Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 127 - Parábola do mordomo infiel*
Ciclo 2 - História: O fazendeiro rico ou Parábola do mordomo infiel - Atividade: PH - Jesus - 87 - Parábola do mordomo infiel.
Ciclo 3 - História: Parábola do administrador infiel - Atividade: PH - Jesus - 88 - Parábola do administrador infiel.
Mocidade - História: Parábola do administrador infiel - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Administrador infiel.
Dinâmicas: Parábola do mordomo infiel; Parábola do administrador infiel.
Mensagens espíritas: Parábola do mordomo infiel.
Sugestão de vídeo: - História: Parábola do administrador infiel (Dica: pesquise no Youtube)
Sugestão de livro infantil: - Parábola do administrador infiel (Acesse as gravuras com legendas da parábola)
Leitura da Bíblia: Lucas - Capítulo 16
16.1 Jesus disse aos seus discípulos: O administrador de um homem rico foi acusado de estar desperdiçando os seus bens.
16.2 Então ele o chamou e lhe perguntou: Que é isso que estou ouvindo a seu respeito? Preste contas da sua administração, porque você não pode continuar sendo o administrador.
16.3 O administrador disse a si mesmo: Meu senhor está me despedindo. Que farei? Para cavar não tenho força, e tenho vergonha de mendigar...
16.4 Já sei o que vou fazer para que, quando perder o meu emprego aqui, as pessoas me recebam em suas casas.
16.5 Então chamou cada um dos devedores do seu senhor. Perguntou ao primeiro: Quanto você deve ao meu senhor?
16.6 Cem potes de azeite, respondeu ele. O administrador lhe disse: Tome a sua ? conta, sente-se depressa e escreva cinqüenta.
16.7A seguir ele perguntou ao segundo: E você, quanto deve? Cem tonéis de trigo, respondeu ele. Ele lhe disse: Tome a sua conta e escreva oitenta.
16.8 O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente. Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz.
16.9 Por isso, eu lhes digo: usem a riqueza deste mundo ímpio para ganhar amigos, de forma que, quando ela acabar, estes os recebam nas moradas eternas.
16.10 Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito.
16.11 Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas?
Tópicos a serem abordados:
- Esta parábola do Evangelho é considerada uma das mais difíceis de serem compreendidas, interpretada ao pé da letra, pode dar a entender que o Mestre esteja apontando o roubo e a desonestidade como exemplos de conduta dignos de serem imitados. Muitos supõem que o fato de Jesus recomendar que se deva “granjear (adquirir) amigos, com o dinheiro da injustiça”, representa um incentivo à conquista de fortunas ilícitas, pois, afirmam: “uma vez que se façam amigos com aquilo que é contraído desonestamente, não haverá maiores problemas”. Entretanto, considerada em seu verdadeiro sentido, esta parábola mostra uma profunda lição de sabedoria e de bondade que poucos hão sabido entender.
- Ao analisar o seu conteúdo em detalhes verificamos que o rico proprietário representa Deus, o Poder absoluto que sustenta todo o Universo; o mordomo infiel simboliza a Humanidade, ou seja, cada um de nós; os devedores beneficiados são o nosso próximo; e a fazenda representa o planeta Terra, campo em que se desenvolve atualmente nossa evolução. Os bens que nos foram dados a administrar é tudo o ganhamos nesta vida: propriedades, fortuna, posição social, família e até mesmo nosso corpo físico.
- Todas essas coisas nos são colocadas à disposição pelo Supremo Senhor, durante algum tempo, a fim de serem movimentadas para benefício geral, mas, na realidade, não nos pertencem (1). Os bens da Terra pertencem a Deus, o homem é apenas o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens. A prova disso está em que sempre chega o dia em que seremos despojados deles, quer o desejemos, quer não, isto é, no momento da morte todos nós seremos exonerados do nosso cargo.
- Na parábola, o patrão se vê na obrigação de demitir o mordomo infiel diante dos prejuízos que ele causou a sua fazenda. E nós, por que somos considerados administradores infiéis? A nossa infidelidade procede do fato de nos apossarmos indevidamente dos bens que nos foram confiados para administrar, isto é, consiste em fazermos uso dos recursos materiais egoisticamente, como se fossem patrimônio nosso, gastando-os ao sabor de nossos caprichos , esquecidos de que não poderemos fugir à devida prestação de contas quando, pela morte, formos despedidos da mordomia (1).
- Pois bem, já que raramente fazemos bom uso das riquezas que Deus nos concede, façamos, então, como o mordomo da parábola narrada . O que ele fez ? Conquistou amigos com a riqueza do seu amo. De que maneira? Convocando os devedores daquele local, e reduzindo as suas dívidas, para que, após a demissão do cargo que exercia, pudesse contar com a ajuda dos amigos favorecidos no plano espiritual . O amo, sabendo desse procedimento, longe de censurar, louvou a prudência e a sabedoria do mordomo.
- É o que Jesus nos aconselha fazer, quando diz: “granjeai amigos com as riquezas iníquas”. Em outras palavras, isto significa que os sofredores de todos os tipos são criaturas que se acham endividadas perante Deus, são pecadores que têm contas a acertar com a Justiça Divina, e auxiliá-los em suas necessidades, suavizar-lhes as dores e aflições, equivale a diminuir-lhes as dividas, de vez que, via de regra, todo sofrimento constitui resgate de débitos contraídos em vidas passadas (1) .
- Sejamos como o mordomo infiel, auxiliemos os mais necessitados nas suas dificuldades, ajudando-os a carregar o seu fardo pesado . Se assim agirmos, ganharemos a amizade e a gratidão desses infelizes, que se solidarizarão conosco quando deixarmos este mundo. Entretanto, para sermos colaboradores fiéis da Divindade devemos evitar o desperdicio e o mau uso dos bens terrenos , pois, administrando as riquezas em conformidade com os ensinamentos de Jesus, estaremos acumulando, no céu, um tesouro verdadeiramente durável. Sim, porque as virtudes cristãs (a caridade, a compaixão, a bondade, a paciência, a tolerância, o perdão, etc...) , que formos adquirindo no convívio com nossos semelhantes, são as únicas riquezas que poderão ser levadas conosco, e só elas nos poderão dar a felicidade perfeita, nos tabernáculos eternos (no mundo espiritual)!
Comentário(1): Parábolas Evangélicas. Cap. 22. Rodolfo Calligaris.
Perguntas para fixação:
1.Porque essa parábola é considerada uma das mais difíceis de serem entendidas no evangelho?
2. Quem representa o rico proprietário?
3. Quem simboliza o mordomo infiel?
4. Quem são os devedores beneficiados?
5. E o que a fazenda representa?
6. Porque o proprietário da fazenda demitiu o mordomo?
7. O que o mordomo fez quando soube que seria demitido?
8. O que o mordomo conquistou quando diminuiu a dívida dos devedores?
9. Os bens materiais deste mundo pertencem a quem ?
10. De que maneira devemos utilizar os bens materiais que recebemos durante nossa vida ?
11. Quais são as verdadeiras riquezas que poderemos levar conosco após a morte?
Subsídio para o Evangelizador:
Esta parábola de Jesus tem merecido as mais desencontradas interpretações no decurso dos tempos pelo fato de, aparentemente, encerrar uma apologia à desonestidade e uma consagração à fraude. ( As maravilhosas parábolas de Jesus. Paulo Alves Godoy)
Esta parábola, interpretada ao pé da letra, pode dar a entender que o Mestre esteja apontando o roubo e a fraude como exemplos de conduta dignos de serem imitados. (Parábolas Evangélicas. Cap. 22. Rodolfo Calligaris )
Muitos supõem que o fato de Jesus recomendar que se deva “granjear amigos, com o dinheiro da injustiça”, representa um incentivo à conquista de fortunas ilícitas, pois, afirmam: “uma vez que se façam amigos com aquilo que é contraído desonestamente, não haverá maiores problemas”. (As maravilhosas parábolas de Jesus. Paulo Alves Godoy)
Considerada, porém, em seu verdadeiro sentido, segundo o espírito que vivifica, encerra uma profunda lição de sabedoria e de bondade que poucos hão sabido entender. (Parábolas Evangélicas. Cap. 22. Rodolfo Calligaris )
O sentido oculto desta parábola visa a estas duas qualidades, pelas quais se reconhece a bondade ou a maldade do homem: fidelidade e infidelidade.
Fidelidade é a constância, a firmeza e a lealdade com que agimos em todos os momentos da vida: na abastança como na pobreza, nas eminências dos palácios como na humildade das choupanas, na saúde como na enfermidade, e até nos umbrais da morte como no apogeu da vida.
O Apóstolo Paulo, demonstrando sua lealdade, sua constância, sua fidelidade, sua firmeza de caráter, dizia: “Quem me separará do amor de Cristo?”
A fidelidade é a pedra de toque com que se prova o grau do caráter do homem.
É fiel nos seus deveres? Tem forçosamente todas as qualidades exigidas ao homem de caráter: reconhecimento, gratidão, indulgência, caridade, amor, porque a verdadeira fidelidade não se manifesta com exceções ou preferências. Aquele que caminha para se aperfeiçoar em tudo, obedece à sentença de Jesus: “Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celestial.”
Pelo que se conclui: expondo a parábola, Jesus teve por fim exortar seus discípulos a se aplicarem nessa virtude, que se chama fidelidade, para que pudessem um dia representá-la condignamente, tal como se manifesta nos Céus.
Como tudo na Natureza e como tudo o que se faz mister para a perfeição, quer no plano físico ou na esfera intelectual e moral, a fidelidade vai-se engrandecendo em nós à proporção que nela nos aperfeiçoamos. Não a adquirimos de uma só vez em sua plenitude, mas paulatinamente, gradativamente. E aquele que já a possui em certo grau, como o “administrador infiel” da parábola, faz jus à benevolência divina. (Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do administrador infiel. Cairbar Schutel )
Inicialmente, identifiquemos as duas principais personagens da historieta evangélica, e o local em que a ação se desenrola.
O rico proprietário é Deus, o Poder absoluto que sustenta todo o Universo; o mordomo é a Humanidade, ou seja, cada um de nós; e a fazenda é o planeta Terra, campo em que se desenvolve atualmente nossa evolução. Os bens que nos foram dados a administrar é tudo o de que nos jactamos estultamente nesta vida: propriedades, fortuna, posição social, família e até mesmo nosso corpo físico. (Parábolas Evangélicas. Cap. 22. Rodolfo Calligaris )
A nossa infidelidade procede do fato de nos apossarmos dos bens que nos foram confiados para administrar. Somos mordomos dolosos porque praticamos o delito que juridicamente se denomina — apropriação indébita.
Deste caráter são todos os haveres que retemos em mãos, considerando-os nossa propriedade. A realidade, no entanto, é que daqui, da Terra, nada é nosso. Não passamos de simples administradores.
Tanto assim, que o dia de prestação de contas chega para todos. É o que na parábola representa — a demissão. Todo mordomo infiel será, com a morte, despedido da mordomia, despojando-se, então, muito a contragosto, dos bens materiais em cuja posse se achava. (Na Seara do Mestre. O mordomo infiel. Vinicius)
A parábola figura um, cuja prudência louva. É aquele que, sabendo das intenções do amo a seu respeito e reconhecendo que nada lhe era dado alegar em sua defesa, procura, com os bens alheios ainda em seu poder, prevenir o futuro. E como faz?
Granjeia amigos com a riqueza da iniqüidade, isto é, lança mão dos bens acumulados, que representam a riqueza do amo sob sua guarda, e, com ela, beneficia a várias pessoas, cuja amizade, de tal forma, consegue conquistar.
E o amo (Deus) louva a ação do mordomo (homem) que assim procede, pois esses a quem ele aqui na Terra beneficiara serão aqueles que futuramente o receberão nos tabernáculos eternos (paramos celestiais, espaço, céu, etc).
O grande ensinamento desta importante parábola está no seguinte: Toda riqueza é iníqua. Não há nenhuma legítima no terreno das temporalidades. Riquezas legítimas ou verdadeiras são unicamente as de ordem intelectual e moral: o saber e a virtude. Não assiste ao homem o direito de monopolizar a terra, nem de açambarcar os bens temporais que dela derivam. Seu direito não vai além do usufruto.
(...) É claro que a riqueza considerada como sendo o pouco, como sendo a iníqua e a alheia, é aquela que consiste nos bens temporais; e a riqueza reputada como sendo o muito, como sendo o fruto da justiça e que constitui legítima propriedade nossa, é aquela representada pelo saber, pela virtude, pelos predicados de caráter, numa palavra, pela evolução conquistada pelo Espírito no decurso das existências que se sucedem na eternidade da vida.
A terra não constitui propriedade de ninguém: é patrimônio comum. E, como a terra, qualquer outra espécie de bens, visto como toda a riqueza é produto da mesma terra. Ao homem é dado desfrutá-la na proporção estrita das suas legítimas necessidades. Tudo que daí passa ou excede é uma apropriação indébita.
Não se acumula ar, luz e calor para atender aos reclamos do organismo.
O homem serve-se naturalmente daqueles elementos, sem as egoísticas preocupações de entesourar.
O testemunho eloqüente e insofismável dos fatos demonstra que o solo, quanto mais dividido e retalhado, mais prosperidade, mais riqueza e paz assegura aos povos e às nações. (Em torno do Mestre. O mordomo infiel. Vinicius)
Não só as riquezas e fazendas não nos pertencem, como não são igualmente nossos aqueles que estão ligados a nós pelos laços da carne e do sangue. A esposa diz: meu marido. Este, de igual modo, reportando-se à companheira, diz: minha esposa. De fato, porém, não é assim. O estado de viuvez em que ficam homens e mulheres reflete, penosamente, a grande verdade: daqui, nada é nosso.
Com que profundo e sagrado apego as mães dizem: meu filho! Eis que esse filho das suas entranhas, carne da sua carne e sangue do seu sangue, é chamado para o Além, e a mãe fica sem ele! O próprio corpo com que nos apresentamos, essa vestidura carnal que nos dá a forma sob a qual somos conhecidos, também não nos pertence, pois a qualquer momento podemos ser privados da sua posse.
É assim tudo neste meio em que ora vivemos; nada é nosso. Somos meros depositários e usufrutuários, por tempo limitado e incerto, de tudo que nos vem às mãos, inclusive parentes, amigos, mocidade, saúde, beleza e até mesmo o indumento físico com que nos achamos vestidos. (Na Seara do Mestre. O mordomo infiel. Vinicius )
Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens. Tanto eles não constituem propriedade individual do homem, que Deus freqüentemente anula todas as previsões e a riqueza foge àquele que se julga com os melhores títulos para possuí-la.
Direis, porventura, que isso se compreende no tocante aos bens hereditários, porém, não relativamente aos que são adquiridos pelo trabalho. Sem dúvida alguma, se há riquezas legitimas, são estas últimas, quando honestamente conseguidas, porquanto uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para ninguém.
Contas serão pedidas até mesmo de um único ceitil mal ganho, isto é, com prejuízo de outrem. Mas, do fato de um homem dever a si próprio a riqueza que possua, seguir-se-á que, ao morrer, alguma vantagem lhe advenha desse fato? Não são amiúde inúteis as precauções que ele toma para transmiti-la a seus descendentes? Decerto, porquanto, se Deus não quiser que ela lhes vá ter às mãos, nada prevalecerá contra a sua vontade. Poderá o homem usar e abusar de seus haveres durante a vida, sem ter de prestar contas? Não. Permitindo-lhe que a adquirisse, é possível haja Deus tido em vista recompensar-lhe, no curso da existência atual, os esforços, a coragem, a perseverança. Se, porém, ele somente os utilizou na satisfação dos seus sentidos ou do seu orgulho; se tais haveres se lhe tornaram causa de falência, melhor fora não os ter possuído, visto que perde de um lado o que ganhou do outro, anulando o mérito de seu trabalho. Quando deixar a Terra, Deus lhe dirá que já recebeu a sua recompensa. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16. Item 10.Espírito protetor. Allan Kardec).
Não obstante, todos nos apegamos às coisas terrenas, como se realmente constituíssem legítima propriedade nossa. O egoísmo age em nós como velho instinto de conservação, determinando nossa conduta. Pois bem, já que nos apossamos indevidamente da propriedade que nos foi confiada para administrar, façamos, então, como o mordomo da parábola em apreço. Que fez ele? Conquistou amigos com a riqueza do seu amo. De que maneira? Convocando os devedores daquele, e reduzindo as suas dívidas, para que, após a demissão do cargo que exercia, pudesse contar com amigos que o favorecessem. O amo, sabendo desse procedimento, longe de censurar, louvou a prudência e a sabedoria do mordomo. E Jesus termina a parábola, dizendo: "Assim, eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles, nos tabernáculos eternos".
É bastante claro o conselho do Mestre, o qual pode ser assim resumido: já que vos apoderais das riquezas terrenas como se fossem vossas, fazei ao menos como este mordomo — isto é, beneficiai os que sofrem, atentai para os necessitados, minorando as suas angústias e padecimentos. Toda vez, pois, que acudimos as necessidades do nosso próximo, reduzimos a conta dos devedores, de vez que toda a sorte de sofrimento importa, quase sempre, em resgate de débitos passados. Procedendo desta maneira, quando, despojados dos bens terrenos, partirmos para os tabernáculos eternos, teremos ali quem nos receba e nos acolha com bondade e gratidão. (Na Seara do Mestre. O mordomo infiel. Vinicius )
Qual será a linha divisória entre os bens adquiridos legítima ou ilegitimamente?
O apóstolo Tiago, em sua Epístola Universal, assevera: “O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram, e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e por vós foi diminuído; clama.”(Tiago, 5:3-4)
O usurpador dos bens do próximo tanto é aquele que rouba ostensivamente, como aquele que, ao dizer judicioso de Tiago: “diminui o salário dos seus trabalhadores”, locupletando-se com um patrimônio que poderia ter mitigado fome, proporcionando saúde, bem-estar, educação e até estancado lágrimas. Tiago preconiza que, se o ouro ou a prata dos nossos tesouros materiais se enferrujarem, a ferrugem clamará contra nós. Ferrugem essa causada pela estagnação da riqueza, pela avareza, pela falta de uma aplicação sadia, que venha a beneficiar a coletividade; ferrugem simbolizada nas pessoas que mercantilizam com seus dons e com sua inteligência; ferrugem representada pelo saber, pelo conhecimento, que muitas pessoas guardam, egoisticamente, apenas para si.
Um indivíduo que, sem conhecer os seus reflexos no mundo espiritual, tenha adquirido uma fortuna ilegítima e resolve por um paradeiro em seu erro, obviamente poderá reduzir o clamor do que fala Tiago, e minorar as conseqüências do desajuste que sofrerá nos planos espirituais, tomando como exemplo o feito do publicano Zaqueu, (Lucas, 19:1-10), que, ao receber em seu lar a visita de Jesus, decidiu-se espontaneamente a repartir com os pobres, metade da sua fortuna e a restituir quatro vezes mais às pessoas a quem havia espoliado.
Zaqueu fez como o mordomo da parábola: granjeou amigos com o dinheiro que havia acumulado através da prática da injustiça, e, quando, se dispôs a reparar a falta, Jesus o elogiou, dizendo: “Zaqueu, hoje entrou a salvação em tua casa!”
A Parábola do Rico e de Lázaro, (Lucas, l6:19-31), nos revela as conseqüências funestas com que se depara um Espírito que “não soube ser prudente, granjeando amigos com as riquezas contraídas com a prática da injustiça”: o rico da parábola não encontrou amigos nos “tabernáculos eternos”, nem para “molhar o dedo na água e refrescar a sua língua”: Ele não amparou Lázaro, não procurou ajudá-lo a encontrar meios de minorar as suas dores, e, como decorrência, após ultrapassar o limiar do túmulo, não obteve permissão para que Lázaro, que habitava “os tabernáculos eternos”, viesse aplacar as atribulações que o acometiam.
O homem que Deus situa na Terra, cumulado de todas as prerrogativas, desfrutando das facilidades da saúde, da paz, da educação, dos benefícios do instituto familiar, mas que malbarata todos esses valores, simboliza o Mordomo Infiel, esbanjando os talentos que Deus, nosso Pai, lhe confiou.
Entretanto, como o filho deste século é mais prudente do que os filhos da luz, esse mordomo infiel poderá auxiliar o seu próximo, minorando seus sofrimentos, ajudando-o, desta forma, a ter mais força para levar avante a sua tarefa.
O mais apreciável bem que poderíamos fazer ao nosso semelhante, é, ajudá-lo no processo de auto-iluminação. A criatura esclarecida consegue desvios e furtar-se de atos danosos, que levam a contrair novas dívidas perante a Justiça Divina. Por isso, proclamou o Mestre: “Conheça a verdade e ele vos fará livres”.
Se alguém contribuir para elucidar um Espírito encarnado, iluminando a sua senda e proporcionando-lhe maiores condições de poder discernir o bem do mal, dando-lhe condições e diminuir suas dívidas para com a Justiça Divina, estará atuando como o Mordomo Infiel, que, apesar de ter esbanjado os talentos que Deus lhe confiou, soube ser diligente no gerir de sua vida material, e, pelo menos, amparou o seu próximo, ajudando-o a carregar o seu pesado fardo: obviamente, esse seu próximo, agradecido, o ajudará como amigo quando, pela morte do corpo, for despojado da mordomia e se ver face aos “clamores” no mundo espiritual. (As maravilhosas parábolas de Jesus. Paulo Alves Godoy)
Cumpre notarmos ainda esta frase do Mestre: "Porque os filhos deste século são mais sábios na sua geração do que os filhos da luz". Quer isto dizer que o mordomo infiel, filho do século, foi mais sábio, preparando e assegurando o seu futuro, aqui no mundo, do que os filhos da luz, no que respeita ao modo como procedem para assegurar o porvir que os espera após a morte.
Realmente, se os já esclarecidos sobre a vida futura agissem procurando garantir a sua felicidade vindoura com o afã e o denodo com que os homens do século procedem no terreno utilitário, para satisfazerem suas ambições, certamente aqueles já teriam galgado planos superiores, deixando uma esteira de luz após a sua passagem por este orbe de trevas.
Basta considerarmos a soma de esforços, de engenho, de arte, de arrojo e de sacrifício que os homens empregam na guerra, para ver como os filhos do século vão ao extremo, na loucura das suas ambições. Ora, o que não conseguiriam os filhos da luz, se, na esfera do bem, agissem com tamanha dedicação?
Razão tem o Mestre em proclamar que os homens do século são mais esforçados e diligentes, nas suas empresas, do que os filhos da luz em seus empreendimentos.
Ratificando a assertiva de que toda riqueza é iníqua, Jesus aborda as seguintes considerações:
"Quem é fiel no pouco, também o será no muito; e quem se mostra infiel no pouco, por certo o será também no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso?
Nenhum servo pode servir a dois senhores: a Deus e às riquezas."
Está visto que o pouco, o iníquo e o alheio — que nos foram confiados — representam os bens terrenos; ao passo que o muito, as nossas legítimas riquezas estão expressas nos dons do espírito — tais como a sabedoria e a virtude.
Estes, porém, só nos serão concedidos quando o merecermos, isto é, quando, experimentados no pouco, tenhamos dado boas contas.
Conforme vemos, a moralidade desta parábola é clara e edificante, envolvendo interessante caso de Sociologia.
Quando os homens se inteirarem de seu espírito, deixarão de ser ávidos e cúpidos, prestando o seu concurso aos menos favorecidos, não com aquela jactância e vaidade dos que buscam aplausos da sociedade, nem com a falsa visão dos que pretendem negociar com a Divindade uma posição de destaque no Céu —, mas como o cumprimento de um dever natural, de quem sabe que os bens terrenos não constituem privilégio de ninguém, mas devem ser utilizados por todos os filhos de Deus que envergaram a libré da carne neste mundo, a fim de resgatar as culpas do passado, elaborando, ao mesmo tempo, as premissas de um futuro auspicioso.
Ao gesto de dar esmolas, eivado de egoísmo, e, não raro, de hipocrisia, teremos a ideia de justiça, derivada da compreensão das responsabilidades assumidas pelos detentores de riquezas, provindas desta ou daquela origem, pouco importa, visto como, consoante o critério evangélico, elas são sempre iníquas. E o meio de justificá-las está em proceder como o mordomo infiel, reduzindo a conta dos devedores, isto é, minorando as angústias materiais do próximo.(Na Seara do Mestre. O mordomo infiel. Vinicius )
No entanto, no livro '' Os Mensageiros'' afirma que: ''Raramente encontramos companheiros encarnados com bastante disposição para amar o trabalho pelo trabalho, sem idéia de recompensa. A maioria está procurando remuneração imediata. Nessas condições, não percebem que a mente lhes fica como aposento escuro, atulhado de elementos inúteis. À força de viciarem raciocínios, confundem igualmente a visão. Enxergam tormentas onde há paisagens celestes, montanhas de pedra onde o caminho é gloriosa elevação. De pequenos enganos a pequenos enganos, formam o continente das grandes fantasias. Daí por diante, a recapitulação das experiências terrenas inclina-os, mais fortemente, para a exigência animal e, chegados a esse ponto, raros voltam ao dever sagrado, para considerar a grandeza das divinas bênçãos.
(...) Os mordomos da responsabilidade alegam excesso de deveres, os servidores da obediência afirmam ausência de ensejo. Os que guardam possibilidades financeiras montam guarda ao patrimônio amoedado, os que receberam a bênção da pobreza de recursos monetários aconselham-se com a revolta. Os moços declaram-se muito jovens para cultivar as realidades sublimes, os mais idosos afirmam-se inúteis para servi-las. Os casados reclamam quanto à família, os solteiros queixam-se da ausência dela. Dizem os doentes que não podem, comentam os sãos que não precisam. Raros companheiros encarnados conseguem viver sem a contradição.'' (Os mensageiros. Cap. 28. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).
(...) É indispensável considerar que setenta por cento dos administradores terrenos não pesam os deveres morais que lhes competem, e que a mesma porcentagem pode ser adjudicada a quantos foram chamados à subordinação. Vivem, quase todos, a confessar ausência do impulso vocacional, recebendo embora os proventos comuns aos cargos que ocupam. Governos e empresas pagam a médicos que se entregam à exploração de interesses outros e a operários que matam o tempo. Onde, aí, a natureza de serviço? Há técnicos de indústria econômica, que nunca prezaram integralmente a obrigação que lhes assiste e valem-se de leis magnânimas, à maneira de moscas venenosas no pão sagrado, exigindo abonos, facilidades e aposentadorias. Creia, porém, que todos pagarão muito caro a displicência. (Nosso lar. Cap. 22. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).
A riqueza, sob qualquer aspecto considerada, é bênção que Deus concede ao homem para sua felicidade e que lhe compete bem utilizar, multiplicando-a em dons de misericórdia e progresso a benefício do próximo.
Torná-la oásis reduzido para o próprio prazer, em pleno deserto de recursos onde medram a dor e a miséria de todo porte, é fraqueza moral que se converte em algema de demorada escravidão.
Todas as concessões da Vida rendem juros conforme a direção e a aplicação que se lhes dêem.
Os bens materiais ensejam o progresso e devem fomentá-lo, porqüanto a própria evolução humana impõe necessidades que os homens primitivos desconheciam.
As exigências da higiene e do conforto, da preservação da saúde e das experiências de evolução, facultam a aplicação de valores que, simultaneamente, organizam o sistema de crescimento e desenvolvimento do indivíduo como do grupo onde vive.
Não cabe, porém, a ninguém o direito de usufruir, seja o que for, em detrimento das possibilidades do próximo.
Criminosa a exploração que exaure as forças naturais e entenebrece o caráter humano.
Desse modo, a direção que o homem dá aos recursos materiais, mediante a aplicação egoísta ou a utilização benéfica, faz que tal se transforme em liberdade ou grilhão, dita ou desgraça.
Administradores, que todos somos, transitoriamente, dos haveres, enquanto na vilegiatura carnal, seremos convocados a contas para relatórios, apresentando o que fizemos das concessões divinas que passaram pelas nossas mãos.
O dinheiro, a propriedade, a posição social relevante, a saúde, a inteligência, a mobilidade, a lucidez são bens que o espírito recebe como empréstimo divino para edificar-se e construir a ventura.
Qualquer emprego malsão engendra escassez e limitação que se transformam em aflição e desespero.
O mordomo infiel dos bens retorna à Terra na sujeição escravizadora, que lhe cobra o desperdício ou a usura de que se fez vítima inerme. (Leis morais da vida. Cap. 9. Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco )
A Doutrina Espírita oferece aos seus adeptos —àqueles que lhe procuram observar e sinceramente absorver as luzes santificantes — adequado conceito em torno de tão importante quão difícil aspecto da experiência humana: — a Riqueza.
Há quem enriqueça pelo esforço próprio, no trabalho honesto.
Há quem se torne milionário por efeito de heranças ou doações.
Há, contudo, os que trazem suas arcas repletas em consequência de atividades ilícitas, desonestas, espoliando aqui, enganando acolá, defraudando mais adiante.
(...) A riqueza bem aplicada, enobrecendo quem a possui, provê de remédio, de alimento, de vestuário, o lar humilde onde, tantas vezes, a vergonha digna se oculta huinllhada, retraída.
A riqueza mal aplicada, enclausurando o homem nas teias da ambição, condu-lo à miséria espiritual, à demência, à loucura.
Como se vê, podemos convertê-la em bênção ou condenação em nossa vida.
O homem esclarecido, que se desprendeu do corpo deixando valiosos recursos, econômicos ou financeiros, alegrar-se-á, sentir-se-á ditoso, se notar que tais recursos estão espalhando na Terra o perfume da Caridade, nas suas mais diversas manifestações.
No copo de leite para a criança enferma.
No prato de sopa para o necessitado.
No vestuário para o que se defronta com dificuldades.
Na intelectualização e espiritualização do seu semelhante.
Se deixou alguém no mundo largas possibilidades materiais e não se encontra, espiritualmente, em boas condições, as preces de reconhecimento de seus beneficiários alcançar-lhe-ão onde estiver, em forma de consolação e paz, bom ânimo e reconforto, felicitando, destarte, doador e legatários.
Há um tipo de riqueza que constitui, invariavelmente, uma brasa na consciência de quem a deixou no mundo, embora possam os herdeiros, aplicando-a cristãmente, suavizar-lhe o sofrimento, abrandar-lhe o remorso.
É a que se adquire por meios excusos, por inconfessáveis empreendimentos, apoiados na exploração dos semelhantes.
Riqueza abençoada é aquela que, obtida no trabalho digno, expande-se, fraternal e operosamente, criando o trabalho e favorecendo a prosperidade.
A que estimula realizações superiores, nos diversos setores da atividade humana, convertendo-se em rosas de luz para o Espírito Eterno nos divinos Jardins do Infinito.
Esse tipo de riqueza e essa forma de aplicá-la favorecem a ascensão do homem, uma vez que, possuindo-a, não é por ela possuído.
A riqueza mal adquirida e mal aplicada conservará o seu detentor em consecutivas repetições de dramas expiatórios, nos caminhos terrestres e nas sombrias regiões da vida espiritual.
Asseverando ser “mais fácil passar um camelo no fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus”, não quis o Mestre menosprezar a prosperidade, que é um bem da vida.
Nem condenar, irremissivelmente, o companheiro afortunado.
O que o Mestre pretendeu, decerto, foi advertir-nos quanto aos perigos do excesso, do supérfluo, porque nossas mãos invigilantes estão habituadas ao abuso.
Temos sido, no decurso dos milênios, campeões da extravagância.
Reconhecia Jesus que a fortuna em poder de criaturas que estagiam, ainda, no clima do egoísmo, nas estações da avareza, imersas na insensibilidade, é sempre porta aberta — diríamos melhor — escancarada para o abismo.
A única riqueza, em verdade, que não oferece margem de perigo, é a riqueza espiritual, os tesouros morais que o homem venha a adquirir.
É a riqueza que se não manifesta, exclusivamente, por meio de cofres recheados, nem de palacetes suntuosos e patrimônios incalculáveis, afrontando a indigência.
É a que se traduz na posse, singela e humilde, dos sentimentos elevados.
Por esse tipo de riqueza, imperecível e eterna, podemos e devemos lutar, denodada e valentemente.
Com toda a força do nosso coração.
Com toda a energia de nossa alma. (Estudando o Evangelho. Cap. 16- Riqueza. Martins Peralva)
Por isso, o Espírito Joanna de Ângelis nos recomenda: "Multiplica pelo trabalho e pela ação benéfica todos os bens de que disponhas: do corpo, da mente, do espírito.
Aquinhoado com os valores perecíveis que dormem ou se movimentam nas tuas mãos, recorda os filhos da agonia ao teu lado, nas tábuas da miséria e do abandono...
Um dia, sem que o queiras, deixarás todas as coisas e valores, ante o impositivo da desencarnação, seguindo contigo, apenas, os valores morais legítimos, decorrentes dos bens materiais que converteste em esperança, alegria, progresso e paz, qual semeador de estrelas que, após transitar por um caminho de sombras, conseguiu transformá-lo numa via-láctea de brilhantes celestes." (Leis morais da vida. Cap. 9. Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco)
Bibliografia:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 16. Item 10.Espírito protetor. Allan Kardec.
- Os mensageiros. Cap. 28. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
- Nosso lar. Cap. 22. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
- Leis morais da vida. Cap. 9. Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco.
- As maravilhosas parábolas de Jesus. Paulo Alves Godoy.
- Parábolas Evangélicas. Cap. 22. Rodolfo Calligaris.
- Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do administrador infiel. Cairbar Schutel .
- Na Seara do Mestre. O mordomo infiel. Vinicius.
- Em torno do Mestre. O mordomo infiel. Vinicius.
- Estudando o Evangelho. Cap. 16. Riqueza. Martins Peralva.
- Bíblia: João, 15:26 e Tiago 5:3-4