Utilize o conteúdo da aula, designado por "Subsídio para o Evangelizador", para desenvolver palestras espíritas para jovens e adultos.

Aula 112 - Parábola do bom Samaritano

Ciclo 1 - História: O bom samaritano  - Atividade: PH - Jesus - 72 - Parábola do bom Samaritano.

Ciclo 2 - História: A parábola do bom Samaritano  - Atividade: ESE - Cap. 15 - 2 - O que preciso fazer para ser salvo. Parábola do bom Samaritano ( continuação).

Ciclo 3 - História: Jorge  - Atividade: PH - Jesus - 73 - Parábola do bom Samaritano.

Mocidade - História: A parábola relembrada - Atividade: 2 - Dinâmica de grupo: Descubra o personagem da parábola.

 

Dinâmicas: Fazer o bem sem olhar a quem;  Parábola do bom samaritano; Virtudes do Bom Samaritano.

Mensagens espíritas: Parábola do bom Samaritano.

Sugestão de vídeo:

- História: Parábola do bom Samaritano. (Dica:  pesquise no Youtube )

Sugestão de livro infantil: - Maleta -Parábolas e ensinamentos de Jesus.  O Bom Samaritano – Guilherme M. dos Santos. Bicho esperto. Editora Rideel.

 

Leitura da Bíblia: Lucas - Capítulo 10


10.25 Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?


10.26 Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês?


10.27 Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento (Dt 6,5); e a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18).


10.28 Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isto e viverás.


10.29 Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?


10.30 Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto.


10.31 Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante.


10.32 Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante.


10.33 Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão.


10.34 Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele.


10.35 No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei.


10.36 Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?


10.37 Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo."


 

Tópicos a serem abordados:

- O doutor da lei queria saber quem ele deveria considerar seu próximo. Então Jesus lhe contou a parábola do bom Samaritano  e  respondeu indiretamente à pergunta, com outra questão: “Quem foi o próximo do homem ferido?"E o doutor da lei respondeu: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então, vai e faz o mesmo — concluiu Jesus. O que equivale a dizer: aplica todas as tuas forças morais, intelectuais e afetivas na produção do bem, em favor de ti mesmo e do próximo, e ganharás a vida eterna , isto é, a vida espiritual em plena comunhão com Deus.

- Entretanto,  para compreendermos melhor a Parábola do Bom Samaritano,  devemos conhecer  as personalidades desta história :Os samaritanos faziam parte de um pequeno grupo étnico-religioso originários da Samaria .Eles eram rejeitados e perseguidos  pelos judeus, pois sua raça e religião originou-se da mistura com outros povos e crenças. Os sacerdotes eram judeus, descendentes da tribo de Levi. Possuiam a função  dirigir ou participar de rituais sagrados e oferecer os sacrifícios e oferendas a Deus. Os levitas também eram descentes da tribo de Levi , mas tinham como função ajudar os sacerdotes nos serviços do templo, podendo ser cantores , instrumentistas ou porteiros.

- Sob o ponto de vista simbólico, o viajante ferido representa a Humanidade saqueada de seus bens espirituais e de sua liberdade, pelos poderosos do mundo; o sacerdote e o levita representam os líderes das religiões, que em vez de tratarem dos interesses da coletividade,  se preocupam apenas com os rituais e cerimônias das suas Igrejas;   o samaritano que se aproximou e cuidou das feridas, colocando nelas azeite e vinho, representa Jesus Cristo. O azeite é o símbolo da fé; o vinho é o espírito da sua Palavra; os dois denários ( moedas da antiguidade romana) dados ao hospedeiro para tratar do doente, são: a caridade e a sabedoria; o mais, que o “enfermeiro” gastar, resume-se  nas vigílias, na paciência, na dedicação, cujos feitos serão todos recompensados. Enfim, o hospedeiro representa os que receberam os seus ensinos e os “denários” para cuidarem do “viajante ferido e saqueado”.

- Jesus coloca o samaritano, que era considerado herético e infiel , acima do sacerdote e do levita (judeus ortodoxos, que seguem rigorosamente as normas da sua religião ) . O Divino Mestre   utiliza-se dessas personalidades poderosas da sua época, para mostrar aos homens que todos somos irmãos  ; que o orgulho é causa de queda, por tornar cega a criatura, com relação a seus deveres; e que, perante Deus, não há heréticos, nem ortodoxos; que a única via de salvação é a caridade.

- Não basta, nem é preciso ser Doutor da Lei, nem sacerdote, nem levita,  nem assistir a cultos ou cumprir mandamentos desta ou daquela Igreja, para ter a vida eterna. Não basta ter conhecimento das Escrituras sagradas. É preciso saber empregá-lo em benefício do próximo, pois a fé sem as obras nada vale. O que importa, realmente , não são os “credos” nem os "rituais ", mas os “bons sentimentos”, porque somente através deles entraremos no Reino dos céus .

- Devemos estar sempre prontos para socorrer quem sofre,  sem fazer qualquer indagação ao necessitado. Nunca pergunte, nunca procure saber coisa alguma daquele que você pode e deve auxiliar. Não se interesse em saber se o pobre, se o doente, se o orfãozinho necessitado é espírita ou católico, se é judeu ou protestante, se é pessoa branca ou de cor. Não se interesse em saber quais as idéias que ele professa ou a politica que ele acompanha. Não cultive no  coração os odiosos preconceitos de raça, de religião ou de cor.  Que você enxergue somente a dor do próximo, para aliviá-la, como o bom samaritano fez.

 

Perguntas para fixação:

1. Para quem Jesus contou a parábola do bom Samaritano?

2. Quem foi o próximo do homem ferido?

3. Por que os samaritanos eram desprezados pelos judeus?

4. Qual era a função dos sacerdotes no templo?

5. Qual eram as funções dos levitas no templo?

6. Quem representa simbolicamente o samaritano?

7. Quem representa o viajante ferido?

8. O que é preciso fazer para entrar no Reino dos céus?

9.  Que lição de vida Jesus nos oferece, com a parábola do Bom Samaritano?

 

Subsídio para o Evangelizador:

            Quem é meu próximo? indagou de Jesus um rabino da sinagoga.

            À guisa de resposta, o Mestre contou-lhe a seguinte parábola: — Viajava certo homem, de Jerusalém a Jericó. No trajeto foi assaltado por ladrões que o espoliaram e espancaram barbaramente, deixando-o semimorto à beira da estrada.

            Aconteceu transitar por ali um sacerdote (1) que, vendo-o, passou de largo. Do mesmo modo também um Levita ( 2), chegando ao lugar e deparando com o ferido, passou de largo...

            Um samaritano (3), porém, ao passar pela referida estrada, vendo o viajor, aproximou-se dele cheio de compaixão. Pensou-lhe as feridas, reanimou-o, e, levando-o consigo até à primeira hospedaria, ali o deixou entregue aos cuidados do estalajadeiro, pagando antecipadamente as diárias prováveis para seu completo restabelecimento.

            Qual destes três te parece haver sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Retrucou o rabino da sinagoga! Aquele que usou de misericórdia para com ele.

            Vai-te, e faze o mesmo — concluiu Jesus. (Em torno do Mestre. Quem é meu próximo. Vinícius)

            O que equivale a dizer: Não basta, nem é preciso ser Doutor da Lei (4), nem sacerdote, nem fariseu, nem católico, nem protestante, nem assistir a cultos ou cumprir mandamentos desta ou daquela Igreja, para ter a vida eterna; basta ter coração, alma e cérebro, isto é, ter amor, porque o que verdadeiramente tem amor, há de auxiliar o seu próximo com tudo o que lhe for possível auxiliar: seja com dinheiro, seja moralmente ensinando os que não sabem, espiritualmente prodigalizando afetos e descerrando aos olhos do próximo as cortinas da vida eterna, onde o espírito sobrevive ao corpo, onde a vida sucede à morte, onde a Palavra de Jesus triunfa dos preceitos e preconceitos sacerdotais!

            Finalmente, a Parábola do Bom Samaritano refere-se verdadeiramente a Jesus; o viajante ferido é a Humanidade saqueada de seus bens espirituais e de sua liberdade, pelos poderosos do mundo; o sacerdote e o levita significam os padres das religiões que, em vez de tratarem dos interesses da coletividade, tratam dos interesses dogmáticos e do culto de suas Igrejas; o samaritano que se aproximou e atou as feridas, deitando nelas azeite e vinho, é Jesus Cristo. O azeite é o símbolo da fé, o combustível que deve arder nessa lâmpada que dá claridade para a Vida Eterna — a sua Doutrina; o vinho é o suco da vida, é o espírito da sua Palavra; os dois denários dados ao hospedeiro para tratar do doente, são: a caridade e a sabedoria; o mais, que o “enfermeiro” gastar, resume-se na abnegação, nas vigílias, na paciência, na dedicação, cujos feitos serão todos recompensados. Enfim, o hospedeiro representa os que receberam os seus ensinos e os “denários” para cuidarem do “viajante ferido e saqueado”. (Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do bom Samaritano.  Cairbar Schutel)

            Merece toda a nossa atenção, profundo estudo e meditação séria esta parábola em que, mostrando que Deus olha igualmente, com paternal carinho, para todos os seus filhos, quaisquer que sejam a pátria onde nasce­ram, o idioma que falem, o culto que professem, Nosso Senhor Jesus Cristo, através de um episódio edificante, nos ensinou, praticamente, como devemos proceder com os nossos semelhantes, em observância à lei divina, que nos prescreve amar o Pai celestial, amando o nosso próximo. (Elucidações Evangélicas. Cap. 147. Antônio Luiz Sayāo)

            Nosso próximo, como o próprio termo designa, é aquele que está perto de nós; porém, perto pelo coração, pela solidariedade, pelo amor.

            Neste caso, a distância não se mede por metros ou quilômetros, mas pelos graus de vibratilidade dos sentimentos. Podemos ter alguém ao nosso lado, sob o mesmo teto, sem que, contudo, possamos contar com sua cooperação nos sucessos de nossa vida. Tal pessoa, em verdade, não está perto de nós: está muito longe, visto como não se afeta com aquilo que nos diz respeito. De outra sorte, pode haver alguém que, encontrando-se em hemisfério oposto àquele em que nos achamos, esteja, contudo, ao nosso lado, muito perto de nós pela dedicação e pelo afeto que nos vota.

            Ser próximo, por conseguinte, é ser solidário, ser fraterno, ser dedicado: é, numa palavra, amar o semelhante, compartilhando, tanto de suas alegrias como de suas desventuras: daquelas, para engrandecer seu gozo; destas, para amenizar-lhe a dor. (  Em torno do Mestre. Quem é meu próximo? Vinícius )

            Doutra parte, esta parábola nos oferece mais uma prova da inigualável presciência que o divino Mestre tinha de todas as coisas, pois que, formulando-a, mostrou conhecer, de antemão, como viriam a proceder de futuro, em face da sua doutrina, o “samaritano”, isto é, o herético, o infiel, o excomungado, o réprobo, que era como os Judeus consideravam os filhos de Samaria, e o levita, o fariseu, o sacerdote, os ortodoxos em suma. Apontava aquele cheio de caridade e estes baldos desse sentimento.

            Dizendo ao doutor da lei: Vai e faze o mesmo, dois objetivos teve Ele em mira. Primeiramente, dar a ver aos homens que, quaisquer que eles sejam, são irmãos; que o orgulho é causa de queda, por tornar cega a criatura, com relação a seus deveres; que, perante Deus, não há heréticos, nem ortodoxos; que a única via de salvação é a caridade. Quis, assim, reprovar e proscrever, para aquele momento e para sempre, o dogmatismo e a intolerância, que derivam da diversidade e do antagonismo de crenças e de cultos externos; proclamar que a fé sem as obras nada vale; que a fé, aos olhos de Deus, não está em dogmas humanos, frutos exclusivos das orgulhosas interpretações dos homens; mas, sim, toda, na caridade, que implica a prática da justiça, do amor, da misericórdia, da fraternidade.

            Em segundo lugar, objetivou condenar de antemão esta máxima da Igreja Romana: “Fora da Igreja, não há salvação” e, condenando-a, consagrar, como única verdadeira, esta: Fora da caridade não há salvação.

            Efetivamente, não há salvação sem a caridade que se exerça e pratique por amor a Deus acima de tudo e por amor ao próximo como a si mesmo, seja quem for o próximo: conhecido ou desconhecido, amigo ou inimigo.

            Não disse Ele, o Verbo de Deus: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem ou caluniam?” (Elucidações Evangélicas. Cap. 147. Antônio Luiz Sayāo)

            (...) Jesus coloca o samaritano, considerado herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade. Não considera, portanto, a caridade apenas como uma das condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e porque é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 15. Item 3. Allan Kardec)

            Se examinarmos atentamente a Doutrina de Jesus, veremos em todos os seus princípios a exaltação da humildade e a humilhação do orgulho.

            As personalidades mais impressionantes e significativas de suas parábolas são sempre os pequenos, os humildes, os repudiados pelas seitas dominantes, os excomungados pela fúria e ódio sacerdotal, os acusados pelos doutores da Lei, pelos rabinos, pelos fariseus e escribas do povo, em suma, os chamados heréticos e descrentes! Todos estes são os preferidos de Jesus, e julgados mais dignos do Reino dos Céus que os potentados da sua época, que os sacerdotes ministradores da lei, que os grandes, os orgulhosos, os representantes da alta sociedade!

            Leiam a passagem da “mulher adúltera”, a Parábola do Publicano e do Fariseu, a do Filho Pródigo, a da Ovelha Perdida, a do Administrador Infiel, a do Rico e o lázaro; vejam o encontro de Jesus com Zaqueu, ou com Maria de Betânia, que lhe ungiu os pés; as Parábolas do Grão de Mostarda em contraposição à da frondosa Figueira Sem Frutos, e a do Tesouro Escondido em contraposição à dos tesouros terrenos e das ricas pedrarias que adornavam os sacerdotes!

            Esta afirmação se confirma com esta sentença do Mestre aos fariseus e doutores da lei: “Em verdade vos afirmo que as meretrizes e os pecadores vos precederão no Reino dos Céus.”

            E para que melhor testemunho desta verdade, que aparece aos olhos de todos os que penetram o Evangelho em espíritos, do que esta Parábola do Bom Samaritano?

            Os samaritanos eram considerados heréticos aos olhos dos judeus ortodoxos; por isso mesmo eram desprezados, anatematizados e perseguidos.

            Pois bem, esse que, segundo a afirmação dos sacerdotes, era um descrente, um condenado, foi justamente o que Jesus escolheu como figura preeminente de sua Parábola. O interessante, ainda, é que a referida parábola foi proposta a um Doutor da lei, a um judeu da alta sociedade que, para tentar o Mestre, foi inquiri-lo a respeito da vida eterna.

            O judeu doutor não ignorava os mandamentos, e como os podia ignorar se era doutor! Mas, com certeza, não os praticava! Conhecia a teoria, mas desconhecia a prática. O amor de toda a alma, de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força que o doutor Judeu conhecia, não era ainda bastante para fazê-lo cumprir seus deveres para com Deus e o próximo.

            Amava, como amavam os fariseus, como os escribas amavam e como amam os sacerdotes atuais, os padres contemporâneos e os doutores da lei de nossos dias. Era um amor muito diferente e quiçá oposto ao que preconizou o Filho de Deus.

            É o amor do sacerdote, que, vendo o pobre ferido, despido e espancado, quase morto, passou de largo; é o amor do levita (padre também da Tribo de Levi), que, vendo caído, ensangüentado, nu e arquejante à beira do caminho, por onde passava, um pobre homem, também se fez ao largo; é o amor dos egoístas, o amor dos que não compreenderam ainda o que é o amor; é o amor do sectário fanático que ama a abstração mas desama a realidade!

            Salientando na sua Parábola essas personalidades poderosas da sua época, e cujo exemplo é fielmente imitado pelo sacerdócio atual, quis Jesus fazer ver aos que lessem o seu Evangelho que a santidade dessa gente não chega ao mínimo do Reino dos Céus, ao passo que os excomungados pelas Igrejas, que praticam o bem, se acham no caminho da vida eterna.  (Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do bom Samaritano.  Cairbar Schutel)

            Em que sentido se deve entender a vida eterna?

            “A vida do Espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retoma a vida eterna.” (O Livro dos Espíritos. Questão 153. Allan Kardec)

            Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus. (O Livro dos Espíritos. Questão 113. Allan Kardec)

            Não seria mais exato chamar vida eterna à dos Espíritos puros, dos que, tendo atingido a perfeição, não estão sujeitos a sofrer mais prova alguma?

            “Essa é antes a felicidade eterna. Mas isto constitui uma questão de palavras.

            Chamai as coisas como quiserdes, contanto que vos entendais.”(O Livro dos Espíritos. Questão 153-a. Allan Kardec)

            (...) Jesus não disse, absolutamente, que havia uma “predestinação eterna”, isto é, “uma providência especial, que assegura aos eleitos graças eficazes para lhes fazer alcançar, infalivelmente, a glória eterna”; também não falou que havia uma “salvação pela graça, mediante a fé; nem tão-pouco indicou como processo salvacionista a filiação a esta ou àquela igreja; assim como não cogitou de saber qual a idéia que o outro fazia dele, se o considerava Deus ou não.

            Ante a citação feita pelo doutor da lei, daqueles dois mandamentos áureos que sintetizam todos os deveres religiosos, disse-lhe apenas: “Faze isso, e viverás”, o que equivale a dizer: aplica todas as tuas forças morais, intelectuais e afetivas na produção do BEM, em favor de ti mesmo e do próximo, e ganharás a vida eterna!

            (...) Se a salvação dos homens dependesse realmente de “opiniões teológicas” ou de “sacramentos” desta ou daquela espécie, como querem fazer crer os atuais doutores da lei, não seria essa a ocasião azada, oportuna, propícia, para que Jesus o afirmasse peremptoriamente?

            Mas não! Sua doutrinação é completamente diferente disso tudo: Torna um homem desprezível aos olhos dos judeus ortodoxos, tido e havido por eles como herege — um samaritano — é, incrível! aponta-o como “modelo”, como “padrão”, aos que desejem penetrar nos tabernáculos eternos!

            É que aquele renegado sabia praticar boas obras, sabia amar os seus semelhantes, e, para Jesus, o que importa, o que vale, o que pesa, não são os “credos” nem os “formalismos litúrgicos”, mas os “bons sentimentos”, porque são eles que modelam idéias e dinamizam ações, caracterizando os verdadeiros súditos do Reino Celestial. (Parábolas evangélicas. Cap. 14. Rodolfo Calligaris)

            Não poderia haver melhor modelo para ensinar o amor que esplende na ação da caridade do que a figura do samaritano escolhida por Jesus, considerando-se o seu desvalor para os judeus, a indignidade que lhe atribuíam, sendo ele quem socorre o adversário sem fazer-lhe qualquer interrogação, sem ao menos recordar-se de que o homem caído e espoliado é alguém que o maltrata e desconsidera, e que, por sua vez, o deixaria aos abutres e à morte, sem qualquer sentimento de culpa, caso a situação fosse oposta.

            Condoeu-se, entretanto, viu-se a si mesmo abandonado e vencido, reconhecendo no outro a imagem e semelhança de Deus, porque seu irmão, embora ele não o considerasse, e assim, tomado de compaixão, socorreu-o, deu-lhe a alimária, seguindo a pé e protegendo-o de qualquer tombo, a fim de o amparar em uma hospedaria.

            Essa hospedaria pode ser considerada, psicologicamente, como um símbolo feminino, é a anima, o amor da mãe que alberga no seio o filho cansado e necessitado de proteção, recolocando-o no ventre e o sustentando. Ali, ante a exigência do hospedeiro, representação inevitável do animus, o estrangeiro remunera-o convenientemente, atendendo-lhe ao ego, e afirma que mais pagará quando do retorno, caso o enfermo gaste além do que estava sendo previamente acertado.

            Há uma harmonia psicológica tão profunda na parábola que encanta e concede-lhe caráter de integração num conteúdo perfeito.

            A sombra do hospedeiro também cede lugar à claridade do Bem, porque confia que o estranho voltará para concluir o pagamento, caso o amparado exija maiores cuidados e despesas.

            Certamente, o homem ultrajado jamais conhecerá o seu benfeitor. Tampouco esse saberá do que aconteceu posteriormente com o seu beneficiado. A ele interessa ajudar naquele momento, porque depois seria tarde demais. Não lhe fazer o bem seria uma forma de estimular o mal. Sua consciência não anuiria com uma atitude de sombra de tal natureza, porque ele já se encontrava liberto do condicionamento de revidar prejuízo por prejuízo, perversidade por perversidade.

            A sua condição de humanidade ergueu-o do primarismo que governa muitos sentimentos e facultou-lhe alçar-se ao discernimento útil e generoso.

            É esse o sentido da caridade com Jesus. Não se trata da doação que humilha, do oferecimento das coisas e pertences inúteis, dos excessos que entulham móveis e mofam nos armários.

            Ele já o demonstrara quando da Parábola da Viúva Pobre, que deu a pequena moeda que lhe ia auxiliar na alimentação do dia, por isso, muito mais valiosa do que todo o supérfluo em joias, moedas e objetos de alto preço que foram colocados no gazofilácio.

            Aquela foi uma forma de autodoar-se, de entregar tudo quanto possuía e lhe era necessário, anulando o egoísmo em favor do significado religioso da oferta.

            Somente assim, dando e doando-se, o indivíduo se salva, se liberta das paixões, desescraviza-se da posse infeliz; torna-se uno com o Bem que frui e esparze, volvendo ao Reino dos Céus sem estar acorrentado à Terra.

            Esse é o sentido exato da caridade: libertação do ego e plenitude do Self.

            Quando isso não ocorre, nenhuma crença libera da escravidão a que se permite o adepto. Necessário saber, portanto, como viver a crença, que fazer dela em forma de ação edificante, que resulte em bênçãos para o próximo e, consequentemente, para si mesmo.

            Crer é uma experiência emocional, mas saber é uma conquista da inteligência que experiência a realidade e se deixa arrebatar, nunca mais alterando a consciência em torno do que conhece.

            Pode-se mudar de crença; mas, quem passa a saber, enquanto vive em clima de normalidade, nunca mais ignora. Está ciente e vive consciente.

            A caridade resulta na lição mais pura e mais profunda do amor de Jesus, que se prolongará por toda a Igreja cristã primitiva, mas que se corromperá na forma degradante da esmola que humilha e espezinha aquele que necessita, assinalando-o com a miséria, roubando-lhe a identidade que o dignifica.

            O doutor da lei, que buscou Jesus, era o representante por excelência da sombra coletiva existente. Ele sentia que o Mestre, o Homem de Bem, o Messias esperado, era Aquele com quem dialogava. No entanto, a sua sombra individual, invejosa e ciumenta, desejava colhê-lo numa armadilha, bem ao gosto da inferioridade dos pigmeus morais, das crianças psicológicas que, embora adultas, se negam ao amadurecimento da responsabilidade, da autoanálise, da autoconsciência.

            Sentindo-se incapaz de ser semelhante a Jesus, traiu a própria inferioridade, desejando perturbá-lo, levá-lo ao ridículo.

            A sua foi a pergunta que apresentam os impostores, porque sabendo da resposta, desejam conferi-la com a que lhes podem dar aqueles que lhes despertam o ciúme inconfesso e a inveja mesquinha.

            Era-lhe totalmente impossível ignorar o que se fazia necessário para possuirá vida eterna. E tanto era verdade que, por sua vez, interrogado por Jesus a respeito do que estava escrito na lei, foi taxativo em repetir o Decálogo, demonstrando a lucidez da memória e o atraso dos sentimentos.

            Com a sabedoria e profundidade de percepção que eram peculiares ao Mestre, inferindo da resposta que o interrogante conhecia como encontrar a vida triunfante, utilizou-se das figuras dominantes-hediondas de outro sacerdote e de um levita, que representavam o lado escuro da sociedade preocupada com os triunfes da ilusão para confrontá-los com o samaritano, que se postava em condição de inferioridade, demonstrando que o amor é soberano, que independe de posição social, de raça, de privilégio. Ele mesmo é um privilégio que engrandece quem o vive e pode espalhá-lo.

            A Parábola do Bom Samaritano é um poema da mais profunda psicologia do Mestre para com a Humanidade, que após ouvi-la, conscientemente, nunca mais poderá ser a mesma, tornando-se necessário a cada indivíduo atender a ordenança:

            - Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo.

            Ajudar é auxiliar-se, libertar é forma nobre de tornar-se livre. (Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda. Cap. 21. Joanna de Ângelis. Psicografado por DivaldoPereira Franco)

            Esteja sempre pronto para socorrer quem sofre, como o bondoso samaritano fez, sem qualquer indagação ao necessitado. Que você faça o mesmo, como Jesus pediu. Nunca pergunte, nunca procure saber coisa alguma daquele que você pode e deve auxiliar. Não se interesse em saber se o pobre, se o doente, se o orfãozinho necessitado é espírita ou católico, se é judeu ou protestante, se é pessoa branca ou de cor. Não se interesse em saber quais as idéias que ele professa ou a politica que ele acompanha. Não cultive no coraçãozinho os odiosos preconceitos de raça, de religião ou de cor. Que você olhe apenas as feridas de quem sofre, para pensá-las. Que você enxergue somente a dor do próximo, para aliviá-la. (Histórias que Jesus contou. Cap. 2. Clóvis Tavares)

            Observação  (1) :Em número de 7 mil mais ou menos, os sacerdotes são encarregados de oferecer os sacrifícios no Templo e de conservar a sua parte central. (A Palestina no tempo de Jesus. A sociedade judaica. Christiane Saulnier. Bernard Rolland)

            O grande Templo de Jerusalém incluía um recinto fechado, o Santo dos Santos, contendo oferendas de incenso e os pães da proposição, e um vestíbulo externo onde se faziam os sacrifícios. Os sacerdotes do Templo estavam encarregados desses sacrifícios, que poderiam ser oferendas de animais ou frutos da colheita. O culto era acompanhado por canções e hinos — os chamados Salmos de Davi, que podemos ler na Bíblia. Os sacrifícios, que eram em parte uma oferenda a Deus, em parte uma expiação pela culpa, deviam ser feitos segundo regras estritas. (O Livro das religiões. Religiões surgidas no Oriente Médio: monoteísmo. Victor Hellern. Henry Notaker. Jostein Gaarder) .

            O sacerdócio era desconhecido nos dias dos patriarcas; ele passou a existir sob Moisés e sob os reis, quando o Templo se tornou uma instituição nacional, os sacerdotes passaram a ter uma importância muito real, pois eram os mediadores necessários para a oferta de sacrifícios a Javé, os guardiãos do seu culto, e membros indispensáveis da comunidade. A importância do sacerdócio tornou-se ainda maior depois da volta do exílio, desde que a partir dessa época foi a religião que deu a Israel os seus governantes, suas instituições e o significado, a razão de sua vida. Ao mesmo tempo surgiu porém uma divisão dentro do clero, resultando numa diferença de posição. Da forma como Moisés o havia organizado, uma tribo, a de Levi, foi separada para o serviço religioso, e portanto os sacerdotes eram levitas: ao mesmo tempo, entretanto, Arão, o irmão do líder, guardou para si e sua família a as funções sacerdotais mais elevadas. Mais tarde, um de seus descendentes, Zadoque, foi confirmado nesta posição de preeminência pelo rei Davi. Nos dias de Cristo a separação já se tornara completa: os verdadeiros sacerdotes, todos alegando serem zadoquitas, eram os únicos a realizar os ritos sagrados, enquanto os levitas não passavam de servos. (A vida diária nos tempos de Jesus. Cap. 3. Henri Daniel Hops)

 

Observação (2): Na tradição judaica, um  levita  é um membro da   tribo   de   Levi . (https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tribo_de_Levi)  Os levitas são os verdadeiros subproletários do Templo. São aproximadamente 10 mil, divididos eles também em 24 classes, com cinco semanas anuais de serviço. Mas seu salário, por esse serviço, parece inexistente: jamais tiveram direito à parte retirada dos sacrifícios e o dízimo que outrora lhes estava reservado (Nm 18,8-32) foi-lhes confiscado, não se sabe quando, em benefício dos sacerdotes. Fora de seu tempo de serviço, exercem, como os sacerdotes, os mais variados ofícios. No Templo, estão divididos em dois grupos: os levitas músicos que se instalam entre o pátio dos levitas e o dos sacerdotes e animam as liturgias com seu canto e seus instrumentos, e os levitas porteiros que guardam e mantêm limpo o Templo (com exceção do pátio dos sacerdotes), controlam o acesso aos diferentes círculos de santidade, garantem o policiamento e a guarda no santuário. Esses dois grupos são rigorosamente distintos, pois, em princípio, aquele que cumprisse a tarefa destinada ao outro grupo poderia ser punido com a morte! Na época que nos interessa, cada um dos grupos se põe a reclamar uma promoção social que acabará acontecendo em 64 d.C: os músicos terão direito à veste distintiva dos sacerdotes, ao passo que os porteiros poderão aprender os hinos, como os músicos. Esta promoção concedida por Agripa II, que pretende rebaixar os sacerdotes, é muito mal recebida pelo povo, hostil a qualquer mudança. (A Palestina no tempo de Jesus. A sociedade judaica. Christiane Saulnier. Bernard Rolland)

 

Observação (3): Após o cisma das dez tribos, Samaria se constituiu a capital do reino dissidente de Israel. Destruída e reconstruída várias vezes, tomou-se, sob os romanos, a cabeça da Samaria, uma das quatro divisões da Palestina. Herodes, chamado o Grande, a embelezou de suntuosos monumentos e, para lisonjear Augusto, lhe deu o nome de Augusta, em grego Sebaste. Os samaritanos estiveram quase constantemente em guerra com os reis de Judá. Aversão profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre os dois povos, que evitavam todas as relações recíprocas. Aqueles, para tornarem maior a cisão e não terem de vir a Jerusalém pela celebração das festas religiosas, construfram para si um templo particular e adotaram algumas reformas. Somente admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros que a esse foram posteriormente anexados. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres hebraicos da mais alta antigüidade. Para os judeus ortodoxos, eles eram heréticos e, portanto, desprezados, anatematizados e perseguidos. O antagonismo das duas nações tinha, pois, por fundamento único a divergência das opiniões religiosas; se bem fosse a mesma a origem das crenças de uma e outra. Eram os protestantes desse tempo. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Allan Kardec)

 

Observação (4): Existia uma outra classe de homens que também pertenciam a Deus, mas não na capacidade sacerdotal. Nada tinham a ver com o culto; suas roupas não diferiam das usadas pelos outros israelitas de modo nenhum. Não comiam as carnes sacrificadas nem o pão da proposição, e embora de fato formassem uma classe, não reivindicavam pertencer ao sangue de Arão nem á tribo de Levi.

Esses homens eram os escribas, os descendentes diretos dos que surgiram na comunidade israelita logo depois do exílio e desempenharam uma parte cada vez maior na mesma, dedicando-se mais e mais ao estudo das questões religiosas, a ponto das expressões "escriba" e "doutor da Lei" serem comumente sinônimas nos dias de Cristo, embora nem todos os escribas fossem necessariamente doutores da Lei. (A vida diária nos tempos de Jesus. Cap. 3. Henri Daniel Hops) Segundo Allan Kardec , o termo "Escribas" é o "nome dado, a princípio, aos secretários dos reis de Judá e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, foi aplicado especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus, de cujos princípios partilhavam, bem como da antipatia que aqueles votavam aos inovadores. Daí o envolvê-los Jesus na reprovação que lançava aos fariseus." ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Allan Kardec)

 

Bibliografia:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução/Cap. 15. Item 3. Allan Kardec .

- O Livro dos Espíritos. Questões 113, 153, 153-a. Allan Kardec.

- Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda. Cap. 21. Joanna de Ângelis. Psicografado por DivaldoPereira Franco.

- Em torno do Mestre. Quem é meu próximo. Vinícius .

- Parábolas e Ensinos de Jesus. Parábola do bom Samaritano.  Cairbar Schutel .

- Elucidações Evangélicas. Cap. 147. Antônio Luiz Sayāo.

- Parábolas evangélicas. Cap. 14. Rodolfo Calligaris.

- Histórias que Jesus contou. Cap. 2. Clóvis Tavares.

- A Palestina no tempo de Jesus. A sociedade judaica. Christiane Saulnier. Bernard Rolland.

- O Livro das religiões. Religiões surgidas no Oriente Médio: monoteísmo. Victor Hellern. Henry Notaker. Jostein Gaarde.

- A vida diária nos tempos de Jesus. Cap. 3. Henri Daniel Hops.

- Site:https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tribo_de_Levi. Data de consulta : 17-03-18

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