Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.
Aula 117 - Mistérios ocultos aos sábios e prudentes - A incredulidade*
Ciclo 2 - História: O professor ateu - Atividade: ESE - Cap. 7 - 3 - Mistérios ocultos aos sábios e prudentes ou/e Peça para que cada aluno escreva a diferença entre o crente e o incrédulo.
Ciclo 3 - História: Por quê? - Atividade: PH - Os doze apóstolos - 6. A incredulidade.
Mocidade - História: O bico de gás - Atividade: 7 - Debate de opiniões contrárias: É possível uma pessoa religiosa ter um relacionamento amoroso e casar-se com um ateu? Após o debate leia: O Espiritismo e os cônjuges.
Dinâmicas: Mistérios ocultos aos sábios e prudentes; A incredulidade.
Mensagens espíritas: Incredulidade; Doutos e prudentes; Conversão.
Sugestão de vídeo: - História: Deus existe - Albert Einstein (Dica:pesquise no Youtube)
Leitura da Bíblia: Mateus - Capítulo 11
11.25 Graças te rendo, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos.
Lucas - Capítulo 11
11.29 E, ajuntando-se a multidão, começou a dizer: Maligna é esta geração; ela pede um sinal; e não lhe será dado outro sinal, senão o sinal do profeta Jonas;
João - Capítulo 4
4.48 E Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.
João - Capítulo 20
20.24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
20.25 Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.
20.26 E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco.
20.27 Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.
20.28 E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
20.29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.
Tópicos a serem abordados:
- Os homens receberão sempre as revelações divinas de conformidade com a sua posição evolutiva. Os Espíritos Superiores podem trazer esclarecimentos para o nosso melhoramento e progresso, dentro dos limites do que lhes é permitido dizer-nos, porque nem todas as coisas devem ser mostradas . E, se julgar conveniente, Deus pode revelar certos mistérios que a ciência ainda não consegue compreender. No entanto, o véu só será levantado completamente, quando os homens houverem alcançado alto grau de desenvolvimento moral e intelectual. Só então lhes será permitido conhecerem todos os “mistérios do reino dos céus”, todos os “segredos do reino de Deus”.
- Contudo, é importante ressaltar que os Bons Espíritos aproximam-se daqueles que servem a Deus com humildade e desinteresse e afastam-se dos orgulhosos e dos ambiciosos. O próprio Jesus Cristo afirmou que as verdades espirituais são ocultadas aos sábios e prudentes, por serem orgulhosos ( apesar de serem mais aptos, na aparência, a compreender certos mistérios ) , e reveladas aos simples e pequenos , por serem humildes . Os orgulhosos, envaidecidos pelo seu saber, não se humilham diante de Deus , pois se consideram superiores a todos. Além disso, por se considerarem "donos da verdade", não conseguem enxergar as luzes do céu. Os simples, pelo contrário, são descomplicados, não se deixam envolver por métodos extravagantes, supostamente científicos, e por critérios de análise rígida. Eles estão sempre com a mente aberta para às fontes inspirativas e intuitivas do plano espiritual.
- Em todas as épocas da Humanidade, existiram os descrentes (incrédulos), que não acreditavam nas coisas espirituais. Jesus Cristo, dirigindo-se a seu apóstolo Tomé, após a Sua morte, lhe disse: "Tomé, precisaste ver para crer, mas bem-aventurados são os que acreditam sem ver." Em outra ocasião, cidadãos de várias nacionalidades procuraram Jesus, pedindo-lhe que produzisse um sinal dos Céus, para que eles vissem e acreditassem. E, quando esperavam que o Mestre fizesse ali um milagre, pois supunham que o Cristo se sentiria orgulhoso com suas conversões, a resposta foi definitiva: "Nenhum sinal será dado a esta geração adúltera e infiel, porque ela já tem o sinal de Jonas".É evidente que Jesus não se preocupava com uma eventual conversão daqueles homens, porque via neles meramente criaturas incrédulas e endurecidas.
- O mesmo se dá hoje com as grandes verdades que o Espiritismo revelou. Alguns incrédulos se admiram de que os Espíritos tão poucos esforços façam para os convencer. Pois imaginam que Deus deveria se empenhar mais para lhes provar a sua existência. No entanto, não é à incredulidade que compete prescrever-lhe o que deva fazer, nem lhe cabe dizer: “Se me queres convencer, tens de proceder dessa ou daquela maneira, em tal ocasião e não em tal outra, porque essa ocasião é a que mais me convém." Deus é que impõe condições e não aceita as que lhe queiram impor. Escuta, bondoso, os que a Ele se dirigem humildemente e não os que se julgam mais do que Ele.
- Apesar disso, muitos questionam: "Deus não poderia tocá-los pessoalmente, por meio de manifestações visíveis?" Poderia, mas que mérito teriam eles, se fossem convencidos à força? Não se vêem todos os dias criaturas que não cedem nem à evidência, chegando até a dizer: "Ainda que eu visse, não acreditaria, porque sei que é impossível?" Não é por meio de fatos sobrenaturais que Deus quer encaminhar os homens. Em Sua bondade, Ele lhes deixa o mérito de se convencerem pela razão. Se eles se negam a reconhecer a verdade, é que ainda não trazem o espírito maduro para compreendê-la, nem o coração para senti-la. O orgulho é a catarata que lhes fecha a visão. De que vale apresentar a luz a um cego? Necessário é que, antes, se lhe destrua a causa do mal.
- O ateísmo ou incredulidade absoluta não existe, porque, no íntimo, todos os Espíritos se identificam com a idéia de Deus e da sobrevivência do ser, que lhes é inata. Entre muitos incrédulos, a negação da vida futura é mais prepotência e orgulho de passarem por espíritos fortes, do que resultado de uma convicção absoluta. No foro íntimo de suas consciências, há uma dúvida a importuná-los, que lhes atormenta. Porém, se procurassem de boa-fé, não lhes faltaria ocasião de ver.
Perguntas para fixação:
1. Por que nem tudo pode ser revelado aos homens?
2. Quando será permitido conhecer todos os mistérios do Reino de Deus?
3. Os bons Espíritos costumam se aproximar de quais indivíduos?
4. Por que as verdades espirituais são ocultadas aos sábios e prudentes?
5. Por que as luzes do céu são reveladas aos simples e pequenos?
6. Por que Tomé precisou tocar as mãos de Jesus?
7. Qual é nome dado àqueles que não acreditam nas coisas espirituais ?
8. Por que Deus não promove grandes manifestações visíveis para os homens incrédulos acreditem?
9. Por que os incrédulos insistem em negar a verdade?
10. Por a incredulidade absoluta não existe?
Subsídio para o Evangelizador:
Penetrará o homem um dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas?
O véu se levanta a seus olhos, à medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, são-lhe precisas faculdades que ainda não possui. ( O Livro dos Espíritos. Questão 18. Allan Kardec )
Não pode o homem, pelas investigações científicas, penetrar alguns dos segredos da Natureza?
A Ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas; ele, porém, não pode ultrapassar os limites que Deus estabeleceu.
Quanto mais consegue o homem penetrar nesses mistérios, tanto maior admiração lhe devem causar o poder e a sabedoria do Criador. Entretanto, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o faz joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos errou tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho. ( O Livro dos Espíritos. Questão 19. Allan Kardec )
Dado é ao homem receber, sem ser por meio das investigações da Ciência, comunicações de ordem mais elevada acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos?
Sim, se o julgar conveniente, Deus pode revelar o que à ciência não é dado apreender.
Por essas comunicações é que o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu futuro. ( O Livro dos Espíritos. Questão 20. Allan Kardec )
Sabe-se que os Espíritos, em virtude da diferença entre as suas capacidades, longe se acham de estar, individualmente considerados, na posse de toda a verdade; que nem a todos é dado penetrar certos mistérios; que o saber de cada um deles é proporcional à sua depuração; que os Espíritos vulgares mais não sabem do que muitos homens; que entre eles, como entre estes, há presunçosos e sofômanos, que julgam saber o que ignoram; sistemáticos, que tomam por verdades as suas idéias; enfim, que só os Espíritos da categoria mais elevada, os que já estão completamente desmaterializados, se encontram despidos das idéias e preconceitos terrenos; mas, também é sabido que os Espíritos enganadores não escrupulizam em tomar nomes que lhes não pertencem, para impingirem suas utopias. Daí resulta que, com relação a tudo o que seja fora do âmbito do ensino exclusivamente moral, as revelações que cada um possa receber terão caráter individual, sem cunho de autenticidade; que devem ser consideradas opiniões pessoais de tal ou qual Espírito e que imprudente fora aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Allan Kardec )
É por isso que João, o Evangelista, diz:
“Não creais em todos os Espíritos, mas examinai se eles são de Deus.”A experiência demonstra a sabedoria desse conselho. Há imprudência e leviandade em aceitar sem exame tudo o que vem dos Espíritos. É de necessidade que bem conheçamos o caráter daqueles que estão em relação conosco. (O que é o Espiritismo. Cap. 2. Item 36. Allan Kardec)
(...) Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares.
(...) Prova a experiência que, quando um principio novo tem de ser enunciado, isso se dá espontaneamente em diversos pontos ao mesmo tempo e de modo idêntico, senão quanto à forma, quanto ao fundo.
(...) Com extrema sabedoria procedem os Espíritos superiores em suas revelações. Não atacam as grandes questões da Doutrina senão gradualmente, à medida que a inteligência se mostra apta a compreender verdade de ordem mais elevada e quando as circunstâncias se revelam propícias à emissão de uma idéia nova. Por isso é que logo de princípio não disseram tudo, e tudo ainda hoje não disseram, jamais cedendo à impaciência dos mais afoitos, que querem os frutos antes de estarem maduros. Fora, pois, supérfluo pretender adiantar-se ao tempo que a Providência assinou para cada coisa, porque, então, os Espíritos verdadeiramente sérios negariam o seu concurso. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Allan Kardec )
O Espiritismo realiza, como ficou demonstrado, todas as condições do Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime do Evangelho: antes o completa e elucida. Com o auxílio das novas leis que revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já descobrira, faz se compreenda o que era ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredulidade considerava inadmissível. (A Gênese. Cap. 17. Item 40. Allan Kardec)
As instruções que promanam dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Allan Kardec).
Entretanto, os Espíritos Superiores fazem um alerta :“Lembra-te de que os Bons Espíritos só dispensam assistência aos que servem a Deus com humildade e desinteresse e que repudiam a todo aquele que busca na senda do Céu um degrau para conquistar as coisas da Terra; que se afastam do orgulhoso e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira erguida entre o homem e Deus. São um véu lançado sobre as claridades celestes, e Deus não pode servir-se do cego para fazer perceptível a luz.” ( O Livro dos Espíritos. Prolegômenos. Allan Kardec)
Jesus disse: "Graças te rendo, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos." (S. MATEUS, cap. XI, v. 25.)
Pode parecer singular que Jesus renda graças a Deus, por haver revelado estas coisas aos simples e aos pequenos, que são os pobres de espírito, e por as ter ocultado aos doutos e aos prudentes, mais aptos, na aparência, a compreendê-las. E que cumpre se entenda que os primeiros são os humildes, são os que se humilham diante de Deus e não se consideram superiores a toda a gente. Os segundos são os orgulhosos, envaidecidos do seu saber mundano, os quais se julgam prudentes porque negam e tratam a Deus de igual para igual, quando não se recusam a admiti-lo, porquanto, na antigüidade, douto era sinônimo de sábio. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 7. Item 8. Allan Kardec )
Segundo o Espírito Hammed, " (...) certos homens de cultura e intelectualidade achavam-se perfeitos eruditos, não precisando de mais nada além do seu cabedal de instrução.
Por sua vez, orgulhosos porque retinham vários títulos, acreditavam-se superiores e melhores que os outros, fechando assim as comportas da alma às fontes inspirativas e intuitivas do plano espiritual.
Porém, os ―pequenos e simples, aos quais se reportava o Mestre, são aqueles outros que, devido à posição flexível em face da vida, descortinam novas idéias e conceitos, absorvendo descobertas e pesquisas de todo teor, selecionando as produtivas, para o seu próprio mundo mental. Por não serem ortodoxos, ou seja, conservadores intransigentes, e sim afeiçoados à reflexão constante das leis eternas e ao exercício da fé raciocinada, reúnem melhores condições de observar a vida com os ―olhos de ver.
São conhecidos pela ―maturidade evolutiva, que é avaliada levando-se em conta seus comportamentos nos mais variados níveis de realização, entre diversos setores (físico, mental, emocional, social e espiritual) da existência humana.
Pelo modo como agem e como se comportam diante de problemas e dificuldades, ―os pequenos e os simples têm uma noção exata de sua própria maturidade espiritual. Além disso, sentem uma sensação enorme de serenidade e paz pela capacidade, pela eficiência e pelos atributos pessoais, e por se comportarem dentro do que esperavam de si mesmos.
Simples são os descomplicados, os que não se deixam envolver por métodos extravagantes, supostamente científicos, e por critérios de análise rígida. Simples são os que sempre usam a lógica e o bom senso, que nascem da voz do coração.
São aqueles que não entronizam sua personalidade megalomaníaca atrás de mesas douradas e que não penduram pergaminhos para a demonstração pública de exaltação do próprio ego.
Os ―sábios a quem o Senhor se referia eram os dominadores e controladores da mente humana, que desempenhavam papéis sociais, usando máscaras diversas segundo as situações convenientes. Estão a nossa volta: são criaturas sem originalidade e criatividade, porque não auscultam as vibrações uníssonas que descem do Mais Alto sobre as almas da Terra.
Não suportam a mais leve crítica - mesmo quando construtiva - de seus atos, feitos, raciocínios e ideais; por isso, deixam de analisá-la para comprovar ou não sua validade. Por se considerarem ―donos da verdade, reagem e se irritam, esquecendo-se de que esses comentários poderiam, em alguns casos, proporcionar-lhes melhores reflexões com ampliação da consciência.
Vale considerar que esses ―sábios não se lançam em novas amizades e afeições, pois conservam atitudes preconceituosas de classe social, de cor, de religião e de outras tantas, amarrando-se aos exclusivismos egoísticos.
Não obstante, o Mestre Jesus se reportava às luzes dos céus, que agilizariam os simples a pensar com mais lucidez, a se expressar com maior naturalidade, para que pudessem desbravar os mistérios do amor e das verdades espirituais, transformando-se no futuro nos reais missionários das leis eternas.
―Simples são os espontâneos, porque abandonaram a hipocrisia e aprenderam a se desligar quando preciso do mundo externo, a fim de deixar fluir amplamente no seu mundo interior as correntezas da luz; são todos aqueles que prestam atenção no "Deus em si " e entram em contato com Ele e consigo mesmo; são, enfim, aqueles que já se permitem escutar sua fonte interior de inspiração e, ao mesmo tempo, confiar nela plenamente. (Renovando atitudes. Espírito Hammed. Cap. 12. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto )
O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. (O Livro dos Espíritos. Questão 9. Allan Kardec )
Por isso é que Deus lhes deixa a pesquisa dos segredos da Terra e revela os do céu aos simples e aos humildes que diante dEle se prostram. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 7. Item 8. Allan Kardec )
Em todas as épocas da Humanidade, existiram os descrentes, os incréus, que não acreditavam nas coisas mais ostensivas.
Jesus Cristo, dirigindo-se a seu apóstolo Tomé, lhe disse:
"Tomé, precisaste ver para crer, mas bem-aventurados são os que acreditam sem ver."
Certa vez, cidadãos de várias nacionalidades procuraram Jesus, pedindo-lhe que produzisse um sinal dos Céus, para que eles vissem e acreditassem. E, quando esperavam que o Mestre fizesse ali um prodígio, pois supunham que o Cristo se ufanaria com suas conversões, a resposta foi peremptória: "Nenhum sinal será dado a esta geração adúltera e infiel, porque ela já tem o sinal de Jonas. É evidente que Jesus não se preocupava com uma eventual conversão daqueles homens, porque via neles meramente criaturas incrédulas e endurecidas.
Ora, o Mestre percorria todas as cidades e aldeias da Galiléia, da Samaria e da Judéia, fazendo curas espantosas, restaurando a visão a cegos de nascença, expulsando Espíritos possessores e fazendo com que inúmeros paralíticos e leprosos ficassem curados; esses fatos eram notórios a toda a população, representando autênticos sinais dos Céus, porém nem assim convencia a todos. Muitos homens endurecidos, daquela época, não se curvariam mesmo ante os fenômenos mais conspícuos.
Os homens mais incrédulos, na época, quando Jesus esteve na Terra, foram os Escribas. Eles tinham a incumbência de interpretar as leis e ensinar ao povo os textos dos livros sagrados. Esses livros estavam repletos de ensinamentos dos antigos profetas e missionários atestando que o Cristo de Deus viria em época adequada, a fim de trazer a sua mensagem à Humanidade. Essas profecias facilmente identificavam Jesus Cristo como sendo o Messias prometido, dada a amplitude de detalhes e coincidências de informações, pois ninguém que estivesse investido de uma autoridade, emanada dos Céus, poderia fazer o que ele fez. No entanto, os Escribas preferiram pactuar com os Fariseus e os sacerdotes, convertendo-se nos mais acirrados inimigos do Mestre.
O Cristo afirmou que, em época adequada, a Humanidade seria contemplada com o advento do Espírito Consolador, o Paráclito, o Espírito de Verdade.
O Consolador já está entre nós. As obras básicas da Doutrina dos Espíritos - o Espiritismo - aí estão como atestado eloqüente do cumprimento da promessa de Jesus. Entretanto, grande parcela da Humanidade, e, principalmente as religiões dogmáticas, reluta em aceitar as primícias da Terceira Revelação. que tem por objetivo básico a restauração do Vero Cristianismo, revelado à Terra, quando do advento de Jesus Cristo. Isso comprova, mais uma vez, a incredulidade dos homens, face as grandes verdades que emanam dos Céus.
Quando Cristóvão Colombo apresentou seu projeto a uma junta de cosmógrafos, astrônomos, geômetras, geógrafos dignatários da Igreja, todos reunidos no Colégio dos Altos Estudos de Salamanca, na Espanha, recebeu o seguinte diagnóstico unânime: "A Terra é chata e rodeada de água. Admiti-la esférica é incompatível com os dogmas da fé. Acreditar que existem dois hemisférios habitados é igualmente ímpio, porque é a mesma coisa que acreditar que há homens que não descendem de Adão.
De resto, se existisse outro hemisfério, já seria conhecido. Admitir a existência de antípodas, isto é, de um mundo em que tudo é ao contrário, em que chove e neva de baixo para cima, em que as árvores crescem de cima para baixo, em que as pessoas caminham com os calcanhares no ar, é completamente absurdo. Por conseguinte, o projeto de Cristóvão Colombo assenta sobre uma base falsa e imaginária, e o que ele pretende não pode ser verdade. "
Quando Galileu atestou que a Terra gira em torno do Sol, a Igreja também refutou. Ela preferia manter-se apegada ao sistema geocêntrico, pois o sistema heliocêntrico, demonstrado por Galileu, contrariava os dogmas.
Quando Joana D'Arc afirmou que ouvia vozes de Espíritos, foi catalogada como feiticeira, relapsa e apóstata; como tal, foi condenada a morrer na fogueira. Hoje, é considerada heroína, e até a Igreja, que a condenou, passou a considerá-la santa.
Mesmo nos tempos atuais, prevalecem teorias errôneas no tocante às grandes verdades que foram reveladas por Jesus Cristo e outros grandes missionários.
Ainda se acreditava na terrível teoria da vida única do Espírito na carne, nas penas eternas, no pecado original, na unicidade dos mundos habitados, em flagrante contraste com o que está contido nos maravilhosos ensinamentos do Grande Mestre Nazareno.
Por enfrentar a incredulidade dos homens, trazendo grandes verdades, Jesus foi crucificado; Sócrates foi condenado a beber cicuta; João Batista foi decapitado; Paulo de Tarso sofreu as maiores perseguições e, por fim, também foi decapitado; muitos profetas foram perseguidos e mortos e muitos emissários dos Céus sofreram a incompreensão e o sarcasmo dos homens. (Evangelho Misericordioso. Incredulidade. Paulo A. Godoy)
A senda do progresso é, muitas vezes, ingrata aos inovadores. Tem sido regada por muitas lágrimas e por muito sangue. Aqueles, cujos nomes acabamos de citar, tiveram de abrir caminho através da conspiração dos interesses. Eram desprezados por uns, detestados e perseguidos por outros. Lutaram e sofreram; comparativamente com eles, os que são hoje apenas ridiculizados devem considerar sumamente benigna a sua sorte. (Cristianismo e Espiritismo. Cap. 9. León Denis )
Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, também teria que travar lutas incessantes contra obstáculos, emboscadas, perigos de toda sorte, conforme uma revelação que foi feita pelo Espírito de Verdade:
"(...) A missão dos reformadores é cheia de escolhos e perigos; a tua é rude; previno-te, porque é ao mundo inteiro que se trata de agitar e de transformar. Não creias que te seja suficiente publicar um livro, dois livros, dez livros, e ficares tranquilamente em tua casa; não, é preciso te mostrares no conflito; contra ti se açularão terríveis ódios, implacáveis inimigos tramarão a tua perda; estarás exposto à calúnia, à traição, mesmo daqueles que te parecerão mais dedicados; as tuas melhores instruções serão impugnadas e desnaturadas; sucumbirás mais de uma vez ao peso da fadiga; em uma palavra, é uma luta quase constante que terás de sustentar com o sacrifício do teu repouso, da tua tranquilidade, da tua saúde e mesmo da tua vida, porque tu não viverás muito tempo..." (O que é o Espiritismo. Biografia de Allan Kardec. Henri Sausse / Allan Kardec )
O mesmo se dá hoje com as grandes verdades que o Espiritismo revelou. Alguns incrédulos se admiram de que os Espíritos tão poucos esforços façam para os convencer. A razão está em que estes últimos cuidam preferentemente dos que procuram, de boa fé e com humildade, a luz, do que daqueles que se supõem na posse de toda a luz e imaginam, talvez, que Deus deveria dar-se por muito feliz em atraí-los a si, provando-lhes a sua existência.
O poder de Deus se manifesta nas mais pequeninas coisas, como nas maiores. Ele não põe a luz debaixo do alqueire, por isso que a derrama em ondas por toda a parte, de tal sorte que só cegos não a vêem. A esses não quer Deus abrir à força os olhos, dado que lhes apraz tê-los fechados. A vez deles chegará, mas é preciso que, antes, sintam as angústias das trevas e reconheçam que é a Divindade e não o acaso quem lhes fere o orgulho.
Para vencer a incredulidade, Deus emprega os meios mais convenientes, conforme os indivíduos. Não é à incredulidade que compete prescrever-lhe o que deva fazer, nem lhe cabe dizer: “Se me queres convencer, tens de proceder dessa ou daquela maneira, em tal ocasião e não em tal outra, porque essa ocasião é a que mais me convém."
Não se espantem, pois, os incrédulos de que nem Deus, nem os Espíritos, que são os executores da sua vontade, se lhes submetam às exigências. Inquiram de si mesmos o que diriam, se o último de seus servidores se lembrasse de lhes prescrever fosse o que fosse. Deus impõe condições e não aceita as que lhe queiram impor. Escuta, bondoso, os que a Ele se dirigem humildemente e não os que se julgam mais do que Ele. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 7. Item 9. Allan Kardec )
Que inconveniente haveria em ser permanente e geral entre os homens a possibilidade de verem os Espíritos? Não seria esse um meio de tirar a dúvida aos mais incrédulos?
“Estando o homem constantemente cercado de Espíritos, o vê-los a todos os instantes o perturbaria, embaraçar-lhe-ia os atos e tirar-lhe-ia a iniciativa na maioria dos casos, ao passo que, julgando-se só, ele age mais livremente. Quanto aos incrédulos, de muitos meios dispõem para se convencerem, se desses meios quiserem aproveitar-se e não estiverem cegos pelo orgulho. Sabes muito bem existirem pessoas que hão visto e que nem por isso crêem, pois dizem que são ilusões. Com esses não te preocupes; deles se encarrega Deus (1).”
Uma vez que há inconveniente em vermos os Espíritos, por que, em certos casos, é isso permitido?
“Para dar ao homem uma prova de que nem tudo morre com o corpo, que a alma conserva a sua individualidade após a morte. A visão passageira basta para essa prova e para atestar a presença de amigos ao vosso lado e não oferece os inconvenientes da visão constante.” ( O Livro dos médiuns. Segunda Parte. Cap. 6. Das manifestações visuais. Questão 7 e 8. Allan Kardec )
Pois que as manifestações espontâneas são muitas vezes permitidas e até provocadas para convencer os homens, parece-nos que, se fossem pessoalmente atingidos por elas, alguns incrédulos se veriam forçados a render-se à evidência. Eles costumam queixar-se de não serem testemunhas de fatos concludentes. Não está no poder dos Espíritos dar-lhes uma prova sensível?
“Os ateus e os materialistas não são a todo instante testemunhas dos efeitos do poder de Deus e do pensamento? Isso não impede que neguem Deus e a alma. Os milagres de Jesus converteram todos os seus contemporâneos?
Aos fariseus, que lhe diziam: “Mestre, faze-nos ver algum prodígio”, não se assemelham os que hoje vos pedem lhes façais presenciar algumas manifestações? Se não se converteram pelas maravilhas da criação, também não se converterão, ainda quando os Espíritos lhes aparecessem do modo mais inequívoco, porquanto o orgulho os torna quais alimárias empacadoras (bestas que não saem do lugar). Se procurassem de boa-fé, não lhes faltaria ocasião de ver; por isso, não julga Deus conveniente fazer por eles mais do que faz pelos que sinceramente buscam instruir-se, pois que o Pai só concede recompensa aos homens de boa vontade. A incredulidade deles não obstará a que a vontade de Deus se cumpra. Bem vedes que não obstou a que a doutrina se difundisse. Deixai, portanto, de inquietar-vos com a oposição que vos movem. Essa oposição é, para a doutrina, o que a sombra é para o quadro: maior relevo lhe dá. Que mérito teriam eles, se fossem convencidos à força? Deus lhes deixa toda a responsabilidade da teimosia em que se conservam e essa responsabilidade é mais terrível do que podeis supor. Felizes os que crêem sem ter visto, disse Jesus, porque esses não duvidam do poder de Deus.” (O Livro dos médiuns. Segunda parte. Cap. 5.Das manifestações físicas espontâneas. Item 94. Questão 7. Allan Kardec)
Perguntar-se-á: não poderia Deus tocá-los pessoalmente, por meio de manifestações retumbantes, diante das quais se inclinassem os mais obstinados incrédulos? E fora de toda dúvida que o poderia; mas, então, que mérito teriam eles e, ao demais, de que serviria? Não se vêem todos os dias criaturas que não cedem nem à evidência, chegando até a dizer: "Ainda que eu visse, não acreditaria, porque sei que é impossível?" Esses, se se negam assim a reconhecer a verdade, é que ainda não trazem maduro o espírito para compreendê-la, nem o coração para senti-la. O orgulho é a catarata que lhes tolda a visão. De que vale apresentar a luz a um cego? Necessário é que, antes, se lhe destrua a causa do mal. Daí vem que, médico hábil, Deus primeiramente corrige o orgulho. Ele não deixa ao abandono aqueles de seus filhos que se acham perdidos, porquanto sabe que cedo ou tarde os olhos se lhes abrirão. Quer, porém, que isso se dê de modo próprio, quando, vencidos pelos tormentos da incredulidade, eles venham de si mesmos lançar-se-lhe nos braços e pedir-lhe perdão, quais filhos pródigos. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 7. Item 10. Allan Kardec )
É crença geral que, para convencer, basta apresentar os fatos. Esse, com efeito, parece o caminho mais lógico. Entretanto, mostra a experiência que nem sempre é o melhor, pois que a cada passo se encontram pessoas que os mais patentes fatos absolutamente não convenceram. A que se deve atribuir isso? É o que vamos tentar demonstrar.
No Espiritismo, a questão dos Espíritos é secundária e consecutiva; não constitui o ponto de partida. Este precisamente o erro em que caem muitos adeptos e que, amiúde, os leva a insucesso com certas pessoas. Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a existência da alma. Ora, como pode o materialista admitir que, fora do mundo material, vivam seres, estando crente de que, em si próprio, tudo é matéria? Como pode crer que, exteriormente à sua pessoa, há Espíritos, quando não acredita ter um dentro de si? Será inútil acumular-lhe diante dos olhos as provas mais palpáveis. Contestá-las-á todas, porque não admite o princípio. Todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido. Ora, para o materialista, o conhecido é a matéria: parti, pois, da matéria e tratai, antes de tudo, fazendo que ele a observe, de convencê-lo de que há nele alguma coisa que escapa às leis da matéria. Numa palavra, primeiro que o torneis ESPÍRITA, cuidai de torná-lo ESPIRITUALISTA. Mas, para tal, muito outra é a ordem de fatos a que se há de recorrer, muito especial o ensino cabível e que, por isso mesmo, precisa ser dado por outros processos. Falar-lhe dos Espíritos, antes que esteja convencido de ter uma alma, é começar por onde se deve acabar, porquanto não lhe será possível aceitar a conclusão, sem que admita as premissas. Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio dos fatos, cumpre nos certifiquemos de sua opinião relativamente à alma, isto é, cumpre verifiquemos se ele crê na existência da alma, na sua sobrevivência ao corpo, na sua individualidade após a morte. Se a resposta for negativa, falar-lhe dos Espíritos seria perder tempo. Eis aí a regra. Não dizemos que não comporte exceções. Neste caso, porém, haverá provavelmente outra causa que o torna menos refratário.
Entre os materialistas, importa distinguir duas classes: colocamos na primeira os que o são por sistema. Nesses, não há a dúvida, há a negação absoluta, raciocinada a seu modo. O homem, para eles, é simples máquina, que funciona enquanto está montada, que se desarranja e de que, após a morte, só resta a carcaça.
Quando dissemos que a dúvida cessa nos incrédulos diante de uma explicação racional, excetuamos os materialistas extremados, os que negam a existência de qualquer força e de qualquer princípio inteligente fora da matéria. A maioria deles se obstina por orgulho na opinião que professa, entendendo que o amor-próprio lhes impõe persistir nela.
E persistem, não obstante todas as provas em contrario, porque não querem ficar de baixo. Com tal gente, nada há que fazer; ninguém mesmo se deve deixar iludir pelo falso tom de sinceridade dos que dizem: fazei que eu veja, e acreditarei. Outros são mais francos e dizem sem rebuço: ainda que eu visse, não acreditaria.
A segunda classe de materialistas, muito mais numerosa do que a primeira, porque o verdadeiro materialismo é um sentimento antinatural, compreende os que o são por indiferença, por falta de coisa melhor, pode-se dizer. Não o são deliberadamente e o que mais desejam é crer, porquanto a incerteza lhes é um tormento. Há neles uma vaga aspiração pelo futuro; mas esse futuro lhes foi apresentado com cores tais, que a razão deles se recusa a aceitá-lo. Daí a dúvida e, como conseqüência da dúvida, a incredulidade.
Esta, portanto, não constitui neles um sistema. Assim sendo, se lhes apresentardes alguma coisa racional, aceitam-na pressurosos. Esses, pois, nos podem compreender, visto estarem mais perto de nós do que, por certo, eles próprios o julgam.
Aos primeiros não faleis de revelação, nem de anjos, nem do paraíso: não vos compreenderiam. Colocai-vos, porém, no terreno em que eles se encontram e provai-lhes primeiramente que as leis da Fisiologia são impotentes para tudo explicar; o resto virá depois. De outra maneira se passam as coisas, quando a incredulidade não é preconcebida, porque então a crença não é de todo nula; há um gérmen latente, abafado pelas ervas más, e que uma centelha pode reavivar. É o cego a quem se restitui a vista e que se alegra por tornar a ver a luz; é o náufrago a quem se lança uma tábua de salvação.
Ao lado da dos materialistas propriamente ditos, há uma terceira classe de incrédulos que, embora espiritualistas, pelo menos de nome, são tão refratários quanto aqueles. Referimo-nos aos incrédulos de má vontade. A esses muito aborreceria o terem que crer, porque isso lhes perturbaria a quietude nos gozos materiais. Temem deparar com a condenação de suas ambições, de seu egoísmo e das vaidades humanas com que se deliciam. Fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir. Lamentá-los é tudo o que se pode fazer.
Apenas por não deixar de mencioná-la, falaremos de uma quarta categoria, a que chamaremos incrédulos por interesse ou de má-fé. Os que a compõem sabem muito bem o que devem pensar do Espiritismo, mas ostensivamente o condenam por motivos de interesse pessoal. Não há o que dizer deles, como não há com eles o que fazer.
O puro materialista tem para o seu engano a escusa da boa-fé; possível será desenganá-lo, provando-se-lhe o erro em que labora. No outro, há uma determinação assentada, contra a qual todos os argumentos irão chocar-se em vão. O tempo se encarregará de lhe abrir os olhos e de lhe mostrar, quiçá à custa própria, onde estavam seus verdadeiros interesses, porquanto, não podendo impedir que a verdade se expanda, ele será arrastado pela torrente, bem como os interesses que julgava salvaguardar.
Além dessas diversas categorias de opositores, muitos há de uma infinidade de matizes, entre os quais se podem incluir: os incrédulos por pusilanimidade, que terão coragem, quando virem que os outros não se queimam; os incrédulos por escrúpulos religiosos, aos quais um estudo esclarecido ensinará que o Espiritismo repousa sobre as bases fundamentais da religião e respeita todas as crenças; que um de seus efeitos é incutir sentimentos religiosos nos que os não possuem, fortalecê-los nos que os tenham vacilantes. Depois, vêm os incrédulos por orgulho, por espírito de contradição, por negligência, por leviandade, etc., etc.
Não podemos omitir uma categoria a que chamaremos incrédulos por decepções. Abrange os que passaram de uma confiança exagerada à incredulidade, porque sofreram desenganos. Então, desanimados, tudo abandonaram, tudo rejeitaram. Estão no caso de um que negasse a boa-fé, por haver sido ludibriado. ( O Livro dos Médiuns. Primeira parte. Cap. 3. Itens 20, 21, 23, 24 e 25 Allan Kardec )
Enquanto forem dadas como verdades absolutas coisas que a razão repele, haverá incrédulos e materialistas. Para fazer crer, é necessário fazer compreender. Nosso século assim o quer e é preciso marchar com o século se não se quiser sucumbir. Mas para fazer compreender, é preciso que tudo seja lógico: princípios e consequências. ( Revista Espírita. Maio de 1862. Causas da incredulidade. Observação. Allan Kardec )
Os meios de convencer variam extremamente, conforme os indivíduos. O que persuade a uns nada produz em outros; este se convenceu observando algumas manifestações materiais, aquele por efeito de comunicações inteligentes, o maior número pelo raciocínio. Podemos até dizer que, para a maioria dos que se não preparam pelo raciocínio, os fenômenos materiais quase nenhum peso têm. Quanto mais extraordinários são esses fenômenos, quanto mais se afastam das leis conhecidas, maior oposição encontram e isto por uma razão muito simples: é que todos somos levados naturalmente a duvidar de uma coisa que não tem sanção racional. Cada um a considera do seu ponto de vista e a explica a seu modo: o materialista a atribui a uma causa puramente física ou a embuste; o ignorante e o supersticioso a uma causa diabólica ou sobrenatural, ao passo que uma explicação prévia produz o efeito de destruir as idéias preconcebidas e de mostrar, senão a realidade, pelo menos a possibilidade da coisa, que, assim, é compreendida antes de ser vista. Ora, desde que se reconhece a possibilidade de um fato, três quartos da convicção estão conseguidos.
Convirá se procure convencer a um incrédulo obstinado? Já dissemos que isso depende das causas e da natureza da sua incredulidade. Muitas vezes, a insistência em querer persuadi-lo o leva a crer em sua importância pessoal, o que, a seu ver, constitui razão para ainda mais se obstinar. Com relação ao que se não convenceu pelo raciocínio, nem pelos fatos, a conclusão a tirar-se é que ainda lhe cumpre sofrer a prova da incredulidade. Deve-se deixar à Providência o encargo de lhe preparar circunstâncias mais favoráveis. Não faltam os que anseiam pelo recebimento da luz, para que se esteja a perder tempo com os que a repelem.
Dirigi-vos, portanto, aos de boa vontade, cujo número é maior do que se pensa, e o exemplo de suas conversões, multiplicando-se, mais do que simples palavras, vencerá as resistências. O verdadeiro espírita jamais deixará de fazer o bem. Lenir corações aflitos; consolar, acalmar desesperos, operar reformas morais, essa a sua missão. É nisso também que encontrará satisfação real. O Espiritismo anda no ar; difunde-se pela força mesma das coisas, porque torna felizes os que o professam. Quando o ouvirem repercutir em tomo de si mesmos, entre seus próprios amigos, os que o combatem por sistema compreenderão o insulamento em que se acham e serão forçados a calar-se, ou a render-se. ( O Livro dos Médiuns. Primeira parte. Cap. 3. Itens 29 e 30. Allan Kardec )
Visto que o Espiritismo tem que marcar um progresso da Humanidade, por que não apressam os Espíritos esse progresso, por meio de manifestações tão generalizadas e patentes, que a convicção penetre até nos mais incrédulos?
“Desejaríeis milagres; mas Deus os espalha a mancheias diante dos vossos passos e, no entanto, ainda há homens que o negam. Conseguiu, porventura, o próprio Cristo convencer os seus contemporâneos, mediante os prodígios que operou? Não conheceis presentemente alguns que negam os fatos mais patentes, ocorridos às suas vistas? Não há os que dizem que não acreditariam, mesmo que vissem? Não; não é por meio de prodígios que Deus quer encaminhar os homens. Em Sua bondade, Ele lhes deixa o mérito de se convencerem pela razão.” (O Livro dos Espíritos. Questão 802. Allan Kardec )
Notastes, meu amigo, a marcha que segue o progresso, a direção que toma a crença espírita? Primeiro que tudo, deu-lhe Deus as provas materiais: movimento de mesas, pancadas e toda sorte de fenômenos, para despertar a atenção.
Era um como prefácio divertido. Os homens precisam de provas tangíveis para crer. Agora é muito diferente o caso. Depois dos fatos materiais, Deus fala à inteligência, ao bom senso, à razão fria; não são mais efeitos físicos, porém coisas racionais que devem convencer e congregar todos os incrédulos, mesmo os mais teimosos. (O céu e o inferno. Segunda Parte. Cap. 2. Allan Kardec )
(...) As manifestações físicas têm por fim chamar-nos a atenção para alguma coisa e convencer-nos da presença de uma força superior ao homem. (...) Alcançado esse fim, cessa a manifestação material, por desnecessária. ( O Livro dos médiuns. Segunda parte. Cap. 5. Das manifestações físicas espontâneas. Item 85. Allan Kardec )
Se a Religião, apropriada em começo aos conhecimentos limitados do homem, tivesse acompanhado sempre o movimento progressivo do espírito humano, não haveria incrédulos, porque está na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades intelectuais. (O céu e o inferno. Primeira parte. Cap. 1. Itens 11, 12 e 13. Allan Kardec)
A incredulidade é uma provação?
-O ateísmo ou incredulidade absoluta não existe, a não ser no jogo de palavras dos cérebros desesperados, nas teorias do mundo, porque, no íntimo, todos os Espíritos se identificam com a idéia de Deus e da sobrevivência do ser, que lhes é inata. Essa idéia superior pairará acima de todos os negativismos e sairá vitoriosa de todos os decretos de força que se organizam nos Estados terrenos, porque constitui a luz da vida e a mais preciosa esperança das almas. (O Consolador. Questão 251. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier )
Não se objete que, entre os negadores da vida futura, há pessoas honestas, incapazes de cientemente causar dano a quem quer que seja e suscetíveis dos maiores devotamentos.
Digamos, antes de tudo, que, entre muitos incrédulos, a negação do porvir é mais fanfarronada, jactância, orgulho de passarem por espíritos fortes, do que resultado de uma convicção absoluta. No foro íntimo de suas consciências, há uma dúvida a importuná-los, pelo que procuram eles atordoar-se. Não é, porém, sem dissimulação que pronunciam o terrível nada, que os priva do fruto de todos os trabalhos da inteligência e despedaça para sempre as mais caras afeições. Muitos dos que mais forte deblateram são os primeiros a tremer ante a idéia do desconhecido; por isso mesmo, quando se lhes aproxima o momento fatal de entrarem nesse desconhecido, bem poucos são os que adormecem, no derradeiro sono, na firme persuasão de que não despertarão algures, visto que a Natureza jamais abdica dos seus direitos.
Afirmamos, pois, que, na maioria dos incrédulos, a incredulidade é muito relativa, isto é, que, não lhes estando satisfeita a razão, nem com os dogmas, nem com as crenças religiosas, e nada tendo encontrado, em parte alguma, com que enchessem o vazio que se lhes fizera no íntimo, eles concluíram que nada há e edificaram sistemas com que justificassem a negação. Não são, conseguintemente, incrédulos, senão por falta de coisa melhor. Os absolutamente incrédulos são raríssimos, se é que existem. (Obras póstumas. A vida futura. Allan Kardec )
Diante disto, como proceder com aquele que se diz incrédulo? O Espírito Emmanuel nos recomenda:" Ouviste o companheiro que te afirmou não crer em Deus. Não te aflijas por isso. Ele talvez não tenha ainda observado que se transformou de criança em adulto sem medicação alguma, que a erva do campo cresceu sem esperar-lhe o apoio e que o sol lhe ilumina a cabeça sem pedir-lhe opinião." (Livro de respostas. Ouve e silencia. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Observação (1): Tantos inconvenientes haveria em vermos constantemente os Espíritos, como em vermos o ar que nos cerca e as miríades de animais microscópicos que sobre nós e em torno de nós pululam. Donde devemos concluir que o que Deus faz é bem-feito e que Ele sabe melhor do que nós o que nos convém.
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos.Prolegômenos. Questões: 9,18,19,20, 802. Allan Kardec.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Cap. 7. Itens 8, 9 e 10. Allan Kardec .
- O que é o Espiritismo. Cap. 2. Item 36/ Biografia de Allan Kardec - Henri Sausse . Allan Kardec.
- O Livro dos médiuns.Primeira parte. Cap. 3. Itens 20, 21, 23, 24 , 25, 29 e 30 / Segunda parte. Cap. 5.Das manifestações físicas espontâneas. Item 85 e 94. Questão 7/ Cap. 6. Das manifestações visuais. Questão 7 e 8. Allan Kardec .
- O céu e o inferno. Primeira parte. Cap. 1. Itens 11, 12 e 13 / Segunda Parte. Cap. 2. Allan Kardec.
- A Gênese. Cap. 17. Item 40. Allan Kardec.
- Obras póstumas. A vida futura. Allan Kardec .
- Revista Espírita. Maio de 1862. Causas da incredulidade. Observação. Allan Kardec .
- O Consolador. Questão 251. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier .
- Livro de respostas. Ouve e silencia. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier .
- Renovando atitudes. Espírito Hammed. Cap. 12. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto .
- Evangelho Misericordioso. Incredulidade. Paulo A. Godoy.
- Cristianismo e Espiritismo. Cap. 9. León Denis.
- Bíblia: Mateus 11:25.