Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 141 - Autoconhecimento e equilíbrio das emoções
Ciclo 3 - História: A ilha dos sentimentos - Atividade: PH - Divaldo Franco - 3. Reconhecer a emoções.
Dinâmicas: Conhece-te a ti mesmo; Dado das emoções; Identificando emoções.
Mensagens Espíritas: Tristeza.
Sugestão de vídeo: - Música: Videoclipe - Emoções - Cocoricó (Dica: pesquise no Youtube).
Sugestão de livros infantis: - Pedro vira porco-espinho. Janaina Tokitaka. Jujuba Editora.
- O Livro dos sentimentos. Todd Parr. Editora Panda Books.
Leitura da Bíblia: Efésios- Capítulo 4
Gálatas- Capítulo 5
Filipenses - Capítulo 4
Tópicos a serem abordados:
- Embora normalmente sejam vistos como sinônimos, emoção e sentimento são coisas diferentes, segundo a psicologia. A emoção é algo biológico programado que responde a determinados estímulos externos, por exemplo, ao receber o carinho de sua mãe, geralmente, você responde com alegria. O sentimento, por sua vez, é uma resposta à emoção e diz respeito a como a pessoa se sente diante daquela emoção, por exemplo, se você gosta da atitude dela e sente confiança, desenvolve um amor incondicional por sua mãe.
- As emoções são reações inconscientes (rápidas), enquanto os sentimentos (mais duradouros) são uma espécie de juízo sobre essas emoções . Imagine uma situação na qual um animal feroz começa a correr atrás de um homem que vive na floresta. Antes de qualquer outra coisa, mesmo da consciência, surge nele o medo, que é uma emoção. Logo em seguida, ele tem a consciência de seus sentimentos. É aí que percebe que está assustado e aflito por causa daquele animal.
- Raiva, alegria, tristeza, nojo, surpresa e medo são emoções primárias ou básicas . Estas emoções são inatas e estão ligadas ao instinto e a sobrevivência, ou seja, fazem parte da constituição de todos os seres humanos, independente de sua experiência cultural e estão presentes também em várias espécies de animais. As emoções primárias não são nem positivas nem negativas e todas são necessárias em nossa vida. O modo como lidamos e reagimos às emoções é que pode ser positivo ou negativo.
-A raiva é um mecanismo de defesa do instinto de conservação da vida, que se opõe a qualquer ocorrência que interpreta como agressão, entretanto não devemos reagir de imediato, como fazem os animais, devemos pensar e refletir sobre a situação e reagir de maneira racional e pacífica. Não estamos mais no tempo das cavernas e hoje, na maioria das vezes, não podemos e nem devemos fugir ou lutar, por exemplo, frente a uma situação que provoque em nós medo ou raiva.
- Não se pode evitar sentir determinada emoção, mas é possível perceber como o corpo e a mente reagem . Podemos ampliar nossa consciência sobre a dimensão emocional, através do autoconhecimento e aprender a ter reações diferentes das habituais ou automáticas, substituindo as atitudes negativas por positivas.
- O silêncio, por exemplo, diante da circunstância perturbadora, não se permitindo a invasão dos pensamentos tóxicos desferidos pelo opositor, constitui recurso imprescindível para evitar o tombo na irritação e seus consequentes danos. Nos momentos difíceis, o exercício da paciência também é de fundamental importância para não ampliar a emoção da raiva quando ocorrer. As boas leituras funcionam como procedimento terapêutico de excelente qualidade, por enriquecerem a mente com ideias otimistas. Ao mesmo tempo, a terapia da prece e da meditação constitui salutar recurso para o controle das emoções, impedindo ou diminuindo a incidência da ira e do medo exagerado.
- As emoções humanas expressam-se de variada forma, podem também ser complexas (secundárias) e ter graus de intensidade diferentes, podendo estar relacionadas a experiências pessoais, crenças, pensamentos e lembranças. Além disso, podem ser aprendidas e integradas a memórias, sendo avaliadas como boas ou ruins. Na realidade, os estados emocionais podem ser formados por mais de uma emoção . Por exemplo, a decepção seria a mistura de surpresa e tristeza; a inveja, a mistura de tristeza e raiva; a saudade, a mistura de alegria e tristeza; e assim por diante.
- A tristeza não é o inverso da alegria, mas a sua ausência momentânea. É um estado que conduz à reflexão e não ao desinteresse pela vida. É uma emoção que nos leva à contemplação dos valores vividos e não à depressão, que precisa de tratamento adequado. A tristeza é um fenômeno natural que ocorre com todas as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de alegria. Pode ser considerada como uma pausa para a compreensão da existência, avançando no rumo da felicidade. Muitas vezes, Jesus mergulhou em tristezas diante da incompreensão e maldade dos homens, e buscou o deserto para meditar. A tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimentos, sem longa duração, é, pois, psicoterapêutica, de vez em quando, necessária para a revisão e análise em torno dos acontecimentos da vida.
- A sociedade contemporânea estabeleceu que a alegria deve ser um estado constante de todos os indivíduos, significando êxito, realização nos relacionamentos, triunfo social e econômico, conquista de posição relevante. Entretanto, ninguém pode viver em alegria permanente, o que seria igualmente patológico (doentio). A vida exige trabalho e esforço da nossa parte, para que possamos evoluir, no entanto, infelizmente, muitos fogem da realidade e das responsabilidades, buscando a alegria leviana nos prazeres que causam prejuízo a si mesmo e aos outros (como por exemplo: exageram na alimentação, consomem bebidas alcoólicas, viciam em jogos, gastam muito dinheiro em coisas supérfluas, etc.).
- A melhor maneira de corrigir as nossas imperfeições é fazer um cuidadoso estudo de nós mesmos. “Conhece-te a ti mesmo”, disse Sócrates, que foi um luminoso Espírito que veio à Terra há muitos séculos passados. Pergunte para si mesmo, todos os dias, se cumpriu os seus deveres, se agiu bem com as pessoas com as quais convive, procurando fazer para os outros o que gostaria que eles lhes fizessem. Faça as seguintes perguntas: Eu sou melhor do que o era? Corrigi-me de algum defeito? Fiz o bem ou o mal ao próximo? Eis o que todo Espírita sincero e convicto deve perguntar.
- Jesus é o nosso maior exemplo do controle das emoções. O Querido Mestre jamais se deixou perturbar por aquelas consideradas desagradáveis. Traído e encaminhado aos Seus inimigos, humilhado e condenado à morte, não teve uma emoção negativa. Ele sempre manteve-se sereno e confiante, ensinando em silêncio o testemunho de resignação e amor à Deus.
Perguntas para fixação:
1. O que são as emoções?
2. O que são os sentimentos?
3. Quais são as emoções primárias ou inatas?
4. Pra que servem as emoções primárias, que também existem em alguns animais?
5. Como devemos reagir às emoções, por exemplo, quando surgir a emoção raiva?
6. Quais recursos podemos utilizar para impedir ou diminuir a incidência da ira?
7. O que são emoções secundárias ou complexas? Como são formadas?
8. O que é a emoção de tristeza?
9. É possível ser alegre o tempo todo?
10. Qual é a melhor maneira de corrigir as nossas imperfeições?
11. Por Jesus é considerado o maior exemplo de controle das emoções?
Subsídio para o Evangelizador:
"As emoções são respostas bioquímicas a um estado emocional. E os sentimentos são o significado que damos a essas emoções", define a psicóloga Graça Maria Ramos de Oliveira, supervisora do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).... (Site: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/10/15/emocao-e-diferente-de-sentimento-saber-disso-ajuda-a-gerencia-los-melhor.htm?cmpid=copiaecola - Data da consulta 21-04-21)
Embora normalmente sejam vistos como sinônimos, emoção e sentimento são considerados movimentos diferentes tanto para o psiquismo como para a psicologia.
Em seu livro E-moções, Rodrigo Fonseca, especialista em Inteligência Emocional e Presidente da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBie), explica que “a palavra emoção vem do latim emovere. O ‘e’ significa ‘energia’ e ‘movere’ significa ‘movimento’. Ou seja, toda emoção, que normalmente percebemos e usamos de forma negativa, existe para nos ajudar a movimentar nossa vida, a MUDAR o que não está bom ou em desequilíbrio. E se não movemos todas essas energias para fora, elas acabam gerando doenças ou dores dentro de nós.”.
Uma emoção é um conjunto de respostas químicas e neurais baseadas nas memórias emocionais, e surgem quando o cérebro recebe um estímulo externo. O sentimento, por sua vez, é uma resposta à emoção e diz respeito a como a pessoa se sente diante daquela emoção.
Uma vez que são as emoções que dão origem aos sentimentos, esses dois tipos de reação estão totalmente relacionados entre si. Da mesma forma que uma emoção desperta um sentimento, um sentimento é capaz de gerar mais emoções da mesma espécie.
Ter consciência de como você reage e se sente diante de cada emoção, portanto, é fundamental para se recuperar de uma emoção ou sentimento negativo. Esse processo é fundamental para manter o equilíbrio emocional. As emoções são reações inconscientes, enquanto os sentimentos são uma espécie de juízo sobre essas emoções.
Imagine uma situação na qual um animal feroz começa a correr atrás de você. Antes de qualquer outra coisa, mesmo da consciência, surge o medo (que é uma emoção). Logo em seguida, você tem a consciência de seus sentimentos. É aí que você percebe que está assustado e com medo.
(...) Emoções como medo, raiva, tristeza e alegria fazem parte do desenvolvimento e contribuem diretamente para a sobrevivência do ser humano. Quando bem direcionadas, servem para impulsionar e proteger a pessoa de diversas situações do dia a dia. (Site: https://movimentosaude.com.br/mente/642/qual-a-diferenca-entre-emocao-e-sentimento-na-psicologia - Data da consulta: 21-04-21)
"A emoção é algo biológico programado que responde a determinados estímulos", diz o psicólogo Tárcio Soares, docente da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul)
(...) "O sentimento pode ser influenciado por coisas que estão além da emoção, como experiências pessoais, crenças, pensamentos e memórias", diz Soares. E são tais itens que podem modificar a forma como cada indivíduo pode reagir e/ou sentir a emoção. Aquelas que provocam desconforto, pode fazer com que a pessoa aja de forma impulsiva, na tentativa de afastar ou negar essa sensação. No entanto, Oliveira alerta que negar as emoções que causam sentimentos desagradáveis não permite à pessoa enfrentar ou pedir ajuda, se necessário. "Esses sentimentos podem levar a pessoa a uma sobrecarga ou a agir de forma a se prejudicar", acrescenta. Portanto, o sentimento é a forma como cada um interpreta a emoção, mas essa sensação é muito particular. Se a própria pessoa não expressar o que está sentindo, não há como descobrir o que acontece interiormente. Por isso, ficar 'ruminando' pode aumentar os níveis de cortisol no organismo, estando diretamente ligado a baixa eficiência do sistema imunológico que pode levar a uma probabilidade maior de gripes, resfriados ou alergias diversas. Na prática, se você sentiu aquela raiva e não reagiu com violência, mas mantém o ressentimento é importante aprender a lidar com isso para não se prejudicar. (Site: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/10/15/emocao-e-diferente-de-sentimento-saber-disso-ajuda-a-gerencia-los-melhor.htm?cmpid=copiaecola - Data da consulta 21-04-21)
As teorias psicoevolucionistas propõem que os estados emocionais existem hoje como reflexo da evolução das espécies, ou seja, como respostas adaptativas a situações que ocorrem no meio. Desde Darwin (1872/2000), entende-se que, embora certas formas de manifestação das emoções possam ser aprendidas, existem expressões, especialmente as faciais, que são inatas, tanto para os seres humanos quanto para chimpanzés e outros primatas. Isso poderia ser verificado, por exemplo, em crianças que nascem cegas e, ainda assim, expressam sorrisos de felicidade ou choro na tristeza, da mesma maneira que pessoas sem problemas de visão. Outro fator levado em conta foi a similaridade na expressão de estados emocionais entre culturas diferentes, ou seja, o fato de que, em todas as culturas, alegria é expressa com sorriso, raiva com franzimento das sobrancelhas e tensão dos lábios, e assim por diante. (Artigo: Psicologia das emoções: uma proposta integrativa para compreender a expressão emocional. Fabiano Koich Miguel – Universidade Federal de Londrina)
O naturalista inglês deu vários exemplos da expressão de emoções que podiam ser detectadas tanto nos animais como no homem, tais como: mau-humor e a boa disposição de cães e cavalos; a tendência a manifestar fúria por parte de certos animais; a vingança arquitetada por diversos animais; o amor e o carinho de um cão para com o seu dono na agonia da morte; a afeição materna das fêmeas de todas as espécies; a dor intensa das macacas pela perda dos filhotes. (...) Ao comparar as feições de humanos com as feições de macacos antropóides, constatou que havia semelhanças na expressão das emoções em relação à movimentação dos músculos da face. (As concepções evolutivas de Darwin sobre a expressão das emoções no homem e nos animais. Revista da Biologia. 9 (2). Pp. 12-15. Castilho, F. M. & Martins, L. A. C. P. 2012)
Esses dados levaram à consideração da existência de emoções básicas ou primárias características da espécie humana. Nesse sentido, as emoções humanas teriam evoluído de um conjunto finito de estados emocionais, sendo que cada um deles possuía sua funcionalidade adaptativa e expressão típica.
Por exemplo, segundo os autores dessas teorias, ao longo da evolução, indivíduos que demonstraram uma reação clara e distinta frente a um perigo, dessa maneira comunicando a presença da ameaça ao resto do grupo e permitindo o preparo ou fuga, apresentaram vantagem evolutiva e foram selecionados, resultando na existência da emoção chamada de medo.
Já as abordagens cognitivistas, embora não discordem totalmente da origem evolutiva nem neguem a influência das alterações viscerais, destacam a avaliação da situação como sendo a principal característica da emoção. A avaliação seria uma atividade cognitiva da qual o indivíduo pode ter consciência ou não, e que aconteceria de maneira muito rápida – estudos mostram que em menos de 250 ms – e teria efeito determinante na emoção gerada.
Por exemplo, se um indivíduo recebe a notícia de demissão da empresa, pode entender a situação como uma consequência da competitividade do mundo moderno, para a qual não se vê preparado e sentir-se triste. Por outro lado, se tiver a interpretação de que era um funcionário dedicado e competente e, mesmo assim, foi demitido, pode se sentir injustiçado e com raiva.
Outro grupo de teorias sobre as emoções são as sociais. Nesse grupo, descarta-se a influência de aspectos biológicos, mas não se negam os aspectos cognitivos.
A ênfase está no valor social que tem a expressão da emoção, sendo que esta é compreendida como um papel social que é construído pela cultura e, ao mesmo tempo, influencia e altera a cultura. Uma vez que, nas interações, as pessoas estão constantemente avaliando e interpretando as reações emocionais próprias e das outras pessoas, frequentemente de maneira não consciente, as emoções teriam, então, um papel crucial na manutenção das relações sociais. Assim, os efeitos da cultura estariam presentes em diversas áreas da vivência emocional. Um exemplo representativo seria um indivíduo numa sociedade, percebendo que seu salário é menor do que considera justo, paga altas taxas e não recebe o retorno desejado do governo, poderia se sentir frustrado com maior frequência e, então, pequenos atos que interferissem no seu bem-estar e autonomia, como uma discussão no trânsito, poderiam levá-lo a reações agressivas extremas.
(...)Na literatura é comum se encontrar a nomenclatura “emoções básicas” para distinguir diversas classes desse fenômeno. Porém, assim como não existe um consenso quanto ao modelo teórico que explica o funcionamento emocional, também não existe uma definição em relação a quantas e quais são as emoções básicas. Contudo, a maioria dos autores costuma citar as seguintes ou alguma variação delas: alegria, medo, surpresa, tristeza, nojo e raiva.
Considera-se que a emoção alegria ocorra diante do ganho de algo avaliado como sendo de valor, para o quê se segue uma tendência de retenção ou repetição. O que se ganha pode ser desde um objeto até uma situação ou evento que seja valorizado. Como consequência da expressão de alegria, normalmente tem-se o ganho de recursos e uma interação positiva com o que propiciou a situaçãotons altos e variados, ritmo rápido com poucas pausas entre as palavras, e volume alto.
O medo é despertado frente a um evento causado pelo ambiente ou por outra pessoa, e que é avaliado como ameaçador, gerando a interpretação de incerteza ou falta de controle em relação ao que pode ocorrer, tipicamente resultando numa resposta de fuga que objetiva colocar o indivíduo de volta em segurança.
Alguns modelos localizam a ansiedade dentro da categoria medo, pois, em ambos os casos, considera-se a emoção como uma resposta a um perigo, presente ou não.
(...)A emoção surpresa é gerada por um evento inesperado ou a interrupção súbita de um estímulo, provocando uma pausa permitindo que o indivíduo tenha tempo para se orientar .
A surpresa é uma das emoções mais breves, durando apenas alguns segundos.
Uma vez que se compreende o que está acontecendo, surpresa tende a se combinar com outra emoção, positiva ou negativa, dependendo do evento eliciador, ou não ser seguida por nenhuma outra, caso não seja avaliado como importante.
(...)A tristeza surge quando há perda de algo ou alguém considerado de valor, gerando sensação de abandono e a busca por uma ligação novamente com o mesmo ou com outro objeto, sendo as manifestações mais frequentes o choro, o afastamento e o silêncio. São diversos os tipos de perda que podem eliciar a tristeza, desde a rejeição de uma pessoa querida ou importante, a perda da saúde ou parte do corpo, e até a perda de um objeto valorizado. Trata-se de uma das emoções mais duradouras. A angústia pode ser incluída nesse grupo, e inclui agitação associada a desesperança.
(...) O nojo, também chamado de aversão, é eliciado por objetos considerados repulsivos e indesejáveis, com a tendência subsequente de expulsão ou remoção do objeto. De acordo com Ekman (2003), o nojo aparece como uma emoção separada a partir dos quatro a oito anos. Antes disso, existe o desgosto brando ou rejeição por coisas com sabor ruim, mas ainda não a aversão.
(...)A raiva surge ao se deparar com um obstáculo avaliado como hostil, interferindo no que se está fazendo ou intencionando fazer. Se se tem a percepção de que a interferência é intencional, em vez de acidental, de modo a parecer que a pessoa interferindo escolheu essa ação, o nível de raiva pode ser ainda maior. Além de pessoas, a frustração com objetos inanimados também pode causar raiva. Essa emoção gera uma tendência de ataque que visa remover aquele impedimento e mudar a situação atual, frequentemente de modo que destrua ou prejudique o alvo.
(...) Como já mencionado, além das seis emoções básicas apresentadas, é possível encontrar propostas teóricas que listam uma quantidade diferente. Por exemplo, o modelo de Plutchik (2002) acrescentou duas emoções: aceitação, no sentido de se sentir parte de um grupo, recebendo cuidado e carinho; e expectativa, no sentido de interesse e curiosidade em algo diferente.
(...)Os modelos de emoções básicas também propõem que estas se agrupam para formar emoções complexas. Na verdade, a maioria dos estados emocionais das pessoas seria formada por mais de uma emoção. Por exemplo, decepção seria a mistura de surpresa e tristeza; remorso, a mistura de tristeza e nojo; saudade, a mistura de alegria e tristeza; e assim por diante. Deve-se destacar, contudo, que nem sempre a mistura das mesmas emoções básicas resultará na mesma complexa, pois isso depende da intensidade e da avaliação da pessoa. Por exemplo, um atleta que conquistou uma vitória difícil, ao subir ao pódio, pode estar “chorando de felicidade”. Isso seria uma mistura de alegria e tristeza, mas não se pode dizer que o atleta está sentindo saudade. (Artigo: Psicologia das emoções: uma proposta integrativa para compreender a expressão emocional. Fabiano Koich Miguel – Universidade Federal de Londrina)
As emoções primárias ou básicas são inatas e estão ligadas ao instinto e a sobrevivência, ou seja, fazem parte da constituição de todos os seres humanos, independentemente de sua experiência cultural e estão presentes também em várias espécies de animais.
(...)As emoções secundárias ou sociais são mais complexas e envolvem o pensamento e fatores socioculturais. São aquelas aprendidas e integradas a memórias, sendo avaliadas como boas ou ruins. Simpatia, ciúmes, orgulho, vergonha, admiração e culpa são alguns exemplos.
As emoções primárias são mais facilmente identificadas. É possível saber quando uma pessoa está com raiva, mas a dificuldade aumenta em distinguir se ela está com ciúmes ou com orgulho ferido, por exemplo, exatamente porque os fatores socioculturais podem mascarar essas emoções.
(...) As emoções não são nem positivas nem negativas e todas são necessárias em nossa vida. O modo como lidamos e reagimos às emoções é que pode ser positivo ou negativo.
Todas as emoções que vimos fazem parte da nossa condição humana natural. O importante é que tenhamos consciência acerca delas, a fim de sermos capazes de refletir e planejar as ações, não causando prejuízo a nós próprios ou a terceiros, mas sim potencializar processos e comportamentos construtivos. (Curso gratuito - Neurociências das emoções - Senac -SP. Fonte: https://www.cursosead.sp.senac.br/neurociencia_emocoes/08_recurso_web/ - Modulo 7 - Data de consulta: 21-04-21)
Não se pode evitar sentir determinada emoção, mas perceber como corpo e mente reagem é possível. Desse modo, devemos ter maior consciência sobre a dimensão emocional e ampliar o repertório de ações frente a uma determinada emoção. (Curso gratuito - Neurociências das emoções - Senac -SP. Fonte: https://www.cursosead.sp.senac.br/neurociencia_emocoes/08_recurso_web/ - Modulo 2 - Data de consulta: 21-04-21)
(...) as emoções positivas melhoram o desempenho da atenção, tornam as pessoas mais receptivas à novidade, mais flexíveis nos processos de pensamento e de resolução de problemas, estimulam a criatividade e facilitam as ligações com os outros, melhorando os processos e os resultados das negociações e promovendo a generosidade e a responsabilidade social. (O poder das emoções positivas. Américo Baptista, 2012, p. 86).
As emoções negativas aprisionam-nos. Se sentirmos emoções negativas acerca de alguém, estamos presos a essa pessoa. (...) Ficarmos presos às emoções negativas que sentimos por determinadas pessoas ou acontecimentos impede-nos de evoluir e crescer emocionalmente. (...) Quanto mais tempo vivemos dominados pelas nossas emoções negativas, mais estas se instalam na nossa psique (Bússola para navegadores emocionais. Um guia essencial para viver com segurança e inteligência no Mundo das Emoções. Elsa Punset, 2010, p. 196).
As emoções, do ponto de vista psicológico , podem ser agradáveis ou desagradáveis, estabelecendo identidades, tais como aproximação, medo, repugnância e rejeição.
O importante no que concerne às emoções é o esforço que deve ser desenvolvido a fim de que sejam transformadas as nocivas em úteis.
Quando se expressam prejudiciais, o indivíduo tem o dever de trabalhá-las, porque algo em si mesmo não se encontra saudável nem bem orientado. Ao invés de dar expansão às suas tempestades interiores, deve procurar examinar em profundidade a razão pela qual assim se encontra, de imediato tentando alterar-lhes o direcionamento.
As emoções têm sua origem nas experiências anteriores do ser, que se permitiu o estabelecimento de paisagens internas de harmonia ou de conflitos.
Não se deve lutar contra as emoções, mesmo aquelas denominadas prejudiciais. Antes, cabe o esforço para desviar-se a ocorrência daquilo que possa significar danos em relação a si mesmo ou a outrem.
Inevitavelmente, o correm momentos em que as emoções nocivas assomam volumosas. A indisciplina mental e de comportamento abrem-lhe espaços para que se expandam. No entanto, a vigilância, ao lado do desejo de evitar-se danos morais, oferece recurso para impedir suas sucessivas consequências infelizes.
Nem sempre é possível evitar-se ocorrências que desencadeiam emoções violentas. Pode-se, no entanto, equilibrar o curso de sua explosão e o direcionamento dos seus efeitos.
Raramente alguém é capaz de permanecer emocionalmente neutro em uma situação conflitiva, especialmente quando o seu ego é atingido. Irrompe, automaticamente, a hostilidade, em forma de autodefesa, de acusação defensiva, de revide...
Pode-se, no entanto, evitar que se expanda o sentimento hostil, administrando-se as reações que produz, mediante o hábito de respeitar o próximo, de tê-lo em trânsito pelo nível de sua consciência, se em fase primária ou desenvolvida.
Torna-se fácil, desse modo, superar o primeiro impacto e corrigir-se o rumo daquele que se transformou devido a uma emoção de ira ou de raiva.
Se tomas consciência de ti mesmo, dos valores que te caracterizam, das possibilidades de que dispões, é possível exerceres um controle sobre as tuas emoções, evitando que as perniciosas se manifestem ante qualquer motivação e as edificantes sejam equilibradas, impedindo os excessos que sempre são prejudiciais.
Quando são cultivadas as reminiscências das emoções danosas, há mais facilidade para que outras se expressem ante qualquer circunstância desagradável. Como não se pode nem se deve viver de experiências transatas, o ideal é diluir-se em novas experiências todas aquelas que causaram dor e hostilidade.
Isso é possível mediante o cultivo de pensamentos de paz e de solidariedade, criando um campo mental de harmonia, capaz de manifestar-se por automatismo diante de qualquer ocorrência geradora de aflição.
Gandhi afirmava que não se deve matar o indivíduo hostil, mas matar a hostilidade nesse indivíduo, o que correspondente ao comportamento pacífico encarregado de desarmar o ato agressivo de quem se faz adversário.
Eis porque a resistência passiva consegue os resultados excelentes da harmonia. Provavelmente, o outro, o inimigo, não entenderá de momento a não-violência daquele a quem aflige, mas isso não é importante, sendo valioso para aquele que assim procede, porque não permite que a insânia de fora alcance o país da sua tranquilidade interior.
A problemática apresenta-se como necessidade de eliminar os sentimentos negativos, o que não é fácil, tornando-se mais eficiente diluí-los mediante outros de natureza harmônica e saudável.
Acredita-se que a suspensão da angústia, da ansiedade, da raiva proporciona felicidade. Não será com o desaparecimento de um tipo de emoção que se desfrutará imediatamente de outra. A questão deve ser colocada de maneira mais segura, trabalhando-se, sim, pela eliminação das emoções perturbadoras, porém, ao mesmo tempo, cultivando-se e desenvolvendo-se aquelas que são saudáveis e prazenteiras.
Não se torna suficiente, portanto, libertar-se daquilo que gera mal-estar e produz decepção, mas agir de maneira correta, a fim de que se consiga alegria e estímulo para uma vida produtiva.
Viver por viver é fenômeno biológico, automático; no entanto, é imprescindível viver-se em paz, bem viver-se, ao invés do tradicional conceito de viver de bem com tudo e com todos, apoiado em reservas financeiras e em posições relevantes, sempre transitórias.
Pensa-se que é uma grande conquista não se fazer o mal a ninguém. Sem dúvida que se trata de um passo avançado, entretanto é indispensável fazer-se o bem, promover-se o cidadão, a cultura, a sociedade, ao mesmo tempo elevando-se moralmente.
Quando se está com a emoção direcionada ao bem e à evolução moral, o pensamento torna-se edificante e tudo concorre para a ampliação do sentimento nobre. O inverso também ocorre, porquanto o direcionamento negativo, as suspeitas que se acolhem, a hostilidade gratuita que se desenvolve contribuem para que o indivíduo permaneça armado, porque sempre se considera desarmado.
Mediante o cultivo das emoções positivas, aclara-se a percepção da verdade, das atitudes gentis, dos sentimentos solidários, enquanto que a constância das emoções prejudiciais faculta a distorção da óptica em torno dos acontecimentos, gerando sempre mau humor, indisposição e malquerença.
Quando se alcançar o amor altruísta, haverá o sentimento da real fraternidade e o equilíbrio real no ser em busca de si mesmo e de Deus.
Jesus permanece sendo o exemplo máximo do controle das emoções, não se deixando perturbar jamais por aquelas que são consideradas perniciosas. Em todos os Seus passos, o amor e a benevolência, assim como a compaixão e a misericórdia, estavam presentes, caracterizando o biótipo ideal, guia e modelo para todos os indivíduos.
Traído e encaminhado aos Seus inimigos, humilhado e condenado à morte, não teve uma emoção negativa, mantendo-se sereno e confiante, lecionando em silêncio o testemunho que é pedido a todos quantos se entregam a Deus e devem servir de modelo à humanidade.
Não se podendo viver sem as emoções, cuidar-se daquelas que edificam em detrimento das que perturbam, tal é a missão do homem e da mulher inteligentes na Terra. (As emoções. Joanna de Ângelis.
Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 09.03.09, no Centro Espírita Caminho da Redenção, Salvador, Bahia. Fonte: https://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=131)
Durante muito tempo acreditou-se que o ser humano vem ao mundo qual se fora uma folha de papel em branco, uma tabula rasa, e que a imitação em relação ao que via, ao que experimentava, a iniciar pelos pais que lhe vertiam os conhecimentos e aprendizagens, facultava o arquivamento das impressões que deveria repetir depois.
Experiências significativas, no entanto, demonstraram que a tese era destituída de legitimidade, porquanto os cegos de nascimento, que não podiam acompanhar as expressões da face de outrem, sorriam e apresentavam as mesmas características da tristeza que jamais haviam visto. De igual maneira, os povos ainda primitivos que vivem na Terra, visitados por cientistas cuidadosos, demonstravam os mesmos sentimentos do ser civilizado, embora jamais houvessem contactado com ele, assinalando no semblante o ríctus da dor e a largueza da alegria.
Desde há muito, o pai da doutrina evolucionista, Charles Darwin, houvera escrito um tratado sobre a fisionomia humana, sugerindo estudos com cegos, de modo a se confirmar a ancestralidade dos caracteres emocionais e suas expressões em indivíduos que jamais tiveram oportunidade de vê-las noutrem.
Esse estudo abriria espaço para maior observação em torno dos sentimentos que a Psicologia científica desprezava, há mais ou menos quarenta anos...
Com o advento de novas conquistas psicológicas em torno do ser humano, pôde-se constatar que há uma herança atávica assinalando todos os indivíduos com idênticas expressões faciais e emocionais, sem que tenha havido qualquer contato entre eles.
Do ponto de vista espírita, essa herança procede das reencarnações anteriores, que imprimiram no Espírito as suas necessidades, mas também as suas realizações, facultando-lhe o avanço progressivo, cada vez que uma etapa do processo de crescimento é vencida.
Graças a essa constatação, na raiz de todo processo aflitivo existe uma herança psicológica de outra existência, ressurgindo como necessidade de reparação, a fim de favorecer o Espírito com novas aquisições, sem amarras com os fracassos que ficaram no passado...
Desse modo, a felicidade no mundo é possível, desde que seja desenvolvido o empenho por consegui-la.
Ninguém se encontra na Terra exclusivamente para sofrer, mas para criar as condições da saúde real e da alegria plena.
Mesmo no caso das expiações vigorosas, enquanto vigem trabalham pela libertação do ser encarcerado logo seja concluída a reeducação.
Os estudiosos da conduta psicológica constatam também que essa felicidade é possível, porque existem fatores fisiológicos que a propiciam, e referem-se ao milagre da dopamina, o neuropeptídeo que a fomenta e a produz.
Experiências cuidadosas com tomografia computadorizada apresentam as áreas cerebrais onde se situam a felicidade e a infelicidade, resultado das emoções e dos fenômenos físicos produzidos pela dopamina, bem como por outras substâncias, assim confirmando a tese de natureza orgânica.
Um sentimento qualquer envia impulsos, procedentes do tronco cerebral ao cerebelo, que os processa e envia aos músculos como ordens, permitindo que o diencéfalo entre em ação, propiciando a excitação emocional, de modo que o córtex ative as circunvoluções na área do lóbulo frontal, transformando as emoções em atitudes e realizações objetivas. Ocorre, assim, todo um processo eletroquímico, através do qual o sentimento estimula as áreas próprias que o transformam, conduzem e materializam.
É fácil, portanto, de compreender-se que o ser humano é todo um feixe de emoções que necessitam ser bem direcionadas, e que a educação, o conhecimento, o exercício se encarregam de transformar em vivências. (Conflitos existenciais. Cap. 1. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
As emoções são exteriorizadas , e os sentimentos são interiorizados . Para Damásio, as emoções são literalmente corporalizadas, pois estão intimamente ligadas às sensações. Já o sentimento sucede quando a pessoa toma consciência da emoção e se apega a ela de forma estável, o que entendemos tratar-se de processo cognitivo. (Curso gratuito - Neurociências das emoções - Senac -SP - Módulo 7. Fonte: https://www.cursosead.sp.senac.br/neurociencia_emocoes/08_recurso_web/ - Data de consulta: 21-04-21)
Segundo Allan Kardec, "Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento." ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11. Item 8. Allan Kardec).
"O homem espécie, como todos os seres vivos, não pode de repente achar-se na plenitude de seu ser. Percorre evoluções sucessivas e normais. Sua infância social é caracterizada pelo domínio dos instintos. Daí sua miséria, sua ignorância, sua brutalidade. À medida que se eleva na vida, pouco a pouco se desprende do lodo das primeiras idades. A inteligência cresce, os sentimentos ganham força, e ele começa a humanizar-se. Quanto mais o homem compreende, tanto mais se liga à lei, mais se torna religioso e concorre, de sua parte, para a harmonia geral.
O sofrimento é uma advertência, um estimulante para se livrar do mal, para se retirar da sombra e marchar para a luz. Quanto mais avança, mais horror tem ao mundo do instinto, da luta, da violência e da guerra; quanto mais vê e compreende, melhor aspira ao mundo da paz e da ordem, ao império da razão, ao reino dos sentimentos elevados, que são a dignidade e o sinal sagrado de sua espécie."(Revista Espírita. Agosto de 1863. Destino do homem nos dois mundos. Allan Kardec)
O sentimentos são conquistas nobres do processo da evolução do ser. Desenvolvendo-se dos instintos, libertam-se dos atavismos fisiológicos automatistas para se transformarem em emoções que alcançam a beleza, a estesia, a essência das coisas e da vida, quando superiores, ou as expressões remanescentes do período primário, como a cólera, o ciúme, as paixões perturbadoras.
Na fase inicial do desenvolvimento, o ser possui as sensações em predomínio no comportamento, que o vinculam ao primitivismo, exteriorizando-se na forma de dor e prazer, de satisfação e de desgosto... As manifestações psicológicas somente a pouco e pouco se expressam, rompendo a cadeia das necessidades físicas para se apresentarem como emoções.
Nesse processo, o ser é prisioneiro dos desejos imediatos e grosseiros da sobrevivência, com insight de percepção da harmonia, do equilíbrio, das alegrias que não decorrem do estômago ou do sexo. Lentamente, à medida que supera o egocentrismo do seu estágio infantil, desabrocham-lhe os sentimentos de valores morais, de conquistas intelectuais, culturais, artísticas, idealísticas.
O largo trânsito pelos impulsos do instinto deixa condicionamentos que devem ser reprogramados, a fim de que as emoções superem as cargas dos desejos e do utilitarismo ancestrais.
O primeiro, e certamente o mais importante sentimento a romper o presídio dos instintos, é o amor. De começo, mediante a vinculação atávica com os genitores, os familiares, o grupo social que o protege, as pessoas que lhe propiciam o atendimento das necessidades fisiológicas.
Logo depois, embora o desenvolvimento se faça inevitável, apresenta-se egoístico, retributivo, ainda vinculado aos interesses em jogo.
Somente quando canalizado pela mente e pelo conhecimento, agiganta-se, constituindo-se objetivo do mecanismo existencial, capaz de se libertar dos efeitos rigorosos dos instintos.
Em face da própria historiografia, externa-se como desejo de posse, na ambição pessoal para a eleição do parceiro sexual, fraternal, amigo.
Em razão disso, confunde-se, ainda hoje, o amor com os jogos do sexo, em tormentosos conúbios, nos quais sobressaem as sensações que os entorpecem e exaurem com facilidade.
O amor é o alicerce mais vigoroso para a construção de uma personalidade sadia, por ser gerador de um comportamento equilibrado, por propiciar a satisfação estética das aspirações e porque emula ao desenvolvimento das faculdades de engrandecimento espiritual que dormem nos tecidos sutis do Eu profundo.
Se desperta paixões subalternas, como o ciúme, o azedume, a inveja, a ira, a insegurança que fomenta o medo, ainda se encontra no primarismo dos instintos em prevalência.
Somente quando é capaz de embelezar a existência, proporcionando vida psíquica e emocional enriquecedora, é que se faz legítimo, com os recursos que o libertam do ego.
Predominando na fase da transição - do instinto para o sentimento -, o ego é o ditador que comanda as aspirações, que se convertem em conflitos, por direcionamento inadequado das forças íntimas.
Sendo um dínamo gerador de energia criativa e reparadora, o amor-desejo pode tornar-se, pela potencialidade que possui, instrumento sórdido de escravidão, de transtornos emocionais, de compromissos perturbadores.
A necessidade de controlá-lo, educando as emoções, é o passo decisivo para alcançar-lhe a meta felicitadora.
Toda vez que gera tormento de qualquer natureza, insatisfação e posse, prejudica aquele que o experimenta.
Para libertar-se dessa constrição faz-se imprescindível racionalizá-lo, descondicionando o subconsciente, retirando os estratos nele armazenados e substituindo-os por ideias otimistas, aspirações éticas.
Gerar pensamentos de autoconfiança e gravá-los pela repetição; estabelecer programas de engrandecimento moral e fixá-los; corrigir os hábitos viciosos de utilizar as pessoas como coisas, tendo-as como descartáveis; valorizar a experiência e vivenciar, evitando a autocompaixão, a subestima pessoal, que escondem um mecanismo de inveja em referência às pessoas felizes, constituem técnicas valiosas para chegar ao patamar das emoções gratificantes.
O amor é o grande bem a conquistar, em cujo empenho todos devem aplicar os mais valiosos recursos e esforços. Não obstante, a larga transição no instinto pode transformá-lo em adversário, pelos prejuízos que se originam quando se apresenta em desorganizada manifestação.
Possuidor de uma pluralidade de interesses, expande-se em relação à Natureza, ao próximo, a si mesmo e ao Poder Criador, abrangendo o Cosmo...
Quando alcança a plenitude, irradia-se em forma co-criadora; em intercâmbio com as energias divinas que mantêm o equilíbrio universal, o sentimento de amor cresce e sutiliza-se de tal forma que o Espírito se identifica plenamente com a Vida, fruindo a paz e a integração nela. (Autodescobrimento: uma busca emocional. Cap. 11 - Amor. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
O homem e a mulher, pela sua estrutura evolutiva, são, essencialmente, seres emocionais. Recém-saídos do instinto, em processo de conscientização, demoram-se no trânsito entre o primarismo - a sensação - e a razão, passando pela emoção.
Mesmo quando adquirem o senso do discernimento após se intelectualizarem, acreditando possuir um grande controle da emoção, dela não se libertam como a princípio gostariam.
A emoção bem direcionada torna-se um dínamo gerador de estímulos e forças para realizações expressivas, promovendo aqueles que a comandam, como pode fazer-se instrumento de desgraça, caso lhes fuja ao controle.
Nos relacionamentos interpessoais a emoção exerce um papel relevante, essencial para o êxito, contribuindo para a afetividade, a convivência feliz. No entanto, antes de se exteriorizar como seria ideal, exige todo um curso disciplinante, uma análise profunda, a fim de converter-se em equipamento adequado do Eu superior, expressando-se na conduta e na vivência.
Inicialmente, cada indivíduo deve realizar uma avaliação a respeito da própria emotividade, para identificar se a mesma se encontra embotada, exaltada, indiferente, apaixonada ou sob estímulos enobrecedores.
Quando está embotada, não registra as manifestações da afetividade, conforme se expresse, buscando apenas a fonte das sensações rudes, em cujo desbordar se compraz; se se apresenta exaltada, perde a diretriz do comportamento, deturpando quaisquer manifestações de carinho e perturbando o discernimento; quando indiferente, ignora o rumo das exteriorizações, morrendo por efeito de satisfações não saciadas e de prazeres não fruídos; se apaixonada, manifesta-se a um passo da alucinação, porque mantendo os remanescentes dos instintos fisiológicos, deixando que predominem os desejos hedonistas, em egocentrismo infeliz; somente quando estimulada pelos objetivos enobrecedores, estabelece paradigmas e patamares de autorrealização e integração nos mecanismos da Vida.
Nessa natural escalada para os níveis da consciência lúcida ou de transcendência do ego, a caminho da conquista cósmica através das suas diferentes etapas, é justo examinarse: a) como se reage diante de si próprio; b) qual a conduta em referência ao próximo; c) de que forma desenvolver os valores íntimos em relação a si e aos demais.
No primeiro caso, torna-se essencial a análise cuidadosa a respeito das reações emocionais diante dos desafios: cólera, ciúme, mágoa, revide, ódio, inveja..., que decorrem do primitivismo moral do ser, ainda aferrado a complexos de inferioridade, de superioridade e aturdido por conflitos que remanescem da consciência de culpa.
O trabalho por libertar-se desses verdadeiros verdugos do Eu superior torna-se imprescindível ao desenvolvimento da emoção, ao seu engrandecimento, para estabelecer e seguir as linhas de manifestação equilibrada.
No segundo caso, as reações diante do próximo serão resultado do hábito de como enfrentar situações inesperadas, fenômenos novos, jogos psicológicos desconhecidos, para que os conflitos não se expressem em forma de retraimento, suspeita, narcisismo, aparência de conhecedor de toda a verdade, medo, loquacidade, presunção instigante...
A insegurança pessoal responde pelo descontrole da emoção na conduta do relacionamento com outras pessoas.
O indivíduo tranquilo, porque portador de confiança em si mesmo, não se atormenta quando enfrenta situações novas e desafiadoras, agindo com serenidade, sem a preocupação exagerada de parecer bem, de fazer-se detestado, de eliminar o outro ou de sobrepor-se a ele... É natural e espontâneo, aberto aos relacionamentos interpessoais, respeitador das ideias e condutas do outro, embora não abdicando das suas próprias nem as mascarando para agradar, ou exibindo-as para impô-las...
Dialoga com suave emotividade, assinalando aquele que o ouve com algo agradável e duradouro que brinda no contato estabelecido. Por sua vez, recebe também alguma dádiva, que irá contribuir para o seu crescimento íntimo.
Do inter-relacionamento nascem experiências proveitosas para o amadurecimento psicológico constante do ser.
No terceiro caso, faz-se doador, livre de exigências, sem paixões dissolventes, vinculando-se e amando, ou liberando-se sem ressentimentos, constatando, porém, que em todo relacionamento há sempre uma bela aquisição de vida pela empatia que provoca, pelas expectativas que desperta, pela convivência enriquecedora.
Avançando no equilíbrio da emoção, o encantamento da existência física libera-o da queixa, das frustrações, dos tormentos, que são resquícios do período egoístico ultrapassado, para viver as excelências de cada momento novo e de todas as horas porvindouras, sem angústias pelo ontem, nem ansiedades pelo amanhã.
Cada ser humano é uma incógnita a ser equacionada por ele próprio.
Quando se inicia a operação solucionadora, o primeiro quesito é dedicado à afetividade, ao desvelamento interior, à autorrevelação, ao diálogo franco e jovial. Nem sempre, porém, aqueles a quem se dirige estão em condições de entendê-lo, de intercambiar emoções.
Não raro, o interlocutor se alegra ao conhecer as dificuldades do seu confidente, desrespeita-lhe a confiança, divulgando as informações que lhe foram reveladas, ou nele provoca, por imaturidade como por insânia, conflitos desnecessários, perturbadores.
Nem por isso, deve o ser asfixiar a sua emoção, temeroso dos relacionamentos, isolando-se, assumindo posturas alienadas.
Quem se afasta do meio social, por se acreditar perseguido, não compreendido - em crise paranoide -, deixa de realizar-se emocionalmente.
Não são as circunstâncias que se fazem responsáveis pelo bom ou mau humor do indivíduo, mas a forma pessoal como ele as encara.
O desenvolvimento da emoção é imperativo da reencarnação do Espírito, que se aprimora, etapa a etapa, no processo da evolução, passando pelas sucessivas experiências carnais.
Cumpre, desse modo, ao homem e à mulher, seres essencialmente emocionais, a canalização dessa força dinâmica para a autossuperação, constatando que ninguém, em fase normal do desenvolvimento, passa sem vivenciar o alto potencial da emoção. (Autodescobrimento: uma busca emocional. Cap. 2 - O ser emocional. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
A raiva é um sentimento que se exterioriza toda vez que o ego sente-se ferido, liberando esse abominável adversário que destrói a paz no indivíduo.
Instala-se inesperadamente, em face de qualquer conflito expresso ou oculto, desferindo golpes violentos de injúria e de agressividade.
Inerente a todos os animais, no ser humano, porque portador de vontade e discernimento, é responsável por transtornos que conseguem obscurecer lhe a razão e perturbar lhe o equilíbrio, produzindo danos emocionais de pequeno ou grande alcance, a depender da extensão e da profundidade de que se reveste.
Quando existe a primazia dos instintos agressivos, na contextura do ser, este, diante de qualquer ocorrência desagradável, real ou imaginária, rebolca-se na situação danosa, em agitação inconsequente, cujos resultados são sempre lamentáveis, quando não funestos.
(...)De alguma forma, a raiva é um mecanismo de defesa do instinto de conservação da vida, que se opõe a qualquer ocorrência que interpreta como agressão, reagindo, de imediato, quando deveria agir de maneira racional. Porque tolda a faculdade de discernir, irrompe, desastrosa, assinalando a sua passagem por desconforto, cansaço e amolentamento das forças, logo cessa o seu furor...
O animal selvagem, quando perseguido ou esfaimado ataca, para logo acalmar-se, conseguido o seu objetivo.
O ser humano, além dessa conduta, agride antes, por medo de ser agredido, aumentando a gravidade de qualquer ato sob a coerção do pânico que se lhe instala de momento, ante situações que considera perigosas, evitando racionalizar a atitude, antes parecendo comprazer-se nela, sustentando a sua superioridade sobre o outro, aquele a quem atribui o perigo que lhe ronda.
O seu processo de evolução do pensamento e da consciência, porque estacionado nos remanescentes do período egocêntrico, ora transformado em egoico, estimula esse comportamento inoportuno e prejudicial, cujos efeitos danosos logo serão sentidos em toda a sua extensão.
O círculo da raiva é vicioso, porque o indivíduo adapta-se a essa injunção, passando a gerar um comportamento agressivo, quando não vivenciando uma postura contínua de mau humor.
(...)Em vez da análise tranquila do fenômeno, a tirania do ego exalta-o, o instinto de predominância do mais forte ressuma e a pessoa acredita que está sendo diminuída, criticada, passando a reagir antes de ouvir, a defender-se antes da acusação, partindo para a agressão desnecessária, de que sempre arrepende-se depois.
(...)Por consequência, os instintos primários predominam orientando as decisões, quando estas deveriam ser controladas pela razão, que sempre discerne qual a melhor postura a assumir-se.
A incidência da raiva, portanto, é perfeitamente normal, tornando-se grave a não capacidade de administrá-la.
De bom alvitre, sempre que invadido pelo desequilíbrio dessa natureza, o paciente reserve-se a coragem de adiar decisões, de responder para esclarecer, de discutir em nome da autodefesa, porquanto, invariavelmente, o ego ferido precipita-o em postura inadequada de que se arrependerá de imediato ou mais tarde.
O silêncio diante de circunstância perturbadora, não se permitindo a invasão dos petardos mentais desferidos pelo opositor, constitui recurso imprescindível para evitar o tombo na irritação e seus consequentes danos.
O hábito, que deve ser cultivado, de considerar-se pessoa portadora de virtudes e de deficiências plausíveis de corrigenda, estando sujeita às variações do humor e de comportamento, susceptível de contrariedades, distonias, predispõe à vigilância.
Se advertido, ouvir com atenção e avaliar a proposta apresentada, mesmo quando de maneira agressiva ou indelicada.
Quando útil, incorporá-la como medida de sabedoria que lhe será valiosa, e identificando sub-repticiamente sentimentos negativos por parte do outro, não lhe atribuir qualquer valor ou significado.
O exercício da paciência auxilia a aceitar a vulnerabilidade de que se é constituído, não ampliando a irrupção da raiva quando ocorrer.
Tornando-se contínua, como resultado de estresse e de ansiedade, de insegurança e de medo mórbido, faz-se indispensável uma terapia psicológica, de modo a ser detectada a causa desencadeadora do fenômeno perturbador, que tende a agravar-se quando não cuidado de forma adequada.
A psicoterapia cuidadosa remontará a conflitos adormecidos no inconsciente, que tiveram origem no período infantil ou durante a adolescência, quando as circunstâncias induziam à aceitação de situações penosas, sem o direito de explicação ou de justificação.
As pequenas contrariedades acumularam-se, e porque não diluídas conforme deveriam, explodem quando algo proporciona aumento de volume à carga existente, fazendo-a insuportável.
Ao mesmo tempo, a terapia da prece e da meditação constitui salutar recurso para o controle das emoções, reabastecimento de energias vigorosas que se encarregam de asserenar o sistema nervoso central, impedindo ou diminuindo a incidência da ira.
As boas leituras também funcionam como procedimento terapêutico de excelente qualidade, por enriquecerem a mente com ideias otimistas, substituindo muitos dos clichês psíquicos viciosos que induzem a comportamentos insanos.
Em face dos recursos que se podem haurir na bioenergia, a sua aplicação, nos pacientes susceptíveis à raiva e à sua coorte de distúrbios da emoção, é de inadiável importância, destacando-se o concurso de pessoas abnegadas e saudáveis física e moralmente, como portadoras da doação.
Jesus utilizava-se do denominado toque curador, descarregando naqueles que O buscavam as sublimes energias de que era portador. Nada obstante, mediante a sua vontade, penetrava na problemática dos pacientes antes que Lhe narrassem às aflições de que eram vítimas, liberando-os com o Seu psiquismo superior.
(...)Embora a imensa distância moral que medeia entre Ele e os Seus modernos discípulos, todos são possuidores de preciosas energias que dimanam do Pai, algumas das quais encontram-se ínsitas neles mesmos, ou as recebem mediante a interferência dos nobres condutores espirituais da Humanidade. (Conflitos existenciais. Cap. 3. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
Os sentimentos humanos expressam-se de variada forma, com flutuações que determinam o equilíbrio, a saúde mental e emocional ou os estados patológicos, necessitados de tratamento.
A tristeza não é o inverso da alegria, mas a sua ausência momentânea.
É um estado que conduz à reflexão e não ao desinteresse pela vida, à contemplação dos valores vividos e não à melancolia, mas à análise das necessidades reais ainda não expressadas...
Ante a temerária depressão generalizou-se o conceito de que a tristeza, a melancolia e a antiga acédia ou acídia são todas a mesma expressão do sentimento.
A tristeza, porém, é um fenômeno natural que ocorre com todas as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de alegria. Pode ser considerada como uma pausa para a compreensão da existência, avançando no rumo do júbilo.
A melancolia é um estado de saudade de algo conhecido e perdido ou desconhecido e não experimentado que, em se prolongando, pode transformar-se em depressão.
Enquanto a tristeza convida à viagem interior, propondo avaliação de comportamento e consideração de valores aceitos, a melancolia normalmente é resultado de algum ser querido. No início, é natural que ocorra, no entanto, em se prolongando por algumas semanas converte-se em transtorno depressivo, que necessita de competente tratamento.
A sociedade contemporânea estabeleceu que a alegria deve ser um estado constante de todos os indivíduos, significando êxito, realização nos relacionamentos, triunfo social e econômico, conquista de posição relevante. Em consequência, há um estereótipo se debate em conflitos e dores não exteriorizados.
Ninguém pode viver em alegria permanente, o que seria igualmente patológico, uma forma de alienação da realidade, que sempre exige seriedade, esforço e trabalho, a fim de ser vivida em forma edificante.
(...)A tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimentos, é, pois, psicoterapêutica, de vez em quando, para a conquista real do equilíbrio, com discernimento do que é lícito e deve ser conquistado.
Muitas vezes Jesus chorou de tristeza contemplando a loucura humana, o seu desequilíbrio, o desinteresse pelo verdadeiro e a ambição pelo mentiroso.
Sorriu, também, quando choraram aqueles que O foram ver no sepulcro, então ressuscitado, como houvera antes muitas vezes chorando.
Mergulhou em tristezas, em muitas ocasiões, quando, por exemplo, buscou o deserto para meditar, quando incompreendido pelos exploradores do povo, quando encontrou o Templo transformado em mercado de interesses inferiores, quando no Horto das Oliveiras...
A tristeza era-Lhe familiar, embora Ele houvesse trazido as boas novas de alegrias para a humanidade.
Não cultives a tristeza nem fujas dela, aceitando-a, quando se te apresentar e retirando o melhor resultado da oportunidade de reflexão que te proporcione.
Com esse comportamento estarás experienciando atitudes renovadas. (Atitudes renovadas. Cap. 5. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
A herança da culpa no inconsciente humano responde por inúmeros desequilíbrios que dela se desdobram, mascarando-se de variadas expressões que se tornam fenômeno inevitável no processo para aquisição de superior nível de consciência.
Após vencer o estágio da consciência de sono, o Espírito reencarnado descobre a paisagem fascinante e quase infinita que faz parte da sua existência corporal, proporcionando-lhe mais amplas aspirações de crescimento, com vistas a alcançar o elevado nível de consciência cósmica.
Os erros e crimes praticados durante a fase inicial de conquista da razão e do discernimento, em face do despertar da consciência, ressumam dos arquivos profundos do Selfe reaparecem na personalidade com imposição constrangedora.
Não poucas vezes torna-se inevitável a instalação mortificadora da consciência de culpa que inconscientemente induz ao medo.
Trata-se de um medo absurdo, que se transforma em transtorno de comportamento, agravado pela natural aceitação do paciente, que o aumenta em face da insegurança emocional, tornando-se, não raro, uma patologia que pode desencadear síndromes do pânico ou transtornos depressivos graves.
Quando se apresenta em comportamentos assinalados pela timidez, há uma natural tendência para a alienação ao convívio social, isolando-se e ruminando pensamentos pessimistas em relação a si mesmo e aos demais, ou transformando o sentimento em raiva malcontida que empurra para pavores imprevisíveis.
Todos são vítimas do medo em relação ao desconhecido como ocorrência normal.
Quando se aguarda a concretização de algo ambicionado, é natural que ocorram dúvidas em forma de medo da sua não viabilidade; quando alguém se afeiçoa por outrem, ocorre o medo de não ser correspondido; em face da instabilidade dos fenômenos existenciais, o medo ocupa um lugar de destaque, assim como ocorre com outros sentimentos. Todavia, quando extrapola, gerando situações conflitivas, dando largas à imaginação atormentada, propiciando ansiedade, sudorese,
arritmia cardíaca, identifica-se de imediato um pavor que assoma e ameaça a estabilidade emocional.(Conflitos existenciais. Cap. 4. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta contemporânea.
Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e esmagado pelos fatores constringentes de uma sociedade eticamente egoísta, predomina a insegurança no mundo emocional das criaturas. As constantes alterações da Bolsa de Valores, a compressão dos gastos, a correria pela aquisição de recursos e a disputa de cargos e funções bem remunerados geram, de um lado, a insegurança individual e coletiva. Por outro, as ameaças de guerras constantes, a prepotência de governos inescrupulosos e chefes de atividades arbitrários quão ditadores; os anúncios e estardalhaços sobre enfermidades devastadoras; os comunicados sobre os danos perpetrados contra a ecologia prenunciando tragédias iminentes; a catalogação de crimes e violências aterradoras respondem pela inquietação e pelo medo que grassam em todos os meios sociais, como constante ameaça contra o ser e o seu grupo, levandoos a permanente ansiedade que deflui das incertezas da vida.
(...)A ansiedade tem manifestações e limites naturais, perfeitamente aceitáveis. Quando se aguarda uma notícia, uma presença, uma resposta, uma conclusão, é perfeitamente compreensível uma atitude de equilibrada expectativa. Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso periférico, a sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o clima de ansiedade tornase um estado patológico a caminho da somatização física em graves danos para a vida. (O homem integral. Cap. 3. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
O quadro da ansiedade varia de um para outro indivíduo, embora as características sintomatológicas sejam equivalentes.
Estresseando-se com facilidade, em razão da falta de autoconfiança e de harmonia interna, o paciente tende a padecer transtornos depressivos, quase sempre de natureza bipolar, com graves ressonâncias nos equipamentos neuroniais.
Passados os momentos de abstração da realidade, quando a melancolia profunda mergulhou-o no desinteresse pela vida e na tristeza sem par, o salto para a exaltação leva-o, com frequência, aos delírios visuais e auditivos, extrapolando as possibilidades, para assumir personificações místicas ou histriônicas, poderosas e invejadas, cujas existências enganosas encontram-se no seu inconsciente.
Terminado o período de excitação, no trânsito para o novo submergir na angústia, torna-se muito perigoso, porque a realidade perde os contornos, e o desejo de fuga, de libertação do mal-estar atira-o nos abismos do autocídio.
Desfilam em nossa comunidade social inúmeros indivíduos ansiosos que se negam ao reconhecimento do distúrbio que os atormenta, procurando disfarçar com o álcool, o tabaco, nos quais dizem dispor de um bastão psicológico para apoio e melhor reflexão, nas drogas aditivas ou no sexo desvairado, insaciável, o que mais lhes complica o quadro de insanidade emocional.
O reconhecimento da situação abre oportunidade para uma terapia de autoajuda, pelo menos, ensejando receber de imediato o apoio do especialista. (Clonfitos existenciais. Cap. 8. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
(...)Pode-se afirmar que existem fatores endógenos e exógenos que respondem pela presença do medo.
No primeiro caso, os comportamentos infelizes de reencarnações anteriores imprimem-no nos refolhos do períspirito que, por sua vez, instala no inconsciente profundo as matrizes do receio de ser identificado, descoberto como autor dos danos que foram produzidos noutrem e procurou ignorar, mascarando-se de inocente. Nesse sentido, podemos incluir as perturbações de natureza espiritual, em forma de sutis obsessões, consequências daqueles atos inditosos que ficaram sem regularização no passado.
No segundo caso, as atitudes educacionais no lar, os relacionamentos familiares agressivos, o desrespeito pela identidade infantil, as narrativas apavorantes nas quais muitos adultos se comprazem, atemorizando crianças; os comportamentos agressivos das pessoas, desenvolvem medos que adquirem volume à medida que o crescimento mental e emocional amplia a capacidade de conduta do educando.
Ao mesmo tempo, os apavorantes fenômenos sísmicos que periodicamente varrem o planeta, ceifando vidas, destruindo cidades e ameaçando outras, o virulento terrorismo político internacional, a violência urbana, as injustiças sociais profundas, a competição perversa pela projeção no mundo dos negócios, dos divertimentos, do poder de qualquer natureza, produzem medo naqueles cuja constituição emocional, perturbada desde a infância pelos temores que lhe foram infundidos, desborda-se em pavores inquietantes.
A impotência do ser humano diante dos fenômenos da Natureza e a quase indiferença de algumas autoridades do mundo em relação aos seus governados geram medo de cada qual ser a próxima vítima, refugiando-se no silêncio e no temor que assalta ameaçador.
Grande parte do noticiário da mídia (lixo) que se compraz em exaltar o esdrúxulo, o agressivo ao contexto social, o crime, contribui dessa forma para a alucinação de alguns enfermos perversos que se sentem estimulados à prática de arbitrariedades, assim como desenvolve o medo da convivência, do relacionamento com outros indivíduos, sempre vistos como futuros agressores.
Esses medos sempre impedem o repouso, desencadeiam mais imaginativos receios, e mesmo quando apoiados em ocorrências reais, aumentam de intensidade, tornando-se quase insuportáveis.
(...)O medo do desconhecido, do escuro, de altura, de pessoas, de multidões, de animais e insetos, que se apresentam como condutas fóbicas, são outros desafios perturbadores.
Acrescente-se a esses o medo de adoecer, de sofrer, de morrer...
(...)A coragem de manter contato com os próprios medos é recurso terapêutico muito valioso para a sua erradicação, ou, pelo menos, para a sua administração psicológica.
Graças aos medos aprende-se como fazer-se algo, o que realmente se deseja fazer e para que se quer realizar.
Desse modo, enquanto não se apresenta como transtorno patológico, que necessita de psicoterapia ou mesmo de terapêutica química, muitos recursos encontram-se ao alcance de quem os deseje para libertar-se dos medos.
A consciência de que se é portador do medo e se está disposto a enfrentar-lhe as nuanças e manifestações, apresenta-se como um passo inicial de excelentes resultados. O prosseguimento da atitude de confiança em favor da sua liberação auxilia na conquista de espaço mental, substituindo-o por novos cometimentos e aspirações edificantes que se lhe opõem.
A vitória sobre qualquer conflito resulta de esforços ingentes e contínuos que o indivíduo se propõe com decisão e coragem.
Mesmo quando superado o medo, isso não significa a sua eliminação total e absoluta, pois que novas situações podem exigir precaução e vigilância que se apresentarão em forma de temor.
Alicerçadas nos bons resultados já conseguidos, as novas tentativas serão muito mais fáceis do que as iniciais.
A grande terapia para todos os tipos de medo é a do amor. O amor a si mesmo, ao seu próximo e a Deus.
(...)O amor é o antídoto eficaz para a superação do medo e a sua consequente eliminação.
Quando ama, o ser enriquece-se de coragem, embora não possa evitar os enfrentamentos em face dos impulsos edificantes que do amor emanam.
(...)Considerando-se a possibilidade de alguns dos medos serem inspirados por adversários desencarnados, a oração-terapia gera um clima psíquico tão elevado que o opositor perde o contato com a vítima em face de esta erguer-se em superior onda vibratória, na qual não consegue ser alcançada pelo perseguidor espiritual.
(...)Toda vez que se equivoque, em vez de uma reação de raiva pelo erro, permita-se a compaixão como direito que se tem pelo erro cometido, considerando-se o estágio de humanidade em que se encontra e age.
Evite-se a postura intransigente de não se desculpar pelos feitos infelizes, pelas ações transtornadas.
(...)Na solidariedade estão igualmente os estímulos para o avanço, para a autoestima, para o encorajamento em favor de novos tentames de progresso.
Sempre que o medo permaneça, mais medo se acumula.
Na terapia do amor em relação ao medo, quanto mais se ama, naturalmente mais amor se tem a oferecer.
Mediante também a compaixão, que é diluente do medo, o ser humano torna-se mais digno e saudável.
Graças a esse sentimento que se expande na medida em que se ama, o ser engrandece-se e enriquece-se de vida, envolvendo-se em paz. (Conflitos existenciais. Cap. 4. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento. Não apenas identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do cotidiano. Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, alterase a escala de valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranquilidade e a autoconfiança. (O homem integral. Cap. 3. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
Perceber, identificar e encontrar outras maneiras de lidar com as emoções, manejando-as melhor, é uma estratégia importante para aumentar sua autoconsciência emocional , conhecida como estratégia PIM :
Perceber - Conhecer e reconhecer as emoções em si.
Identificar - Identificar o que dispara as emoções, as reações e o impacto que causam no ambiente.
Manejar - Moderar as expressões, ter reações proporcionais ao gatilho e adequadas às circunstâncias. (Curso gratuito - Neurociências das emoções - Senac -SP - Módulo 8. Fonte: https://www.cursosead.sp.senac.br/neurociencia_emocoes/08_recurso_web/ - Data de consulta: 21-04-21)
Remontando-se à origem da vida nos seus mais remotos passos, encontra-se a presença do psiquismo originado em Deus, aglutinando moléculas e estabelecendo a ordem que se consubstanciou na realidade do ser pensante.
Etapa a etapa, através dos vários reinos, essa consciência embrionária desdobrou os germes da lucidez latente até ganhar o discernimento vasto, plenificador.
À medida que a complexidade de valores se torna unificada na sua atualidade, surgem, no comportamento do indivíduo, por atavismo das experiências anteriores, os conflitos e os distúrbios que respondem na área psicológica pelos muitos problemas que o afligem.
Faz-se então indispensável, ao adquirir-se o conhecimento de si, o aprofundamento da busca da sua realidade, deslindando os complicados mecanismos viciosos que impedem a marcha ascencional e não o levam à realização total.
Os impulsos orgânicos propelem sempre para a comodidade, a satisfação dos instintos, o imediatismo do prazer, a prejuízo da meta essencial: a libertação dos processos determinantes dos renascimentos carnais, que são as paixões primitivas.
A atração pelo mundo exterior conduz, por sua vez, a inumeráveis distoniais emocionais, que atormentam e desvairam o indivíduo, afugentando-o de si mesmo num rumo difícil de ser mantido.
Somente através de um grande empenho da vontade é possível olhar para dentro e pesquisar as possibilidades disponíveis para melhor identificar o que fazer, quando e como realizá-lo.
Trata-se, essa tarefa, de um desafio que exige intenção lúcida até criar o hábito da interiorização, partindo da reflexão para o mergulho no oceano do Si, daí retirando as pérolas preciosas da harmonia e da plenitude, indispensáveis à vivência real de ser pensante.
A mente não adestrada nessa busca hesita e retrai-se impedindo-se o descobrimento dos recursos inimagináveis, que esperam para ser desvelados.
As tendências ao relaxamento e ao menor esforço, inerentes ao processo da evolução pelo trânsito nas fases anteriores, dificultam os procedimentos iluminativos imprescindíveis.
Na excursão ao mundo objetivo o ser adquire conhecimentos intelectuais e experiências vivas das realizações humanas; no entanto, apenas no esforço de interiorização conseguirá identificar-se com os objetivos essenciais da sua realidade, harmonizando-se.
Adquirir a consciência plena da finalidade da existência na Terra constitui a meta máxima da luta inteligente do ser. (Autodescobrimento: uma busca interior. Cap. 3. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
O cérebro humano pode ser comparado a um computador especial de elevados recursos e intrincados mecanismos, que escapam à mais sofisticada tecnologia, para penetrá-lo integralmente.
(...)Todos os conteúdos psíquicos que não podem ser apreendidos e catalogados pela consciência lúcida compõem o subconsciente. Inúmeros deles permanecem na condição de recalques que, não obstante, liberam-se em condições especiais.
É uma parte do subconsciente responsável pela memória, pela vida psíquica e sentimental, que elabora os padrões do comportamento social e moral. Normalmente aflora nos estados oníricos, cuja ação é preponderante, e nos transtornos neuróticos que resultam das suas fixações perturbadoras.
Conforme as preferências mentais, os alicerces do subconsciente são compostos dos mais frequentes padrões de pensamentos, que estabelecem a conduta do indivíduo, por ser essa de relevante importância no seu relacionamento interpessoal, como na sua vivência existencial.
Enfermidades fisiológicas, resultantes da somatização dos transtornos psicológicos, assim como bem-estar, alegria de viver, ou pessimismo, angústia encontram-se ínsitos nos painéis do subconsciente, de onde emergem, então, para que predominem na experiência humana como saúde ou doença, felicidade ou amargura.
(...) A tendência para guardar coisas é inata na criatura humana e, geralmente, quase coercitiva.
Pensando-se no futuro, armazenam-se objetos, alguns inúteis; medicamentos, que ficam sem validade; roupas e calçados usados, para providências posteriores; papéis e recortes de jornais, de revistas, para serem lidos ou relidos um dia, que nunca chega; materiais e ferramentas, que não são utilizados... Em determinada oportunidade, porém, com os móveis abarrotados, os espaços tomados e os guardados sob leves camadas de pó chamam a atenção, e a pessoa vê-se convidada a uma limpeza, uma nova arrumação, eliminando o que é inútil, distribuindo o que pode ser aproveitado, e reservado apenas o que tem aplicação prática. Esse gesto representa uma forma de libertação, de desapego ao secundário, ao que acumulou desnecessariamente, ao sem valor.
É imperiosa, periodicamente, uma atitude enérgica, equivalente, em relação aos depósitos do subconsciente, em favor da autorrealização. Retirar o entulho psíquico torna-se fundamental para uma existência saudável.
Certamente, o passado influencia o presente e quanto mais seja conscientizado e eliminado de forma coerente e lúcida tanto melhor para a planificação do futuro.
Um discípulo, que tivera a residência com tudo quanto nela havia destruída pelo fogo, queixou-se ao seu mestre da desgraça a que fora objeto.
O sábio, que era um admirável psicanalista nato, respondeu-lhe jovial que agora seria muito mais fácil encarar com naturalidade a morte, pelo imperativo severo do desapego.
(...)Necessário, portanto, penetrar-se mentalmente, a fim de avaliar as impressões infantis arquivadas, as pessoas-modelo gravadas, os choques não absorvidos, os fantasmas criados pela imaginação e os medos cultivados pela fantasia lúdica, reavaliando-lhes os significados e selecionando-os, de modo a libertar-se de todos aqueles que são afugentes, e preservando as impressões enriquecedoras, aquelas que proporcionam bem-estar. Nessa tarefa cumpre que a ação se faça destituída de autocompaixão, de autocrítica, de autopunição, de autojustificação. Mediante a coragem de quem vislumbra e se dirige para uma meta de segurança, sem saudades do que passou, deve fazer a seleção do material e analisá-lo serenamente, a fim de renovar-se.
(...)Utilizando-se da autossugestão, dos recursos mnemónicos positivos, da visualização e da prece, reabastece-se de valores que, hoje arquivados, irão estimular os centros do desenvolvimento psíquico e moral, que ressumarão no futuro com sensações de paz, de claridade mental, de impulsos generosos, de atitudes equilibradas.
(...) Uma pessoa inexperiente identifica facilmente uma pedra que brilha no meio de outras. Entretanto, um especialista distingue-a e valoriza-a, por ser um diamante que espera apenas a lapidação. (Autodescobrimento: uma busca interior. Cap. 7. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo P. Franco)
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.
Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?
Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?
Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.
O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhosos julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.
Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a idéia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado de espalhar. Com este objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos.( O Livro dos Espíritos. Questão 919 e 919-a. Allan Kardec).
É verdade que esse autoconhecimento não é muito fácil, já que nosso amor-próprio sempre atenua as faltas que cometemos, tornando-as desculpáveis, assim como rotula como qualidades meritórias o que não passa de vícios e paixões.
Urge, porém, que aprendamos a ser sinceros com nós mesmos e procuremos aquilatar o real valor de nossas ações, indagando-nos como as qualificaríamos se praticadas por outrem.
Se forem censuráveis em outra pessoa, também o serão em nós, eis que “Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça”.
Será útil conhecermos, igualmente, qual o juízo que delas fazem os outros, principalmente aqueles que não pertencem ao círculo de nossas amizades, porque, livres de qualquer constrangimento, podem estes expressar-se com mais franqueza. (As leis morais. Cap. 45. Rodolfo Calligaris.)
O que impede, por vezes , que vos corrijais de um defeito, de um vício, é, certamente, que não vos apercebeis que o tendes. Enquanto vedes os menores defeitos do vosso próximo, do vosso irmão, nem mesmo suspeitais de que tendes as mesmas falhas, talvez cem vezes maiores que as deles. Isto nada mais é que uma consequência do orgulho que vos leva, como a todos os seres imperfeitos, a não achar nada de bom senão em vós. Deveríeis vos analisar como se não fôsseis vós mesmos. Imaginai, por exemplo, que aquilo que fizestes ao vosso irmão vos tivesse sido feito por ele. Colocai-vos no lugar dele. O que faríeis? Respondei sem ideia preconcebida, pois suponho que queirais a verdade. Assim fazendo, estou certo de que muitas vezes descobrireis defeitos vossos, que antes não havíeis notado. (Revista Espírita. Junho de 1863. Dissertações espíritas . Conhecer-se a si mesmo. La Fontaine / Allan Kardec)
Quem viu o filme Matrix — antes que se tornasse o primeiro de uma série — há de se lembrar da cena em que o herói Neo e levado pelo guia Morfeu para ouvir o oráculo.
Nesta cena aparece a sibila, a mulher que recebeu o oráculo (isto é, a mensagem) e que é também o oráculo (ou seja, a transmissora da mensagem). Essa mulher pergunta a Neo se ele leu o que está escrito sobre a porta de entrada da casa em que acabou de entrar. Ele diz que não. Ela então lê para ele as palavras, explicando-lhe que são de uma língua há muito desaparecida, o latim. O que está escrito? Nosce te ipsum. O que significa? "Conhece-te a ti mesmo.” O oráculo diz a Neo que ele — e somente ele — poderá saber se é ou não aquele que vai livrar o mundo do poder da Matrix e, portanto, somente conhecendo a si mesmo ele terá a resposta.
Poucas pessoas que viram esse filme compreenderam exatamente o significado dessa cena, pois ela e a representação, no futuro, de um acontecimento do passado, ocorrido há 23 séculos, na Grécia.
Havia, na Grécia antiga, na cidade de Delfos, um santuário dedicado ao deus Apoio, deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria. Sobre o portal de entrada desse santuário estava escrita a grande mensagem do deus ou o principal oráculo de Apolo: “Conhece-te a ti mesmo”. Um ateniense, chamado Sócrates, foi ao santuário consultar o oráculo, pois em Atenas, onde morava, muitos diziam que ele era um sábio e ele desejava saber o que significava ser um sábio e se ele poderia ser chamado de sábio. O oráculo, que era uma mulher, perguntou-lhe: "O que você sabe?”. Ele respondeu: "Só sei que nada sei”. Ao que o oráculo disse: “Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe". Sócrates, como todos sabem, é o patrono da filosofia.
Neo e a Matrix
Se voltarmos ao filme Matrix, podemos perguntar por que foi feito o paralelo entre Neo e Sócrates.
Comecemos pelo nome dos dois personagens masculinos principais: Neo e Morfeu. Esses nomes são gregos.
Neo significa "novo" ou "renovado” e, quando dito de alguém, significa "jovem na força e no ardor da juventude”.
Morfeu pertence a mitologia grega: era o nome de um espírito, filho do Sono e da Noite, que possuía asas e era capaz, num único instante, de voar em absoluto silêncio para as extremidades do mundo. Esvoaçando sobre um ser humano ou pousando levemente sobre sua cabeça, tocando-o com uma papoula vermelha, tinha o poder não só de fazê-lo adormecer e sonhar, mas também de aparecer-lhe no sonho, tomando forma humana. E dessa maneira que, no filme, Morfeu se comunica pela primeira vez com Neo, que desperta assustado com o ruído de uma mensagem na tela de seu computador. E, no primeiro encontro de ambos, Morfeu surpreende Neo por sua extrema velocidade, por ser capaz de voar e por parecer
saber tudo a respeito desse jovem que não o conhece.
Varias vezes, Morfeu pergunta a Neo se ele tem sempre a impressão de estar dormindo e sonhando, como se nunca tivesse certeza de estar realmente desperto. Essa pergunta deixa de ser feita a partir do momento em que, entre uma pílula azul e uma vermelha oferecidas por Morfeu, Neo escolhe ingerir a vermelha (como a papoula da mitologia), que o fara ver a realidade. E Morfeu quem lhe mostra a Matrix, fazendo-o compreender que passou a vida inteira sem saber se estava desperto ou se dormia e sonhava porque, realmente, esteve sempre
dormindo e sonhando.
O que e a Matrix? Essa palavra e latina. Deriva de mater, que quer dizer “mãe". Em latim, matrix é o órgão das fêmeas dos mamíferos onde o embrião e o feto se desenvolvem; e o útero. Na linguagem técnica, a matriz e o molde para fundição de uma peca; O circuito de codificadores e decodificadores das cores primárias (para produzir imagens na televisão) e dos sons (nos discos, fitas e filmes); e, na informática, e a rede de guias de entradas e saídas de elementos lógicos dispostos em determinadas intersecções.
No filme, a Matrix tem todos esses sentidos: ela e, ao mesmo tempo, um útero universal onde estão todos os seres humanos cuja vida real e "uterina” e cuja vida imaginária e forjada pelos circuitos de codificadores e decodificadores de cores e sons e pelas redes de guias de entrada e saída de sinais lógicos.
Qual é o poder da Matrix? Usar e controlar a inteligência humana para dominar o mundo, criando uma realidade virtual ou uma falsa realidade na qual todos acreditam. A Matrix é o feitiço virado contra o feiticeiro: criada pela inteligência humana, a Matrix é inteligência artificial que destrói a inteligência que a criou porque só subsiste sugando o sistema nervoso central dos humanos.
Antes que a palavra computador fosse usada correntemente, quando só havia as enormes máquinas militares e de grandes empresas, falava-se em "cérebro eletrônico". Por que?
Porque se tratava de um objeto técnico muito diferente de todos até então conhecidos pela humanidade. De fato, os objetos técnicos tradicionais ampliavam a força física dos seres humanos (o microscópio e o telescópio aumentam o limite dos olhos; o navio, o automóvel e o avião aumentam o alcance dos pés humanos; a alavanca, a polia, a chave de fenda, o martelo aumentam a força das mãos humanas; e assim por diante). Em contrapartida, o "cérebro eletrônico"
ou computador amplia e mesmo substitui as capacidades mentais ou intelectuais
dos seres humanos. A Matrix e o computador gigantesco que escraviza os homens, usando a mente deles para controlar as próprias percepções, sentimentos e pensamentos, fazendo-os crer que o aparente é real.
Vencer o poder da Matrix e destruir a aparência, restaurar a realidade e assegurar que os seres humanos possam perceber e compreender o mundo verdadeiro e viver realmente nele. Todos os combates realizados por Neo e seus companheiros são combates cerebrais e do sistema nervoso, isto e, são combates mentais entre os centros de sensação, percepção e pensamento humanos e os centros artificiais da Matrix. Ou seja, as armas e tiroteios que aparecem na tela são pura ilusão, não existem, pois o combate não é físico e sim mental.
Neo e Sócrates
Por que os personagens do filme afirmam que Neo é "o escolhido"? Por que eles estão seguros de que ele será capaz de realizar o combate final e vencer a Matrix? Porque ele era um “pirata eletrônico”, isto é, alguém capaz de invadir programas, decifrar códigos e mensagens, mas, sobretudo, porque ele também era um criador de programas de realidade virtual, um perito capaz de rivalizar com a própria Matrix e competir com ela. Por ter um poder semelhante ao dela, Neo sempre desconfiou de que a realidade não era exatamente tal como se apresentava. Sempre teve dúvidas quanto a realidade percebida e secretamente questionava o que era a Matrix. Essa interrogação o levou a vasculhar os circuitos internos da máquina (tanto assim que começou a ser perseguido por ela como alguém perigoso) e foram suas incursões secretas que o fizeram ser descoberto por Morfeu.
Por que Sócrates é considerado o "patrono da filosofia"? Porque jamais se contentou com as opiniões estabelecidas, com os preconceitos de sua sociedade, com as crenças inquestionadas de seus conterrâneos. Ele costumava dizer que era impelido por um “espírito interior” (como Morfeu instigando Neo) que o levava a desconfiar das aparências e procurar a realidade verdadeira de todas as coisas.
Sócrates andava pelas ruas de Atenas fazendo aos atenienses algumas perguntas: “O que é isso em que você acredita?", "O que é isso que você esta dizendo?’’, “O que é isso que você está fazendo?” Os atenienses achavam, por exemplo, que sabiam o que era a justiça. Sócrates lhes fazia perguntas de tal maneira sobre a justiça que, embaraçados e confusos, chegavam a conclusão de que não sabiam o que ela significava. Os atenienses acreditavam que sabiam o que era a coragem. Com suas perguntas incansáveis, Sócrates os fazia concluir que
não sabiam o que significava a coragem. Os atenienses acreditavam também que sabiam o que eram a bondade, a beleza, a verdade, mas um prolongado diálogo com Sócrates os fazia perceber que não sabiam o que era aquilo em que acreditavam.
A pergunta "O que é?” era o questionamento sobre a realidade essencial e profunda de uma coisa para além das aparências e contra as aparências. Com essa pergunta, Sócrates levava os atenienses a descobrir a diferença entre parecer e ser, entre mera crença ou opinião e verdade.
Sócrates era filho de uma parteira. Ele dizia que sua mãe ajudava o nascimento dos corpos e que ele também era um parteiro, mas não de corpos e sim de almas. Assim como sua mãe lidava com a matrix corporal, ele lidava com a matrix mental, auxiliando as mentes a libertar-se das aparências e buscar a verdade.
Como os de Neo, os combates socráticos eram também combates mentais ou de pensamento. E enfureceram de tal maneira os poderosos de Atenas que Sócrates foi condenado a morte, acusado de espalhar duvidas sobre as idéias e os valores atenienses, corrompendo a juventude. (Convite à Filosofia. Marilena Chaui)
Nos trabalhos espiritistas, onde poderemos encontrar a fonte principal de ensino que nos oriente para a iluminação? Poderemos obtê-la com as mensagens de nossos entes queridos, ou apenas com o fato de guardarmos o valor da crença no coração?
— Numerosos filósofos hão compendiado as teses e conclusões do Espiritismo no seu aspecto filosófico, científico e religioso; todavia, para a iluminação do íntimo, só tendes no mundo o Evangelho do Senhor, que nenhum roteiro doutrinário poderá ultrapassar.
Aliás, o Espiritismo em seus valores cristãos não possui finalidade maior que a de restaurar a verdade evangélica para os corações desesperados e descrentes do mundo.
Teorias e fenômenos inexplicáveis sempre houve no mundo. Os escritores e os cientistas doutrinários poderão movimentar seus conhecimentos na construção de novos enunciados para as filosofias terrestres, mas a obra definitiva do Espiritismo é a da edificação da consciência profunda no Evangelho de Jesus-Cristo.
O Plano invisível poderá trazer-vos as mensagens mais comovedoras e convincentes dos vossos bem-amados; podereis guardar os mais elevados princípios de crença no vosso mundo impressivo. Todavia, esse é o esforço, a realização do mecanismo doutrinário em ação, junto de vossa personalidade. Só o trabalho de autoevangelização, porém, é firme e imperecível. Só o esforço individual no Evangelho de Jesus pode iluminar, engrandecer e redimir o Espírito, porquanto, depois de vossa edificação com o exemplo do Mestre, alcançareis aquela verdade que vos fará livres. (O Consolador. Questão 219. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Segundo o Espírito Emmanuel, "O Espiritismo é, acima de tudo, o processo libertador das consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos." (Palavras de Emmanuel. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
O objetivo que todo Espírita deve ter em mira, se quiser merecer esse título, é seu próprio melhoramento moral. Eu sou melhor do que o era? Corrigi-me de algum defeito? Fiz o bem ou o mal ao próximo? Eis o que todo Espírita sincero e convicto deve perguntar. (Revista Espírita. Setembro de 1867. Caracteres da Revelação Espírita. Allan Kardec)
Bibliografia: