do Senhor. Sem isso, seria impossível aferir valores.
Na atualidade dolorosa, inúmeros companheiros invocam a cooperação direta do Cristo. E o socorro vem sempre, porque é infinita a misericórdia celestial, mas, vencida a dificuldade, esperem a indagação:
— Onde está a vossa fé?
E outros obstáculos sobrevirão, até que o discípulo aprenda a dominar-se, a educar-se e a vencer, serenamente, com as lições recebidas. (Caminho, Verdade e Vida. Cap. 40 - Tempo de confiança. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Joanna de Ângelis faz algumas recomendações para erradicar o medo, segundo a benfeitora: "A coragem de manter contato com os próprios medos é recurso terapêutico muito valioso para a sua erradicação, ou, pelo menos, para a sua administração psicológica.
(...)A vitória sobre qualquer conflito resulta de esforços ingentes e contínuos que o indivíduo se propõe com decisão e coragem.
Mesmo quando superado o medo, isso não significa a sua eliminação total e absoluta, pois que novas situações podem exigir precaução e vigilância que se apresentarão em forma de temor.
Alicerçadas nos bons resultados já conseguidos, as novas tentativas serão muito mais fáceis do que as iniciais.
A grande terapia para todos os tipos de medo é a do amor. O amor a si mesmo, ao seu próximo e a Deus.
(...)Quando ama, o ser enriquece-se de coragem, embora não possa evitar os enfrentamentos em face dos impulsos edificantes que do amor emanam.
(...)É comum ouvir-se alguém em queixa a respeito da própria capacidade de conhecimento, das possibilidades de realização pessoal, em face do medo de insucesso e de erro.
Muito pior é não tentar, não saber com segurança a respeito de si mesmo, preferindo a dúvida mesquinha. "(Conflitos existenciais. Cap. 4 - Medo. Erradicação do medo. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
Poder-se-á definir o que é ter fé?
Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.
Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”. (O Consolador. Questão 354. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Cumpre não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se conjuga à humildade; aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, por saber que, simples instrumento da vontade divina, nada pode sem Deus. Por essa razão é que os bons Espíritos lhe vêm em auxílio. A presunção é menos fé do que orgulho, e o orgulho é sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos malogros que lhe são infligidos. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19. Item 4. Allan Kardec)
Segundo o Espírito André Luiz, " A fé viva não é patrimônio transferível. É conquista pessoal. (...)A fortaleza moral não é produto de rogos alheios. Provém do nosso esforço na resistência para o bem. (Agenda Cristã. Cap. 43. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Será fé acreditar sem raciocínio?
-Acreditar é uma expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé em si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um exame minucioso, é caminhar para o desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos conduzem as criaturas a todos os despautérios. Mas também interferir nos problemas essenciais da vida, sem que a razão esteja iluminada pelo sentimento, é buscar o mesmo declive onde os fantasmas impiedosos da negação conduzem as almas a muitos crimes. (O Consolador. Questão 355. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século, tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida. A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19. Item 7. Allan Kardec)
Noutra acepção, entende-se como fé a confiança que setem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se executem grandes coisas.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado. A fé vacilante sente a sua própria fraqueza; quando a estimula o interesse, torna-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força que lhe falece. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19. Item 3. Allan Kardec)
A fé, de forma alguma liberar-te-á do sofrimento. Oferecer-te-á recursos para amenizá-lo, dando-te compreensão para enfrentá-lo e armando-te de coragem para te impedires o desespero, com o qual mais te mortificarias. (Alerta. Cap. 46. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
Ocorre, muitas vezes, que a individualidade percebe a luta titânica e inglória dos veículos, no oceano do mundo, açoitados pelo vento borrascoso das emoções descontroladas. Mas não atende logo, porque sabe que é necessário aprender a dominá-las por si mesmos. No momento oportuno, vai aproximando-se levemente, por cima das vagas altas e violentas, inatingido pelas ondas e pelo furacão, tranquilo em sua serenidade infinita.
Todos os grandes místicos que obtiveram o Encontro Sublime, a Iluminação da alma, experimentaram antes a terrível "Noite Escura da Alma" os momentos cruciais das "Trevas Espessas" (cfr. Kempis, Henrique de Suso, Mestre Eckhart, João da Cruz, Teresa de Ávila, Ruysbroeck, Catarina de Siena, ngela de Foligno, Francisco de Sales, Madame Guyon, etc. )
(...) Quando, após esse período de secura espiritual, vemos aproximar-se a figura imaterial do Cristo Interno, assustamo-nos horrorizados, temendo seja mais uma ilusão (fantasma) de nossa mente, alguma criação mental nossa que não venha desviar da meta tão arduamente perseguida. E gritamos apavorados, encolhendo-nos no mais recôndito desvão de nós mesmos.
A felicidade só começa a fazer-se sentir, quando identificamos a voz suave e inconfundível do Amado de nossa alma.
E quantas vezes atiramo-nos afoitamente aos vagalhões enfurecidos, para mais depressa abraçarmos o Ser Inefável que é nosso Cristo Interno! Mas, no meio da viagem, quase a alcançar o porto seguro, frequentemente assalta-nos a dúvida, e sentimo-nos submergir mais uma vez, derrubados pela ventania infrene que ulula em torno de nós, apanhados e rodopiados pelas ondas revoltas que nos turbilhonam, arrastando-nos ao abismo ...
(...) quando gritamos novamente por socorro. E a mão, sempre terna, do Amigo Incondicional, se estende, sustentando-nos acima das vagas enraivecidas.
Uma vez firmes e seguros de nossos passos, tendo em nossa mão a mão firme do Cristo, vemos que os veículos reclamam para si a honra de carregar a Individualidade. Logo que esta penetra em nós mesmos, isto é, logo que conseguimos unir-nos a ela que já reside em nós, cessa o vento, o mar se abranda, e imediatamente chegamos ao porto de destino aliviados e consolados (Cafarnaum = cidade do Consolador).
Quantas vezes se repetem essas cenas, e depois de cada uma acreditamo-nos definitivamente imunes de outros vendavais ... Mas eles voltam, e cada vez com, parece-nos, uma violência maior, mais assustadora ...
Nos momentos do Encontro, ao sentirmo-nos envolvidos pela suavidade da Paz do Cristo, reconhecemos que verdadeiramente "Ele é um filho de Deus", ou seja, uma partícula da Divindade que vive em nós e nos sustenta, sempre Amoroso e Terno, sempre Compassivo e Benevolente. (Sabedoria do Evangelho. Volume 3. Jesus anda sobre a água. Carlos Torres Pastorino)
Segundo o Espírito Emmanuel, "Todos somos surpreendidos pelo dia nublado de incerteza em que nos reconhecemos perplexos.
Por dentro, ansiedade; por fora, consternação...
Não nos sintamos, porém, sozinhos. Dispomos da mente de Cristo, o Divino Mestre da Alma.
Roguemos a Jesus caminho e sustento.
A hora da incerteza é, sobretudo, a hora da prece. Quando a sombra chega é o momento de fazer luz. "(Palavras de vida eterna. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da vida.
A prece impulsiona as recônditas energias do coração, libertando-as com as imagens de nosso desejo, por intermédio da força viva e plasticizante do pensamento, imagens essas que, ascendendo às Esferas Superiores, tocam as inteligências visíveis ou invisíveis que nos rodeiam, pelas quais comumente recebemos as respostas do Plano Divino, porqüanto o Pai Todo-Bondoso se manifesta igualmente pelos filhos que se fazem bons.
A vontade que ora, tange o coração que sente, produzindo reflexos iluminativos atra vés dos quais o espírito recolhe em silêncio, sob a forma de inspiração e socorro íntimo, o influxo dos Mensageiros Divinos que lhe presidem o território evolutivo, a lhe renovarem a emoção e a idéia, com que se lhe aperfeiçoa a existência.
Dispomos na oração do mais alto sistema de intercâmbio entre a Terra e o Céu.
Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador e o Criador responde à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos da Vida Vitoriosa. (Pensamento e vida. Cap.26 - Oração. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
"Não temas! crê somente!"— disse Jesus (Marcos 5:36).
"Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, de amor e de moderação", afirma Paulo de Tarso (2Timóteo 1:7).
"No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor", complementa o apóstolo João (1João 4:18).
Quando os profetas (médiuns) viam algum espírito ou se sentiam impressionados pela sua influência, mostravam-se, quase sempre, profundamente emocionados. As primeiras palavras que do Além lhe dirigiam, invariavelmente, eram estas: "Não temais."
Jesus, o incomparável Mestre, foi pródigo dessa expressão. Inúmeras vezes seus discípulos receberam dele aquela alentadora admoestação. Seu alvo, como exímio educador, era levantar o moral dos seus discípulos, preparando-os para as lutas da vida, quer se tratasse das lutas íntimas, quer se tratasse das lutas travadas com elementos externos.
"No mundo tereis tribulações", predizia ele; "mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo", acrescentava com ênfase.
(...) Ide, disse ele aos seus escolhidos: "Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Contudo, não temais; os cabelos de vossa cabeça estão contados." Jesus não procurava atemorizar. Os processos terroristas não faziam parte de seu programa. Vinha salvar pelo amor.
Pelo terror nenhuma alma se salvará. Salvar é educar. Educar é desenvolver os poderes do espírito aplicando-os na conquista de estados cada vez mais elevados. Salvar é subir, é gravitar de um céu para outro céu, numa ascensão contínua e intérmina. Tal obra não se realiza por efeito do medo. Ela requer coragem, valor, abnegação.
Os falsos educadores agem pelo terror. Carecem dos meios e dos recursos peculiares à boa pedagogia; não convencem, por isso amedrontam. Querem conduzir os homens tangendo-os como fazem os pastores com suas manadas. Esquecem-se de que os seres livres não marcham para a conquista de seus destinos, tangidos, mas sim atraídos. A atração é exercida pela frente. Os educadores precisam ser maiores e melhores que seus educandos, visto como hão-de atraí-los, e não empurrá-los.
O educador (salvador) deve ser admirado pelos seus discípulos: nunca temido.
Jesus era amado e venerado pelos apóstolos. Todos eles se sacrificaram, com prazer, pela causa encarnada em seu mestre querido. Se eles fossem doutrinados pelos processos terroristas, baqueariam diante das primeiras perseguições. Seriam covardes como todos os que agem pela influência do medo.
Só vemos Jesus usar expressões veementes quando se dirigiu aos hipócritas, aos sacerdotes, aos escribas e às autoridades venais que escorchavam o povo. Nunca, porém, vemos o sublime Mestre abatendo o ânimo dos pecadores. Jamais o encontramos, em todos os episódios que com ele se deram, em atitude de quem ameaça visando a entibiar a coragem das massas populares.
Antes de Jesus passar pela Terra, Deus era a Força; depois de sua passagem, João, o discípulo amado, interpretando a doutrina de seu Mestre, dizia: Deus é Amor.
A Igreja ignora tudo isto. Ela continua pregando o terror, disseminando ameaças em linguagem apocalíptica, a fim de deprimir os ânimos. A Nova Revelação, opondo embargos às suas arremetidas, repete com as Escrituras e com o Redentor do mundo: —NAO TEMAIS! (Nas pegadas do Mestre. Não temais. Vinícius)
Jesus Cristo disse: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." (João 8:12)
Se Jesus não tivesse confiança na regeneração dos homens e no aprimoramento do mundo, naturalmente, não teria vindo ao encontro das criaturas e nem teria jornadeado nos escuros caminhos da Terra. (Coragem. Cap. 29 - Jesus e o mundo. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Jesus é nosso maior exemplo de coragem, segundo Joanna de Ângelis, " A Sua foi uma vida de constantes desafios.
Em luta contínua em favor do Bem, jamais deixou de agir corretamente, com desassombro.
A mensagem de que se tornara portador, objetivando libertar as consciências humanas para a Verdade, dEle fez o Nunca anuiu com o crime disfarçado de legalidade; com a arrogância mascarada de humildade; com a injustiça apoiada pelos poderosos; com a hipocrisia travestida de honestidade; com a discriminação de qualquer natureza sob justificativas sociais, econômicas, raciais ou religiosas.
Elegeu um samaritano como exemplo de solidariedade, em detrimento de um sacerdote presunçoso e de um levita astuto, que desfrutavam de algum prestígio na comunidade dominadora, embora aquele fosse detestado e desconsiderado.
Apoiou a mulher, que se tornara objeto de prazeres e era acusada publicamente de haver induzido o homem ao pecado, ao crime, com naturalidade e ternura, escolhendo uma equivocada, de conduta pública irregular, para torná-la mensageira da boa nova da Sua ressurreição.
Fez-se a voz dos humildes e esquecidos, os sem direitos nem apoio, a fim de que os seus justos reclamos se fizessem ouvidos.
Conviveu com as pessoas ditas de “má vida”, sem receio de contaminação, com total desprezo dos que possuíam privilégios em uma vida má, à qual se entregavam ocultamente.
Sua palavra, suave ante os sofredores, tornava-se contundente e viril diante dos perversos, dos bajuladores e dos pusilânimes, os quais nunca temeu.
Em momento algum receou perder a vida, pois que para isso viera.
Não negociou favores ou submeteu-se às conveniências humanas.
Humilde, não se fez subserviente; afável, não se tornou piegas; amigo, não se qualificou subalterno.
Sempre estóico, mantinha a linguagem e a conduta próprias para cada ocasião, pessoa e circunstância, sem afastar-se do roteiro que estabelecera.
Viveu e agiu com firmeza, fora de subterfúgios, mantendo um só comportamento; o de fidelidade a Deus. ( Jesus e atualidade. Cap. 10. Jesus e Coragem. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Franco)
Segundo Cairbar Schutel, " A vida de Jesus e seus feitos são verdadeiramente maravilhosos. O seu poder dominava todos os elementos; a sua sabedoria conhecia todos os mistérios; por isso a sua ação era prodigiosa.
Médium Divino que resumiu todos os dons e conversava com todos os grandes Profetas do Além que o seguiam em sua Missão e o auxiliavam, Ele caminha por sobre o mar a pés enxutos, de acordo com a lei da levitação dos corpos que o Espiritismo ensina e explica atualmente.
Seus discípulos, vendo-o caminhar sobre as águas, e como era noite, não o conheceram distintamente, julgando tratar-se da aparição de algum Espírito, fato que parece, tinham já observado várias vezes, dado o temor que lhes sobreveio e sua exclamação: “É um fantasma!”
Depois de o Mestre se haver dado a conhecer, foram tomados de confiança e Pedro suplicou-lhe permissão para ir ao seu encontro “por cima das águas” . Acedendo Jesus, Pedro sai da barca envolto nos fluidos de seu Mestre, e também auxiliado na levitação pelos Espíritos que acompanhavam a Jesus, até que, vacilando, isto é, perdendo a fé, perdeu o auxílio superior e se foi submergindo!
Reconhecendo, cheio de temor, o desamparo divino, apela novamente para Jesus, sendo por este amparado; ao contacto com o Nazareno, volta-lhe a fé, e foi transportado para a barca em companhia do Mestre.
Este fato maravilhou tanto aos que estavam na barca, que adoraram a Jesus, dizendo: “Verdadeiramente és Filho de Deus!” (Parábolas e ensinos de Jesus. Jesus anda sobre o mar - O pedido de Pedro. Cairbar Schutel)
Segundo Allan Kardec, "Este fenômeno encontra explicação natural...
Exemplos análogos provam que ele nada tem de impossível, nem de miraculoso, pois que se produz sob a ação das leis da Natureza. Pode operar-se de duas maneiras.
Jesus, embora estivesse vivo, pôde aparecer sobre a água, com uma forma tangível, estando alhures o seu corpo. É a hipótese mais provável. (A Gênese. Cap. 15. Item 42. Allan Kardec)
Por sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível e tem isto de comum com uma imensidade de fluidos que sabemos existir, sem que, entretanto, jamais os tenhamos visto. Mas, também, do mesmo modo que alguns desses fluidos, pode ele sofrer modificações que o tornem perceptível à vista, quer por meio de uma espécie de condensação, quer por meio de uma mudança na disposição de suas moléculas. (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 6. Item 105. Allan Kardec)
Sabemos que durante o sono o Espírito readquire parte da sua liberdade, isto é, isola-se do corpo e é nesse estado que, em muitas ocasiões, se tem ensejo de observá-lo. Mas, o Espírito, quer o homem esteja vivo, quer morto, traz sempre o envoltório semi material que, pelas mesmas causas de que já tratamos, pode tornar-se visível e tangível.
(...)Isolado do corpo, o Espírito de um vivo pode, como o de um morto, mostrar-se com todas as aparências da realidade. Demais, pelas mesmas causas que temos exposto, pode adquirir momentânea tangibilidade. Este fenômeno, conhecido pelo nome de bicorporeidade , foi que deu azo às histórias de homens duplos, isto é, de indivíduos cuja presença simultânea em dois lugares diferentes se chegou a comprovar. Aqui vão dois exemplos, tirados, não das lendas populares, mas da história eclesiástica.
Santo Afonso de Liguori foi canonizado antes do tempo prescrito, por se haver mostrado simultaneamente em dois sítios diversos, o que passou por milagre.
Santo Antônio de Pádua estava pregando na Itália (vide: Nota Especial à página 187), quando seu pai, em Lisboa, ia ser suplicado, sob a acusação de haver cometido um assassínio. No momento da execução, Santo Antônio aparece e demonstra a inocência do acusado. Comprovou-se que, naquele instante, Santo Antônio pregava na Itália, na cidade de Pádua.
Por nós evocado e interrogado, acerca do fato acima, Santo Afonso respondeu do seguinte modo:
Poderias explicar-nos esse fenômeno?
“Perfeitamente. Quando o homem, por suas virtudes, chegou a desmaterializar-se completamente; quando conseguiu elevar sua alma para Deus, pode aparecer em dois lugares ao mesmo tempo. Eis como: o Espírito encarnado, ao sentir que lhe vem o sono, pode pedir a Deus lhe seja permitido transportar-se a um lugar qualquer. Seu Espírito, ou sua alma, como quiseres, abandona então o corpo, acompanhado de uma parte do seu perispírito, e deixa a matéria imunda num estado próximo do da morte. Digo próximo do da morte, porque no corpo ficou um laço que liga o perispírito e a alma à matéria, laço este que não pode ser definido. O corpo aparece, então, no lugar desejado. Creio ser isto o que queres saber.”
Isso não nos dá a explicação da visibilidade e da tangibilidade do perispírito.
“Achando-se desprendido da matéria, conforme ao grau de sua elevação, pode o Espírito tornar-se tangível à matéria.”
Será indispensável o sono do corpo, para que o Espírito apareça noutros lugares?
“A alma pode dividir-se, quando se sinta atraída para lugar diferente daquele onde se acha seu corpo. Pode acontecer que o corpo não se ache adormecido, se bem seja isto muito raro; mas, em todo caso, não se encontrará num estado perfeitamente normal; será sempre um estado mais ou menos extático.” ( Nota: A alma não se divide, no sentido literal do termo: irradia-se para diversos lados e pode assim manifestar-se em muitos pontos, sem se haver fracionado. Dá-se o que se dá com a luz, que pode refletir-se simultaneamente em muitos espelhos.)
Que sucederia se, estando o homem a dormir, enquanto seu Espírito se mostra noutra parte, alguém de súbito o despertasse?
“Isso não se verificaria, porque, se alguém tivesse a intenção de o despertar, o Espírito retornaria ao corpo, prevendo a intenção, porquanto o Espírito lê os pensamentos.” (Nota: Explicação inteiramente idêntica nos deram, muitas vezes, Espíritos de pessoas mortas, ou vivas. Santo Afonso explica o fato da dupla presença, mas não a teoria da visibilidade e da tangibilidade.) (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 7. Item 114 e 119. Allan Kardec)
Segundo Martins Peralva, "Todos os fenômenos de materialização são regidos, ou supervisionados, por entidades elevadas, capazes de conduzir com segurança tão importantes, difíceis e perigosos trabalhos.
Nenhum Espírito Superior — podemos dizer isto sem pestanejar — concorda em materializar-se simplesmente para atender à curiosidade de “A” ou “B.”
(...) MATERIALIZAÇÃO é o fenômeno pelo qual os Espíritos se corporificam, tornando-se visíveis a quantos estiverem no local das sessões.
Não é preciso ser médium para ver o Espírito materializado.
Materializando-se, corporificando-se, pode o Espírito ser visto, sentido e tocado.
Podemos abraçá-lo, sentir-lhe o calor da temperatura, ouvir-lhe as pulsações do coração e com ele conversar naturalmente.
APARIÇÃO é o fenômeno pelo qual o Espírito é visto APENAS por quem tiver vidência.
A materialização é um fenômeno objetivo e a aparição é um fenômeno subjetivo.
Há, portanto, fundamental diferença entre uma e outra." (Estudando a mediunidade. Cap. 42. Martins Peralva)
Nos fenômenos de materialização, os Espíritos têm que contar com três elementos essenciais, a fim de que o trabalho alcance êxito.
A esses elementos, o Assistente Áulus , visando, sem dúvida, a melhor compreensão dos estudiosos, dá a denominação de Fluidos “A”, “B” e “C”, classificando-os da seguinte maneira ( Vide: Nos domínios da mediunidade. Cap. 28. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier):
A — Representando as forças superiores e sutis das Esferas elevadas.
B — Recursos ou energias do médium (ectoplasma) e dos seus companheiros.
C — Recursos ou energias tomadas à Natureza terrestre, nas águas, nas plantas, etc.
O próprio Assistente acentua que os supervisores não encontram dificuldades na manipulação dos Fluidos “A” e “C.”
Os fluidos “A” são puros e contribuem para a sublimação do fenômeno; os fluidos “C” são dóceis e representam energias extremamente propícias à execução dos trabalhos.
Todavia, quando chega o momento de selecionar e apurar os Fluidos “B”, que representam a contribuição dos encarnados, o esforço dos obreiros espirituais esbarra, sempre, com enormes obstáculos.
Na maioria dos casos é profundamente trabalhoso o serviço de composição dos três elementos (A, B e C), porque, enquanto o Plano Superior e a Natureza oferecem o que de melhor possuem, nós, os encarnados, responsáveis pela contribuição “B”, primamos em oferecer o que de mais ínfimo detemos, através de «formas-pensamentos, absurdas, de emanações viciosas resultantes do uso do fumo e da bebida e do abuso de carnes, bem assim de petições inadequadas, simbolizando os caprichos e incongruências que nos são peculiares. (Estudando a mediunidade. Cap. 43. Martins Peralva)
A segunda hipótese para o fenômeno que ocorreu com Jesus é explicado da seguinte forma por Allan Kardec:
"Por outro lado, também pode ter sucedido que seu corpo fosse sustentado e neutralizada a sua gravidade pela mesma força fluídica que mantém no espaço uma mesa, sem ponto de apoio. Idêntico efeito se produz muitas vezes com os corpos humanos". (A Gênese. Cap. 15. Item 42. Allan Kardec)
No Livro dos Médiuns, Allan Kardec define os médiuns que produzem este fenômeno, conhecido por levitação, da seguinte forma:
Médiuns de translações e de suspensões: os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se a si mesmos. Mais ou menos raros, conforme a amplitude do fenômeno; muito raros, no último caso.(O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 16. Item 189. Allan Kardec)
No Dicionário de Filosofia Espírita, define o fenômeno da levitação da seguinte forma: "Ato ou efeito de levitar. Fenômeno psíquico, anímico ou mediúnico, no qual pessoa ou coisa ergue-se acima do solo sem uma razão visível, apenas devido à força mental, de um encarnado ou desencarnado, que movimenta fluídos ectoplasmáticos capazes de produzir uma alavanca psíquica suficientemente forte para vencer a força da gravidade. É um fenômeno de efeito físico. Elevação de um corpo no espaço, sem contato aparente, ficando suspenso, como se estivesse subtraído à ação da gravidade." (Dicionário de Filosofia Espírita. L.Palhano Jr.)
No mesmo dicionário encontramos muitas informações sobre ectoplasma:" Do grego: Ektós =indica movimento para fora; plasma= obra modelável, substância plasmática (Metapsíquica). Palavra utilizada por Charles Riquet para definir uma substância caracterizada como uma espécie de plasma, flexível, viscoso, incolor e inodoro, sensível ao pensamento, que escapa do organismo de certos indivíduos, através dos poros e dos orifícios naturais do corpo. Trata-se de um transe biológico, quando a não apenas dissociação psíquica, mas também biológica. "(Dicionário de Filosofia Espírita. L.Palhano Jr.)
Segundo o instrutor espiritual Aúlus, " O ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da Natureza. Em certas organizações fisiológicas especiais da raça humana, comparece em maiores proporções e em relativa madureza para a manifestação necessária aos efeitos físicos que analisamos. É um elemento amorfo, mas de grande potência e vitalidade. Pode ser comparado a genuína massa protoplásmica, sendo extremamente sensível, animado de princípios criativos que funcionam como condutores de eletricidade e magnetismo, mas que se subordinam, invariavelmente, ao pensamento e à vontade do médium que os exterioriza ou dos Espíritos desencarnados ou não que sintonizam com a mente mediúnica, senhoreando-lhe o modo de ser. Infinitamente plástico, dá forma parcial ou total às entidades que se fazem visíveis aos olhos dos companheiros terrestres ou diante da objetiva fotográfica, dá consistência aos fios, bastonetes e outros tipos de formações, visíveis ou invisíveis nos fenômenos de levitação, e substancializa as imagens criadas pela imaginação do médium ou dos companheiros que o assistem mentalmente afinados com ele. " (Nos domínios da mediunidade. Cap. 28 - Efeitos Físicos. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Não só a literatura espírita, mas (...) o próprio Hagiológico da Igreja Católica narram casos de médiuns, de profetas e de santos que se elevaram no ar, ou levitaram em ambientes fechados, templos e ao ar livre. (Do ABC ao Infinito. José Náufel. Vol 2)
Na Revista Espírita de 1859, Allan Kardec faz o seguinte comentário: "De quantas graçolas não foram objeto as levitações de São Cupertino? Ora, a suspensão etérea dos corpos sólidos é um fato demonstrado e explicado pelo Espiritismo. Nós mesmos fomos testemunha ocular e o Sr. Home, bem como outras pessoas de nossas relações, repetiram várias vezes o fenômeno produzido por São Cupertino." (Revista Espírita. Outubro de 1859. Os Milagres. Allan Kardec)
O Sr. Home é um médium do gênero dos que produzem manifestações ostensivas, sem excluir por isto as comunicações inteligentes, mas as suas predisposições naturais lhe dão para as primeiras uma aptidão toda especial. Sob sua influência ouvem-se os mais estranhos ruídos; o ar se agita; os corpos sólidos se movem, levantam-se, transportam-se de um lado a outro, através do espaço; instrumentos de música produzem sons melodiosos; aparecem seres do mundo extracorpóreo que falam, que escrevem e que por vezes nos abraçam até produzir dor. Muitas vezes ele próprio se viu, em presença de testemunhas oculares, elevado, sem apoio, a vários metros de altura.(Revista Espírita. Fevereiro de 1858. O Sr. Home. Allan Kardec)
Entretanto, objetarão, admitis que um Espírito pode suspender uma mesa e mantê-la no espaço sem ponto de apoio. Não constitui isto uma derrogação da lei de gravidade? — Constitui, mas da lei conhecida; porém, já a natureza disse a sua última palavra? Antes que se houvesse experimentado a força ascensional de certos gases, quem diria que uma máquina pesada, carregando muitos homens, fosse capaz de triunfar da força de atração? Aos olhos do vulgo, tal coisa não pareceria maravilhosa, diabólica? Por louco houvera passado aquele que, há um século, se tivesse proposto a transmitir um telegrama a 500 léguas de distância e a receber a resposta, alguns minutos depois. Se o fizesse, toda gente creria ter ele o diabo às suas ordens, pois que, àquela época, só ao diabo era possível andar tão depressa. Por que, então, um fluido desconhecido não poderia, em dadas circunstâncias, ter a propriedade de contrabalançar o peso do balão? (O Livro dos Médiuns. Primeira Parte. Cap. 2. Item 8. Allan Kardec)
Por que então o fluido universal, que é o elemento de toda a Natureza, acumulado em torno da mesa, não poderia ter a propriedade de lhe diminuir ou aumentar o peso específico relativo, como faz o ar com a campânula da máquina pneumática, como faz o gás hidrogênio com os balões, sem que para isso seja necessária a derrogação da lei de gravidade? Conheceis, porventura, todas as propriedades e todo o poder desse fluido? Não. Pois, então, não negueis a realidade de um fato, apenas por não o poderdes explicar. (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 4. Item 79. Allan Kardec)
Na Revista Espírita de 1860, Allan Kardec faz as seguintes proposições, à respeito do assunto:
1. ─ Todos os fenômenos espíritas têm por princípio a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo e suas manifestações.
2. ─ Sendo tais fenômenos baseados numa lei da Natureza, nada têm de maravilhoso nem de sobrenatural, no sentido vulgar desses vocábulos.
3. ─ Muitos fatos só são considerados sobrenaturais porque se lhes desconhecem as causas. Atribuindo-lhes uma causa, o Espiritismo os recoloca no domínio dos fenômenos naturais.
4. ─ Entre os fatos qualificados como sobrenaturais, há muitos cuja impossibilidade é demonstrada pelo Espiritismo, que os coloca entre as crenças supersticiosas.
5. ─ Embora o Espiritismo reconheça em muitas crenças populares um fundo de verdade, de modo algum aceita a solidariedade de todas as histórias fantásticas criadas pela imaginação.
6. ─ Julgar o Espiritismo pelos fatos que ele não admite é dar prova de ignorância e neutralizar o valor da própria opinião.
7. ─ A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, suas causas e consequências morais, constituem uma verdadeira ciência que requer estudo sério, perseverante e aprofundado. (Revista Espírita. Setembro de 1860. O maravilhoso e o sobrenatural. Allan Kardec)
Pois que o Espiritismo repudia toda pretensão às coisas miraculosas, haverá, fora dele, milagres, na acepção usual desta palavra?
Digamos, primeiramente, que, dos fatos reputados milagrosos, ocorridos antes do advento do Espiritismo e que ainda no presente ocorrem, a maior parte, senão todos, encontram explicação nas novas leis que ele veio revelar.
Esses fatos, portanto, se compreendem, embora sob outro nome, na ordem dos fenômenos espíritas e, como tais, nada têm de sobrenatural. Fique, porém, bem entendido que nos referimos aos fatos autênticos e não aos que, com a denominação de milagres, são produto de uma indigna trampolinice, com o fito de explorar a credulidade. Tampouco nos referimos a certos fatos lendários que podem ter tido, originariamente, um fundo de verdade, mas que a superstição ampliou até ao absurdo. Sobre esses fatos é que o Espiritismo projeta luz, fornecendo meios de apartar do erro a verdade. (A Gênese. Cap. 13. Item 14. Allan Kardec)
Bibliografia:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19. Item 3, 4 e 7. Allan Kardec.
- A Gênese. Cap. 15. Item 42. Allan Kardec.
- O Livro dos Médiuns. Primeira Parte: Cap. 2- Item 8. Segunda Parte:Cap. 4. Item 79/ Cap. 6- Item 105 / Cap. 7- Item 114 e 119/ Cap. 16. Item 189. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Outubro de 1859. Os Milagres. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Fevereiro de 1858. O Sr. Home. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Setembro de 1860. O maravilhoso e o sobrenatural. Allan Kardec.
- Falando à Terra. Cap. 30. O tempo. Espírito J. A. Nogueira. Psicografado por Chico Xavier.
- Fonte viva. Cap. 165. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Irmãos unidos . Cap. 1 - No estudo da verdade. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Caminho, Verdade e Vida. Cap. 40 - Tempo de confiança. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- O Consolador. Questão 354, 355. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Agenda Cristã. Cap. 43. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
- Palavras de vida eterna. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Pensamento e vida. Cap.26 - Oração. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Coragem. Cap. 29 - Jesus e o mundo. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Nos domínios da mediunidade. Cap. 28 - Efeitos Físicos. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
- Autodescobrimento: uma busca interior. Cap. 9 - Viciações mentais. Pânico. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco.
- Momentos de felicidade. Espírito Joanna de Ângelis. Cap.11 - Insegurança e medo. Psicografado por Divaldo Pereira Franco.
- Conflitos existenciais. Cap. 4 - Medo. Erradicação do medo. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco.
- Alerta. Cap. 46. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco.
- Jesus e atualidade. Cap. 10. Jesus e Coragem. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Franco.
- Parábolas e ensinos de Jesus. Jesus anda sobre o mar - O pedido de Pedro. Cairbar Schutel.
- Sabedoria do Evangelho. Volume 3. Jesus anda sobre a água. Carlos Torres Pastorino.
- Estudando a mediunidade. Cap. 42 e 43. Martins Peralva.
- Dicionário de Filosofia Espírita. L.Palhano Jr.
- Do ABC ao Infinito. José Náufel. Vol 2.
- Nas pegadas do Mestre. Não temais. Vinícius.
- Livro 2 - Estudo aprofundado da Doutrina Espírita. Ensinos e Parábolas de Jesus. Roteiro 3. Jesus caminha sobre as águas. Marta Antunes de Oliveira Moura.
- Bíblia: Marcos 5:36; 2Timóteo 1:7; 1João 4:18; João 8:12.
Dinâmicas: Tenho medo; Medo ridicularizado; Medo de desafios.
Mensagens espíritas: Medo.
Sugestão de vídeos:
- Música espírita: Medo X Confiança: (Dica: pesquise no Youtube).
- História: A esperança de uma mãe (Dica: pesquise no Youtube).
Sugestão de livro infantil: Coleção vamos conversar. Estou com medo. Joy Berry. Editora Caramelo.
Bíblia: Mateus - Capítulo 14 (Marcos 6:47-52 ; João 6:16-21)
Tópicos a serem abordados:
- Jesus produziu muitos fenômenos, considerados sobrenaturais. No entanto, hoje o Espiritismo nos ensina que não existem milagres, todos estes fenômenos podem ser explicados pelas leis da Natureza. Apesar de muitos considerarem que caminhar sobre as águas, sem afundar, não seja um fenômeno muito comum, devido a lei de gravidade (que diz que existe uma força de atração que nos puxa para baixo), Allan Kardec sugere duas hipóteses para este acontecimento.
- Primeira hipótese: Teoria da bicorporeidade - Jesus estaria dormindo em outro local, enquanto transportou-se para o mar e andou sobre as águas. Através do seu pensamento e da sua vontade, seu Espírito afastou-se do seu corpo físico, acompanhado do seu perispírito, e pela manipulação do fluído universal e do ectoplasma, provocou uma espécie de condensação da matéria, tornando o seu perispírito tangível e visível (materializado), de modo que pôde ser visto pelos apóstolos. Foi a partir daí que surgiram as histórias de homens duplos, que foram visto em dois lugares diferentes.
- Segunda hipótese: Levitação - Jesus teria levitado sobre às águas, ou seja, através do seu pensamento (força mental) e vontade, conseguiu erguer-se acima das águas do mar, ficando suspenso, sem nenhum apoio visível, apenas movimentando fluídos ectoplasmáticos capazes de produzir uma alavanca suficientemente forte para vencer a força da gravidade. Em outras palavras, Jesus utilizou um fluido flexível, viscoso e incolor, sensível ao pensamento, pouco conhecido pela ciência, que possui a propriedade de contrabalançar o seu peso, permitindo que ficasse suspenso no ar, sem contato aparente, como se estivesse anulado à ação da gravidade. Este fenômeno e o outro citado anteriormente são raros, porém já foram produzidos por outros homens, considerados Santos pela Igreja Católica (como por exemplo: Antônio de Pádua e José de Cupertino ).
- Este trecho evangélico também traz lições importantes relativas à coragem, à fé e à confiança. Quando os apóstolos viram Jesus andando sobre o mar e ficaram aterrorizados, pensando que era um fantasma, o Mestre Querido quis lhes ensinar que não deveriam ter medo. Se quisessem produzir o mesmo fenômeno, deveriam ter coragem, confiança em si mesmo e no Senhor, pois era possível fazer aquilo.
- O medo, em si mesmo, não é uma emoção negativa, pois está ligado ao instinto de conservação. No entanto, o desconhecimento da imortalidade da alma, a ignorância das leis divinas, o recebimento de informações falsas e fantasiosas, provocam dúvidas na alma e, consequentemente , o dequilibrio desta emoção.
- A dúvida é um sentimento negativo, que nos lança numa situação de conflito íntimo. Temer é duvidar, dúvida é não ter fé. Toda vez que duvidamos de nós mesmos, da nossa capacidade de progresso e de serviço, duvidamos do Criador, que nos destinou à felicidade eterna. Além disso, quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo, pois ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.
- Pedro atendeu, de certa forma, à solicitação do Mestre de ir até Ele, andando sobre as águas. Entretanto, a dúvida foi maior que a confiança, por isso ele começou a afundar nas águas do mar da Galiléia. É possível que lhe tenha faltado fé, não no Mestre, mas em si próprio.
- Todos nós somos surpreendidos pelo dia nublado de incerteza, assim como ocorreu com o apóstolo Pedro, quando estava diante da tempestade de vento. Muitas vezes, diante das dificuldades da vida, ficamos com medo e gritamos por socorro divino. Clamamos por Jesus. Ele diz “vem”, e até damos passos na sua direção. Mas de repente o vento sopra mais forte, as ondas dos problemas se agigantam... E temos medo... O medo nos paralisa. Impede de percebermos as mãos fortes de Jesus segurando a nossa para não afundarmos (1). Por isso, devemos aprender a ter controle emocional, aumentando a nossa fé no Pai Celestial, através do estudo e da prática do Evangelho.
- Quando se sentir inseguro, não se desespere, faça uma prece. Ninguém está sozinho neste mundo. Peça ajuda aos bons Espíritos, pois eles sempre irão estender as suas mãos para te socorrer, sugerindo-lhe ideias que renovam a mente. No entanto, somente consiguirá sentir a tranquilidade e paz do Cristo dentro de ti, quando adquirir a plena confiança em Deus e em si mesmo. A fé não retira o obstáculo do caminho, porém, oferece-lhe recursos para amenizar o sofrimento, dando compreensão para enfrentá-lo e coragem para impedir o desespero.
- O nosso Pai Celestial ajuda aqueles que tem coragem. Jesus Cristo é nosso maior exemplo desta virtude. A Sua vida foi de constantes desafios. Ele conviveu com as pessoas ditas de “má vida” (prostitutas e cobradores de impostos), sem receio de contaminação; além disso, criticou os fariseus hipócritas, sem nenhum temor. Em momento algum teve medo de perder a vida, pois foi para isto que veio. O Mestre Querido sacrificou-se para ensinar a verdade, aceitando o crucifixo entre ladrões, confiando plenamente em Deus.
Comentário (1): https://www.searadomestre.com.br/evangelizacao/coragemj.htm. Data da consulta: 21-11-21.
Perguntas para fixação:
1. Os Milagres existem?
2. Quais são os nomes dos dois fenômenos que podem explicar o fato de Jesus andar sobre as águas?
3. O que é a bicorporeidade?
4. O que é a levitação?
5. Quais virtudes Jesus quis ensinar quando andou sobre as águas?
6. O que pode provocar o medo em exagero, ou seja, o desequilíbrio desta emoção?
7. Por que a dúvida é uma sentimento negativo?
8. Por que Pedro começou a afundar nas águas do mar da galiléia?
9. Quando se sentir inseguro o que você deve fazer?
10. Quem sempre nos socorre, quando precisamos de ajuda?
11. O que é necessário adquirir para conquistar a tranquilidade e paz do Cristo dentro de ti?
12. Como é possível aumentar a nossa fé?
13. Por que Jesus é nosso maior exemplo de coragem?
Subsídio para o Evangelizador:
Pelo texto de João, compreendemos que os discípulos desceram à praia e permaneceram perto do barco, onde ficaram esperançosos de que Jesus viesse alcançá-los. Entretanto, "já se tornara escuro e ele não viera". Resolveram, então, partir.
Uma vez embarcados, os discípulos encontram vento contrário bastante forte, o que era comum no lago , tanto que não haviam chegado à outra margem "na quarta vigília da noite", isto é, entre 3 e 6 h da manhã.
(...)Mas, às 3 ou 4 horas da manhã eles só haviam avançado "25 a 30 estádios" (segundo João), anotação que parece ter sido introduzida em Mateus posteriormente, pois só aparece em alguns manuscritos ("a muitos estádios da terra"). O estádio media cerca de 185 metros; portanto, eles só se haviam adiantada cerca de 5 km da margem.
Continuava a luta contra o vento, e os discípulos remavam esforçadamente, para alcançarem rápido a outra margem, talvez imaginando que o Mestre seguiria a pé e lá chegaria antes deles, para esperá-los.
Repentinamente percebem, assustadíssimos, um vulto branco a caminhar calmamente sobre o mar encapelado pelo vento ... O que seria? Quem seria? Olham melhor: é uma forma humana ... aproxima-se ... só pode ser um fantasma! E os fantasmas eram considerados de mau agouro.
O medo foi crescendo, eriçando os cabelos, arrepiando a pele, e aqueles pescadores rudes, homens fortes e barbados, não tiveram outro remédio senão ... gritar "valentemente"'! ...
Penalizado, mas bem provavelmente a sorrir do susto que pregou em seus discípulos, Jesus os acalma,recomendando-lhes "coragem" que eles demonstraram evidentemente não possuir ...
(...)O velho pescador saltou do barco, sob o olhar horrorizado dos companheiros, sem pesar as consequências, e lá foi cambaleante, a equilibrar-se sobre os vagalhões ferozes; mas quando, ao chegar já perto do Mestre Querido, se dá conta do vento violento, fica com medo. Ora, o medo é justamente a falta de fé, a perda da confiança.. E sem fé, nada é possível construir nem realizar: ele começa a afundar e grita apavorado por "socorro"! Jesus repreende-o suavemente (mais uma vez O entrevemos a sorrir ...): "ó pequena fé, por que duvidaste"? E segurou-o pela mão. (Sabedoria do Evangelho. Volume 3. Jesus anda sobre a água. Carlos Torres Pastorino)
O medo, em si mesmo, não é negativo, assim se mostrando quando, irracionalmente, desequilibra a pessoa.
O desconhecido, pelas características de que se reveste, pode desencadear momentos de medo, o que também ocorre em relação ao futuro e sob determinadas circunstâncias, tornando-se, de certo modo, fator de preservação da vida, ampliação do instinto de autodefesa. Mal trabalhado na infância, por educação deficiente, o que poderia tornar-se útil, diminuindo os arroubos excessivos e a precipitação irrefletida, converte-se em perigoso adversário do equilíbrio do educando.
São comuns, nesse período, as ameaças e as chantagens afetivas: — Se você não se alimentar, ou não dormir, ou não proceder bem, papai e mamãe não gostarão mais de você..., ou o bicho papão lhe pega, etc. A criança, incapaz de digerir a informação, passa a ter medo de perder o amor, de ser devorada, perturbando a afetividade, que entorpece a naturalidade no seu processo de amadurecimento, tornando o adolescente inseguro e um adulto que não se sente credor de carinho, de respeito, de consideração.
(...)Bem canalizado, o medo se transforma em prudência, em equilíbrio, auxiliando a discernir qual o comportamento ético adequado, até o momento em que o amadurecimento emocional o substitui pela consciência responsável. (Autodescobrimento: uma busca interior. Cap. 9 - Viciações mentais. Pânico. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco)
O medo da morte resulta do instinto de conservação, que trabalha em favor da manutenção da vida.
No entanto, (...) o desconhecimento da imortalidade, as informações fragmentárias, as lendas e fantasias, os mistérios, a ignorância, vestiram a morte de inusitadas e irreais expressões, que não correspondem à realidade.
(...) Às vezes se torna tão grave o medo da morte que portadores de transtornos psicológicos matam-se para não aguardarem a morte, em terrível atitude paradoxal. (Autodescobrimento: uma busca interior. Cap. 9 - Viciações mentais. Medo da morte. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco)
O medo desfigura e entorpece a realidade. Agiganta e avoluma insignificâncias, produzindo fantasmas onde apenas suspeitas se apresentam. (Momentos de felicidade. Espírito Joanna de Ângelis. Cap.11 - Insegurança e medo. Psicografado por Divaldo Pereira Franco)
Segundo Vinícius, pseudônimo utilizado pelo educador Pedro de Camargo, "Temer é duvidar, dúvida é não ter fé. "(Nas pegadas do Mestre. Não temais. Vinícius)
A dúvida é um sentimento atroz, que nos lança numa situação de conflito íntimo. Neste sentido, afirmava o apóstolo Tiago em sua epístola: “(...) porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte” (Tiago 1:6) ( Livro 2 - Estudo aprofundado da Doutrina Espírita. Ensinos e Parábolas de Jesus. Roteiro 3. Jesus caminha sobre as águas. Marta Antunes de Oliveira Moura)
Toda vez que duvidais de vós mesmos, da vossa capacidade de progresso e de serviço, duvidais do Criador, que nos destinou à glória eterna! (Falando à Terra. Cap. 30. O tempo. Espírito J. A. Nogueira. Psicografado por Chico Xavier)
A dúvida, no plano externo, pode auxiliar a experimentação, nesse ou naquele setor do progresso material, mas a hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas melhores energias. Quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo. Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda. (Fonte viva. Cap. 165. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Se a dúvida pode significar um estado superior para a mentalidade científica, é, também, no campo da fé, um limite justo à incapacidade espiritual. (Irmãos unidos . Cap. 1 - No estudo da verdade. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Confiando/desconfiando, Pedro atendeu, de certa forma, à solicitação do Mestre de ir até ele, andando sobre as águas. Entretanto, a dúvida foi maior que a confiança, por isso ele começou a afundar nas águas do lago de Genesaré. É possível que lhe tenha faltado fé, não no Mestre, mas em si próprio. ( Livro 2 - Estudo aprofundado da Doutrina Espírita. Ensinos e Parábolas de Jesus. Roteiro 3. Jesus caminha sobre as águas. Marta Antunes de Oliveira Moura)
A tempestade estabelecera a perturbação no ânimo dos discípulos mais fortes. Desorientados, ante a fúria dos elementos, socorrem-se de Jesus, em altos brados.
Atende-os o Mestre, mas pergunta depois:
— “Onde está a vossa fé?”
O quadro sugere ponderações de vasto alcance. A interrogação de Jesus indica claramente a necessidade de manutenção da confiança, quando tudo parece obscuro e perdido. Em tais circunstâncias, surge a ocasião da fé, no tempo que lhe é próprio.
Se há ensejo para trabalho e descanso, plantio e colheita, revelar-se-á igualmente a confiança na hora adequada.
Ninguém exercitará otimismo, quando todas as situações se conjugam para o bem-estar. É difícil demonstrar-se amizade nos momentos felizes.
Aguardem os discípulos, naturalmente, oportunidades de luta maior, em que necessitarão aplicar mais extensa e intensivamente os ensinos do Senhor. Sem isso, seria impossível aferir valores.
Na atualidade dolorosa, inúmeros companheiros invocam a cooperação direta do Cristo. E o socorro vem sempre, porque é infinita a misericórdia celestial, mas, vencida a dificuldade, esperem a indagação:
— Onde está a vossa fé?
E outros obstáculos sobrevirão, até que o discípulo aprenda a dominar-se, a educar-se e a vencer, serenamente, com as lições recebidas. (Caminho, Verdade e Vida. Cap. 40 - Tempo de confiança. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Joanna de Ângelis faz algumas recomendações para erradicar o medo, segundo a benfeitora: "A coragem de manter contato com os próprios medos é recurso terapêutico muito valioso para a sua erradicação, ou, pelo menos, para a sua administração psicológica.
(...)A vitória sobre qualquer conflito resulta de esforços ingentes e contínuos que o indivíduo se propõe com decisão e coragem.
Mesmo quando superado o medo, isso não significa a sua eliminação total e absoluta, pois que novas situações podem exigir precaução e vigilância que se apresentarão em forma de temor.
Alicerçadas nos bons resultados já conseguidos, as novas tentativas serão muito mais fáceis do que as iniciais.
A grande terapia para todos os tipos de medo é a do amor. O amor a si mesmo, ao seu próximo e a Deus.
(...)Quando ama, o ser enriquece-se de coragem, embora não possa evitar os enfrentamentos em face dos impulsos edificantes que do amor emanam.
(...)É comum ouvir-se alguém em queixa a respeito da própria capacidade de conhecimento, das possibilidades de realização pessoal, em face do medo de insucesso e de erro.
Muito pior é não tentar, não saber com segurança a respeito de si mesmo, preferindo a dúvida mesquinha. "(Conflitos existenciais. Cap. 4 - Medo. Erradicação do medo. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
Poder-se-á definir o que é ter fé?
Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.
Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor”. (O Consolador. Questão 354. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Cumpre não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se conjuga à humildade; aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, por saber que, simples instrumento da vontade divina, nada pode sem Deus. Por essa razão é que os bons Espíritos lhe vêm em auxílio. A presunção é menos fé do que orgulho, e o orgulho é sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos malogros que lhe são infligidos. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19. Item 4. Allan Kardec)
Segundo o Espírito André Luiz, " A fé viva não é patrimônio transferível. É conquista pessoal. (...)A fortaleza moral não é produto de rogos alheios. Provém do nosso esforço na resistência para o bem. (Agenda Cristã. Cap. 43. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Será fé acreditar sem raciocínio?
-Acreditar é uma expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé em si mesma. Admitir as afirmativas mais estranhas, sem um exame minucioso, é caminhar para o desfiladeiro do absurdo, onde os fantasmas dogmáticos conduzem as criaturas a todos os despautérios. Mas também interferir nos problemas essenciais da vida, sem que a razão esteja iluminada pelo sentimento, é buscar o mesmo declive onde os fantasmas impiedosos da negação conduzem as almas a muitos crimes. (O Consolador. Questão 355. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século, tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida. A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19. Item 7. Allan Kardec)
Noutra acepção, entende-se como fé a confiança que setem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se executem grandes coisas.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado. A fé vacilante sente a sua própria fraqueza; quando a estimula o interesse, torna-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força que lhe falece. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19. Item 3. Allan Kardec)
A fé, de forma alguma liberar-te-á do sofrimento. Oferecer-te-á recursos para amenizá-lo, dando-te compreensão para enfrentá-lo e armando-te de coragem para te impedires o desespero, com o qual mais te mortificarias. (Alerta. Cap. 46. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
Ocorre, muitas vezes, que a individualidade percebe a luta titânica e inglória dos veículos, no oceano do mundo, açoitados pelo vento borrascoso das emoções descontroladas. Mas não atende logo, porque sabe que é necessário aprender a dominá-las por si mesmos. No momento oportuno, vai aproximando-se levemente, por cima das vagas altas e violentas, inatingido pelas ondas e pelo furacão, tranquilo em sua serenidade infinita.
Todos os grandes místicos que obtiveram o Encontro Sublime, a Iluminação da alma, experimentaram antes a terrível "Noite Escura da Alma" os momentos cruciais das "Trevas Espessas" (cfr. Kempis, Henrique de Suso, Mestre Eckhart, João da Cruz, Teresa de Ávila, Ruysbroeck, Catarina de Siena, ngela de Foligno, Francisco de Sales, Madame Guyon, etc. )
(...) Quando, após esse período de secura espiritual, vemos aproximar-se a figura imaterial do Cristo Interno, assustamo-nos horrorizados, temendo seja mais uma ilusão (fantasma) de nossa mente, alguma criação mental nossa que não venha desviar da meta tão arduamente perseguida. E gritamos apavorados, encolhendo-nos no mais recôndito desvão de nós mesmos.
A felicidade só começa a fazer-se sentir, quando identificamos a voz suave e inconfundível do Amado de nossa alma.
E quantas vezes atiramo-nos afoitamente aos vagalhões enfurecidos, para mais depressa abraçarmos o Ser Inefável que é nosso Cristo Interno! Mas, no meio da viagem, quase a alcançar o porto seguro, frequentemente assalta-nos a dúvida, e sentimo-nos submergir mais uma vez, derrubados pela ventania infrene que ulula em torno de nós, apanhados e rodopiados pelas ondas revoltas que nos turbilhonam, arrastando-nos ao abismo ...
(...) quando gritamos novamente por socorro. E a mão, sempre terna, do Amigo Incondicional, se estende, sustentando-nos acima das vagas enraivecidas.
Uma vez firmes e seguros de nossos passos, tendo em nossa mão a mão firme do Cristo, vemos que os veículos reclamam para si a honra de carregar a Individualidade. Logo que esta penetra em nós mesmos, isto é, logo que conseguimos unir-nos a ela que já reside em nós, cessa o vento, o mar se abranda, e imediatamente chegamos ao porto de destino aliviados e consolados (Cafarnaum = cidade do Consolador).
Quantas vezes se repetem essas cenas, e depois de cada uma acreditamo-nos definitivamente imunes de outros vendavais ... Mas eles voltam, e cada vez com, parece-nos, uma violência maior, mais assustadora ...
Nos momentos do Encontro, ao sentirmo-nos envolvidos pela suavidade da Paz do Cristo, reconhecemos que verdadeiramente "Ele é um filho de Deus", ou seja, uma partícula da Divindade que vive em nós e nos sustenta, sempre Amoroso e Terno, sempre Compassivo e Benevolente. (Sabedoria do Evangelho. Volume 3. Jesus anda sobre a água. Carlos Torres Pastorino)
Segundo o Espírito Emmanuel, "Todos somos surpreendidos pelo dia nublado de incerteza em que nos reconhecemos perplexos.
Por dentro, ansiedade; por fora, consternação...
Não nos sintamos, porém, sozinhos. Dispomos da mente de Cristo, o Divino Mestre da Alma.
Roguemos a Jesus caminho e sustento.
A hora da incerteza é, sobretudo, a hora da prece. Quando a sombra chega é o momento de fazer luz. "(Palavras de vida eterna. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da vida.
A prece impulsiona as recônditas energias do coração, libertando-as com as imagens de nosso desejo, por intermédio da força viva e plasticizante do pensamento, imagens essas que, ascendendo às Esferas Superiores, tocam as inteligências visíveis ou invisíveis que nos rodeiam, pelas quais comumente recebemos as respostas do Plano Divino, porqüanto o Pai Todo-Bondoso se manifesta igualmente pelos filhos que se fazem bons.
A vontade que ora, tange o coração que sente, produzindo reflexos iluminativos atra vés dos quais o espírito recolhe em silêncio, sob a forma de inspiração e socorro íntimo, o influxo dos Mensageiros Divinos que lhe presidem o território evolutivo, a lhe renovarem a emoção e a idéia, com que se lhe aperfeiçoa a existência.
Dispomos na oração do mais alto sistema de intercâmbio entre a Terra e o Céu.
Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador e o Criador responde à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos da Vida Vitoriosa. (Pensamento e vida. Cap.26 - Oração. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
"Não temas! crê somente!"— disse Jesus (Marcos 5:36).
"Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, de amor e de moderação", afirma Paulo de Tarso (2Timóteo 1:7).
"No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor", complementa o apóstolo João (1João 4:18).
Quando os profetas (médiuns) viam algum espírito ou se sentiam impressionados pela sua influência, mostravam-se, quase sempre, profundamente emocionados. As primeiras palavras que do Além lhe dirigiam, invariavelmente, eram estas: "Não temais."
Jesus, o incomparável Mestre, foi pródigo dessa expressão. Inúmeras vezes seus discípulos receberam dele aquela alentadora admoestação. Seu alvo, como exímio educador, era levantar o moral dos seus discípulos, preparando-os para as lutas da vida, quer se tratasse das lutas íntimas, quer se tratasse das lutas travadas com elementos externos.
"No mundo tereis tribulações", predizia ele; "mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo", acrescentava com ênfase.
(...) Ide, disse ele aos seus escolhidos: "Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Contudo, não temais; os cabelos de vossa cabeça estão contados." Jesus não procurava atemorizar. Os processos terroristas não faziam parte de seu programa. Vinha salvar pelo amor.
Pelo terror nenhuma alma se salvará. Salvar é educar. Educar é desenvolver os poderes do espírito aplicando-os na conquista de estados cada vez mais elevados. Salvar é subir, é gravitar de um céu para outro céu, numa ascensão contínua e intérmina. Tal obra não se realiza por efeito do medo. Ela requer coragem, valor, abnegação.
Os falsos educadores agem pelo terror. Carecem dos meios e dos recursos peculiares à boa pedagogia; não convencem, por isso amedrontam. Querem conduzir os homens tangendo-os como fazem os pastores com suas manadas. Esquecem-se de que os seres livres não marcham para a conquista de seus destinos, tangidos, mas sim atraídos. A atração é exercida pela frente. Os educadores precisam ser maiores e melhores que seus educandos, visto como hão-de atraí-los, e não empurrá-los.
O educador (salvador) deve ser admirado pelos seus discípulos: nunca temido.
Jesus era amado e venerado pelos apóstolos. Todos eles se sacrificaram, com prazer, pela causa encarnada em seu mestre querido. Se eles fossem doutrinados pelos processos terroristas, baqueariam diante das primeiras perseguições. Seriam covardes como todos os que agem pela influência do medo.
Só vemos Jesus usar expressões veementes quando se dirigiu aos hipócritas, aos sacerdotes, aos escribas e às autoridades venais que escorchavam o povo. Nunca, porém, vemos o sublime Mestre abatendo o ânimo dos pecadores. Jamais o encontramos, em todos os episódios que com ele se deram, em atitude de quem ameaça visando a entibiar a coragem das massas populares.
Antes de Jesus passar pela Terra, Deus era a Força; depois de sua passagem, João, o discípulo amado, interpretando a doutrina de seu Mestre, dizia: Deus é Amor.
A Igreja ignora tudo isto. Ela continua pregando o terror, disseminando ameaças em linguagem apocalíptica, a fim de deprimir os ânimos. A Nova Revelação, opondo embargos às suas arremetidas, repete com as Escrituras e com o Redentor do mundo: —NAO TEMAIS! (Nas pegadas do Mestre. Não temais. Vinícius)
Jesus Cristo disse: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." (João 8:12)
Se Jesus não tivesse confiança na regeneração dos homens e no aprimoramento do mundo, naturalmente, não teria vindo ao encontro das criaturas e nem teria jornadeado nos escuros caminhos da Terra. (Coragem. Cap. 29 - Jesus e o mundo. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Jesus é nosso maior exemplo de coragem, segundo Joanna de Ângelis, " A Sua foi uma vida de constantes desafios.
Em luta contínua em favor do Bem, jamais deixou de agir corretamente, com desassombro.
A mensagem de que se tornara portador, objetivando libertar as consciências humanas para a Verdade, dEle fez o Nunca anuiu com o crime disfarçado de legalidade; com a arrogância mascarada de humildade; com a injustiça apoiada pelos poderosos; com a hipocrisia travestida de honestidade; com a discriminação de qualquer natureza sob justificativas sociais, econômicas, raciais ou religiosas.
Elegeu um samaritano como exemplo de solidariedade, em detrimento de um sacerdote presunçoso e de um levita astuto, que desfrutavam de algum prestígio na comunidade dominadora, embora aquele fosse detestado e desconsiderado.
Apoiou a mulher, que se tornara objeto de prazeres e era acusada publicamente de haver induzido o homem ao pecado, ao crime, com naturalidade e ternura, escolhendo uma equivocada, de conduta pública irregular, para torná-la mensageira da boa nova da Sua ressurreição.
Fez-se a voz dos humildes e esquecidos, os sem direitos nem apoio, a fim de que os seus justos reclamos se fizessem ouvidos.
Conviveu com as pessoas ditas de “má vida”, sem receio de contaminação, com total desprezo dos que possuíam privilégios em uma vida má, à qual se entregavam ocultamente.
Sua palavra, suave ante os sofredores, tornava-se contundente e viril diante dos perversos, dos bajuladores e dos pusilânimes, os quais nunca temeu.
Em momento algum receou perder a vida, pois que para isso viera.
Não negociou favores ou submeteu-se às conveniências humanas.
Humilde, não se fez subserviente; afável, não se tornou piegas; amigo, não se qualificou subalterno.
Sempre estóico, mantinha a linguagem e a conduta próprias para cada ocasião, pessoa e circunstância, sem afastar-se do roteiro que estabelecera.
Viveu e agiu com firmeza, fora de subterfúgios, mantendo um só comportamento; o de fidelidade a Deus. ( Jesus e atualidade. Cap. 10. Jesus e Coragem. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Franco)
Segundo Cairbar Schutel, " A vida de Jesus e seus feitos são verdadeiramente maravilhosos. O seu poder dominava todos os elementos; a sua sabedoria conhecia todos os mistérios; por isso a sua ação era prodigiosa.
Médium Divino que resumiu todos os dons e conversava com todos os grandes Profetas do Além que o seguiam em sua Missão e o auxiliavam, Ele caminha por sobre o mar a pés enxutos, de acordo com a lei da levitação dos corpos que o Espiritismo ensina e explica atualmente.
Seus discípulos, vendo-o caminhar sobre as águas, e como era noite, não o conheceram distintamente, julgando tratar-se da aparição de algum Espírito, fato que parece, tinham já observado várias vezes, dado o temor que lhes sobreveio e sua exclamação: “É um fantasma!”
Depois de o Mestre se haver dado a conhecer, foram tomados de confiança e Pedro suplicou-lhe permissão para ir ao seu encontro “por cima das águas” . Acedendo Jesus, Pedro sai da barca envolto nos fluidos de seu Mestre, e também auxiliado na levitação pelos Espíritos que acompanhavam a Jesus, até que, vacilando, isto é, perdendo a fé, perdeu o auxílio superior e se foi submergindo!
Reconhecendo, cheio de temor, o desamparo divino, apela novamente para Jesus, sendo por este amparado; ao contacto com o Nazareno, volta-lhe a fé, e foi transportado para a barca em companhia do Mestre.
Este fato maravilhou tanto aos que estavam na barca, que adoraram a Jesus, dizendo: “Verdadeiramente és Filho de Deus!” (Parábolas e ensinos de Jesus. Jesus anda sobre o mar - O pedido de Pedro. Cairbar Schutel)
Segundo Allan Kardec, "Este fenômeno encontra explicação natural...
Exemplos análogos provam que ele nada tem de impossível, nem de miraculoso, pois que se produz sob a ação das leis da Natureza. Pode operar-se de duas maneiras.
Jesus, embora estivesse vivo, pôde aparecer sobre a água, com uma forma tangível, estando alhures o seu corpo. É a hipótese mais provável. (A Gênese. Cap. 15. Item 42. Allan Kardec)
Por sua natureza e em seu estado normal, o perispírito é invisível e tem isto de comum com uma imensidade de fluidos que sabemos existir, sem que, entretanto, jamais os tenhamos visto. Mas, também, do mesmo modo que alguns desses fluidos, pode ele sofrer modificações que o tornem perceptível à vista, quer por meio de uma espécie de condensação, quer por meio de uma mudança na disposição de suas moléculas. (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 6. Item 105. Allan Kardec)
Sabemos que durante o sono o Espírito readquire parte da sua liberdade, isto é, isola-se do corpo e é nesse estado que, em muitas ocasiões, se tem ensejo de observá-lo. Mas, o Espírito, quer o homem esteja vivo, quer morto, traz sempre o envoltório semi material que, pelas mesmas causas de que já tratamos, pode tornar-se visível e tangível.
(...)Isolado do corpo, o Espírito de um vivo pode, como o de um morto, mostrar-se com todas as aparências da realidade. Demais, pelas mesmas causas que temos exposto, pode adquirir momentânea tangibilidade. Este fenômeno, conhecido pelo nome de bicorporeidade , foi que deu azo às histórias de homens duplos, isto é, de indivíduos cuja presença simultânea em dois lugares diferentes se chegou a comprovar. Aqui vão dois exemplos, tirados, não das lendas populares, mas da história eclesiástica.
Santo Afonso de Liguori foi canonizado antes do tempo prescrito, por se haver mostrado simultaneamente em dois sítios diversos, o que passou por milagre.
Santo Antônio de Pádua estava pregando na Itália (vide: Nota Especial à página 187), quando seu pai, em Lisboa, ia ser suplicado, sob a acusação de haver cometido um assassínio. No momento da execução, Santo Antônio aparece e demonstra a inocência do acusado. Comprovou-se que, naquele instante, Santo Antônio pregava na Itália, na cidade de Pádua.
Por nós evocado e interrogado, acerca do fato acima, Santo Afonso respondeu do seguinte modo:
Poderias explicar-nos esse fenômeno?
“Perfeitamente. Quando o homem, por suas virtudes, chegou a desmaterializar-se completamente; quando conseguiu elevar sua alma para Deus, pode aparecer em dois lugares ao mesmo tempo. Eis como: o Espírito encarnado, ao sentir que lhe vem o sono, pode pedir a Deus lhe seja permitido transportar-se a um lugar qualquer. Seu Espírito, ou sua alma, como quiseres, abandona então o corpo, acompanhado de uma parte do seu perispírito, e deixa a matéria imunda num estado próximo do da morte. Digo próximo do da morte, porque no corpo ficou um laço que liga o perispírito e a alma à matéria, laço este que não pode ser definido. O corpo aparece, então, no lugar desejado. Creio ser isto o que queres saber.”
Isso não nos dá a explicação da visibilidade e da tangibilidade do perispírito.
“Achando-se desprendido da matéria, conforme ao grau de sua elevação, pode o Espírito tornar-se tangível à matéria.”
Será indispensável o sono do corpo, para que o Espírito apareça noutros lugares?
“A alma pode dividir-se, quando se sinta atraída para lugar diferente daquele onde se acha seu corpo. Pode acontecer que o corpo não se ache adormecido, se bem seja isto muito raro; mas, em todo caso, não se encontrará num estado perfeitamente normal; será sempre um estado mais ou menos extático.” ( Nota: A alma não se divide, no sentido literal do termo: irradia-se para diversos lados e pode assim manifestar-se em muitos pontos, sem se haver fracionado. Dá-se o que se dá com a luz, que pode refletir-se simultaneamente em muitos espelhos.)
Que sucederia se, estando o homem a dormir, enquanto seu Espírito se mostra noutra parte, alguém de súbito o despertasse?
“Isso não se verificaria, porque, se alguém tivesse a intenção de o despertar, o Espírito retornaria ao corpo, prevendo a intenção, porquanto o Espírito lê os pensamentos.” (Nota: Explicação inteiramente idêntica nos deram, muitas vezes, Espíritos de pessoas mortas, ou vivas. Santo Afonso explica o fato da dupla presença, mas não a teoria da visibilidade e da tangibilidade.) (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 7. Item 114 e 119. Allan Kardec)
Segundo Martins Peralva, "Todos os fenômenos de materialização são regidos, ou supervisionados, por entidades elevadas, capazes de conduzir com segurança tão importantes, difíceis e perigosos trabalhos.
Nenhum Espírito Superior — podemos dizer isto sem pestanejar — concorda em materializar-se simplesmente para atender à curiosidade de “A” ou “B.”
(...) MATERIALIZAÇÃO é o fenômeno pelo qual os Espíritos se corporificam, tornando-se visíveis a quantos estiverem no local das sessões.
Não é preciso ser médium para ver o Espírito materializado.
Materializando-se, corporificando-se, pode o Espírito ser visto, sentido e tocado.
Podemos abraçá-lo, sentir-lhe o calor da temperatura, ouvir-lhe as pulsações do coração e com ele conversar naturalmente.
APARIÇÃO é o fenômeno pelo qual o Espírito é visto APENAS por quem tiver vidência.
A materialização é um fenômeno objetivo e a aparição é um fenômeno subjetivo.
Há, portanto, fundamental diferença entre uma e outra." (Estudando a mediunidade. Cap. 42. Martins Peralva)
Nos fenômenos de materialização, os Espíritos têm que contar com três elementos essenciais, a fim de que o trabalho alcance êxito.
A esses elementos, o Assistente Áulus , visando, sem dúvida, a melhor compreensão dos estudiosos, dá a denominação de Fluidos “A”, “B” e “C”, classificando-os da seguinte maneira ( Vide: Nos domínios da mediunidade. Cap. 28. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier):
A — Representando as forças superiores e sutis das Esferas elevadas.
B — Recursos ou energias do médium (ectoplasma) e dos seus companheiros.
C — Recursos ou energias tomadas à Natureza terrestre, nas águas, nas plantas, etc.
O próprio Assistente acentua que os supervisores não encontram dificuldades na manipulação dos Fluidos “A” e “C.”
Os fluidos “A” são puros e contribuem para a sublimação do fenômeno; os fluidos “C” são dóceis e representam energias extremamente propícias à execução dos trabalhos.
Todavia, quando chega o momento de selecionar e apurar os Fluidos “B”, que representam a contribuição dos encarnados, o esforço dos obreiros espirituais esbarra, sempre, com enormes obstáculos.
Na maioria dos casos é profundamente trabalhoso o serviço de composição dos três elementos (A, B e C), porque, enquanto o Plano Superior e a Natureza oferecem o que de melhor possuem, nós, os encarnados, responsáveis pela contribuição “B”, primamos em oferecer o que de mais ínfimo detemos, através de «formas-pensamentos, absurdas, de emanações viciosas resultantes do uso do fumo e da bebida e do abuso de carnes, bem assim de petições inadequadas, simbolizando os caprichos e incongruências que nos são peculiares. (Estudando a mediunidade. Cap. 43. Martins Peralva)
A segunda hipótese para o fenômeno que ocorreu com Jesus é explicado da seguinte forma por Allan Kardec:
"Por outro lado, também pode ter sucedido que seu corpo fosse sustentado e neutralizada a sua gravidade pela mesma força fluídica que mantém no espaço uma mesa, sem ponto de apoio. Idêntico efeito se produz muitas vezes com os corpos humanos". (A Gênese. Cap. 15. Item 42. Allan Kardec)
No Livro dos Médiuns, Allan Kardec define os médiuns que produzem este fenômeno, conhecido por levitação, da seguinte forma:
Médiuns de translações e de suspensões: os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se a si mesmos. Mais ou menos raros, conforme a amplitude do fenômeno; muito raros, no último caso.(O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 16. Item 189. Allan Kardec)
No Dicionário de Filosofia Espírita, define o fenômeno da levitação da seguinte forma: "Ato ou efeito de levitar. Fenômeno psíquico, anímico ou mediúnico, no qual pessoa ou coisa ergue-se acima do solo sem uma razão visível, apenas devido à força mental, de um encarnado ou desencarnado, que movimenta fluídos ectoplasmáticos capazes de produzir uma alavanca psíquica suficientemente forte para vencer a força da gravidade. É um fenômeno de efeito físico. Elevação de um corpo no espaço, sem contato aparente, ficando suspenso, como se estivesse subtraído à ação da gravidade." (Dicionário de Filosofia Espírita. L.Palhano Jr.)
No mesmo dicionário encontramos muitas informações sobre ectoplasma:" Do grego: Ektós =indica movimento para fora; plasma= obra modelável, substância plasmática (Metapsíquica). Palavra utilizada por Charles Riquet para definir uma substância caracterizada como uma espécie de plasma, flexível, viscoso, incolor e inodoro, sensível ao pensamento, que escapa do organismo de certos indivíduos, através dos poros e dos orifícios naturais do corpo. Trata-se de um transe biológico, quando a não apenas dissociação psíquica, mas também biológica. "(Dicionário de Filosofia Espírita. L.Palhano Jr.)
Segundo o instrutor espiritual Aúlus, " O ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da Natureza. Em certas organizações fisiológicas especiais da raça humana, comparece em maiores proporções e em relativa madureza para a manifestação necessária aos efeitos físicos que analisamos. É um elemento amorfo, mas de grande potência e vitalidade. Pode ser comparado a genuína massa protoplásmica, sendo extremamente sensível, animado de princípios criativos que funcionam como condutores de eletricidade e magnetismo, mas que se subordinam, invariavelmente, ao pensamento e à vontade do médium que os exterioriza ou dos Espíritos desencarnados ou não que sintonizam com a mente mediúnica, senhoreando-lhe o modo de ser. Infinitamente plástico, dá forma parcial ou total às entidades que se fazem visíveis aos olhos dos companheiros terrestres ou diante da objetiva fotográfica, dá consistência aos fios, bastonetes e outros tipos de formações, visíveis ou invisíveis nos fenômenos de levitação, e substancializa as imagens criadas pela imaginação do médium ou dos companheiros que o assistem mentalmente afinados com ele. " (Nos domínios da mediunidade. Cap. 28 - Efeitos Físicos. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Não só a literatura espírita, mas (...) o próprio Hagiológico da Igreja Católica narram casos de médiuns, de profetas e de santos que se elevaram no ar, ou levitaram em ambientes fechados, templos e ao ar livre. (Do ABC ao Infinito. José Náufel. Vol 2)
Na Revista Espírita de 1859, Allan Kardec faz o seguinte comentário: "De quantas graçolas não foram objeto as levitações de São Cupertino? Ora, a suspensão etérea dos corpos sólidos é um fato demonstrado e explicado pelo Espiritismo. Nós mesmos fomos testemunha ocular e o Sr. Home, bem como outras pessoas de nossas relações, repetiram várias vezes o fenômeno produzido por São Cupertino." (Revista Espírita. Outubro de 1859. Os Milagres. Allan Kardec)
O Sr. Home é um médium do gênero dos que produzem manifestações ostensivas, sem excluir por isto as comunicações inteligentes, mas as suas predisposições naturais lhe dão para as primeiras uma aptidão toda especial. Sob sua influência ouvem-se os mais estranhos ruídos; o ar se agita; os corpos sólidos se movem, levantam-se, transportam-se de um lado a outro, através do espaço; instrumentos de música produzem sons melodiosos; aparecem seres do mundo extracorpóreo que falam, que escrevem e que por vezes nos abraçam até produzir dor. Muitas vezes ele próprio se viu, em presença de testemunhas oculares, elevado, sem apoio, a vários metros de altura.(Revista Espírita. Fevereiro de 1858. O Sr. Home. Allan Kardec)
Entretanto, objetarão, admitis que um Espírito pode suspender uma mesa e mantê-la no espaço sem ponto de apoio. Não constitui isto uma derrogação da lei de gravidade? — Constitui, mas da lei conhecida; porém, já a natureza disse a sua última palavra? Antes que se houvesse experimentado a força ascensional de certos gases, quem diria que uma máquina pesada, carregando muitos homens, fosse capaz de triunfar da força de atração? Aos olhos do vulgo, tal coisa não pareceria maravilhosa, diabólica? Por louco houvera passado aquele que, há um século, se tivesse proposto a transmitir um telegrama a 500 léguas de distância e a receber a resposta, alguns minutos depois. Se o fizesse, toda gente creria ter ele o diabo às suas ordens, pois que, àquela época, só ao diabo era possível andar tão depressa. Por que, então, um fluido desconhecido não poderia, em dadas circunstâncias, ter a propriedade de contrabalançar o peso do balão? (O Livro dos Médiuns. Primeira Parte. Cap. 2. Item 8. Allan Kardec)
Por que então o fluido universal, que é o elemento de toda a Natureza, acumulado em torno da mesa, não poderia ter a propriedade de lhe diminuir ou aumentar o peso específico relativo, como faz o ar com a campânula da máquina pneumática, como faz o gás hidrogênio com os balões, sem que para isso seja necessária a derrogação da lei de gravidade? Conheceis, porventura, todas as propriedades e todo o poder desse fluido? Não. Pois, então, não negueis a realidade de um fato, apenas por não o poderdes explicar. (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 4. Item 79. Allan Kardec)
Na Revista Espírita de 1860, Allan Kardec faz as seguintes proposições, à respeito do assunto:
1. ─ Todos os fenômenos espíritas têm por princípio a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo e suas manifestações.
2. ─ Sendo tais fenômenos baseados numa lei da Natureza, nada têm de maravilhoso nem de sobrenatural, no sentido vulgar desses vocábulos.
3. ─ Muitos fatos só são considerados sobrenaturais porque se lhes desconhecem as causas. Atribuindo-lhes uma causa, o Espiritismo os recoloca no domínio dos fenômenos naturais.
4. ─ Entre os fatos qualificados como sobrenaturais, há muitos cuja impossibilidade é demonstrada pelo Espiritismo, que os coloca entre as crenças supersticiosas.
5. ─ Embora o Espiritismo reconheça em muitas crenças populares um fundo de verdade, de modo algum aceita a solidariedade de todas as histórias fantásticas criadas pela imaginação.
6. ─ Julgar o Espiritismo pelos fatos que ele não admite é dar prova de ignorância e neutralizar o valor da própria opinião.
7. ─ A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, suas causas e consequências morais, constituem uma verdadeira ciência que requer estudo sério, perseverante e aprofundado. (Revista Espírita. Setembro de 1860. O maravilhoso e o sobrenatural. Allan Kardec)
Pois que o Espiritismo repudia toda pretensão às coisas miraculosas, haverá, fora dele, milagres, na acepção usual desta palavra?
Digamos, primeiramente, que, dos fatos reputados milagrosos, ocorridos antes do advento do Espiritismo e que ainda no presente ocorrem, a maior parte, senão todos, encontram explicação nas novas leis que ele veio revelar.
Esses fatos, portanto, se compreendem, embora sob outro nome, na ordem dos fenômenos espíritas e, como tais, nada têm de sobrenatural. Fique, porém, bem entendido que nos referimos aos fatos autênticos e não aos que, com a denominação de milagres, são produto de uma indigna trampolinice, com o fito de explorar a credulidade. Tampouco nos referimos a certos fatos lendários que podem ter tido, originariamente, um fundo de verdade, mas que a superstição ampliou até ao absurdo. Sobre esses fatos é que o Espiritismo projeta luz, fornecendo meios de apartar do erro a verdade. (A Gênese. Cap. 13. Item 14. Allan Kardec)
Bibliografia:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 19. Item 3, 4 e 7. Allan Kardec.
- A Gênese. Cap. 15. Item 42. Allan Kardec.
- O Livro dos Médiuns. Primeira Parte: Cap. 2- Item 8. Segunda Parte:Cap. 4. Item 79/ Cap. 6- Item 105 / Cap. 7- Item 114 e 119/ Cap. 16. Item 189. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Outubro de 1859. Os Milagres. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Fevereiro de 1858. O Sr. Home. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Setembro de 1860. O maravilhoso e o sobrenatural. Allan Kardec.
- Falando à Terra. Cap. 30. O tempo. Espírito J. A. Nogueira. Psicografado por Chico Xavier.
- Fonte viva. Cap. 165. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Irmãos unidos . Cap. 1 - No estudo da verdade. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Caminho, Verdade e Vida. Cap. 40 - Tempo de confiança. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- O Consolador. Questão 354, 355. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Agenda Cristã. Cap. 43. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
- Palavras de vida eterna. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Pensamento e vida. Cap.26 - Oração. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Coragem. Cap. 29 - Jesus e o mundo. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Nos domínios da mediunidade. Cap. 28 - Efeitos Físicos. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
- Autodescobrimento: uma busca interior. Cap. 9 - Viciações mentais. Pânico. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco.
- Momentos de felicidade. Espírito Joanna de Ângelis. Cap.11 - Insegurança e medo. Psicografado por Divaldo Pereira Franco.
- Conflitos existenciais. Cap. 4 - Medo. Erradicação do medo. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco.
- Alerta. Cap. 46. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco.
- Jesus e atualidade. Cap. 10. Jesus e Coragem. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Franco.
- Parábolas e ensinos de Jesus. Jesus anda sobre o mar - O pedido de Pedro. Cairbar Schutel.
- Sabedoria do Evangelho. Volume 3. Jesus anda sobre a água. Carlos Torres Pastorino.
- Estudando a mediunidade. Cap. 42 e 43. Martins Peralva.
- Dicionário de Filosofia Espírita. L.Palhano Jr.
- Do ABC ao Infinito. José Náufel. Vol 2.
- Nas pegadas do Mestre. Não temais. Vinícius.
- Livro 2 - Estudo aprofundado da Doutrina Espírita. Ensinos e Parábolas de Jesus. Roteiro 3. Jesus caminha sobre as águas. Marta Antunes de Oliveira Moura.
- Bíblia: Marcos 5:36; 2Timóteo 1:7; 1João 4:18; João 8:12.