Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 120 - Parábola do amigo inoportuno - O valor da amizade

Ciclo 1 - História:  O periquito currupaco - Atividade: PH - Salomão  - 3. A verdadeira amizade.

Ciclo 2 - História: A árvore da amizade - Atividade: LE - L4 - Cap.1 - 3. Decepções,  ingratidão, quebra de afeições. ou/e pedir para pintar uma imagem abstrata e escrever uma mensagem no cartão  para seu melhor amigo  (o Evangelizador deverá distribuir um papel canson 180g -10cmx15cm , tinta guache colorida, pincel e um envelope - 11cm x 16cm - para cada um).

Ciclo 3 - História: Dois Cavalos - Atividade: PH -  Jesus - 82. A amizade.

Mocidade - História:  Uma sólida amizade - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo:  Auxílio Mútuo.

 

Dinâmicas: Construir novas amizades;   Procuro um amigo;   O laço e o abraçoCultivar a amizade.

Mensagens espíritas: Amizade.

Sugestão de vídeos:

- História cantada: Parábola do amigo inoportuno  (Dica: Pesquise no Youtube )

- História: Uma história de amizade HD (Dica: pesquise no Youtube)

- História: Verdadeira amizade -  Turma do Zedi - Tia Ceceu  (Dica: pesquise no Youtube)

- Música infantil: Amizade - Vaneyse (Dica: pesquise no Youtube)

Sugestão de livro infantil: Amizade custa pouco...!Gessy Carísio de Paula. Editora Minas.

 

Leitura da Bíblia: Eclesiastes -  Capítulo 4


4.9 É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho
de duas pessoas.


4.10 Se um cair,o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!


 

Provérbios - Capítulo 17


17.17 O amigo dedica sincero amor em todos os momentos e é um irmão querido na hora da adversidade.


 

Eclesiástico - Capítulo 6 e 9


6.5 Uma boa palavra multiplica os amigos e apazigua os inimigos; a linguagem elegante do homem virtuoso é uma opulência.


6.6 Dá-te bem com muitos, mas escolhe para conselheiro um entre mil.


6.7 Se adquirires um amigo, adquire-o na provação, não confies nele tão depressa.


6.8 Pois há amigos em certas horas que deixarão de o ser no dia da aflição.


6.9 Há amigo que se torna inimigo, e há amigo que desvendará ódios, querelas e disputas;


6.10 há amigo que só o é para a mesa, e que deixará de o ser no dia da desgraça. 6.11 Se teu amigo for constante, ele te será como um igual, e agirá livremente com os de tua casa.


6.12 Se se rebaixa em tua presença e se retrai diante de ti, terás aí, na união dos corações, uma excelente amizade.


6.13 Separa-te daqueles que são teus inimigos, e fica de sobreaviso diante de teus amigos.


6.14 Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro.


6.15 Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé.


6.16 Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo.


6.17 Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante.


9.14 Não abandones um velho amigo, visto que o novo não é igual a ele.


9.15  Vinho novo, amigo novo; deixa-o envelhecer, e o beberás com prazer.


 

Lucas - Capítulo 11


11.5 Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,


11.6 Pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe;


11.7 Se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar;


11.8 Digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister.


11.9 E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á;


11.10 Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á.


11.11 E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?


11.12 Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião?


11.13 Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?


 

João - Capítulo 15


15.13 Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.


15.14 Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.


15.15 Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido.


 

Tópicos a serem abordados:

- A amizade é um sentimento elevado que nos aproxima uns dos outros.  Ela inicia- se no próprio lar e deve ser cultivada pelos membros da família para que se mantenha a confiança e o  respeito mútuos.  A amizade é o primeiro patamar para ser construído o sublime sentimento do amor.   Ter amizade é ter um coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa, nas horas mais amargas (tristes) da vida. Quem encontra um amigo, tem um tesouro de valor inestimável.  Um amigo verdadeiro está sempre ao teu lado em qualquer hora.  A  amizade não deve ter por meta alcançar benefícios  ou troca de gentilezas. A verdadeira amizade é um sentimento de afeição que se desenvolve com desinteresse de receber qualquer tipo de gratificação (presentes ou favores), possibilitando relacionamentos edificantes e fraternais.

- A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores prazeres do ser humano   é o de encontrar corações que simpatizam com o seu.  A simpatia é o laço de afinidade que une dois seres, que compartilham  gostos, tendências e idéias semelhantes. No entanto, não se deve pensar que por causa disso, todos aqueles que se afeiçoam conosco devam concordar  com tudo o que pensamos e  jamais ter sentimentos contrários. Os nossos verdadeiros amigos são aqueles que, sinceramente, nos apontam os nossos próprios erros e nos induzem a corrigi-los.  Entretanto, são pessoas também  que podem amanhã dar uma grande dor de cabeça ou causar-te um enorme prejuízo, para que aprendas a amar e a perdoar. 

- Não devemos guardar rancor dos amigos que foram  ingratos ou infiéis, pois eles serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi.  Lembrai-vos de que o próprio Jesus, quando esteve no mundo, foi injuriado , menosprezado  e abandonado, mas perdoou a todos.  Saiba, pois, que os amigos ingratos que os abandonam não são dignos de sua amizade e que se enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de que lamentar por tê-los perdido. Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo melhor.

- Na sociedade terrena, existem diversos tipos de amizade. Há amigos de “atividades habituais” que possuem uma convivência restrita, isto é, reúnem-se somente para cultos religiosos, em dias de lazer e de esportes, nas horas de trabalho, ou em eventos diversos. Existem  outros, qualificados como amigos de “décadas diferentes”,  ligados por enormes afinidades das vidas passadas, que nem mesmo a grande diferença de idade consegue separá-los da convivência diária. Há também, aqueles amigos considerados “transitórios”, que cruzam nossas vidas durante determinada etapa; compartilham nossa amizade em épocas cruciais, mas no decorrer do tempo, cada um deles segue o caminho que escolheu, rumo ao próprio destino. Porém, os que reconhecemos  como amigos “íntimos” ou “permanentes” , são aqueles que possuem um afeto mútuo e o conservam indefinidamente. E a intimidade entre eles faz com que tenham  um crescente amadurecimento espiritual.

- A amizade, nasce e cresce como flor, mas para que ela permaneça forte, devemos cultivá-la com amor. Por isso, Chico Xavier nos recomenda: "Abençoemos aqueles que se preocupam conosco, que nos amam, que nos atendem as necessidades...    Valorizemos o amigo que nos socorre, que se interessa por nós, que nos escreve, que nos telefona para saber como é que estamos indo... A amizade é uma dádiva de Deus!  Não nos sintamos incomodados por quem nos visita com frequência, nos dando a alegria de sua presença em nossa casa... Mais tarde, haveremos de sentir falta daqueles que não nos deixam experimentar a solidão!

-A parábola do amigo importuno revela a verdadeira amizade. Além disso, nos ensina a necessidade da prece, mesmo que seja feita repetidas vezes e a qualquer hora do dia.  Esta Parábola mostra que se pedirmos ajuda a um amigo quando temos necessidade de um favor, haveremos de o conseguir. Pode ser que esse amigo não nos atenda imediatamente , ou  até  mesmo não esteja disposto a atender à nossa solicitação, mas se insistirmos com ele, ainda que seja para ver-se livre da perturbação , acabará cedendo.  Se os próprios homens , que são considerados imperfeitos (maus, egoístas, invejosos, etc.)  oferecem ajuda a um amigo, o que esperar então do Pai celestial, que é infinitamente bom e justo? 

-  Deus é incomparavelmente  mais atencioso para com Suas criaturas do que o melhor dos amigos. Ele jamais abandona os seus filhos. Por mais que sejamos imperfeitos,  se Lhe dirigirmos o nosso apelo, em prece sincera, com toda nossa confiança, quando precisamos de Seu auxílio, podemos estar certíssimos de que o socorro da Providência não nos faltará. Entretanto, não pense, que basta pedir qualquer coisa, para que Deus conceda imediatamente . Não. Ele sabe, melhor do que nós, aquilo que nos convém, o que é necessário ao nosso progresso espiritual, e é em função desse interesse mais alto que atende ou deixa de atender os nossos pedidos. 

- Peça a luz que vos clareie o caminho e ela vos será dada; peça forças para resistirdes ao mal e as tereis; peça a assistência dos bons Espíritos e eles virão acompanhar-vos; peça bons conselhos e eles não vos serão jamais recusados; mas apresentai-vos com humildade e não com arrogância. Lembrem-se de que os  amigos espirituais sempre nos auxiliam, quando há solicitações de fé sincera. E  a  afeição mútua que dois seres mantiveram na Terra, continuará sempre a existir  no mundo dos Espíritos, desde que hajam verdadeiros laços de amizade.

 

Perguntas para fixação:

1. O que é a amizade?

2. Por que é bom ter amigos?

3. O que o verdadeiro amigo faz?

4. O que é ter simpatia por alguém?

5. Por que não devemos guardar mágoas dos amigos que foram ingratos ou infiéis?

6. Quais são os tipos de amizade que existem?

7. O que devemos fazer para manter forte os laços de amizade?

8. Quem é o Amigo Divino que jamais nos abandona?

9. O que é preciso fazer para que Deus nos atenda quando precisamos de Sua ajuda?

10. Por que nem sempre recebemos de imediato tudo o que pedimos a Deus?

11. O que podemos pedir a Deus e jamais será recusado?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            Confortadora parábola! O caráter amoroso e paternal de Deus é aí retratado por Jesus, de forma eloqüente, num contraste gritante com as concepções de até então, em que a divindade mais se parecia a um déspota cruel, irritadiço, sempre disposto a castigar e a destruir.

            Principia fazendo-nos compreender que, aqui mesmo na Terra, se recorrermos a um amigo quando tenhamos necessidade de um favor, haveremos de o conseguir. Pode esse amigo não nos valer imediatamente, de boa vontade, pode até relutar em atender à nossa solicitação, mas, se instarmos com ele, ainda que seja para ver-se livre de nossa importunação, acabará cedendo. Pois se desconhecidos, ou mesmo adversários, quando pedem com tato e insistência, muitas e muitas vezes são atendidos, como não o seriam aqueles que gozam da simpatia e amizade do solicitado?

            Se em vez de apelarmos para um amigo, o fizermos para o nosso pai, maior ainda será a certeza do atendimento. Sim, ainda que seja um filho mau e ingrato, cometa erros sobre erros, envergonhe a família com seus desvarios, ou abandone a casa para entregar-se mais livremente às suas perversões, nem por isso o pai deixará de correr ao seu encontro, tão logo o saiba arrependido e em sofrimento, para lhe dar tudo o de que necessite, antes mesmo que ele lhe exponha sua miséria. (Parábolas evangélicas. Cap. 15. Rodolfo Calligaris)

            Na Terra vê-se muita maldade, mas ao lado desta distinguem-se muitas ações nobres e generosas, principalmente entre amigos, cujos sentimentos e aptidões constituem laços de união e de simpatia. O homem pode não ser bom para com um adversário, um inimigo, um desconhecido.

            Mas, quando se trata de um amigo, mesmo dessa amizade que o mundo conhece, sem falar da amizade verdadeira que é coisa rara nesta Terra de enganos e aparências, quando se trata de um  amigo ou de um conhecido que nos seja simpático, estamos prontos a servi-lo, seja de dia, seja de noite, seja por ser amigo, seja para não sermos importunados.

            De modo que, se um amigo bate à nossa porta à meia-noite para nos pedir três pães, e se  temos os três pães, levantamo-nos, servimos ao amigo e voltamos para o nosso leito, para que não aconteça ficar o amigo a bater por meia hora à nossa porta e a repetir por dez ou vinte vezes o pedido de três pães, perturbando o sono e a tranqüilidade de nossa família. Com esta alegoria quis mostrar-nos Jesus a necessidade da prece, embora repetidas vezes e a qualquer hora.

            Fez-nos ver assim que, sendo Deus todo solícito para com suas criaturas, obrará com mais presteza provendo-nos do que é bom em qualquer lugar em que estejamos e a qualquer momento em que lhe dirijamos o nosso apelo. Sendo a bondade divina infinitamente superior à bondade de qualquer de nossos amigos, se contamos com a resposta favorável destes nas nossas necessidades, claro está que, se crermos em Deus, com mais forte razão deveremos crer na sua bondade e na sua misericórdia.

            Jesus, para melhor exaltar a imaginação de seus discípulos e fazer-lhes compreender a ação da prece, após haver-lhes ensinado o modo de orar, julgou de bom alvitre fazer a exposição da parábola começando a comparação com os amigos e concluindo-a com os pães.

            “Qual e o pai, perguntou o Mestre, capaz de dar uma serpente ao filho que lhe pede um  peixe? Qual é o pai capaz de dar um escorpião ao filho que lhe pede um ovo?”

            E acrescentou: “Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial, que dará um bom Espírito aos que lho pedirem.”  (Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do amigo inoportuno . Cairbar Schutel)

            Ora, segundo o ensino claro e insofismável da parábola, Deus é infinitamente mais solícito para com Suas criaturas do que o melhor dos amigos e o mais afeiçoado dos progenitores; assim, pois, qualquer que seja o grau de nossa imperfeição, de nossa indigência moral, se Lhe dirigirmos o nosso apelo, em prece sincera e quente, quando precisados de Seu auxílio, podemos estar certíssimos de que o socorro da Providência não nos faltará.

            Não se suponha, entretanto, que basta pedir seja o que for, para que Deus aceda prontamente. Não. Ele sabe, melhor do que nós, aquilo que nos convém, o que é necessário ao nosso progresso espiritual, e é em função desse interesse mais alto que atende ou deixa de atender às nossas súplicas.

            Tal qual um pai sensato que recusa ao filho o que possa prejudicá-lo, ou um cirurgião que deixa o doente sofrer as dores de uma operação que lhe trará a cura, assim Deus nos deixará sofrer, sempre que o sofrimento seja de proveito para a nossa felicidade futura. O que Ele nunca deixa de conceder, quando lhe pedimos, é a coragem, a paciência e a resignação para bem  suportarmos os transes mais difíceis da existência, o que já não é pouco, pois nossas dores, então, doerão menos; é o amparo e a proteção dos nossos anjos de guarda a fim de sustentar-nos as boas resoluções e preservar-nos de novas quedas, se de fato estivermos desejosos de volver ao caminho reto. (Parábolas evangélicas. Cap. 15. Rodolfo Calligaris)

            Cercai vossa alma com o muro protetor de uma prece cheia de fé, a fim de que o inimigo, seja interno ou externo, aí não possa penetrar.

            A prece eleva o Espírito do homem para Deus, liberando-o de todas as inquietudes terrenas, transportando-o para um estado de tranquilidade, de paz, que o mundo não lhe poderia oferecer. Quanto mais confiante e fervorosa for a prece, melhor será ouvida e mais agradável a Deus. Quando a alma do homem, inteiramente penetrada de zelo santo, eleva-se para o céu na prece íntima e ardente, os inimigos interiores,  isto é, as paixões do homem, e os inimigos exteriores, isto é, os vícios do mundo, são impotentes para forçar os muros que a protegem. Homens, orai a Deus com toda confiança, do fundo do coração, com fé e verdade! (Revista Espírita.  Junho de 1863. Dissertações Espíritas - A amizade e a prece. Anônimo / Allan Kardec )

            Pedi a luz que vos clareie o caminho e ela vos será dada; pedi forças para resistirdes ao mal e as tereis; pedi a assistência dos bons Espíritos e eles virão acompanhar-vos e, como o anjo de Tobias, vos guiarão; pedi bons conselhos e eles não vos serão jamais recusados; batei à nossa porta e ela se vos abrirá; mas, pedi sinceramente, com fé, confiança e fervor; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças e as quedas que derdes serão o castigo do vosso orgulho. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item  5. Allan Kardec )

            Essa parábola encerra, ainda, um solene desmentido aos que doutrinam  que somente os demônios, ou espíritos imundos, é que podem manifestar-se aos homens, no Espiritismo ou fora dele, com poderes de simular o bem para melhor seduzi-los, pervertê-los e levá-los à perdição. 

            Em contraposição aos que afirmam tal heresia, admitindo que Deus só permita intervenções demoníacas, vedando ao mesmo tempo toda e qualquer manifestação de entidades bondosas, numa clamorosa parcialidade em proveito do mal, aí estão as palavras do Mestre, a esclarecer-nos que se um pai é incapaz de dar uma serpente ao filho que lhe peça um peixe, Deus, nosso Pai celestial, não poderia trair nossa fé e confiança n’Ele, dando-nos um espírito maligno quando lhe pedimos a assistência de um espírito bom. (Parábolas evangélicas. Cap. 15. Rodolfo Calligaris)

            Segundo Cairbar Schutel,  "No tempo de Jesus, mesmo entre seus discípulos, a superstição do Diabo, não raro sufocava a predominância que os Espíritos bons tinham, mormente quando chamados para um ato de caridade ou de ciência.

            Os fariseus, como acontece com os sacerdotes de hoje, diziam que todos os fatos extraordinários que a ação de Jesus causava, eram oriundos de Belzebu, príncipe dos demônios, tal como se pode verificar nos versos subseqüentes do capítulo que estamos estudando.

            Os discípulos, como dissemos, também se achavam impregnados dessa crença blasfema, que haviam herdado de seus pais carnais.

            Jesus que veio à Terra para anunciar a Palavra do Deus de amor não podia deixar de combater o erro em que se achavam aqueles que mais tarde teriam de ministrar aos homens a sua Doutrina de Perdão e de Caridade.

            A parábola do amigo importuno é, pois, a excelente parábola em que o Espirito bom tem a sua primazia.

            É claro que, se o nosso pai é incapaz de nos dar uma serpente quando lhe pedimos um peixe, Deus, que é nosso Pai Espiritual, não nos pode dar um Espírito ignorante, atrasado, quando lhe pedimos um Espirito bom. "(Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do amigo inoportuno . Cairbar Schutel)

            A teoria do demônio fez sua época; agora já não é admissível. (Espiritismo é Cristianismo. Cap. 5. León Denis )

            Sabe que não há criaturas deserdadas, nem mais favorecidas umas do que outras; que Deus a nenhuma criou privilegiada e dispensada do trabalho imposto às outras para progredirem; que não há seres perpetuamente votados ao mal e ao sofrimento; que os que se designam pelo nome de demônios são Espíritos ainda atrasados e imperfeitos, que praticam o mal no espaço, como o praticavam na Terra, mas que se adiantarão e aperfeiçoarão; que os anjos ou Espíritos puros não são seres à parte na criação, mas Espíritos que chegaram à meta, depois de terem percorrido a estrada do progresso; que, por essa forma, não há criações múltiplas, nem diferentes categorias entre os seres inteligentes, mas que toda a criação deriva da grande lei de unidade que rege o Universo e que todos os seres gravitam para um fim comum que é a perfeição, sem que uns sejam favorecidos à custa de outros, visto serem todos filhos das suas próprias obras. (A Gênese.  Cap. 1. Item 30. Allan Kardec )

            Em princípio, podemos comunicar-nos com os Espíritos de todas as  categorias, com os nossos parentes e amigos, com os mais elevados como  com os mais vulgares; porém, independente das condições individuais de possibilidade, eles vêm mais ou menos de boa vontade segundo as circunstâncias e, sobretudo, segundo a sua simpatia pelas pessoas que os chamam, e não pelo pedido do primeiro que tenha a fantasia de evocá-los por um  sentimento de curiosidade; nestas circunstâncias, se eles, quando na Terra, não se incomodariam com elas, depois da morte não o fazem também. (O que é o Espiritismo. Cap. 1. Allan Kardec )

            Continua a existir sempre, no mundo dos Espíritos, a afeição mútua que dois seres se consagraram na Terra?

            Sem dúvida, desde que originada de verdadeira simpatia. Se, porém, nasceu principalmente de causas de ordem física, desaparece com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na Terra, porque não se acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio. ( O Livro dos Espíritos. Questão 297. Allan Kardec)

            Como devemos entender a simpatia e a antipatia?

            -A simpatia ou a antipatia tem as suas raízes profundas no espírito, na sutilíssima entrosagem dos fluídos peculiares a cada um e, quase sempre, de modo geral, atestam uma renovação de sensações experimentadas pela criatura, desde o pretérito delituoso, em iguais circunstâncias.

            Devemos, porém, considerar que toda antipatia, aparentemente a mais justa, deve morrer para dar lugar à simpatia que edifica o coração para o trabalho construtivo e legítimo da fraternidade.(O Consolador. Questão 173. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            A antipatia instintiva é sempre sinal de natureza má?

            De não simpatizarem um com o outro, não se segue que dois Espíritos sejam necessariamente maus. A antipatia, entre eles, pode derivar de diversidade no modo de pensar. À proporção irá desaparecendo e a antipatia deixará de existir.( O Livro dos Espíritos. Questão 390. Allan Kardec)

            Qual a causa das simpatias e antipatias que se manifestam entre pessoas que se vêem pela primeira vez?

            São quase sempre entes que se conheceram e, algumas vezes, se amaram em uma existência anterior, e que, encontrando-se nesta, são atraídos um para o outro. As antipatias instintivas provêm também, muitas vezes, de relações anteriores. Esses dois sentimentos podem ainda ter uma outra causa. O perispírito irradia ao redor do corpo, formando uma espécie de atmosfera impregnada das qualidades boas ou más do Espírito encarnado. Duas pessoas que se encontram, experimentam, pelo contato desses fluidos, a impressão sensitiva, impressão que pode ser agradável ou desagradável; os fluidos tendem a confundir-se ou a repelir-se, segundo sua natureza semelhante ou dessemelhante. É assim que se pode explicar o fenômeno da transmissão de pensamento. Pelo contato desses fluidos, duas almas, de algum modo, lêem uma na outra; elas se adivinham e compreendem, sem se falarem. ( O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 125. Allan Kardec).

            A antipatia entre duas pessoas nasce primeiro na que tem pior Espírito, ou na que o tem melhor?

Numa e noutra indiferentemente, mas distintas são as causas e os efeitos nas duas. Um Espírito mau antipatiza com quem quer que possa julgar e desmascarar. Ao ver pela primeira vez uma pessoa, logo sabe que vai ser censurado. Seu afastamento dessa pessoa se transforma em ódio, em inveja e lhe inspira o desejo de praticar o mal. O bom Espírito sente repulsão pelo mau, por saber que este o não compreenderá o porque díspares dos dele são os seus sentimentos. Entretanto, consciente da sua superioridade, não alimenta ódio, nem inveja contra o outro. Limita-se a evitá-lo e a lastimá-lo.        ( O Livro dos Espíritos. Questão 391. Allan Kardec)

            Podem tornar-se de futuro simpáticos, Espíritos que presentemente não o são?

            Todos o serão. Um Espírito, que hoje está numa esfera inferior, ascenderá, aperfeiçoando-se, à em que se acha tal outro Espírito. E ainda mais depressa se dará o encontro dos dois, se o mais elevado, por suportar mal as provas a que esteja submetido, permanecer estacionário.( O Livro dos Espíritos. Questão 303. Allan Kardec)

            Podem dos seres, que se conheceram e estimaram, encontrar-se noutra existência corporal e reconhecer-se?

            “Reconhecer-se, não. Podem, porém, sentir-se atraídos um para o outro. E, freqüentemente, diversa não é a causa de íntimas ligações fundadas em sincera afeição. Um do outro dois seres se aproximam devido a circunstâncias aparentemente fortuitas, mas que na realidade resultam da atração de dois Espíritos, que se buscam reciprocamente por entre a multidão.” (O Livro dos Espíritos. Questão 386. Allan Kardec).

            Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros Espíritos?

            Todos os Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um Espírito se eleva, já não simpatiza, como dantes, com os que lhe ficaram abaixo.(O Livro dos Espíritos. Questão 300. Allan Kardec)

            Podem Espíritos encarnados reunir-se em certo número e formar assembléias?

            Sem dúvida alguma. Os laços, antigos ou recentes, da amizade costumam reunir desse modo diversos Espíritos, que se sentem felizes de estar juntos.

            Pelo termo antigos se devem entender os laços de amizade contraída em existências anteriores. Ao despertar, guardamos intuição das idéias que haurimos nesses colóquios, mas ficamos na ignorância da fonte donde promanaram. (O Livro dos Espíritos. Questão 417. Allan Kardec).

            Ao criar as almas Deus não estabeleceu diferença entre elas. Que esta igualdade de direitos entre elas sirva de princípio à amizade, que outra coisa não é senão a unidade nas tendências e nos sentimentos. A verdadeira amizade só existe entre os homens virtuosos, que se reúnem sob a proteção do Todo-Poderoso, para se encorajarem reciprocamente no cumprimento de seus deveres. Todo coração verdadeiramente cristão possui o sentimento da amizade. Ao contrário, esta virtude encontra no egoísmo das almas viciosas o escolho que, semelhante à semente caída sobre a rocha árida, a torna infecunda para o bem. (Revista Espírita.  Junho de 1863. Dissertações Espíritas - A amizade e a prece. Anônimo / Allan Kardec )

            Poderemos obter uma definição da amizade?

            -Na gradação dos sentimentos humanos, a amizade sincera é bem o oásis de repouso para o caminheiro da vida, na sua jornada de aperfeiçoamento.

            Quem sabe ser amigo verdadeiro e, sempre, o emissário da ventura e da paz, alistando-se nas fileiras dos discípulos de Jesus, pela iluminação natural do espírito que, conquistando as mais vastas simpatias entre os encarnados e as entidades bondosas do Invisível, sabe irradiar por toda parte as vibrações dos sentimentos purificadores. Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa, nas horas mais amargas da vida. Jesus é o Divino Amigo da Humanidade. Saibamos compreender a sua afeição sublime e transformaremos os nossos ambientes afetivos num oceano de paz e consolação perenes. ( O Consolador. Questão 174. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

            A amizade é o sentimento que imanta as almas unas às outras, gerando alegria e bem-estar. A amizade é suave expressão do ser humano que necessita intercambiar as forças da emoção sob os estímulos do entendimento fraternal. Inspiradora de coragem e de abnegação a amizade enfloresce as almas, abençoando-as com resistências para as lutas.  Há, no mundo moderno, muita falta de amizade! O egoísmo afasta as pessoas e as isola. A amizade as aproxima e irmana. O medo agride as almas e infelicita. A amizade apazigua e alegra os indivíduos. A desconfiança desarmoniza as vidas e a amizade equilibra as mentes, dulcificando os corações. Na área dos amores de profundidade, a presença da amizade é fundamental. Ela nasce de uma expressão de simpatia, e firma-se com as raízes do afeto seguro, fincadas nas terras da alma. (Momentos de Esperança. Espírito Joanna de Ângelis. Divaldo Pereira Franco).

            A amizade é um sentimento de elevação que deve viger na conduta dos seres humanos, preparando-os para os grande vôos do amor. Pode-se mesmo asseverar que a amizade é uma conquista relevante, uma vitória em relação ao egoísmo e aos seus corifeus, em razão de vincular uma a outra pessoa e ambas ao grupo social no qual se encontram.

            Sem amizade, a existência humana perece, e, na constelação familiar, quando não existe, abre expressiva lacuna entre os seus membros.

            É um sentimento de afeição que se desenvolve com desinteresse de receber qualquer tipo de gratificação, ensejando relacionamentos edificantes e fraternais.

            O amigo é um tesouro que se encontra ao alcance, sempre disposto a contribuir em benefício do outro.

            A amizade não deve ter por meta alcançar benefícios, nem expressar manifestação de servilismo ou permuta de gentilezas.

            É como o Sol que ilumina tudo, alcançando a delicada pétala da flor e a superfície pútrida do pântano com a mesma generosidade.

            Constitui um treinamento para as vinculações mais profundas, quando o amor faculta a intimidade que se desdobra na constituição da prole.

            Na família, é indispensável para que reine a harmonia. Os vínculos biológicos facultam melhor desenvolvimento da amizade, em razão da convivência e dos interesses superiores em favor do grupo.

            Ampliando-se, alcança outros indivíduos e permite-lhes a ocorrência de pensamentos iguais, que se comunicam naturalmente, favorecendo com alegrias aqueles que conseguem preservar o excelente sentimento.

            É um combustível que sustenta a luz da evolução, aquecendo o coração e fortalecendo as emoções.

            As pessoas que se sentem incapazes de manter relacionamentos fraternos onde predomina a amizade, encontram-se em estágio egoístico, de que necessitam libertar-se, treinando a gentileza no trato, abandonando a postura de fiscal do seu próximo e manipulador em relação a todos quantos se lhes acercam.

            Muitas vezes, quando o amor da sensualidade irrompe no indivíduo, fascinado pelo transitório prazer, a busca ardente é de fácil consumpção, porque falta o alimento poderoso da amizade que mantém e preserva quaisquer tipos de relacionamentos.

            Essas paixões perturbadoras são resultado da solidão, do vazio existencial, que devem ser cuidados preventivamente no ninho doméstico, mediante o despertar da amizade sem jaça. Plantando-se, no solo infantil, as sementes da tolerância e do bom entendimento, elas fixam-se no cerne da memória afetiva e prolongam-se por toda a existência, multiplicando-se em frutos sazonados, que ressurgirão em futuras experiências reencarnacionistas felizes...

            Algumas vezes, naqueles que têm bem desenvolvido o vínculo da amizade, ei-las já fixadas no íntimo, como efeito de condutas vivenciadas anteriormente.

            Quando se experiência a amizade na família, com muita facilidade ela se expande em relação a outras pessoas fora do círculo biológico, favorecendo o enriquecimento da existência, estimulando ao trabalho em benefício de todos.

            Afirmava Aristóteles que um amigo é uma única alma habitando dois corpos.

            Nos dias atuais, a amizade diminui em razão da suspeita que se avoluma em torno dos relacionamentos, que se apresentam, quase sempre objetivando lucros imediatos, projeção da personalidade, interesses escusos...

            A violência, que irrompe em toda parte, empurra as criaturas para a solidão das suas fortalezas residenciais, trancadas, guardadas por sentinelas, equipadas por câmaras de televisão, por sistemas de alarme...

            Nos encontros sociais, nos clubes e nos salões de festas, onde parecem viver a fraternidade, esses indivíduos mais se exibem e analisam os outros do que confraternizam, respirando emocionalmente a atmosfera da aparência e da suspeita, sem que seja permitido o surgimento da confiança recíproca, e quando, às vezes, inicia-se esse fenômeno, o hábito mental de considerar a vida sob o aspecto servil, inspira condutas injustificáveis e perturbadoras.

Nos estágios infanto-juvenis, no entanto, é mais espontânea a amizade, porque a malícia e os hábitos doentios ainda não se lhes instalaram, permitindo a natural convivência e o sincero relacionamento. Entretanto, sendo preservado o sentimento no período adulto, multiplicam-se as emoções de bem-estar, de harmonia e de autoconfiança, logrando expressivos benefícios para o grupo social em que se movimentam.

A amizade expressa-se de maneira muito variada.

        Nas uniões conjugais, quando esmaecem os interesses da libido sexual, estua esse sentimento nobre, apresentando e mantendo beleza na existência.

            Exemplifiquemos: um esposo de idade está no médico fazendo exames, quando olha aflitivamente para o relógio e solicita ao esculápio terminar as análises. Indagado pela razão da pressa, ei-lo esclarecendo que, em todas as quintas-feiras, naquele horário, visita a esposa que se encontra num lar de anciãos. Ela era portadora do mal de Alzheimer, desde há cinco anos, e havia perdido completamente a lucidez. Ele buscava estar ao seu lado, conversava, lia para que ela ouvisse, narrava os acontecimentos da semana...

            O médico, surpreso, interrompeu-o, informando que, desde que ela não mais possuía o uso da razão, não saberia se ele a visitava ou não, portanto, não havia necessidade da pressa.

            Sorridente e jovial, o esposo redargüiu: - Bem, ela não sabe se eu fui visitá-la ou não, mas eu sei...

            A amizade é responsável, é consciente, é gentil. Não importa muito como o outro a recebe, mas é essencial, conforme se expresse. Ideal, sem dúvida, quando é recíproca, nada obstante ser muito nobre quando surge em quem quer que seja e da maneira como se apresente...

            Não pode ser fingida, não tem caráter de valorização,nem pretende conquistar, a fim de jactar-se.

            O verdadeiro amigo é somente o amigo, sem retórica nem poesia, sem adereços ou exterioridades.

            Para que permaneça forte, a amizade necessita de ser sustentada pela bondade, esse nobre sentimento de compreensão das deficiências alheias e de ternura pelo seu próximo.

            Aqueles que evitam ou que não têm amigos, podem considerar que preferem não ser amigos, mantendo-se em estados mórbidos de conduta que levam à depressão e ao pessimismo.

            No lar, especialmente, a amizade é fator primordial para a união entre os diversos membros, propiciando confiança e estabilidade geral.

            Destituídos de sentimentos superiores, os animais demonstram amizade e confiança naqueles que cuidam deles e os preservam, tornando-se excepcionais amigos que se sacrificam, quando necessário, por instinto, numa quase inteligência embrionária, para salvarem os seus protetores.

            Evoluindo do reino animal ao humano, a amizade é o primeiro patamar para ser construído o sublime sentimento do amor.  (Constelação familiar. Cap. 12 - Educação para amizade. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco )

            (...) Os nossos verdadeiros amigos são aqueles que, sinceramente, nos apontam os nossos próprios erros e nos induzem a corrigi-los. Quando a misericórdia do Pai colocar em nossos caminhos um desses amigos verdadeiros, não consintamos que o amor próprio nos torne surdos às ponderações dele; mas oremos ardentemente para que a humildade nos abra os olvidos à voz desses amigos providenciais. ( O Evangelho dos Humildes. Cap. 7. Eliseu Rigonatti )
            Segundo o Espírito Emmanuel, "Amigo é alguém que te merece inteira confiança, é alguém que mais se parece a um desdobramento de ti mesmo.             Entretanto, é igualmente alguém que te pode dar amanhã uma grande dor de cabeça ou causar-te enorme prejuízo, por meio de quem a Providência divina deseja que aprendas a amar e a perdoar." (Fé e vida. Cap. 25 - Entre amigos. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier )

            Não admitimos que podem coexistir entre amigos sentimentos ambivalentes como: admiração e inveja, estima e competição, afeição e orgulho.

            O ilustre romano Cícero, em seus célebres ensaios literários sobre a amizade, registrou a seguinte pergunta: “Haverá alguma coisa mais doce do que teres alguém com quem possas falar de todas as tuas coisas, como se falasses contigo mesmo?”

            Realmente, não há pior solidão do que a do homem sem amigos. A falta de amizade faz com  que seu mundo de afetividade se transforme em um enorme “deserto interior”.

            Entre amigos não existe nenhum limite às confidências, pois a virtude principal que os une é a sinceridade. Para que tenhamos maior compreensão sobre a amizade, é necessário analisarmos as profundezas da intimidade humana.

            “A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem...”

            (...) De certo modo, temos por crença que amigos leais são somente os que compartilham os mesmos gostos, tendências, entusiasmos e ideais; que devem estar sempre à nossa disposição, concordar com tudo o que pensamos e de que precisamos e que jamais devem ter sentimentos contraditórios.

            Se realmente alimentarmos essa crença de que os amigos verdadeiros são aqueles que se modelam ao nosso perfeito “idealismo mítico”, isto é, relacionamentos estruturados em “castelos no ar”, poderemos estar vivendo, fundamentalmente, sob uma consistência irreal a respeito de amizade.

            O crescimento de nossas relações com os semelhantes depende da nossa habilidade em não ultrapassar as possibilidades limitativas de cada um e de obtermos uma compreensão das restrições da liberdade e disponibilidade dos amigos, ficando quase sempre atentos às conexões que fazemos com nossos devaneios emocionais.

            De modo geral, não admitimos que podem coexistir entre amigos sentimentos ambivalentes como: admiração e inveja, estima e competição, afeição e orgulho. As emoções radicalmente diferentes, ou mesmo opostas, são inatas nas criaturas humanas no estágio evolutivo em que se encontram.

            Muitos tiveram uma educação fantasiosa do tipo “e viveram felizes para sempre” e, quando se deparam com a realidade humana, ficam profundamente chocados por constatar que possuem ambivalência de sentimentos, identificando-os também, analogamente, nas figuras mais importantes de sua vida.

            Todo ser na Terra está aprendendo a usar coerentemente seus sentimentos e emoções. Não podemos fugir dessa verdade. Nossa visão interior precisa mover-se como um pêndulo, a fim de evitarmos unilateralidades que nos impedem de ver o todo. Sabedoria traduz-se na capacidade de reconhecer, ou na habilidade de ver a totalidade da vida em seu completo equilíbrio. Viver na polaridade não nos deixa entender as diversidades de sentimentos e emoções que vivenciamos.

            Precisamos adquirir uma percepção intuitiva, para não analisarmos tudo como sendo absoluto. Toda avaliação correta usa de critérios com certa relatividade e prende-se às circunstâncias do momento e não, exclusivamente, aos fatos em si.

            Essa dualidade de opostos irreconciliáveis entre certo-errado nos embrenha cada vez mais na polaridade, impedindo-nos de compreender que cada parte contém o todo. Somos unos com a Vida.

            Estamos ligados de forma integrante às pessoas e a todas as outras formas de vida do Universo.

            Exemplificando isso, Jesus Cristo realçou: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um  destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25:40)

            O que deve ter feito mais tarde com que Paulo de Tarso escrevesse aos Coríntios: “Ora, pecando assim contra os irmãos e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo.” (Coríntios 8:12)

            “O homem de coração, que se sente sempre feliz com o bem que faz”, sabe que todas as experiências que vivenciamos uns com os outros são peças importantes no processo de crescimento espiritual. Sabe que não basta simplesmente ignorar as ingratidões alheias, ou não guardar eternos ressentimentos; deve também avaliar e aprender com seu próprio sentimento de perda ou de abandono.

            “O homem de coração” entende perfeitamente que, com as experiências que mantém com os amigos atuais ou que manteve com os amigos que se foram, pode oferecer importantes conexões  para ampliar os horizontes do autoconhecimento. A partir daí, tem condições de discernir a variedade de categorias de amigos.

            Há amigos de “atividades habituais”: possuem uma convivência restrita, reúnem-se somente para cultos religiosos, em dias de lazer e de esportes, nas horas de trabalho, ou em cursos ou eventos diversos. Outros existem, qualificados como amigos, por “vantagens recíprocas”. São unidos pelas profissões que exercem, promovem sociedades de interesse comum e com metas especiais, desempenhando papéis e ofícios especializados juntos; mas não juntos interiormente.

            Os denominados amigos de “décadas diferentes” são todos aqueles ligados por enormes afinidades das vidas passadas, que nem mesmo a grande diferença de idade consegue separá-los da convivência diária. Adquirem uma intimidade carinhosa e verdadeira, que enseja a permuta de experiências, de vigor e de ânimo. Outra categoria a ser considerada é a dos chamados amigos “itinerantes” ou “transitórios”. Cruzam nossas vidas durante determinada etapa. Compartilham nossa amizade em épocas cruciais; outras vezes, em busca de aprendizagem, passam por nós nas encruzilhadas do caminho terreno, para depois se desligarem, porque se desvaneceram os elos comuns que os mantinham conosco. No decorrer do tempo, cada um deles segue o caminho que traçou rumo ao próprio destino.

            Os reconhecidos, porém, como amigos “íntimos” ou “permanentes” são aqueles que possuem afeto mútuo e o conservam indefinidamente. A intimidade entre eles faz com que tenham  um crescente amadurecimento espiritual. Alargam seu mundo interior à medida que aumentam a capacidade de compreender as similaridades e as diferenças entre si mesmos.

            Em verdade, para se possuir real intimidade e adquirir plena confiança entre amigos é necessário nunca esconder o que há de desagradável em nós; em outras palavras, é preciso revelar nossa falibilidade. Querer demonstrar caráter impecável e isenção de dúvidas é característica de indivíduos incapazes de perdoar e inábeis para manter relações duradouras e afetividade verdadeira.

            Em síntese, a perda de amigos representa momentos difíceis e dolorosos. As dores da alma em relação às amizades não são propriamente dificuldades desta época; já eram no passado distante motivo de admoestações e de conselhos. No Livro do Eclesiástico, encontramos registrada a seguinte orientação: “Não abandones um velho amigo, visto que o novo não é igual a ele. Vinho novo, amigo novo; deixa-o envelhecer, e o beberás com prazer.” (Eclesiástico 9:14-15) (As dores da alma. Espírito Hammed. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto)

            O Espírito Emmanuel também faz a seguinte advertência: "Muitos companheiros de luta exigem cooperadores esclarecidos para as tarefas que lhes dizem respeito, amigos valiosos que lhes entendam os propósitos e valorizem os trabalhos, esquecidos de que as afeições, quanto as plantas, reclamam cultivo adequado. Compreensão não se improvisa. É obra de tempo, colaboração, harmonia. (...) Existe uma ciência de cultivar a amizade e construir o entendimento. (...) Examina, pois, diariamente, a tua lavoura afetiva. Observa se está exigindo flores prematuras ou frutos antecipados. Não te esqueças da atenção, do adubo, do irrigador. Coloca-te na posição da planta em jardim alheio e, reparando os cuidados que exiges, não desdenhes resgatar as tuas dividas de amor para com os outros." (Vinha de Luz.  Amizade é compreensão. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier )

            Surgem no cotidiano determinadas circunstâncias em que somos impelidos a  reformular apreciações, em torno da conduta de muitos daqueles a quem mais amamos.

            Associados de ideal abraçam hoje experiências para as quais até ontem não  denotavam o menor interesse e companheiros de esperança se nos desgarram do passo, esposando trilhas outras.

            Debalde procuramos neles antigas expressões de concordância e carinho, de vez que se nos patenteiam emocionalmente distantes.

            Nesses dias, em que o rosto dos entes amados se revela diferente, é natural que apreensões e perguntas imanifestas nos povoem o espírito. Abstenhamo-nos, porém, tanto de feri-los, através do comentário desairoso, quanto de interpretar-lhes as diretrizes inesperadas à conta de ingratidão. É provável que as Leis Divinas estejam a chamá-los para a desincumbência de compromissos que, transitoriamente, não se afinam com os nossos.Entendamos também que o passado é um meirinho infalível convocando-nos a retificação das tarefas que deixamos imperfeitamente cumpridas para trás, no campo de outras existências, e tranqüilizemos os amigos modificados com os nossos votos de êxito e segurança, na execução dos novos encargos para os quais se dirigem. Reflitamos que se a temporária falta deles nos trouxe manifestação de pesar e carência afetiva, possivelmente o mesmo lhes acontece e, ao invés de reprovar-lhes as atitudes – ainda mesmo afastados pela força das circunstâncias - , procuremos envolvê-los em  pensamentos de simpatia e confiança, a fim de que nos reencontremos, mais tarde, em  mais altos níveis de trabalho e alegria.

            À vista disso, pois, toda vez que corações queridos não mais nos comunguem  sintonia e convivência, se alguma sugestão menos feliz nos visita a cabeça, entremos, de imediato, em oração, no ádito da alma, rogando ao Senhor nos ilumine o entendimento, a fim de que não falhemos para eles, no auxílio da fraternidade e no apoio de benção. (Estude e viva. Amigos modificados.  Espíritos Emmanuel e André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira )

            Para o homem de coração, as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade não são também uma fonte de amarguras?

            São; porém, deveis lastimar os ingratos e os infiéis: serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi. Lembrai-vos de todos os que hão feito mais bem do que vós, que valeram muito mais do que vós e que tiveram por paga a ingratidão. Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado de velhaco. Seja o bem que houverdes feito a vossa recompensa na Terra e não atenteis no que dizem os que hão recebido os vossos benefícios. A ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos forem ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão. (O Livro dos Espíritos. Questão 937. Allan Kardec )

            As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?

            Fora um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão. (O Livro dos Espíritos. Questão 938. Allan Kardec )

            Mas, isso não impede que se lhe ulcere o coração. Ora, daí não poderá nascer-lhe a idéia de que seria mais feliz, se fosse menos sensível?

            Pode, se preferir a felicidade do egoísta. Triste felicidade essa! Saiba, pois, que os amigos ingratos que os abandonam não são dignos de sua amizade e que se enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de que lamentar o tê-los perdido. Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo melhor. Lastimai os que usam para convosco de um  procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles.

            A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta. (O Livro dos Espíritos. Questão 938 - a). Allan Kardec )

            Por isso, Chico Xavier nos recomenda: "Abençoemos aqueles que se preocupam conosco, que nos amam, que nos atendem as necessidades...    Valorizemos o amigo que nos socorre, que se interessa por nós, que nos escreve, que nos telefona para saber como é que estamos indo... A amizade é uma dádiva de Deus!  Não nos sintamos incomodados por quem nos visita com frequência, nos dando a alegria de sua presença em nossa casa... Mais tarde, haveremos de sentir falta daqueles que não nos deixam experimentar solidão! "(O Evangelho de Chico Xavier. Item 328 - O valor da amizade. Carlos A. Baccelli)

 

Bibliografia:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 25. Item  5. Allan Kardec.

- A Gênese.  Cap. 1. Item 30. Allan Kardec .

- O que é o Espiritismo. Cap. 1 / Cap. 3 - Questão 125. Allan Kardec.

-  O Livro dos Espíritos. Questões 297, 300, 303, 386, 390, 391, 417, 937, 938. Allan Kardec.

- Revista Espírita.  Junho de 1863. Dissertações Espíritas - A amizade e a prece. Anônimo / Allan Kardec.

- Vinha de Luz.  Amizade é compreensão. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- O Consolador. Questões 173 e 174. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

- Fé e vida. Cap. 25 - Entre amigos. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.

-  Estude e viva. Amigos modificados.  Espíritos Emmanuel e André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira.

-  O Evangelho de Chico Xavier. Item 328 - O valor da amizade. Carlos A. Baccelli.

- Momentos de Esperança. Espírito Joanna de Ângelis. Divaldo Pereira Franco.

- Constelação familiar. Cap. 12 - Educação para amizade. Espírito Joanna de Ângelis. Psicografado por Divaldo Pereira Franco.

- Parábolas evangélicas. Cap. 15. Rodolfo Calligaris.

- Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do amigo inoportuno . Cairbar Schutel.

- Espiritismo é Cristianismo. Cap. 5. León Denis.

- O Evangelho dos Humildes. Cap. 7. Eliseu Rigonatti.
- As dores da alma. Espírito Hammed. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto.

 

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